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Apostila Engorda Pirarucu - Projeto Pacu

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<strong>Projeto</strong> Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> da AmazôniaManual de Boas Práticas dee Cultivo do <strong>Pirarucu</strong>em CativeiroPorto Velho | Novembro 2010


<strong>Projeto</strong> Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> da AmazôniaManual de Boas Práticas dee Cultivo do <strong>Pirarucu</strong>em CativeiroPorto Velho | Novembro 2010


Copyright © 2010 by Sebrae – Serviço Brasileiro deApoio às Micro e Pequenas EmpresasTodos os direitos reservados – É permitida a reproduçãototal ou parcial, de qualquerforma ou por qualquer meio, desde que divulgadas as fontes.Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro ePequenas EmpresasSebrae NacionalConselho Deliberativo NacionalPresidente: Roberto SimõesDiretoria ExecutivaDiretor - Presidente: Paulo Tarciso OkamottoDiretor de Administração e Finanças: José Cláudio daSilva SantosDiretor - Técnico: Carlos Alberto dos SantosAbase NacionalJosé Ferreira de Melo NetoManoel Antônio Vieira AlexandreAbase AmazôniaDiretoriaPedro Teixeira ChavesRosemary Fabião de AraújoEquipe TécnicaArmando Freire LadeiraEvandro Monteiro BarrosMaria Valdecy Caminha BenicasaSamuel Silva de AlmeidaEstruturante do <strong>Pirarucu</strong> da AmazôniaGerente da Unidade de Agronegócio: Paulo CesarRezende AlvinCoordenação Nacional de <strong>Projeto</strong>s do <strong>Pirarucu</strong> daAmazônia: José Altamiro da SilvaCoordenação Regional: Roberta Maria FigueiredoSebrae AmazonasConselho Deliberativo EstadualPresidente: Eurípedes Ferreira LinsDiretoria ExecutivaDiretor Superintendente: Nelson Luiz Gomes Vieira daRochaDiretor Técnico: Maurício Aucar SeffairDiretor de Administração e Finanças: Aécio FlávioFerreira da SilvaCoordenação do Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> daAmazôniaGestor Estadual: Israel Folgosa de MouraSebrae AcreConselho Deliberativo EstadualPresidente: Carlos Takashi SasaiDiretoria ExecutivaDiretor Superintendente: Orlando Sabino da CostaFilhoDiretora Técnica: Elizabeth Amélia Ramos MonteiroDiretor de Administração e Finanças: Kleber PereiraCampos JúniorCoordenação do Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> daAmazôniaGestora Estadual: Rina CostaSebrae AmapáConselho Deliberativo EstadualPresidente: Alfeu Adelino Dantas JúniorDiretoria ExecutivaDiretor Superintendente: João Carlos Calage AlvarengaDiretora Técnica: Maria D’arc Sá da Silva MarquesDiretora de Administração e Finanças: RosemaryFabião de AraújoCoordenação do Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> daAmazôniaGestor Estadual: Antonio E. S. Viana de CarvalhoSebrae ParáConselho Deliberativo EstadualPresidente: Ítalo IpojucanDiretoria ExecutivaDiretor Superintendente: Cleide Cilene TavaresRodriguesDiretora Técnica: Flora da Silva NavarroDiretor de Administração de Finanças:Raimundo Sergio Vieira de VasconcellosSebrae RondôniaConselho Deliberativo EstadualPresidente: Leornado Heuler Calmon SobralDiretoria ExecutivaDiretor Superintendente: Pedro Teixeira ChavesDiretor Técnico: Hiram Rodrigues LealDiretor de Administração e Finanças: Osvino Juraszek4


Coordenação do Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> daAmazôniaGestora Estadual: Roberta Maria Q. FigueiredoSebrae RoraimaConselho Deliberativo EstadualPresidente: Almir Morais SáDiretoria ExecutivaDiretor Superintendente: Alexandre Alberto HenklainDiretor Técnico: Alexandre Alberto HenklainDiretora de Administração e Finanças: Maria Cristinade Andrade SouzaCoordenação do Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> daAmazôniaGestor Estadual: Itamira Sebastiana SoaresSebrae TocantinsConselho Deliberativo EstadualPresidente: Hugo de CarvalhoDiretoria ExecutivaDiretor Superintendente: Paulo Henrique FerreiraMassuiaDiretor Técnico: Maria Emília Mendonça P. JaberDiretora de Administração e Finanças: João RaimundoCosta FilhoCoordenação do Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> daAmazôniaGestor Estadual: Gilberto Martins NoletoSebrae NacionalSEPN – Quadra 515, Bloco C, Loja 32 – Asa Norte.70.770-900 – Brasília - DFTel.: (61) 3348-7100 – Fax: (61) 3347-4120www.sebrae.com.brDiagramação e Conceito Gráfico:Carvalho Design | Vicente Carvalho5


Índice1. Introdução 92. O <strong>Pirarucu</strong> 93. Resultados 1 13.1 Viveiros escavados e açudes 1 13.2 Tanque-rede 1 43.3 Sistema intensivo com recirculação 1 74. Discussão e recomendações 2 04.1 Infraestrutura 2 04.2 Povoamento 2 24.3 Manejo da qualidade da água 2 44.3.1 Temperatura da água 2 44.3.2 pH 2 54.3.3 Alcalinidade e dureza totais 2 54.3.4 Amônia e nitrito 2 64.3.5 Gás carbônico 2 64.3.6 Turbidez e transparência 2 74.4 Manejo nutricional e alimentar 2 84.5 Captura e manuseio 3 04.6 Abate para comercialização 3 15. Considerações finais 3 26. ANEXO 3 3


Produção do <strong>Pirarucu</strong> em Cativeiro1. IntroduçãoEste documento tem por objetivo apresentar os resultados compilados das experiências de trêsanos das Unidades de Observação da <strong>Engorda</strong> do <strong>Projeto</strong> Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> da Amazônia,desenvolvido nos Estados do Acre, do Amapá, do Amazonas, de Rondônia, de Roraima e deTocantins. Os documentos complementares contendo as informações detalhadas de todas asunidades desenvolvidas estão disponíveis na Coordenação do <strong>Projeto</strong>.2. O <strong>Pirarucu</strong>O pirarucu, Arapaima gigas, é um dos maiorespeixes da ictiofauna de água doce do mundo.Possui hábito alimentar carnívoro, respiraçãoaérea obrigatória e chama atenção pelo seurápido crescimento. Essa espécie, há muitotempo, tem sido uma importante fonte dealimento para os habitantes da Amazônia.De elevado valor econômico, o pirarucu temsido explorado desde o século XVIII pelaspopulações nativas. Essa intensa exploraçãoprovocou um acentuado declínio nos seusestoques ao ponto de, atualmente, serconsiderada uma espécie quase extinta emalgumas regiões e sobre explorada em outras.Em resposta à sobrepesca dos estoques naturais,as autoridades governamentais criaram diversasrestrições quanto à exploração do pirarucu,como o tamanho mínimo para a sua captura(150 cm) e a total proibição de sua pesca noperíodo de reprodução da espécie (períododo defeso), sendo esses períodos: nos Estadosdo Amazonas, do Pará, do Acre e do Amapá,de 1º de dezembro a 31 de maio; no Estadode Rondônia, 1º de novembro a 30 de abril;e no Estado de Roraima, de 1º de marçoa 31 de agosto. Na Bacia Hidrográfica doAraguaia-Tocantins o período do defeso ficouestabelecido de 1º de outubro a 31 de março eo tamanho mínimo de captura em 155 cm. NoAmazonas, além do período de defeso instituídopela normativa federal, a proibição da pescaé total por conta de uma norma estadual. NoAmazonas, a pesca é autorizada apenas nas áreasque dispõem de planos comunitários de manejode lagos, autorizados e monitorados pelosórgãos ambientais estadual e federal.Desde a década de 40 há registros sobre opotencial e algumas experiências de cultivo dopirarucu no país. Nesses são ressaltadas as suascaracterísticas biológicas e zootécnicas, além doelevado valor comercial e sua importância comoalimento na região amazônica.Diversos trabalhos voltados ao cultivo dopirarucu já foram realizados, mas em suamaioria os cultivos foram conduzidos comuma alimentação feita com peixes de baixovalor comercial e/ou com peixes forrageiros.No entanto, a produção comercial de peixescarnívoros, como o pirarucu, com a alimentaçãobaseada no uso de peixes forrageiros vivos, oude peixes de baixo valor comercial (descartesda pesca) ou ainda com resíduos “in natura” depescados e de animais terrestres é, via de regra,inviável economicamente, além de apresentaruma série de restrições nos âmbitos sanitárioe ambiental. Dessa forma, para viabilizar aprodução do pirarucu em escala industrial, énecessário que a criação seja conduzida comrações balanceadas de alta qualidade.9


