<strong>OS</strong> <strong>PENSADORES</strong>gentes se conciliem graças às regras reconhecidas da cooperação,adquirindo assim o maior grau <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> possíveldo conhecimento, concorda inteiramente com o antiquadomo<strong>de</strong>lo liberal daqueles que se reúnem numa mesaredonda a negociar um compromisso. As formas da cooperaçãocientífica contêm um grau infinito da mediação social;apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>nominá-las "tema social", Popper não se preocupacom suas implicações. Estas vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>seleção que controlam o acesso à carreira e ao renome acadêmicos— mecanismos em que obviamente <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> a conformida<strong>de</strong>com a opinião do grupo dominante — até a conformaçãoda communis opinio e suas irracionalida<strong>de</strong>s. A sociologia,que tematicamente trata <strong>de</strong> interesses explosivostambém quanto à sua conformação própria, constitui, nãoapenas na esfera privada, mas precisamente em suas instituições,um microcosmo daqueles interesses. Disto já se encarregao princípio classificatório em si. O alcance <strong>de</strong> conceitosque preten<strong>de</strong>m somente ser abreviaturas <strong>de</strong> fatos encontradiços,não ultrapassam o âmbito <strong>de</strong>stes. Quanto maisprofundamente o método aprovado se introduz na matériasocial, tanto mais evi<strong>de</strong>nte seu partidarismo. Por exemplo,quando a sociologia dos "meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa"— o próprio título já difun<strong>de</strong> o preconceito <strong>de</strong> que o que<strong>de</strong>ve ser planejado e mantido na esfera da produção <strong>de</strong>veser obtido dos sujeitos, as massas <strong>de</strong> consumidores —, nadamais preten<strong>de</strong> do que investigar opiniões e atitu<strong>de</strong>s, para<strong>de</strong>las extrair conseqüências "crítico-sociais"; o sistema vigenteaten<strong>de</strong> silenciosamente a uma manipulação centralizada, e,reproduzindo-se por intermédio <strong>de</strong> reações <strong>de</strong> massa, erigeseem norma <strong>de</strong> si mesmo. A afinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a esfera<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> administrative research por Paul F. Lazarsfeldcom os objetivos da administração é quase tautológica; contudo,não é menos evi<strong>de</strong>nte, se o conceito <strong>de</strong> estrutura objetiva<strong>de</strong> dominação não é, a força, convertido em tabu, queestes objetivos são mo<strong>de</strong>lados conforme suas necessida<strong>de</strong>s,com freqüência passando por cima das cabeças dos admi-— 144 —
ADORNOnistradores individuais. A administrative research constitui oprotótipo <strong>de</strong> uma ciência social que se apóia sobre a teoriacientificista da ciência e que recai no âmbito <strong>de</strong>sta. Assimcomo quanto ao conteúdo social a apatia política se apresentacomo politicum, também acontece quanto à enaltecida neutralida<strong>de</strong>científica. Des<strong>de</strong> Pareto, o ceticismo positivista searranja com qualquer po<strong>de</strong>r vigente, inclusive o <strong>de</strong> Mussolini.Uma vez que toda teoria social está entrelaçada com a socieda<strong>de</strong>real, seguramente qualquer uma po<strong>de</strong> ser alvo <strong>de</strong>abuso