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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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<strong>OS</strong> <strong>PENSADORES</strong>se separam <strong>de</strong>ssa mesma objetívação que, na época homérica,já era bastante florescente e que se inverte na ciência mo<strong>de</strong>rnapositiva. Mas essa dialética permanece impotente, na medidaem que se <strong>de</strong>senvolve a partir do grito <strong>de</strong> terror que é aduplicação, a tautologia do próprio terror. Os <strong>de</strong>uses nãopo<strong>de</strong>m livrar o homem do medo cujas vozes petrificadaseles carregam como seus nomes. O homem tem a ilusão <strong>de</strong>se ter libertado do medo quando já não há mais nada <strong>de</strong><strong>de</strong>sconhecido. Isso <strong>de</strong>termina a via da <strong>de</strong>smitologização doiluminismo que i<strong>de</strong>ntifica o animado com o inanimado, assimcomo o mito i<strong>de</strong>ntificava o inanimado com o animado. Oiluminismo é a angústia mítica que se tornou radical. A imanênciapura do positivamente, seu produto último, é algocomo um tabu universal. Lá fora não <strong>de</strong>ve haver mais nada,pois a mera representação do lá fora é a verda<strong>de</strong>ira fonteda angústia. Quando a vingança do primitivo, pela morteinfligida a um dos seus, se <strong>de</strong>ixava eventualmente aplacarpela aceitação do homicida no seio da própria família, 1 tantoa vingança quanto a aceitação significavam a assimilação dosangue alheio ao próprio, a instauração da imanência. Odualismo mítico não leva além do âmbito da existência. Omundo dominado pelo mana e mesmo ainda o mundo domito hindu e grego são eternamente iguais e sem saída. Cadanascimento é pago com a morte, cada felicida<strong>de</strong>, com a infelicida<strong>de</strong>.Homens e <strong>de</strong>uses po<strong>de</strong>m tentar, durante o tempoque lhes é dado, distribuir a sorte segundo medidas diferentesdo curso cego do <strong>de</strong>stino, mas, no final, a existênciatriunfa sobre eles. Até mesmo sua justiça, arrancada do <strong>de</strong>stino,exibe os seus traços; ela correspon<strong>de</strong> ao olhar que oshomens, tanto os primitivos como os gregos e os bárbaros,lançam para seu mundo ambiente, a partir <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><strong>de</strong> coação e <strong>de</strong> miséria. É por isso que, tanto para a justiçamítica como para a do iluminismo, culpa e pena, felicida<strong>de</strong>1 Cf. Westermarck, Ursprung <strong>de</strong>r Moralbergriffe, Leipzig, 1913, vol. l p. 402. (N. do A.)— 32 —

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