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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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<strong>OS</strong> <strong>PENSADORES</strong>orienta-se por critérios que se aproximam muito dos do conhecimento:o lógico e o ilógico, o verda<strong>de</strong>iro e o falso. Deresto, já não há campo para escolha; nem sequer se colocamais o problema, e ninguém exige que os cânones da convençãosejam subjetivamente justificados; a existência do próprioindivíduo, que po<strong>de</strong>ria fundamentar tal gosto, tornou-setão problemática quanto, no pólo oposto, o direito à liberda<strong>de</strong><strong>de</strong> uma escolha, que o indivíduo simplesmente não conseguemais viver empiricamente. Se perguntarmos a alguém se "gosta"<strong>de</strong> uma música <strong>de</strong> sucesso lançada no mercado, não conseguiremosfurtar-nos à suspeita <strong>de</strong> que o gostar e o não gostar jánão correspon<strong>de</strong>m ao estado real, ainda que a pessoa interrogadase exprima em termos <strong>de</strong> gostar e não gostar. Em vezdo valor da própria coisa, o critério <strong>de</strong> julgamento é o fato <strong>de</strong>a canção <strong>de</strong> sucesso ser conhecida <strong>de</strong> todos; gostar <strong>de</strong> umdisco <strong>de</strong> sucesso é quase exatamente o mesmo que reconhecê-lo.O comportamento valorativo tornou-se uma ficção paraquem se vê cercado <strong>de</strong> mercadorias musicais padronizadas.Tal indivíduo já não consegue subtrair-se ao jugo da opiniãopública, nem tampouco po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir com liberda<strong>de</strong> quantoao que lhe é apresentado, uma vez que tudo o que se lheoferece é tão semelhante ou idêntico que a predileção, narealida<strong>de</strong>, se pren<strong>de</strong> apenas ao <strong>de</strong>talhe biográfico, ou mesmoà situação concreta em que a música é ouvida. As categoriasda arte autônoma, procurada e cultivada em virtu<strong>de</strong> do seupróprio valor intrínseco, já não têm valor para a apreciaçãomusical <strong>de</strong> hoje. Isto ocorre, em gran<strong>de</strong> escala, também comas categorias da música séria, que, para <strong>de</strong>scartar com maiorfacilida<strong>de</strong>, se costuma <strong>de</strong>signar com o qualificativo <strong>de</strong> "clássica".Se se objeta que a música ligeira e toda a música <strong>de</strong>stinadaao consumo nunca foram experimentadas e apreciadas segundoas mencionadas categorias, não há como negar a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>staobjeção. Contudo, esta espécie <strong>de</strong> música é afetada pela mudança,e isto precisamente em virtu<strong>de</strong> da seguinte razão: proporciona,sim, entretenimento, atrativo e prazer, porém, apenaspara ao mesmo tempo recusar os valores que conce<strong>de</strong>. Aldous

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