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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOjustificar os arranjos. No caso <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras orquestradas,alegam que os arranjos contribuem para o barateamento daexecução; ou então, afirmam que os compositores têm umatécnica <strong>de</strong> instrumentação imperfeita. Na realida<strong>de</strong>, essas razõessão lamentáveis pretextos. O argumento do barateamento,que do ponto <strong>de</strong> vista estético se julga e se con<strong>de</strong>na a simesmo, é anulado praticamente à constatação da riqueza <strong>de</strong>instrumentação <strong>de</strong> que dispõem precisamente aqueles quemais propaganda fazem do arranjo. O argumento anula-seigualmente porque, com muita freqüência, da qual são exemplosos lie<strong>de</strong>r para piano transcritos <strong>de</strong>pois para orquestra,os arranjos acabam tendo custo substancial maior que umainterpretação da versão original da obra. Além disso, a convicção<strong>de</strong> que a música mais antiga necessita <strong>de</strong> um toquecolorístico renovador supõe que a relação cor—<strong>de</strong>senho éesporádica neste tipo <strong>de</strong> música, o que trai um <strong>de</strong>sconhecimentobrutal do classicismo vienense e <strong>de</strong> um compositorcomo Schubert, objeto predileto dos arranjadores. Admitamosque a <strong>de</strong>scoberta verda<strong>de</strong>ira e própria da dimensão colorísticase <strong>de</strong>u na época <strong>de</strong> Berlioz e <strong>de</strong> Wagner. Em quepese tal constatação, a sobrieda<strong>de</strong> colorística <strong>de</strong> Haydn ou<strong>de</strong> Beethoven tem uma profundíssima relação com a prepon<strong>de</strong>rânciado princípio construtivo sobre os elementos melódicosindividuais e isolados, que ressaltariam em cores brilhantesa partir da unida<strong>de</strong> dinâmica do conjunto. Precisamenteem razão <strong>de</strong> tal sobrieda<strong>de</strong>, as terças do fagote noinício da abertura do terceiro ato <strong>de</strong> Leonora, ou a cadênciado oboé na repetição da primeira frase da Quinta Sinfoniaadquirem uma imponência que se per<strong>de</strong>ria inexoravelmentese houvesse gran<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> vozes e instrumentos. Diantedo que vimos dizendo, é imperioso aceitar que a prática dosarranjos musicais se tem imposto em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> motivos suigeneris. Antes <strong>de</strong> mais nada, o objetivo visado é tornar assimilávela gran<strong>de</strong> música distante do homem, que semprepossui traços <strong>de</strong> caráter público, não privado. O homem <strong>de</strong>negócios, que volta para casa exausto, consegue digerir e até

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