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OS PENSADORES - MOM. Morar de Outras Maneiras.

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ADORNOtanto os interesses dos membros como do conjunto, todo conhecimentoque voluntariamente se submete às regras <strong>de</strong>stasocieda<strong>de</strong> solidificadas em ciência participa <strong>de</strong> sua falsida<strong>de</strong>.A usual e aca<strong>de</strong>micamente atraente distinção entre ocientífico e o pré-científico, <strong>de</strong> que também Albert se apropria,não se mantém. O fato sempre <strong>de</strong> novo observado etambém confirmado pelos próprios positivistas <strong>de</strong> uma cisão<strong>de</strong> seu pensamento enquanto falam como cientistas e enquantofalam extracientificamente, mas providos <strong>de</strong> razão,legitima a revisão daquela dicotomia. O classificado comopré-científico não é somente o que ainda não atravessou ouevita mesmo o trabalho autocrítico da ciência sustentado porPopper. Pelo contrário, enquadra-se nisto também tudo <strong>de</strong>racionalida<strong>de</strong> e experiência que é excluído pelas <strong>de</strong>terminaçõesinstrumentais da razão. Ambos os momentos são inseparáveis.Uma ciência que não acolhe <strong>de</strong> modo transformadorimpulsos pré-científicos con<strong>de</strong>na-se à indiferença nãomenos do que o faz o <strong>de</strong>scompromissamento amadorístico.No mal conceituado âmbito do pré-científico reúnem-se osinteresses copiados pelo processo <strong>de</strong> cientificação, e não setrata dos menos relevantes. Tão certo como sem disciplinacientífica não haveria progresso da consciência, é certo quea disciplina paralisa simultaneamente os órgãos do conhecimento.Quanto mais a ciência enrijece na carapaça profetizadaao mundo por Max Weber, tanto mais o proscrito comopré-científico se constitui em refúgio <strong>de</strong> conhecimento. A contradiçãona relação do espírito com a ciência respon<strong>de</strong> àquelaque é própria da ciência: ela postula uma conexão imanentee é momento da socieda<strong>de</strong> que lhe nega coerência. Subtraindo-se<strong>de</strong>sta antinomia, seja apagando o seu conteúdo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>mediante relativização da sociologia do saber, seja <strong>de</strong>sconhecendosua inter<strong>de</strong>pendência com os faits sociaux, fazendo-sepassar por algo absoluto e auto-suficiente, ela se satisfazcom ilusões prejudiciais à sua capacida<strong>de</strong>. Estes dois momentos,apesar <strong>de</strong> díspares, não são indiferentes um ao outro;para a objetivida<strong>de</strong> da ciência, tem utilida<strong>de</strong> unicamente o— 131 —

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