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Caderno RBMA e ABDL - Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

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CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaSão 3 as principais funções <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong><strong>Mata</strong> Atlântica:<strong>Caderno</strong> nº 35Proteção <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>deDesenvolvimento SustentávelConhecimento Científico e Tradicionalrealização:CONSELHO NACIONAL DA RESERVADA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICARua do Horto 931 - Instituto FlorestalSão Paulo-SP - CEP: 02377-000Telefone: (011) 2231-8555 r. 2044/2065 Fax.: 2232-5728E-mail: cnrbma@uol.com.brSite: www.rbma.org.brPrograma MaB"O Homem e a <strong>Biosfera</strong>"apoio:AÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASONSERVAÇÃO E ÁREASÉRIE CONSERVRPPNRESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURALEM DESTAQUE NA CONSERVAÇÃO DABIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICAOrganização:Maria Cristina Weyland VieiraConselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaSÉRIE 1 - CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASCad. 01 - A Questão Fundiária, 1ª ed./1994, 2ª ed./1997Cad. 18 - SNUC - Sistema Nacional de Uni<strong>da</strong>des de Conservação, 1ª ed./2000, 2ª ed./2004Cad. 28 - RPPN - <strong>Reserva</strong>s Particulares do Patrimônio Natural <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 2004Cad. 32 - Mosaicos de Uni<strong>da</strong>des de Conservação no Corredor <strong>da</strong> Serra do Mar, 2007Cad. 35 - RPPN - Em Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 2008SÉRIE 2 - GESTÃO DA <strong>RBMA</strong>Cad. 02 - A <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 1ª ed./1995, 2ª ed./1996Cad. 05 - A <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica no Estado de São Paulo, 1ª ed./1997, 2ª ed./2000Cad. 06 - Avaliação <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 1ª ed./1997, 2ª ed./2000Cad. 09 - Comitês Estaduais <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 1ª ed./1998, 2ª ed./2000Cad. 24 - Construção do Sistema de Gestão <strong>da</strong> <strong>RBMA</strong>, 2004Cad. 25 - Planejamento Estratégico <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 2003SÉRIE 3 - RECUPERAÇÃOCad. 03 - Recuperação de Áreas Degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 1ª ed./1996, 2ª ed./2000Cad. 14 - Recuperação de Áreas Florestais Degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s Utilizando a Sucessão e as Interações plantaanimal,1ª ed./1999, 2ª ed./2000Cad. 16 - Barra de Mamanguape, 1ª ed./1999, 2ª ed./2000SÉRIE 4 - POLÍTICAS PÚBLICASCad. 04 - Plano de Ação para a <strong>Mata</strong> Atlântica, 1ª ed./1996, 2ª ed./2000Cad. 13 - Diretrizes para a Pollítica de Conservação e Desenvolvimento Sustentável <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica,1999Cad. 15 - <strong>Mata</strong> Atlântica: ciênica, conservação e políticas, 1999Cad. 21 - Estratégias e Instrumentos para a Conservação, Recuperação e Desenvolvimento Sustentável <strong>da</strong><strong>Mata</strong> Atlântica, 1ª ed./2002, 2ª ed./2004Cad. 23 - Certificação Florestal, 2003Cad. 26 - Certificação de Uni<strong>da</strong>des de Conservação, 2003Cad. 27 - Águas e Florestas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica: por uma gestão integra<strong>da</strong>, 2004Cad. 30 - Certificação em Turismo Sustentável - Norma Nacional para Meios de Hospe<strong>da</strong>gem - requisitospara a sustentabili<strong>da</strong>de - NIH-54 de 2004, 2005Cad. 33 - Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica - Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 e Resolução CONAMA nº 388,de 23 de fevereiro de 2007, 2007<strong>Caderno</strong> nº. 35RPPNRESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURALEM DESTAQUE NA BIODIVERSIDADE DACONSERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICAOrganização:Maria Cristina Weyland VieiraRealização:SÉRIE 5 - SÉRIE ESTADOS E REGIÕES DA <strong>RBMA</strong>Cad. 08 - A <strong>Mata</strong> Atlântica do Sul <strong>da</strong> Bahia, 1998Cad. 11 - A <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica no Rio Grande do Sul, 1998Cad. 12 - A <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica em Pernambuco, 1998Cad. 22 - A <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica no Estado do Rio de Janeiro, 2002Cad. 29 - A <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica no Estado de Alagoas, 2004SÉRIE 6 - DOCUMENTOS HISTÓRICOSCad. 