O pirarucu apresenta uma série decaracterísticas positivas para a criação intensiva,dentre as principais:• O rápido crescimento (cerca de 10 kg noprimeiro ano de criação);• A boa tolerância ao adensamento eàs condições de cultivo intensivo emambientes tropicais;• A capacidade de realizar a respiraçãoaérea nas fases mais avançadas do seudesenvolvimento, aproveitando o ardiretamente da atmosfera, não dependendodo oxigênio dissolvido na água;• A fácil adaptação ao consumo de alimentosbalanceados e rações comerciais;• Uma carne clara, magra, tenra, dealta qualidade e livre de espinhasintramusculares;• Um alto rendimento de filé (acima de 45%),superando o rendimento alcançado pelamaioria dos peixes atualmente cultivados nopaís;• Elevada demanda e valor de mercado, comexcelentes perspectivas para o mercadointernacional.como negócio depende, ainda, da capacidade decomercializá-lo com qualidade e valor agregado.Para que isso seja possível, o conhecimento dasdemandas, do perfil dos consumidores-alvo, dosprodutos concorrentes, entre outras informaçõesreferentes ao mercado, são essenciais para que asestratégias de “marketing” e de comercializaçãosejam traçadas. Após a consolidação e adivulgação desses conhecimentos, será possívelaos empreendedores interessados investir naatividade com maior segurança, tanto no âmbitoda produção quanto no da comercialização.Apesar de todas as vantagens que apresentao cultivo do pirarucu, os conhecimentosnecessários à sua produção comercial sustentávelainda não foram consolidados. As experiênciasde cultivo acumuladas se restringem aos esforçospioneiros de alguns produtores e técnicosque vêm conduzindo as criações ao custo dapesquisa prática (não científica) e do empirismo.Frente ao enorme e ao crescente interesse dosetor produtivo em investir na produção dopirarucu, faz-se necessário construir um bancode informações confiável sobre o desempenhozootécnico e econômico de sua produção emdiferentes ambientes e sob diversas condiçõesde criação. O sucesso da criação do pirarucu10


3. ResultadosNessa seção é apresentado o resumo dos resultados obtidos nas engordas do pirarucu no <strong>Projeto</strong>Estruturante, nos diferentes sistemas de produção avaliados, incluindo os principais índices dedesempenho zootécnico e econômico. O sistema mais comumente utilizado na piscicultura, que é ode viveiros e açudes, foi testado em todos os estados. Já os estudos com tanque-rede foram restritosa três Unidades de Observação e o sistema intensivo com recirculação foi testado em apenas umaUnidade.3.1 Viveiros escavados e açudesA tabela 1 apresenta os principais parâmetroszootécnicos resultantes das Unidades deObservação da engorda do pirarucu emviveiros e açudes que foram manejados deforma adequada. Nessas unidades, os alevinospassaram por uma fase de recria em viveiroescavado, protegido com tela antipássaros ouconfinados em tanques de tela ou tanques-redeaté a soltura no ambiente de engorda, para evitara ação dos predadores.Nas fases de engorda, foram instaladas Unidadesem viveiros e açudes com área variando entre700 e 12.000 m2. Entretanto, foi observadoque desde que se mantenha uma densidadepopulacional de peixes adequada, a áreade espelho d’água do viveiro ou açude teminfluência muito pequena sobre o resultado daprodução. Do ponto de vista da infraestrutura,o parâmetro mais importante é a profundidadeda água, pois em viveiros ou açudes rasos (< 2,0m) há problemas graves com a alta turbidez daágua (“água barrenta” ou excessivamente verde),onde os peixes reduzem ou até mesmo cessamo consumo de alimento e, consequentemente, ocrescimento. Portanto, um dos pontos críticosa ser atentado é que a infraestrutura devepermitir a manutenção da qualidade da água emcondições favoráveis, sobretudo do ponto devista da sua transparência.A figura 1 representa uma curva média decrescimento do pirarucu engordado em viveiroescavado e açude. Em média, o pirarucu tematingido entre 8 e 10 kg no ciclo de produçãode um ano, a partir de juvenis já condicionadosà ração (10 a 15 cm). Essa variação nosresultados é consequência das diferentescondições climáticas, sobretudo da temperaturada água, do porte inicial do juvenil e domanejo da produção (alimentação, densidadede povoamento, entre outros), partindodo princípio que são utilizados insumos dequalidade (alevinos e ração). Para obter essesresultados, foram utilizadas como principalfonte de alimento rações extrusadas comerciaispara peixes carnívoros, contendo níveis deproteína bruta, variando entre 40 e 45% egordura entre 6 e 15%. Em algumas Unidades,houve também uma complementação na dietacom alimento natural (peixes e crustáceosnativos). O pirarucu tem uma grande habilidadeem aproveitar o alimento natural disponívelnos viveiros e açudes, o que complementaa dieta e contribui significativamente nodesenvolvimento dos animais. Considerando,ainda que as rações utilizadas não foramdesenvolvidas especificamente para a espéciee, provavelmente não atendem plenamente ànecessidade da mesma, essa complementaçãoé especialmente importante no atual estágio11


tecnológico da produção do pirarucu. Pelasobservações do projeto, os peixes apresentamuma piora sensível na conversão alimentar apartir dos 12 kg de peso médio, o que reduz alucratividade da produção.Tabela 1- Resultados da engorda do pirarucu em viveiros escavados e açudes comração extrusada comercial para peixes carnívoros.ParâmetrosValoresPeso médio inicial [g]15 (10 cm)Peso médio 12 meses [kg] 8 a 10,0Peso médio 14 meses [kg] 10,0 a 12,0Conversão alimentar aparente 1,7 – 2,3Sobrevivência [%] 90 a 95Biomassa final [kg/ha] 7.000 a 16.000Dias de engordaFigura 1. Crescimento do <strong>Pirarucu</strong> em tanques escavados e açudes.12


