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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOalastra ao po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> constituir tabus, o iluminismo, ao espíritoque ele próprio é. Mas com isso, a natureza, enquanto verda<strong>de</strong>iraautoconservação, é <strong>de</strong>ixada à solta, pelo processoque prometia expulsá-la, tanto no indivíduo como no <strong>de</strong>stinocoletivo <strong>de</strong> crise e guerra. Se o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> da ciênciase mantém como única norma da teoria, a práxis é vitimadapela engrenagem <strong>de</strong>senfreada da história do mundo. O simesmo,absorvido totalmente pela civilização, dissolve-senum elemento daquela inumanida<strong>de</strong> da qual a civilizaçãotentava escapar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Concretiza-se a mais antigaangústia, a <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o próprio nome. A existência puramentenatural, animal e vegetativa constituía para a civilização operigo absoluto. Os modos <strong>de</strong> comportamento mimético, míticoe metafísico foram sucessivamente tomados como épocassuplantadas; a recaída nelas era ligada ao terror <strong>de</strong> que osi-mesmo fosse novamente convertido naquela mera naturezada qual se alienara com indivisível esforço e que justamentepor isso inspirava um indivisível pavor. A recordaçãoviva do antetempo, ou mesmo do tempo nôma<strong>de</strong> e maisainda das épocas pré-patriarcais propriamente ditas, foi extirpadada consciência dos homens com as mais terríveis punições,em todos os milênios. O espírito esclarecido substituiuo fogo e a roda <strong>de</strong> tortura pelo estigma que estampou emtoda irracionalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ela conduz à ruína. O hedonismoera comedido, os extremos não lhe eram menosodiosos que a Aristóteles. O i<strong>de</strong>al burguês da naturalida<strong>de</strong>não significa a natureza amorfa, mas a virtu<strong>de</strong> do meio. Promiscuida<strong>de</strong>e ascese, abundância e fome, apesar <strong>de</strong> mutuamenteopostas, são imediatamente idênticas enquanto potências<strong>de</strong> dissolução. Pela subordinação da vida inteira às exigências<strong>de</strong> sua conservação, a minoria que manda garante,além da própria segurança, a permanência do todo. Entre aCila da recaída nav^epjtodução simples e a Carib<strong>de</strong>s da satisfação<strong>de</strong>senfreada, o espírito dominante procura navegar,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> Homero; ele <strong>de</strong>sconfia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre,<strong>de</strong> qualquer outra estrela que o norteie, que não seja a do— 49 —

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