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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOO próprio ócio do homem é utilizado pela indústria culturalcom o fito <strong>de</strong> mecanizá-lo, <strong>de</strong> tal modo que, sob o capitalismo,em suas formas mais avançadas, a diversão e o lazer tornam-seum prolongamento do trabalho. Para Adorno, a diversãoé buscada pelos que <strong>de</strong>sejam esquivar-se ao processo<strong>de</strong> trabalho mecanizado para colocar-se, novamente, em condições<strong>de</strong> se submeterem a ele. A mecanização conquistoutamanho po<strong>de</strong>r sobre o homem, durante o tempo livre, çsobre sua felicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>terminando tão completamente a fabricaçãodos produtos para a distração, que o homem nãotem acesso senão a cópias e reproduções do próprio trabalho.O suposto conteúdo não é mais que uma pálida fachada: oque realmente lhe é dado é a sucessão automática <strong>de</strong> operaçõesreguladas. Em suma, diz Adorno, "só se po<strong>de</strong> escaparao processo <strong>de</strong> trabalho na fábrica e na oficina a<strong>de</strong>quando-sea ele no ócio".Tolhendo a consciência das massas e instaurando o po<strong>de</strong>rda mecanização sobre o homem, a indústria cultural criacondições cada vez mais favoráveis para a implantarão doseu comércio fraudulento, no qual os consumidores sao continuamenteenganados em relação ao que lhes é prometidomas não cumprido. Exemplo disso encontra-se nas situaçõeseróticas'apresentadas pelo cinema. Nelas, o <strong>de</strong>sejo suscitadoou sugerido pelas imagens, ao invés <strong>de</strong> encontrar uma satisfaçãocorrespon<strong>de</strong>nte à promessa nelas envolvida, acabasendo satisfeito com o simples elogio da rotina. Não conseguindo,como pretendia, escapar a esta última, o <strong>de</strong>sejo divorcia-se<strong>de</strong> sua realização que, sufocada e transformada emnegação, converte o próprio <strong>de</strong>sejo em privação. A indústriacultural não sublima o instinto sexual, como nas verda<strong>de</strong>irasobras <strong>de</strong> arte, mas o reprime e sufoca. Ao expor semprecomo novo o objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo (o seio sob o suéter ou o dorsonu do herói <strong>de</strong>sportivo), a indústria cultural não faz maisque excitar o prazer preliminar não sublimado que, pelo hábitoda privação, converte-se em conduta masoquista. Assim,prometer e não cumprir, ou seja, oferecer e privar, são um

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