Do ponto de vista do custo de produção, com base nos resultados médios de desempenho produtivo(crescimento, conversão alimentar e taxa de sobrevivência), foram construídos os cenários de custode produção para diferentes preços de alevinos e ração, que variaram sensivelmente por causa daescala de produção e da distância dos fornecedores de insumos. O custo total de produção foicalculado com base na participação do alevino e da ração em 80%, sendo o restante referente aocusto da mão de obra e outras despesas.Tabela 2- Custo de produção do pirarucu na fase de engorda, considerando diferentescenários de preço de alevinos, ração e eficiência produtiva.Cenário Preço do alevino Preço da ração Custo total pirarucu1 R$ 20,00/unidade R$ 2,50/kg R$ 9,78/kg2 R$ 15,00/unidade R$ 2,00/kg R$ 6,72/kg3 R$ 10,00/unidade R$ 1,70/kg R$ 4,92/kg1 – Produtor em pequena escala (2 a 3 t/ano), compra insumos ao preço de varejo edistante do fornecedor, tem dificuldade de gestão e menor eficiência produtiva (conversãoalimentar 2,2).2 – Produtor em média escala (5 a 20 t/ano), compra insumos próximo ao preço deatacado e distante do fornecedor, usa mínimas ferramentas de controle e gestão e tem boaeficiência produtiva (conversão alimentar 1,9).3 – Produtor em médio-grande escala (> 50 t/ano), compra insumos ao preço de atacadoe próximo do fornecedor, usa várias ferramentas de controle e gestão e tem alta eficiênciaprodutiva (conversão alimentar 1,7).Considerando um preço de mercado entre R$ 7,50 e R$ 10,00/kg do peixe inteiro, dependendoda escala de venda e do tipo de consumidor, a produção se mostra economicamente viável, desdeque sejam utilizados insumos de qualidade e manejo adequado, dentro de uma escala mínimade produção que permita diluir os custos fixos e aumentar o poder de negociação na compra dosinsumos.Tabela 3 - Retorno econômico da produção de 1 hectare (10 toneladas) de pirarucu na fasede engorda, nos diferentes cenários de preço de alevinos, ração e eficiência produtiva.Cenário Preço de venda = R$ 7,50/kg Preço de venda = R$ 10,00/kg1 - R$ 22.800,00 R$ 2.200,002 R$ 7.800,00 R$ 32.800,003 R$ 25.800,00 R$ 50.800,0013


É importante ressaltar que o cenário 3 se aplica também às organizações de pequenos produtores(associações e cooperativas) que podem, além de realizar compras conjuntas de insumos,comercializar de forma escalonada a produção por meio de contratos e, também, diluir os custos doacompanhamento técnico especializado, entre outros.No caso do pequeno produtor que trabalha isolado (cenário 1), uma das únicas formas de viabilizarseu negócio é explorando nichos de mercado, agregando mais valor ao seu produto ou, por exemplo,vendendo diretamente para o consumidor final.3.2 Tanque-redeO sistema de tanque-rede foi testado em algumas das Unidades de Observação do pirarucu,principalmente com o objetivo de aproveitar ambientes aquáticos onde a criação do peixe solto seriainviável.O pirarucu se mostrou uma espécie que se adapta bem para a condição do confinamento emtanque-rede, tendo atingido níveis de produtividade bastante elevadas, comparados a outros peixesamazônicos, como o tambaqui. Na tabela 4, são apresentados os resultados zootécnicos médios dasUnidades mais exitosas do projeto.Tabela 4- Resultados da engorda do pirarucu em tanque-rede comração extrusada comercial para peixes carnívoros.ParâmetrosValoresPeso médio inicial [g] 500Peso médio 12 meses [kg] 8,0 a 9,0Conversão alimentar aparente 2,0 a 2,2Sobrevivência [%] 90 a 95%Biomassa final [kg/m3] 100 a 120Os tanques-rede testados no projeto foram de 6 m3 de volume (2 x 2 x 1,5 m), que são consideradostanques de pequeno volume e mais facilmente manejados por pequenos produtores. Porém, como crescimento dos empreendimentos é natural o interesse dos piscicultores em experimentartanques de volumes maiores, mas que neste projeto não foi possível ainda testar por causa da escalaem que foi desenvolvido o trabalho. No futuro, será importante que esses tanques maiores sejamtestados, sobretudo por causa do fomento e da disponibilidade do uso de grandes ambientes para apiscicultura, como os lagos das usinas hidrelétricas.14


A seguir são apresentadas as curvas de crescimento e de produtividades médias do pirarucu nostanques-rede de pequeno volume.Figura 2. Curva de crescimento do pirarucu na engorda em tanque-rede.Figura 3. Curva de produtividade do pirarucu na engorda em tanque-rede.15


Do ponto de vista do custo de produção, com base nos resultados médios de desempenho obtidos,foram construídos os cenários de custo de produção para diferentes preços de alevinos e ração, quevariam sensivelmente por causa da escala de produção e da distância dos fornecedores de insumos.O custo total de produção foi calculado com base na participação do alevino e da ração em 80%,sendo o restante referente ao custo da mão de obra e outras despesas.Tabela 5 - Custo de produção do pirarucu na fase de engorda em tanque-rede,considerando diferentes cenários de preço de alevinos, ração e eficiência produtiva.Cenário Preço do alevino Preço da ração Custo total pirarucu1 R$ 20,00/unidade R$ 2,50/kg R$ 9,81/kg2 R$ 15,00/unidade R$ 2,00/kg R$ 7,46/kg3 R$ 10,00/unidade R$ 1,70/kg R$ 5,72/kg1 – Produtor em pequena escala (2 a 3 t/ano), compra insumos ao preço de varejo edistante do fornecedor, tem dificuldade de gestão e menor eficiência produtiva (conversãoalimentar 2,2).2 – Produtor em média escala (5 a 20 t/ano), compra insumos próximo ao preço deatacado e distante do fornecedor, usa mínimas ferramentas de controle e gestão e tem boaeficiência produtiva (conversão alimentar 2,1).3 – Produtor em médio-grande escala (> 50 t/ano), compra insumos ao preço de atacadoe próximo do fornecedor, usa várias ferramentas de controle e gestão e tem alta eficiênciaprodutiva (conversão alimentar 2,0).Considerando um preço de mercado entre R$ 7,50 e R$ 10,00/kg do peixe inteiro, dependendoda escala de venda e do tipo de consumidor, a produção se mostra economicamente viável, desdeque sejam utilizados insumos de qualidade e manejo adequado, dentro de uma escala mínimade produção que permita diluir os custos fixos e aumentar o poder de negociação na compra dosinsumos.Tabela 6 - Retorno econômico da produção de 20 tanques-rede de 6 m3 cada (10 toneladas)de pirarucu na fase de engorda, nos diferentes cenários de preço de alevinos, ração e eficiênciaprodutiva.Cenário Preço de venda = R$ 7,50/kg Preço de venda = R$ 10,00/kg1 - R$ 23.100,00 R$ 1.900,002 R$ 400,00 R$ 25.400,003 R$ 17.800,00 R$ 42.800,0016


