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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOcom a música na qual entram carentes <strong>de</strong> relação. Na realida<strong>de</strong>,as relações são as mesmas que se verificam entre asmúsicas <strong>de</strong> sucesso e os seus consumidores. Parece-lhes próximoo totalmente estranho: tão estranho, alienado da consciênciadas massas por um espesso véu, como alguém quetenta falar aos mudos. Se estes porventura ainda reagirem,já não fará diferença alguma se se trata da Sétima Sinfoniaou do short <strong>de</strong> banho.O conceito <strong>de</strong> fetichismo musical não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzirpor meios puramente psicológicos. O fato <strong>de</strong> que "valores"sejam consumidos e atraiam os afetos sobre si, sem que suasqualida<strong>de</strong>s específicas sejam sequer compreendidas ouapreendidas pelo consumidor, constitui uma evidência dasua característica <strong>de</strong> mercadoria. Com efeito, a música atual,na sua totalida<strong>de</strong>, é dominada pela característica <strong>de</strong> mercadoria:os últimos resíduos pré-capitalistas foram eliminados.A música, com todos os atributos do etéreo e do sublimeque lhes são outorgados com liberalida<strong>de</strong>, é utilizada sobretudonos Estados Unidos, como instrumento para a propagandacomercial <strong>de</strong> mercadorias que é preciso comprar parapo<strong>de</strong>r ouvir música. Se é verda<strong>de</strong> que a função propagandísticaé cuidadosamente ofuscada em se tratando <strong>de</strong> músicaséria, nio âmbito da música ligeira tal função se impõe emtoda parte. Todo o movimento do jazz, com a distribuiçãográtis das partituras às diversas orquestras, está orientadono sentido <strong>de</strong> a execução ser usada como instrumento <strong>de</strong>propaganda para a compra <strong>de</strong> discos e <strong>de</strong> reduções parapiano. Inúmeros são os textos <strong>de</strong> músicas <strong>de</strong> sucesso queenaltecem a própria canção, cujo título repetem constantementeem maiúsculas. O que transparece em tais letreirosmonstruosos é o valor <strong>de</strong> troca, no qual o quantum do prazerpossível <strong>de</strong>sapareceu. Marx <strong>de</strong>screve o caráter fetichista damercadoria como a veneração do que é autofabricado, o qual,por sua vez, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> troca se aliena tantodo produtor como do consumidor, ou seja, do "homem". EscreveMarx: "O mistério da forma mercadoria consiste sim-— 77 —

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