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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOmediação <strong>de</strong> maneira alguma se subtrai à conjetura teórica.Basta recordar quanto sofrimento é poupado àquele que nãotem muitas idéias e quanto mais "<strong>de</strong> acordo com a realida<strong>de</strong>"se comporta quem aceita a realida<strong>de</strong> como verda<strong>de</strong>ira, e atéque ponto dispõe do domínio sobre o mecanismo somenteaquele que o aceita sem objeções, para que a correspondênciaentre a consciência dos ouvintes e a música fetichizada permaneçacompreensível mesmo quando não é possível reduzira consciência dos ouvintes a esta última.No pólo oposto ao fetichismo na música opera-se umaregressão da audição. Com isto não nos referimos a um regressodo ouvinte individual a uma fase anterior do próprio<strong>de</strong>senvolvimento, nem a um retrocesso do nível coletivo geral,porque é impossível estabelecer um confronto entre osmilhões <strong>de</strong> pessoas que, em virtu<strong>de</strong> dos meios <strong>de</strong> comunicação<strong>de</strong> massas, são hoje atingidos pelos programas musicaise os ouvintes do passado. O que regrediu e permaneceu numestado infantil foi a audição mo<strong>de</strong>rna. Os ouvintes per<strong>de</strong>mcom a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha e com a responsabilida<strong>de</strong> nãosomente a capacida<strong>de</strong> para um conhecimento consciente damúsica — que sempre constitui prerrogativa <strong>de</strong> pequenosgrupos — mas negam com pertinácia a própria possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> se chegar a um tal conhecimento. Flutuam entre o amploesquecimento e o repentino reconhecimento, que logo <strong>de</strong>saparece<strong>de</strong> novo no esquecimento. Ouvem <strong>de</strong> maneira atomísticae dissociam o que ouviram, porém <strong>de</strong>senvolvem, precisamentena dissociação, certas capacida<strong>de</strong>s que são maiscompreensíveis em termos <strong>de</strong> futebol e automobilismo doque com os conceitos da estética tradicional. Não são infantisno sentido <strong>de</strong> uma concepção segundo a qual o novo tipo<strong>de</strong> audição surge porque certas pessoas, que até agora estavamalheias à música, foram introduzidas na vida musical.E todavia são infantis; o seu primitivismo não é o que caracterizaos não <strong>de</strong>senvolvidos, e sim o dos que foram privadosviolentamente da sua liberda<strong>de</strong>. Manifestam, sempreque lhes é permitido, o ódio reprimido daquele que tem a— 89 —

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