Seguindo o mesmo princípio utilizado na produção em viveiros e açudes, o cenário 3 representatambém a realidade das organizações de pequenos produtores (associações e cooperativas) quepodem otimizar seus recursos financeiros pelas compras conjuntas de insumos e comercialização. E,no caso do pequeno produtor que trabalha isolado (cenário 1), uma das únicas formas de viabilizarseu negócio é explorando nichos de mercado, buscando formas para agregar mais valor ao seuproduto ou, por exemplo, vendendo diretamente para o consumidor final.3.3 Sistema intensivo com recirculaçãoDevido à escassez dos recursos hídricos e ao alto valor da terra, sistemas intensivos de produção,com reutilização da água, se tornam muito interessantes, principalmente quando se busca viabilizaro pequeno produtor. Nesses sistemas, o objetivo é obter a maior produção por área, com ummínimo uso de água. Uma das Unidades de Observação foi montada para estudar os pirarucus nessetipo de sistema.O sistema apresentado no esquema a seguir consiste de um tanque circular de PVC, instaladodentro de um viveiro de terra. Os pirarucus ficam povoados nesse tanque de PVC. Um compressorde ar radial, conhecido como “soprador de ar”, é usado para bombear a água do viveiro de terra parao tanque de PVC. A maior parte da água bombeada sai por um dreno grande lateral do tanque dePVC e retorna ao tanque de terra para ciclagem da amônia excretada pelos peixes. No tanque deterra, o fitoplâncton utiliza a amônia como nutriente, retirando-a do meio. Por um dreno central notanque de PVC, uma pequena quantidade de água sai do sistema para retirada dos resíduos sólidos(fezes).A retirada das fezes do sistema reduz o enriquecimento excessivo da água com nutrientes (adubaçãonatural) e, consequentemente, mantém a transparência elevada por mais tempo. O confinamentodos pirarucus dentro do tanque de PVC evita que ele revolva o fundo do viveiro, evitando a elevaçãoda turbidez mineral. Conforme observado no sistema de viveiros e açudes, a perda da transparênciada água é o principal fator limitante ao crescimento do pirarucu.Figura 4. Esquema do sistema intensivo de recirculação montado em uma das unidadesde observação do <strong>Projeto</strong> Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> na Amazônia.17


A tabela 7 mostra os resultados da produção dopirarucu dessa Unidade. Os peixes estocadoscom 975 g atingiram, em um ano, o peso médiode 10,0 kg. Esse crescimento foi pouco inferiorao observado em viveiros de terra, mas atingiu asexpectativas iniciais. Os pirarucus em sistemascom altas densidades (por exemplo: sistemasde recirculação, tanques redes) têm apresentadomenor consumo e, consequentemente, menorcrescimento. Uma solução para potencializaro crescimento do pirarucu em sistemas dealta densidade seria a utilização de uma raçãoespecífica que atenda melhor à necessidadeda espécie. Essas rações disponibilizariam osnutrientes necessários a um desempenho maiseficiente.A conversão alimentar foi de 1,97, poucosuperior à observada em tanques de terra.A ausência de oferta de alimento natural epossível gasto de energia com natação, devido àmovimentação da água, podem ser responsáveispor essa conversão. A sobrevivência de 98,7% foidas melhores já observadas.A produtividade (biomassa por volume deágua), dentro do tanque de PVC, ao final desseano de cultivo, foi de 66 kg/m³. A biomassacorrespondente da área total do sistema para umhectare foi de 20.626 kg/hectare, superior aoque foi atingido nos viveiros escavados e açudes.Tabela 7 - Resultados da produção do pirarucu em sistema intensivode recirculação.ParâmetrosValoresVolume do tanque de PVC* 45 m³Número de peixes 300Período [dias] 365Peso Médio Inicial [g] 975Peso Médio Final [g] 10.069Conversão alimentar 1,97Sobrevivência [%] 98,7Biomassa no tanque de PVC [kg/m³] 66,23Biomassa por área do viveiro [kg/ha] 20.623* Tanque de PVC instalado em viveiro de 1.445 m².18


O custo com material e mão de obra para a instalação do sistema no viveiro escavado foi de R$5.539,00. Considerando o tanque produzindo por cinco anos, para uma produção anual de 2.980kg, teremos um aumento de R$0,37 por quilo de pirarucu comparado à criação dos peixes soltos nomesmo viveiro, devido à depreciação da estrutura de PVC.Apesar da produtividade de 2 a 4 vezes maior que nos sistemas convencionais, alterações no projetopossivelmente viabilizariam maior biomassa produzida. Essas alterações devem ser no sentido detornar a retirada de fezes do sistema e a ciclagem dos nutrientes mais eficientes. O uso de rações demelhor qualidade também aumentaria a capacidade do sistema. A tabela 8 mostra a influência doaumento da produtividade nesse sistema no custo do quilo de pirarucu produzido.Tabela 8 - Influência do aumento da produtividade no sistema de recirculação no custo doquilo de pirarucu produzido.Produção anual de pirarucuno sistema de recirculaçãoestudado em viveirode 1445 m²Produção anualequivalente em 1hectare de viveiroAumento do custo porquilo de pirarucu produzidodevido à depreciação dotanque de PVC2980 kg * 20.623 kg R$ 0,374335 kg ** 30.000 kg R$ 0,257225 kg ** 50.000 kg R$ 0,15* Produção obtida no estudo atual.** Simulação de produção após as adequações no sistema.É importante ressaltar que os resultados do trabalho nesse sistema de produção foram bastantepromissores e que ainda são preliminares, pois não foi possível revalidar o sistema dentro doperíodo do projeto. Mais estudos, sobretudo após as adequações do sistema, ainda são necessáriospara avaliar até onde seria possível melhorar a eficiência e a aplicabilidade em outras localidades erealidades dentro da Amazônia.19


4. Discussão e recomendaçõesCom base nos resultados e nas experiências acumuladas ao longo do <strong>Projeto</strong> Estruturante de<strong>Pirarucu</strong>, foi elaborada uma discussão dos resultados e um conjunto de recomendações que seguemas etapas da produção do pirarucu, que são apresentados na sequência.4.1 InfraestruturaO pirarucu, por ser um animal que atingegrande porte comparado às demais espéciesde peixes normalmente criadas, apresentatambém algumas peculiaridades quanto à infraestruturanecessária para a sua produção. Nocaso da criação em viveiros escavados e açudes,é importante que essas estruturas apresentemo fundo com solo argilo-arenoso ou argilosobem-compactado e, preferencialmente, comboa plasticidade (“solo com liga”), ou atémesmo, que apresente certo teor de cascalho.Essa característica é interessante para que amovimentação dos animais que atingem portemais avançado (> 5 kg) não eleve a turbidezmineral na água, ou seja, que apresente grandequantidade de argila em suspensão, problemapopularmente conhecido por “água barrenta” ou“água toldada”. Nesse tipo de água, a produçãodo pirarucu é limitada, podendo até serinviabilizada. Contribui também para reduziresse problema, o uso de estruturas com maiorprofundidade de água (> 2,5 m), o que amenizao efeito da movimentação dos peixes. Outracaracterística importante quanto aos viveiros eaçudes usados na criação do pirarucu é que osmesmos tenham o fundo mais regular possível,sem obstáculos (raízes, troncos, pedras etc) quedificultam a passagem da rede de arrasto nomomento da captura.No que se refere à dimensão dos viveiros eaçudes, além da maior profundidade parareduzir o problema com turbidez mineralna engorda, os viveiros podem apresentar osmais diversos tamanhos, o que aparentementeinfluenciou muito pouco nas experiênciasrealizadas até o momento. O mais importanteno que se refere às dimensões da infraestruturaé que essa seja trabalhada de forma a mantersempre elevadas densidades de estocagem,tanto para otimizar o aproveitamento do espaçofísico, quanto para permitir o efeito gregário(comportamento de cardume), que resultanuma competição benéfica entre os animais.Dessa forma, os animais tanto apresentammelhor resposta ao arraçoamento quantoaproveitam o alimento de forma mais eficiente.Os viveiros utilizados para recria devem,preferencialmente, apresentar proteção contraa ação de aves e morcegos predadores, pois osjuvenis de pirarucu, até atingirem cerca de 25 cmde comprimento, são presas fáceis por estaremfrequentemente na superfície para respirar. Àmedida que o pirarucu atinge maior porte, ospredadores alados têm dificuldade em capturaros peixes.Os tanques-rede podem ser usados comsucesso para dois propósitos, sendo o primeirona alevinagem/recria e outro para a engorda20


