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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOsua <strong>de</strong>struição, visto que a sua unida<strong>de</strong> se realiza apenas,precisamente, na espontaneida<strong>de</strong>, que é sacrificada pela fixação.O último fetichismo, que domina a própria obra, sufocatal espontaneida<strong>de</strong>: a a<strong>de</strong>quação absoluta da aparênciaà obra <strong>de</strong>smente esta última e faz com que esta <strong>de</strong>sapareçacom indiferença atrás do aparato, da mesma forma que certospantanais são secados por equipes <strong>de</strong> trabalhadores apenaspara empregar mão-<strong>de</strong>-obra, e não em razão da sua utilida<strong>de</strong>.Não é em vão que o domínio dos novos maestros lembra opo<strong>de</strong>rio <strong>de</strong> um governante totalitário. Assim como este, omaestro reduz o nimbo <strong>de</strong> glória e a organização ao mesmo<strong>de</strong>nominador comum. É ele o verda<strong>de</strong>iro tipo mo<strong>de</strong>rno doantigo virtuose: como bandlea<strong>de</strong>r ou à frente <strong>de</strong> uma filarmônica.O seu virtuosismo atingiu uma tal perfeição que elemesmo já não necessita fazer nada; a equipe <strong>de</strong> maestrossubstitutos dispensa-o <strong>de</strong> ler a partitura musical nos ensaios.O mo<strong>de</strong>rno maestro cria normas e individualiza ao mesmotempo: a normalização é creditada à sua personalida<strong>de</strong>, e osartifícios individuais que penetra repetem apenas máximasgerais. O caráter fetichista do maestro é ao mesmo tempo omais manifesto e o mais oculto <strong>de</strong> todos: as obras-padrãopo<strong>de</strong>riam provavelmente ser executadas pelas atuais orquestras<strong>de</strong> virtuoses com a mesma perfeição sem nenhum maestro,e o público que aclama freneticamente o Kapellmeisterseria incapaz <strong>de</strong> notar que atrás do fosso que escon<strong>de</strong> a orquestraé na realida<strong>de</strong> o maestro substituto que está atuando,em lugar do "herói", ausente <strong>de</strong>vido a uma gripe.A consciência da gran<strong>de</strong> massa dos ouvintes está emperfeita sintoma com a música fetichizada. Ouve-se a músicaconforme os preceitos estabelecidos pois, como é óbvio, a<strong>de</strong>pravação da música não seria possível se houvesse resistênciapor parte do público, se os ouvintes ainda fossem capazes<strong>de</strong> romper, com suas exigências, as barreiras que <strong>de</strong>limitamo que o mercado lhes oferece. Aliás, quem eventualmentetentasse "verificar" ou comprovar o caráter fetichistada música através <strong>de</strong> uma enquete sobre as relações dos ou-— 87 —

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