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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOA filosofia evita o abismo que se abriu com essa separação,na relação entre conceito e intuição, e tenta sempre eem vão cobri-lo: sim, na verda<strong>de</strong>, ela se <strong>de</strong>fine por essa tentativa.No mais das vezes, ela se posta <strong>de</strong>certo do lado doqual recebe o nome. Platão baniu a poesia, no mesmo espíritocom que o positivismo <strong>de</strong>sterrou a doutrina das idéias. Comsua arte tão louvada, Homero não impôs reformas nem públicasnem privadas, não ganhou guerras nem fez <strong>de</strong>scobertas.Desconhecemos a existência <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>seguidores que o teriam venerado ou amado. A arte aindaterá que comprovar sua utilida<strong>de</strong>. 1 Em Platão, como no judaísmo,a imitação é proscrita. Razão e religião banem oprincípio da feitiçaria. Enquanto arte, numa abnegada distânciada existência, esse princípio ainda é <strong>de</strong>sonesto; os queo praticam tornam-se errantes, nôma<strong>de</strong>s sobreviventes quenão têm mais pátria entre os que se tornaram se<strong>de</strong>ntários.A natureza não <strong>de</strong>ve mais ser influenciada por assemelhação,mas dominada pelo trabalho. A obra <strong>de</strong> arte tem ainda emcomum com a feitiçaria a fixação <strong>de</strong> um domínio própriofechado em si, subtraído da contextura do existir profano.Vigem aí leis particulares. Assim como o feiticeiro começavaa cerimônia <strong>de</strong>limitando, contra todo o mundo circundante,0 lugar próprio para o jogo das forças sagradas, assim tambémem cada obra <strong>de</strong> arte <strong>de</strong>staca-se do real o seu âmbitofechado. A renúncia à influência, pela qual a arte se <strong>de</strong>sligada simpatia mágica, é justamente o que mais profundamentepreserva a herança mágica. Ela impõe, em oposição à existênciaem carne e osso Jà imagem pura que supera em si oselementos <strong>de</strong>ssa existência. O sentido da obra <strong>de</strong> arte, a aparênciaestética, exige que ela seja aquilo em que se convertia,naquele feitiço do primitivo, o novo e terrificante acontecer:a aparição do todo no particular. Perfaz-se mais uma vez,na obra <strong>de</strong> arte, a duplicação pela qual a coisa aparecera1 Cf. no décimo livro da República. (N. do A.)— 35 —

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