até o porte comercial. Em ambos os casos, osresultados foram positivos, embora algunscuidados especiais devam ser tomados paraque os mesmos sejam atingidos, como seráapresentado na sequência.Na recria, o melhor material a ser utilizado sãoas malhas de poliamida revestidas em PVC,que apresentam boa resistência mecânica,menor colmatação (obstrução da malha pelocrescimento de algas e de outros organismosaquáticos), baixa abrasividade (não fere ospeixes) e são de fácil manuseio. O tamanho dasmalhas utilizadas varia conforme o porte dosanimais povoados, mas podem variar entre 5 e15 mm, para juvenis de pirarucu entre 8 e 25 cmde comprimento, respectivamente. Do pontode vista do manejo, na fase de recria, um dospontos mais críticos é a manutenção da limpezadas malhas, que deve ser feita a cada 5 a 10 dias,dependendo do tamanho da malha e do nível detransparência e grau de adubação da água ondeestão instaladas. Quando melhor a malha, maistransparente ou mais adubada a água, maiordeverá ser a frequência da limpeza.Quando necessária, a limpeza deverá ser feitasem os peixes dentro do tanque-rede, ou seja, ospeixes devem ser transferidos para um tanqueredelimpo para depois se proceder à limpezada malha obstruída pelo crescimento de algase de outros organismos (colmatação). Alémdas malhas, é muito importante a instalaçãoda tampa para evitar a ação de predadores e docomedouro, que é composto de uma tela plásticade malha menor que a ração ofertada aos peixes,ao redor das paredes dos tanques-rede, estandocerca de 30 cm abaixo e 10 cm acima da linhad’água. Nessa fase, o espaçamento entre ostanques-rede deve ser de, pelo menos, a mesmalargura do tanque.O local de instalação dos tanques-rede deveter, no mínimo, 1,5 metro de profundidadelivre, abaixo do fundo do tanque-rede paraque os resíduos lançados pelos peixes possamse dispersar e não se acumular logo abaixodos tanques. Outro aspecto importante é queos tanques-rede devem ser posicionados emlocais com boa circulação de água, geralmentepromovida pelo vento predominante. Assim, érecomendado que as linhas de tanques sejamcolocadas em posição perpendicular à direçãodo vento predominante.Na fase de engorda no tanque-rede, o materialutilizado necessita ter resistência suficiente parasuportar tanto o peso quanto a força dos animaisno momento do manejo (biometria e despesca).Dentre os materiais testados, os melhores sãoapresentados a seguir.Um foi a tela tipo alambrado, confeccionadocom arame galvanizado revestido com PVCaderente, com espessura de, no mínimo, fioBWG 16 e malha 25 mm com as costuras dastelas feitas com cabo elétrico de cobre (flexível)revestido com PVC (fio 4 ou 6 mm2).É recomendado que a costura não seja feitacom o arame que compõe a tela, por causa dasua baixa resistência à flexão, que resulta emfrequentes rupturas e fuga dos animais. Dentreas desvantagens da tela tipo alambrado estão omaior peso e a dificuldade no manuseio e a baixaresistência à corrosão quando a proteção plásticado arame sofre abrasão ou ruptura.Outro material testado que apresentouótimo resultado foi a rede de multifilamentode poliamida com fio 210/72 (espessura) emalha com abertura de 30 mm, previamenteconfeccionado (costurado) pelo própriofabricante. Esse material é muito mais leve e defácil manuseio que a tela metálica, tendo como21


desvantagem que seu uso é pouco recomendadonos locais onde há presença de predadorescomo, por exemplo, piranhas que podemromper as redes.Estruturas complementares como a tampa, paraevitar a fuga dos peixes e a ação de predadorese os comedouros são fundamentais para o bomfuncionamento desse sistema de produção.As tampas podem ser confeccionadas como mesmo material utilizado nas paredes dotanque-rede, tendo o cuidado do mesmo nãoficar submerso nem vedar a saída dos peixespelas frestas.Do ponto de vista das dimensões dos tanquesredes,na fase de recria, os mesmos podemter entre 4 m3 (2 x 2 x 1 m) e 13,5 m3 (3 x3 x 1,5 m). Nos tanques-rede de engorda,as dimensões podem variar bastante, sendoo mínimo recomendado de 6 m3 (2 x 2 x1,5 m3). Em ambos os casos, é importantemanter elevadas taxas de estocagem para obtermelhores resultados, conforme será discutidoposteriormente.4.2 PovoamentoEm viveiros e açudes, o povoamento deve ser feito, preferencialmente, com juvenis previamentecondicionados à ração, em ambiente preparado com calagem e com a água de boa transparência. Adensidade de estocagem deve ser mantida elevada, podendo chegar de 3.000 a 4.000 kg/hectare nafase de recria (até 1 kg de média) em viveiros de baixa renovação de água. Na fase de engorda, emambiente com baixa ou sem renovação de água, pode se chegar a densidades de 10 toneladas/ha.Em viveiros com renovação parcial de água (cerca de 5%/dia), é possível ultrapassar produtividadede 16 toneladas/ha. No sistema de viveiro e açude, é recomendado que sejam trabalhadas, nomínimo, duas fases de crescimento; porém, com 3 fases de crescimento, o aproveitamento dainfraestrutura e a produtividade são mais elevados.Tabela 9 - Recomendações de povoamento e densidades em viveiro escavado e açude paracriação em 2 fases de crescimento.Parâmetro Fase 1 Fase 2Peso médio inicial (g) 15 500Peso médio final (g) 500 10.000Densidade de estocagem (peixe/ 8.000 1.000hectare)Biomassa final (kg/hectare) 4.000 10.000Tempo (dias) 60 360Sobrevivência (%) 95 9822


Tabela 10 - Recomendações de povoamento e densidades em viveiro escavado e açudepara criação em 3 fases de crescimento.Parâmetro Fase 1 Fase 2 Fase 3Peso médio inicial (g) 15 500 3.000Peso médio final (g) 500 3.000 10.000Densidade de estocagem(peixe/hectare)8.000 2.000 1.000Biomassa final (kg/hectare) 4.000 6.000 10.000Tempo (dias) 60 120 240Sobrevivência (%) 95 98 99No tanque-rede, a produção deve ser trabalhada em, no mínimo, 3 fases de crescimento, onde alémda repicagem para redução da densidade de estocagem, é importante realizar a classificação dospeixes por tamanho.Tabela 11 - Recomendações de povoamento e densidades em tanque-rede para criaçãoem 3 fases de crescimento.Parâmetro Fase 1 Fase 2 Fase 3Peso médio inicial (g) 15 500 3.000Peso médio final (g) 500 3.000 8.500Densidade de estocagem(peixe/m3)80 25 15Biomassa final (kg/m3) 40 75 120Tempo (dias) 60 120 180Sobrevivência (%) 95 99 99No caso do sistema intensivo com recirculação de água, como esse ainda não foi revalidado comresultados conclusivos, ainda não é recomendado que o mesmo seja implantado para a produçãocomercial. À medida que esse sistema for aprimorado e novamente testado, deverão ser formuladasrecomendações quanto à sua implantação.23


