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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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<strong>OS</strong> <strong>PENSADORES</strong>proibição, <strong>de</strong>vido às afinida<strong>de</strong>s que os uniam a ela. Os porta-ban<strong>de</strong>irasda oposição ao esquema autoritário se transformaramem testemunhas da autorida<strong>de</strong> ditatorial do sucessocomercial. O prazer do momento e da fachada <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>transforma-se em pretexto para <strong>de</strong>sobrigar o ouvinte <strong>de</strong> pensarno todo, cuja exigência está incluída na audição a<strong>de</strong>quadae justa; sem gran<strong>de</strong> oposição, o ouvinte se converte em simplescomprador e consumidor passivo. Os momentos parciaisjá não exercem função crítica em relação ao todo pré-fabricado,mas suspen<strong>de</strong>m a crítica que a autêntica globalida<strong>de</strong>estética exerce em relação aos males da socieda<strong>de</strong>. A unida<strong>de</strong>sintética é sacrificada aos momentos parciais, que já não produzemnenhum outro momento próprio a não ser os codificados,e mostram-se con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes a estes últimos. Osmomentos <strong>de</strong> encantamento <strong>de</strong>monstram-se irreconciliáveiscom a constituição imanente da obra <strong>de</strong> arte, e esta últimasucumbe àqueles toda vez que a obra artística tenta elevar-separa transcendência. Os referidos momentos isolados <strong>de</strong> encantamentonão são reprováveis em si mesmos, mas tão-somentena medida em que cegam a vista. Colocam-se a serviçodo sucesso, renunciam ao impulso insubordinado e rebel<strong>de</strong>que lhes era próprio, conjuram-se para aprovar e sancionartudo o que um momento isolado é capaz <strong>de</strong> oferecer a umindivíduo isolado, que há muito tempo já <strong>de</strong>ixou completamente<strong>de</strong> existir. Os momentos <strong>de</strong> encanto e <strong>de</strong> prazer, aose isolarem, embotam o espírito. Quem a eles se entrega étão pérfido quanto os antigos noéticos em seus ataques aoprazer sensual dos orientais. A força <strong>de</strong> sedução do encantoe do prazer sobrevive somente on<strong>de</strong> as forças <strong>de</strong> renúnciasão maiores, ou seja: na dissonância, que nega a fé à frau<strong>de</strong>da harmonia existente. O próprio conceito <strong>de</strong> ascética é dialéticona música. Se em outros tempos a ascese <strong>de</strong>rrotou asexigências estéticas reacionárias, nos dias que ocorrem elase transformou em característica e ban<strong>de</strong>ira da arte avançada.Obviamente tal não acontece em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>ficiênciaarcaizante <strong>de</strong> meios, na qual a miséria e a pobreza são enal-— 70 —

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