i<strong>de</strong>ológico ou manipulação; mas o positivismo, comotoda tradição cético-nominalista, 1 presta-se especialmente àmanipulação i<strong>de</strong>ológica em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua in<strong>de</strong>terminação<strong>de</strong> conteúdo, seu procedimento or<strong>de</strong>nador, e finalmente apreferência pela certeza em face da verda<strong>de</strong>.A medida cientificista <strong>de</strong> todas as coisas, o fato comoaquele fixo, irredutível, em que o sujeito não <strong>de</strong>ve tocar, étomada <strong>de</strong> empréstimo ao mundo a ser constituído apenasmore scientifico a partir dos fatos e sua conexão formada conformepreceitos lógicos. O dado a que conduz a análise cientificista,o último fenômeno subjetivo postulado por um conhecimentocrítico, irredutível, constitui por sua vez a cópia<strong>de</strong>ficiente justamente daquela objetivida<strong>de</strong>, ali reduzida aosujeito. No espírito <strong>de</strong> uma imperturbável pretensão <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong>,a sociologia não <strong>de</strong>ve se contentar com o merofato, somente na aparência o mais objetivo. Ali se conservaantii<strong>de</strong>alisticamente algo do conteúdo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> do i<strong>de</strong>alismo.A posição <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> objeto e sujeito é válidaaté o ponto em que o sujeito é objeto, <strong>de</strong> início no sentidoacentuado por Habermas <strong>de</strong> que a pesquisa sociológica épor sua vez pertinente à conexão objetiva que preten<strong>de</strong> investigar.2 Albert replica: "É sua intenção" — <strong>de</strong> Habermas— "<strong>de</strong>clarar o sadio entendimento humano, ou, numa ex-1 Vi<strong>de</strong> Max Horkheimer, "Montaigne e a função da 'Skepsis'" em Teoria Criptica, tomo II,loc. cit., p. 220 passem.2 Vi<strong>de</strong> Habermas, "Contra um racionalismo dividido ppio positivismo", em A Disputa doPositivismo.-— 145 —
- Page 1:
OS PENSADORES
- Page 4 and 5:
FundadorVICTOR CIVITA(1907-1990)Í*
- Page 6 and 7:
OS PENSADORESUnidimensional (ou Ide
- Page 8 and 9:
OS PENSADORESradiofônicas, pronunc
- Page 10 and 11:
OS PENSADORESúnico e mesmo ato da
- Page 13 and 14:
CRONOLOGIA1903 — Em Frankfurt, na
- Page 15:
BIBLIOGRAFIASCHIMIDT, A. e RUSCONI,
- Page 18 and 19:
OS PENSADORESuma união tão glorio
- Page 20 and 21:
OS PENSADORESneutras de um jogo. O
- Page 22 and 23:
OS PENSADOREStes escolas interprete
- Page 24 and 25:
OS PENSADORESse estende do alto a t
- Page 26 and 27:
OS PENSADORESUm átomo não é desi
- Page 28 and 29:
OS PENSADORESnêncía, de explicaç
- Page 30 and 31:
OS PENSADOREStituído por homens qu
- Page 32 and 33:
OS PENSADORESse separam dessa mesma
- Page 34 and 35:
OS PENSADORESintacto o essencial. A
- Page 36 and 37:
OS PENSADOREScomo espiritual, como
- Page 38 and 39:
OS PENSADORESdividido numa esfera d
- Page 40 and 41:
OS PENSADORESque o conteúdo mau ne
- Page 42 and 43:
OS PENSADORESà sobriedade pela qua
- Page 44 and 45:
OS PENSADORESobjeto. Mas, a esse pe
- Page 46 and 47:
OS PENSADOREScom respeito aos objet
- Page 48 and 49:
OS PENSADORESele força o autodespo
- Page 50 and 51:
OS PENSADORESmal menor. Os neopagã
- Page 52 and 53:
OS PENSADORESdemais. Ninguém que o
- Page 54 and 55:
OS PENSADOREScia ao servo que traba
- Page 56 and 57:
OS PENSADOREStrabalho. São as cond
- Page 58 and 59:
OS PENSADORESpoder e impotência, c
- Page 60 and 61:
OS PENSADORESciência, à cega tend
- Page 62 and 63:
OS PENSADORESsobre as quais não se
- Page 65 and 66:
O FETICHISMO NA MÚSICA E AREGRESS
- Page 67 and 68:
ADORNOHuxley levantou em um de seus
- Page 69 and 70:
ADORNOmúsica da opressão mágica
- Page 71 and 72:
ADORNOtecidas, mas antes por rigoro
- Page 73 and 74:
ADORNOmúsica ligeira em oposição
- Page 75 and 76:
ADORNOvicioso fatal: o mais conheci
- Page 77 and 78:
ADORNOcom a música na qual entram
- Page 79 and 80:
ADORNOespecífico caráter fetichis
- Page 81 and 82:
ADORNOo encantamento musical, perec
- Page 83 and 84:
ADORNOjustificar os arranjos. No ca
- Page 85 and 86:
ADORNOmais obscura da técnica do "
- Page 87 and 88:
ADORNOsua destruição, visto que a
- Page 89 and 90:
ADORNOmediação de maneira alguma
- Page 91 and 92:
ADORNOsi mesma se tornam suas víti
- Page 93 and 94: ADORNOtração atenta, e por isso s
- Page 95 and 96: ADORNOà consonância que substitui
- Page 97 and 98: ADORNOconseguinte, de duas uma: ou
- Page 99 and 100: ADORNOmodelos comerciais entrelaça
- Page 101 and 102: ADORNOonda é tão maciça, que já
- Page 103 and 104: ADORNOao presente abstrato- Este ef
- Page 105 and 106: ADORNOgor, com seu conformismo. Os
- Page 107 and 108: ADORNOCom muita facilidade toda a m
- Page 109 and 110: A Fred Pollock,no seu septuagésimo
- Page 111 and 112: ADORNOdiante a irrefletida identifi
- Page 113 and 114: ADORNOda ciência, do seu caráter
- Page 115 and 116: ADORNOcente, se bem que não mais c
- Page 117 and 118: ADORNOempírica seria analisar os e
- Page 119 and 120: ADORNOO não ser a dialética um m
- Page 121 and 122: ADORNOficientes para a explicação
- Page 123 and 124: ADORNOà sua contrainte por si mesm
- Page 125 and 126: ADORNOvertida em clientela, sujeito
- Page 127 and 128: ADORNOimporta se conscientemente ou
- Page 129 and 130: ADORNOporque a sociedade recusa aos
- Page 131 and 132: ADORNOtanto os interesses dos membr
- Page 133 and 134: ADORNOcisava dar-se conta de que el
- Page 135 and 136: ADORNOlidade efetiva tranqüilizado
- Page 137 and 138: ADORNOargumentação torna-se quest
- Page 139 and 140: ADORNOde uma maneira grandiosa que
- Page 141 and 142: ADORNOcostumavam denominar de despr
- Page 143: ADORNOenquanto o impulso popperiano
- Page 147 and 148: ADORNOnum sentido aproximativo de u
- Page 149 and 150: ADORNOglobal e impede a instauraç
- Page 151 and 152: ADORNOpara quem o método vale ante
- Page 153 and 154: ADORNOtos; segundo Habermas, "a dep
- Page 155 and 156: ADORNOsocial mundana sobre o espír
- Page 157 and 158: ADORNOde lei. Já não mais detém
- Page 159 and 160: ADORNOconceito de problema aqui uti
- Page 161 and 162: ADORNOcio, não encontra aptidão n
- Page 163 and 164: ADORNOeliminado. Como modelo pode s
- Page 165 and 166: ADORNOso de formas de reação simp
- Page 167 and 168: ADORNOigual a todos os outros impot
- Page 169 and 170: ADORNOda authoritarian personality
- Page 171 and 172: ADORNOlos sentidos, mantém uma ár
- Page 173 and 174: ADORNOPela sua renúncia a exemplos
- Page 175 and 176: ADORNOse restringir aos dados, mas
- Page 177 and 178: ADORNOlosofia. No que é inconfund
- Page 179 and 180: ADORNOcom a consciência das massas
- Page 181 and 182: ADORNOmento de tais faits sociaux c
- Page 183 and 184: ADORNOO que posteriormente se solid
- Page 185 and 186: ADORNOconsciência coletiva que coi
- Page 187 and 188: ADORNOtisfaçam suas exigências, e
- Page 189 and 190: ADORNOseu lugar nas questões da l
- Page 191: ÍNDICEADORNO — Vida e Obra 5Cron