4.3 Manejo da qualidade da águaAs principais recomendações para o manejo da qualidade da água na produção do pirarucu nosdiferentes sistemas de produção são apresentadas a seguir, destacadas pelos parâmetros físicos equímicos mais importantes.4.3.1. Temperatura da águaA faixa de temperatura ideal para o crescimentodessa espécie está entre 28 e 30 ºC, sendo quequando a temperatura da água está abaixo de 26e acima de 32 ºC, há uma redução significativano consumo de ração pelos peixes. Entretanto,mais importante ainda do que o valor absolutoda temperatura da água são as oscilaçõesque esse parâmetro sofre diuturnamente esazonalmente, que devem ser a menor possível.Exemplo disso é que peixes que vinham sendomantidos em águas com elevada temperatura(cerca de 30 ºC) por meses, apresentaramdrástica redução no consumo de ração, tantoem viveiros como nos tanques-redes, quando atemperatura sofreu uma repentina queda para26 ºC. Outro exemplo de como os peixes têmboa capacidade de adaptação é que juvenisde pirarucu mantidos em ambientes comtemperaturas estáveis ao redor de 25 a 26 ºCcontinuaram apresentando resposta bastanteativa à alimentação. Quanto à tolerância àsbaixas temperaturas, o pirarucu apresentoumortalidade parcial e total em todas as classesde tamanho (juvenis e adultos) quando atemperatura da água sofreu repentina queda,atingindo entre 16 e 20 ºC, e se mantendonesses níveis por vários dias consecutivos (5 a6 dias). Um ponto importante a ser observadonesse caso é que somado à baixa temperaturada água, a temperatura do ar tem uma grandeinfluência sobre o pirarucu por causa darespiração aérea obrigatória que apresenta essaespécie. Assim, embora a temperatura da águatenha se mantido entre 16 e 20 oC na ocasiãodas altas mortalidades, a temperatura do aratingiu 8 ºC durante as madrugadas, o quecertamente foi determinante na mortalidadedos animais. O porte do animal e a condiçãonutricional também demonstraram ter grandeinfluência na taxa de mortalidade, sendo queos menores animais e os que não apresentaramcondição nutricional adequada foram os maissensíveis às baixas temperaturas, enquantoaqueles animais maiores e em estado nutricionalresistiram melhor ao problema.Portanto, nas regiões onde ocorrem quedasdrásticas e repentinas na temperatura,recomenda-se que os animais sempre sejammantidos em corpos d’água de maioresdimensões (> 5.000 m2) e mais profundos (>2,5 m), de modo que haja maior estabilidadetérmica e conforto aos animais. Adicionalmente,nessas regiões, o povoamento antecipadotambém pode contribuir, de forma que, naépoca em que o clima estiver mais frio, os peixesjá terão atingido porte suficiente para tolerarmelhor essa condição.24


4.3.2 pHO pirarucu é bastante rústico e aparentementetolera uma faixa larga de pH (5,0 a 11,5)em curta exposição, pois não foi observadamortalidade em nenhum dos extremosde pH que ocorreu em algumas Unidadesde Observação. Entretanto, foi possívelobservar que nas Unidades em que ocorreumaior frequência de faixas mais ácidas (5,0a 6,0) ou alcalinas (> 8,5) do pH da água,os peixes apresentaram menor consumo dealimento, menor crescimento e/ou piora naconversão alimentar. Assim, os animais queforam mantidos nas faixas de pH entre 6,5 a8,0 foram aqueles que apresentaram melhordesenvolvimento e condições sanitáriastambém, indicando que, provavelmente, essaseja a faixa mais adequada para o pirarucu emcondição de cativeiro.4.3.3 Alcalinidade e dureza totaisA alcalinidade e dureza totais, que indicam apresença de calcário na água e que representamos componentes do sistema tampão da água(equilíbrio químico que estabiliza o pH daágua próximo do neutro), são dois parâmetrosque demonstraram grande influência eimportância no desenvolvimento do pirarucu,principalmente na fase de alevinagem e recria.Os animais mantidos em águas com maioresalcalinidade e dureza (> 20 mg/L) foram osque apresentaram melhor desenvolvimento emenores dificuldades de manejo, sanidade, entreoutros. Assim, nas águas com alcalinidade edureza abaixo de 20 mg/L CaCO3, a correçãodesses parâmetros pela aplicação de calcário(2.000 a 3.000 kg/hectare) é de fundamentalimportância para o adequado desenvolvimentodo pirarucu em todas as fases de crescimento.No caso da produção em tanques-rede, ondenormalmente é inviável a correção da qualidadeda água, a recomendação seria a realização de,pelo menos, a alevinagem e recria em ambientecom a qualidade da água corrigida para depoisrealizar a transferência para a engorda notanque-rede. Além disso, a escolha de corposd’água que apresentem pH mais próximo doneutro e/ou maiores níveis de alcalinidade edureza também é importante.25


4.3.4 Amônia e nitritoAs maiores concentrações de amônia totalobservadas nas Unidades ficaram entre 0,8 e2,4 mg/L NH3-NH4+, e aparentemente nãocausaram maiores prejuízos ao desenvolvimentodos animais, apesar de algumas Unidade teremapresentado, junto com essas concentrações,níveis de pH de 9,0 a 9,5, resultando em cercade 0,9 mg/L NH3 (amônia tóxica). Como essespicos de amônia foram pontuais e apenas numcurto período na fase final do ciclo produtivo,não foi possível contatar nenhum prejuízoeconômico na produção. Além disso, segundoum estudo científico que avaliou a tolerância dopirarucu à amônia, esse já tinha indicado quea espécie é bastante tolerante a esse compostona água. De qualquer forma, níveis elevadosde amônia na água são indesejáveis, pois afetaa excreção nitrogenada dos peixes e tambémpode causar problemas como a elevação dasconcentrações de nitrito.As concentrações de nitrito foram monitoradasdurante o ciclo produtivo, mas nenhumproblema com esse composto foi detectado,sendo que as maiores concentrações medidasficaram abaixo de 0,1 mg/L NO2-, o queestá dentro das faixas toleradas pela maioriadas espécies tropicais. Porém, é importanterealizar o monitoramento desse parâmetro,principalmente nos ambientes onde ocorremelevadas concentrações de amônia associadas abaixas concentrações de oxigênio dissolvido.No caso da ocorrência de elevadasconcentrações de amônia na água, as medidasmais recomendadas são a redução nas taxas dearraçoamento e a melhoria do sistema tampãopor meio da aplicação de calcário. É importanteressaltar que, apesar da renovação de água serum dos manejos frequentemente utilizadospelos piscicultores para controlar esse problema,a mesma é pouco recomendada caso o efluentedo viveiro/açude seja lançado diretamente noambiente natural, por causa do impacto que esseefluente causará sobre o corpo receptor. No casoda piscicultura utilizar algum tipo de tratamentopara o efluente, essa medida poderá ser utilizadacomo alternativa para aliviar o problema.No caso de problemas com elevadasconcentrações de nitrito, as medidas quepodem ser tomadas são a redução na taxa dearraçoamento e a aplicação de sal (NaCl), nadose de dez vezes a concentração do nitritopresente na água ou a renovação parcial deágua, observando os mesmos cuidados quantoao lançamento dos efluentes descritos para aamônia.4.3.5 Gás carbônicoApesar de o pirarucu apresentar a atmosferacomo a principal fonte para obtenção dooxigênio para sua respiração, o mesmo dependedas brânquias para realizar a excreção do gáscarbônico. Sendo assim, a concentração de gáscarbônico na água é um parâmetro importante,considerando que em águas com elevadasconcentrações desse gás, o pirarucu apresentagrande dificuldade em retirar o gás carbônicodo sangue. O acúmulo desse gás no sanguedos peixes interfere no processo respiratório,dificultando o transporte de oxigênio nosangue, além de causar acidificação do sangue,resultando em grande estresse aos animais.Assim, nas situações onde ocorrem baixasconcentrações de oxigênio na água, comunsna produção do pirarucu sob alta densidade, omonitoramento do gás carbônico é importante26


