OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.
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ADORNOconceito <strong>de</strong> problema aqui utilizado não é menos atomistado que o critério <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Wittgenstein. Postula-se quetudo que se situa legitimamente no âmbito da sociologia po<strong>de</strong>ser <strong>de</strong>composto em problemas singulares. Tomada rigorosamente,a tese popperiana torna-se, apesar do common sensea recomendá-la à primeira vista, uma censura inibidora dopensamento científico. Marx não sugeriu "a solução <strong>de</strong> umproblema" — no conceito <strong>de</strong> sugestão se imiscui a ficção doconsensus como fiador da verda<strong>de</strong>; e por isto O Capital nãoconstitui ciência social? No contexto da socieda<strong>de</strong>, a assimchamada solução <strong>de</strong> qualquer problema pressupõe aquelecontexto. A panacéia <strong>de</strong> trial and error se efetua à custa <strong>de</strong>momentos, após cuja supressão os problemas ficam arrumadosad usum scientiae e se convertem possivelmente em problemasaparentes. A teoria há que pensar também as conexõesque <strong>de</strong>saparecem <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>composição cartesiana emproblemas singulares, e mediatizá-la aos fatos. Mesmo quandouma tentativa <strong>de</strong> solução da "crítica com objetivida<strong>de</strong>",tal como a coloca Popper, não é sem mais acessível à refutação,o problema a partir do ponto <strong>de</strong> vista da coisa po<strong>de</strong>ser central. Se, como ensinou Marx, a socieda<strong>de</strong> capitalistaé ou não conduzida à sua ruína mediante sua dinâmica própria,não constitui somente uma questão racional, enquantoainda não manipulamos o questionar: constitui uma das maisimportantes questões <strong>de</strong> que a ciência social po<strong>de</strong> se ocupar.Mesmo as teses mais mo<strong>de</strong>stas, e portanto mais convincentes,do cientificismo sócio-científico, <strong>de</strong>slizam por sobre os problemasverda<strong>de</strong>iramente mais difíceis, logo que tratam doconceito <strong>de</strong> problema. Conceitos como o <strong>de</strong> hipótese, e o <strong>de</strong>testabilida<strong>de</strong>, que lhe é subordinado, não admitem uma simplestransferência das ciências naturais às da socieda<strong>de</strong>. Oque não implica concordância com a i<strong>de</strong>ologia das ciênciasdo espírito, segundo a qual a dignida<strong>de</strong> superior do homemnão tolera qualquer quantificação. A socieda<strong>de</strong> dominantenão <strong>de</strong>spojou a si e aos homens, coagidos em seus membros,daquela dignida<strong>de</strong>, mas nunca permitiu que se convertesse— 159 —