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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOconsciência coletiva que coisifica eminentemente fenômenosespirituais tem seu conteúdo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> na coação exercidapelos mores sociais; só que esta coação por sua vez haveriaque ser <strong>de</strong>rivada das relações <strong>de</strong> dominação no processo <strong>de</strong>vida real, e não ser aceita como "coisa", algo a ser encontradopor último. Em socieda<strong>de</strong>s primitivas, a carência <strong>de</strong> alimentos— talvez — exija traços organizatórios <strong>de</strong> coação, que retornamnas situações <strong>de</strong> carência provocadas pelas relações <strong>de</strong>produção, e portanto <strong>de</strong>snecessárias, <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s supostamentemaduras. A questão quanto à precedência da divisãosocialmente necessária <strong>de</strong> trabalho físico e intelectual ou doprivilégio usurpatório do feiticeiro tem algo da questão doprimado do ovo ou da galinha; <strong>de</strong> qualquer maneira o xamãnecessita <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia, sem o que as coisas não funcionariam.Em benefício da teoria sacrossanta, <strong>de</strong> modo algum há queexorcizar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a coação social seja herançabiológico-animal; o <strong>de</strong>sterro sem saída do mundo animal sereproduz na dominação brutal <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> ainda sujeitaà história natural. Don<strong>de</strong> contudo não há que concluirapologeticamente a irremediabilida<strong>de</strong> da coação. Afinal, omomento <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> mais profundo do positivismo, emboraresista a ela como à palavra sob cujo feitiço se encontra, éque os fatos, o que é assim e não <strong>de</strong> outro modo, assumiramunicamente numa socieda<strong>de</strong> não livre, que escapa ao po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> seus próprios sujeitos, aquela violência in<strong>de</strong>vassável, aseguir duplicada no pensamento científico pelo culto cientificistados fatos. Até mesmo a re<strong>de</strong>nção filosófica do positivismonecessitaria do procedimento por ele <strong>de</strong>sprezado, dainterpretação daquilo que no curso do mundo dificulta ainterpretação. O positivismo é o fenômeno sem conceito dasocieda<strong>de</strong> negativa na ciência social. No transcorrer do <strong>de</strong>bate,a dialética, encoraja o positivismo à consciência <strong>de</strong> umatal negativida<strong>de</strong>, a sua própria. Em Wittgenstein não há carência<strong>de</strong> vestígios <strong>de</strong> uma tal consciência. Quanto mais longese leva o positivismo, tanto mais energicamente ele impelepara além <strong>de</strong> si. A proposição <strong>de</strong> Wittgenstein ressaltada— 185 —

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