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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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<strong>OS</strong> <strong>PENSADORES</strong>Um átomo não é <strong>de</strong>sintegrado enquanto representante, masenquanto espécimen da matéria, e o coelho não assume qualquerfunção representativa, mas, incompreendido, atravessaa via crucis do laboratório como um mero exemplar. Comona ciência funcional as diferenças se tornam tão fluidas quetudo perece numa matéria única, o objeto científico se petrificae o rígido ritual <strong>de</strong> antigamente aparece como maleável,pois ainda substituía uma coisa pela outra. O mundoda magia ainda continha diferenças, cujos traços <strong>de</strong>sapareceram,até mesmo da forma da linguagem. 1 As múltiplasafinida<strong>de</strong>s entre entes são reprimidas por uma única relaçãoentre o sujeito doador <strong>de</strong> sentido e o objeto sem sentido,entre a significação racional e o suporte causai da significação.Na etapa da magia, sonho e imagem não valiam comomeros signos <strong>de</strong> coisa, mas como vinculados a ela por semelhançaou pelo nome. A relação não é a da intenção, masa do parentesco. A feitiçaria, como a ciência, tem seus fins,mas ela os persegue pela mimese e não por um distanciamentoprogressivo do objeto. Ela não se fundamenta <strong>de</strong> modoalgum numa "onipotência dos pensamentos" que fosse atribuídapelo primitivo a si mesmo, tal como fazem os neuróticos;2 on<strong>de</strong> não há separação radical entre pensamento erealida<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong> haver "superestimação <strong>de</strong> processos psíquicosem face da realida<strong>de</strong>". A "confiança inabalável na possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> dominação do mundo", 3 que Freud anacronicamenteatribui à feitiçaria, só vem com uma dominação do mundoadaptada à realida<strong>de</strong>, feita por meio <strong>de</strong> uma ciência maisastuta. Para as práticas locais do curan<strong>de</strong>iro po<strong>de</strong>rem ser substituídaspela técnica industrial universalmente aplicável, foi necessário,em primeiro lugar, ter havido um processo em queos pensamentos se tornaram in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos objetos, semelhanteao que se perfaz no eu adaptado à realida<strong>de</strong>.1 Cf., p. ex., Robert H. Lowie, An Introductkm to Cultural Anthropology, Nova York, 1940,pp. 34445. (N. do A.)2 Cf. Totem und Tabu, Cesammelte Werke, vol. X. pp. 106 ss. (N. do A.)3 Op. cit., p. 110. (N. do A.)— 26 —

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