para garantir um ambiente de qualidadesatisfatória aos animais. Segundo as observaçõesrealizadas durante o projeto, níveis de gáscarbônico acima de 20 mg/L CO2 indicaramafetar a saúde e aumentar o estresse dos juvenis.4.3.6 Turbidez e transparênciaA turbidez indica a presença de partículas ousubstâncias dissolvidas na água que dificultam atransmissão da luz na água e, consequentemente,no caso do pirarucu afeta a captura do alimentodesse animal que depende da visão para isso.Do ponto de vista da qualidade da água, aelevada turbidez mineral provavelmenterepresenta o principal ponto de estrangulamentopara o desenvolvimento da espécie. Altaturbidez provada pelo excesso de fitoplânctontambém dificulta a captura do alimento pelosanimais, o que pode ser observado pela faltade interesse ou resposta pouco vigorosa aoarraçoamento nessas condições.Para a produção do pirarucu, águas com maiortransparência (> 60 cm) são muito interessantes,sobretudo nas fases iniciais de desenvolvimentoquando os animais estão sendo condicionadosa se alimentar observando o alimentador. Nosviveiros e nos açudes com maior profundidade,onde a eutrofização do ambiente ocorremais tardiamente e a água permanece maistransparente, a produção do pirarucu temapresentado melhores resultados.Assim, medidas como a escolha de locais comsolo menos propício à ocorrência de turbidezmineral, viveiros e açudes mais profundos oua renovação parcial de água para controlar aeutrofização podem contribuir para reduzir aturbidez da água.Figura 5 - Ilustração do efeito da transparência da água do viveirosobre o consumo de ração do pirarucu.27


4.4 Manejo nutricional e alimentarAs rações comerciais para peixes carnívorosgeralmente possuem proteína bruta entre40 e 48%. A proteína da ração tem origemde ingredientes vegetais e animais, mas ospeixes carnívoros, entre eles o pirarucu,aproveitam melhor as proteínas de origemanimal. Muitas rações comerciais para peixescarnívoros têm valor adequado em proteínabruta, mas não resultam em bom desempenho,devido à qualidade inadequada dessa proteínaou por causa do desbalanceamento dosmicronutrientes. Em algumas observações,resultados semelhantes foram observadosentre rações com 40 e 36% de proteína bruta,provavelmente devido à qualidade dessaproteína.As rações comerciais para peixes carnívorosapresentam teor de gorduras entre 6 e 15%.Geralmente os peixes carnívoros têm poucahabilidade para aproveitar os carboidratoscomo fonte de energia, sendo as gorduras seuprincipal suprimento. Os melhores resultadosforam obtidos com rações de 40% a 42% deproteína bruta e 10 a 12% de gordura. Um raçãocomercial com 50% de proteína bruta e 10 %de gordura teve desempenho semelhante, mascom custo maior. Comparando os resultadosobtidos no <strong>Projeto</strong> Estruturante com índicesde desempenho de rações experimentaispublicados na literatura científica, há indicativosfortes de que as rações comerciais não atendemainda às necessidades específicas do pirarucu.No que se refere ao uso das rações comerciaisno projeto, a principal dificuldade foi queembora tenha sido detectado desde o início doprojeto que as rações não estavam atendendoplenamente às necessidades do pirarucu, nãofoi possível resolver esse problema. A causadessa dificuldade é que as indústrias de raçõessó produzem as específicas quando há umademanda mínima, que normalmente é muitoacima da quantidade consumida num projetoem escala piloto como foi o caso do Estruturantedo <strong>Pirarucu</strong>.Assim, à medida que os projetos de produçãode pirarucu forem se expandindo e a demandapor uma ração específica for aumentando, atendência é que alguma indústria se interesse emfabricar esse produto.O manejo de alimentação do pirarucu deve serfeito respeitando o vigor da resposta dos animaisna hora do arraçoamento. Em cada alimentação,a ração deve ser distribuída em parcelas, deforma que todos os animais tenham acesso aela, mas, ao mesmo tempo, não permitindo quehaja sobra de ração. Como o impacto da quedada ração na água estimula o consumo do peixe,deve-se ter uma atenção especial com a ofertade excesso de ração, pois o pirarucu a atacavorazmente, em reflexo a esse estímulo, masquando está próximo da saciedade, os animaiscapturam a ração, mas em seguida soltam osgrãos da ração (peletes) sem consumi-los. Comoregra geral, cada porção de ração oferecida deveser consumida em até 10 minutos.Conforme apresentado na seção sobre aqualidade da água, normalmente à medida queos peixes crescem, muitas vezes há redução natransparência da água, o que pode diminuiro consumo de ração. Porém, mesmo emtamanhos mais avançados, quando as condiçõesambientais estão favoráveis, o consumopermanece elevado, o que pode induzir oprodutor a alimentar os animais em excesso.Para peixes de maior porte, acima de 10 kg, émuito importante adequar o tamanho do grãoda ração para otimizar o consumo. Os maiorespeletes comerciais chegam geralmente até 15mm de diâmetro, mas passam a ser pequenosdemais para esses peixes. Entretanto, a limitaçãoindustrial dificulta as empresas a oferecer rações28


com grãos maiores, o que demandaria maisinvestimentos em tecnologia fabril.Conversões alimentares satisfatórias foramobservadas em viveiros e açudes onde houveabundância de peixes invasores e camarões,indicando que o pirarucu tem boa capacidadede se alimentar desses organismos. Estratégiaspara se aumentar a disponibilidade de alimentonatural do viveiro podem reduzir o custo deprodução e melhorar a saúde do peixe, porsuprir alguma deficiência nutricional quepossa existir na ração não específica. Utilizaro pirarucu no viveiro depois de uma engordade tambaqui ou de outra espécie onívora, porexemplo, que favoreça a formação de alimentonatural, poderia ser uma das estratégias. Podese,também, favorecer a produção de peixesforrageiros por meio da adubação no viveiroonde está sendo feita a recria em tanques-redes,para depois soltar os pirarucus nesse viveiro,povoado com alimento vivo.Apesar da boa capacidade de consumo de peixesforrageiros, a produção em escala, utilizandosomente os peixes invasores, é inviáveleconomicamente, devido à baixa produtividade,pois a produção máxima está ao redor de 300kg de pirarucu por hectare, utilizando essaestratégia.Tabela 12 - Tamanho da ração recomendada, número de tratos e estimativa de consumopara o pirarucu em viveiro, açudes e tanques-rede.Peso pirarucu(g)Tamanho dopeleteRefeições pordiaConsumodiário (% pesovivo)15 – 100g 1 - 2 mm 6 a 4 7 a 5%100 – 500 2 - 3 mm 4 5 a 4%500 – 1.000 3 - 5 mm 3 4 a 3%1.000 – 5.000 8 – 10 mm 3 3 a 2%5.000 – 12.000 12 - 15 mm 3 a 2 2 a 1%29


4.5 Captura e manuseioA captura e o manuseio do pirarucu, seja paratransferência dos peixes vivos de uma unidadeprodutiva para outra ou para o abate, devemser feitos com muito cuidado, principalmentepor se tratar de um peixe de grande porte, masprincipalmente porque o pirarucu é um peixesaltador. Já foram relatados diversos acidentesenvolvendo o choque de peixes saltando parafugir da captura e atingindo os trabalhadoresna piscicultura. Para minimizar esse risco, érecomendado que na captura sejam utilizadasredes com altura de trabalho de 6 a 7 metros,que formem um grande colo na parte central,de modo que o pirarucu fique preso e nãoconsiga saltar por cima das boias da rede.Para boa eficiência na captura, as cordas dasboias e do fundo devem trabalhar no mesmoalinhamento vertical. Se houver necessidadede recolher a linha de fundo no meio da rede,esse serviço deve ser feito pelo lado de dentroda rede e nunca por trás da mesma, pois ospirarucus podem se chocar contra o colo darede ou mesmo saltar sobre a boia, atingindoquem estiver por trás dela. Preferencialmente,o nível da água do viveiro ou açude deve serpreviamente baixado, de modo que a água tenhaao redor de 1,5 m de profundidade.No momento do fechamento da rede, as boiaspodem também ser levantadas e mantidas acerta altura da água com o auxílio de varas comforquilhas nas pontas, para evitar que os peixesescapem por cima das boias. Apesar de termuita força e o pirarucu saltar agressivamentecontra a rede no momento da captura, o mesmose cansa rapidamente. Por isso, no momentodo fechamento é interessante aguardar algunsminutos até que os animais se acalmem antes deiniciar o manuseio dos mesmos.Um ponto crítico a ser atentado é que duranteo manejo para a despesca do pirarucu, podeocorrer morte de animais por afogamento,caso os mesmos se prendam na rede ou sejammantidos em densidade muito alta por tempoprolongado.No caso da transferência de juvenis vivos, ospeixes devem ser manuseados (carregamentoe descarregamento), utilizando sacos plásticosou outro recipiente que permita mantê-losdentro da água. Essa medida, apesar de maistrabalhosa, permite minimizar os ferimentos e oestresse aos animais. Porém, como o peixe temrespiração aérea obrigatória, é imprescindívelque haja espaço suficiente no recipiente para queo mesmo possa vir à respirar na superfície.Durante o transporte dos juvenis vivos, é muitoimportante também que seja adicionado salcomum (NaCl) à água, na proporção de 3gramas/litro ou 3 kg/m3. Esse sal tem comofunção principal atenuar a perda de sais dosanimais que é causada pelo estresse fisiológicodos peixes, resultante da captura, do manuseioe do transporte. E, assim como nas demaisespécies de peixes, a aclimatação e a renovaçãogradual da água, antes da soltura dos juvenis,são importantes para evitar qualquer choqueaos animais (temperatura, pH da água, entreoutros).30


4.6 Abate para comercializaçãoO procedimento recomendado para o abate dopirarucu segue o mesmo para as outras espéciesde peixes tropicais, devendo ser realizado pormeio de choque térmico e preferencialmentecom a sangria em água fria.No caso de abate na propriedade rural, ospeixes devem ser abatidos em choque frio porimersão na água com temperatura ao redorde 5 oC, o que é conseguido com mistura decerca de 1 parte de água + 5 partes de gelo. Osanimais devem ser mantidos nessa água porcerca de 45 a 60 minutos, no mínimo, parao rápido resfriamento da carcaça. Após esseprocedimento, os peixes podem ser acomodadosem caixas térmicas, intercalando camadas degelo e peixes para o transporte até o mercado.Para o abate no entreposto frigorífico, o ideal éque os peixes sejam transportados vivos, e noprocesso de abate, seja feita a insensibilização(atordoamento) o mais rápido possível apósa captura, por meio de choque frio realizadopor imersão, numa mistura de água e gelo queestará por volta de 5 oC. Após a insensibilização,que dura cerca de 2 a 3 minutos, o peixe deveser sangrado pelo corte dos arcos branquiaise imediatamente imerso numa outra misturade água e gelo, a cerca de 12 a 15 oC, onde émantido por 4 a 5 minutos. Após a sangria oanimal deve ser transferido para nova misturade água com gelo, a cerca de 5 oC, para oresfriamento da carcaça que demora cerca de30 a 40 minutos, para depois entrar na linhade processamento, por exemplo, evisceração efiletagem.31


5. Considerações finaisO trabalho realizado permite concluir que a produção do pirarucu em cativeiro, tantono sistema de viveiros escavados, como em tanque-rede, é técnica e economicamenteviável; porém, para que esses objetivos sejam alcançados a aplicação do conjuntoadequado de conhecimentos é imprescindível, assim como contar com uma mão deobra de campo e administrativa capacitada. Algumas Unidades de Observação doprojeto tiveram resultado bastante aquém do desejado, sobretudo decorrentes deproblemas com a alta rotatividade e a baixa qualificação da mão de obra de campo.Assim, esse ponto crítico deve ser abordado de forma firme para evitar prejuízos aosempreendedores.Os resultados alcançados poderão ser melhorados ainda mais, com a melhoria daqualidade das rações comerciais, que ainda deixam bastante a desejar, e a redução decustos na compra dos juvenis, que poderá ser atingida com o estímulo à produçãolocal. A maior profissionalização de todos os atores da cadeia produtiva tambémirá contribuir com a melhoria no desempenho dos empreendimentos. Para tanto,é sugerido que os programas de capacitação dos empreendedores e da mão deobra sejam intensificados nos diversos âmbitos do segmento, tanto em nível depropriedade rural, quanto nos demais ambientes de negócios.32


6. ANEXO33


Foto 1. Parceiro do projeto, Sr. Kionori, da UO no Bujari, AC.Foto 2. Resposta vigorosa na alimentação do pirarucu confinado notanque-rede na UO em Rio Branco, AC.34


Foto 3. Visita de acompanhamento do projeto por outros gestores eCoordenadora Regional do Estruturante do <strong>Pirarucu</strong> em Iranduba, AM.Foto 4. Viveiro escavado protegido com tela antipássaros utilizado nafase de recria na UO em Itacoatiara, AM.35


Foto 5. Parceiro do projeto, Sr. José, durante a captura e a pesagem deamostras dos pirarucus na UO no Alto Alegre, RR.Foto 6. Avaliação da qualidade da ração para o pirarucu fabricada peloparceiro do projeto, Sr. Aniceto Wanderley, na propriedade no Cantá, RR.36


Foto 7. Resposta vigorosa à alimentação dos juvenis da fase de recria noviveiro escavado na Aliança Indústria Pesqueira, Aliança do Tocantins, TO.Foto 8. Captura total do pirarucu utilizando uma rede adequada no viveiroescavado na Aliança Indústria Pesqueira, Aliança do Tocantins, TO.37


Foto 9. Captura para a pesagem total do pirarucu dos tanques-redesinstalados na barragem do CPPPN, em Palmas, TO.Foto 10. Sistema intensivo em tanque de PVC com recirculação em viveiroescavado, em Pimenta Bueno, RO.38


Foto 11. Alimentação dos peixes no sistema intensivo em tanque de PVCcom recirculação em viveiro escavado, em Pimenta Bueno, RO.Foto 12. Despesca dos pirarucus criados no assentamento Eli Moreira, emPimenta Bueno, RO.39


40Foto 13. Despesca dos pirarucus criados no Pesque Pague da Fazendinha,em Macapá, AP.

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