07 - Carta de São Vicente - 1560, 1ª ed./1997, 2ª ed./2000Cad. 10 - Viagem à Terra Brasil, 1998Cad. 31 - Balduíno Rambo S. J. - A Fisionomia do Rio Grande do Sul, 2005SÉRIE 7 - CIÊNCIA E PESQUISACad. 17 - Bioprospecção, 2000Cad. 20 - Árvores Gigantescas <strong>da</strong> Terra e as Maiores Assinala<strong>da</strong>s no Brasil, 2002Cad. 34 - Florestas Urbanas - Estudo sobre as Representações Sociais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica de DoisIrmãos, na Ci<strong>da</strong>de de Recife - PE, 2008SÉRIE 8 - MaB-UNESCOCad. 19 - <strong>Reserva</strong>s <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> na América Latina, 2000Conselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica<strong>Caderno</strong>s <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaSérie: CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDAS<strong>Caderno</strong> nº 35Editor: Conselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaConselho Editorial: José Pedro de Oliveira Costa, Clayton Ferreira Lino e JoãoL. R. AlbuquerqueRevisão: Clayton Ferreira Lino e João L. R. AlbuquerqueDiagramação: Danilo CostaFicha Catalográfica: Margot Tera<strong>da</strong> CRB 8.4422Ficha Catalográfica:R819 RPPN: <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio Natural em destaque nabiodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> conservação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica / OrganizaçãoMaria Cristina Weyland Vieira. - - São Paulo : Conselho Nacional<strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 2008.81 p. : il. ; 21 cm. - - (<strong>Caderno</strong>s <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong>Atlântica.Série 1: Conservação e Áreas Protegi<strong>da</strong>s ; 35)1. Áreas protegi<strong>da</strong>s 2. Biodiversi<strong>da</strong>de – conservação 3. Conservação– uni<strong>da</strong>des – Brasil 4. Fauna – Brasil 5. Flora - Brasil 6. <strong>Mata</strong> Atlântica7. <strong>Reserva</strong>s naturais – área priva<strong>da</strong> I. Vieira, Maria Cristina Weyland,org. II. Série.CDD (21.ed. Esp.) 333.751 6 81CDU (ed. 99 port.) 502.47 (253:81)Endereço do Conselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica:Rua do Horto, 931 - Casa <strong>da</strong>s <strong>Reserva</strong>s <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> - CEP: 02377-000 São Paulo - SPFone/Fax: (011) 2231-8555 r. 2044/ 2065 Fax: (011) 2232-5728Publicação doConselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica.Impressão: KACO Gráfica & EditoraRPPNRESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURALEM DESTAQUE NA CONSERVAÇÃO DABIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICAOrganização:Maria Cristina Weyland VieiraAutoriza-se a reprodução total ou parcial deste documento desde que cita<strong>da</strong> a fonte.Tiragem: 3.000 exemplaresSão PauloNovembro 2008Conselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaA todos os colaboradoresdeste <strong>Caderno</strong>, citados noca<strong>da</strong>stro, anexo, que desdeas mais varia<strong>da</strong>s paragensbrasileiras enviaram, atravésde arquivos eletrônicos,textos originais e revisados,fotos e mapas <strong>da</strong>s 11 <strong>Reserva</strong>sParticulares de PatrimônioNatural do Espírito Santo,Minas Gerais, Paraná, RioGrande do Sul, SantaCatarina, São Paulo.A Fabiana Dalla Corte que se dedicou com afinco a elaborar o capitulosobre as RPPN Catarinenses que figura neste cadernoA Carlos Humberto Pimentel Duarte <strong>da</strong> Fonseca, tradutorjuramentado, que esteve revisando o português de vários textos <strong>da</strong>publicação.


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaÍNDICE:Pág.APRESENTAÇÃO....................................................................... 11RPPN CAFUNDÓCachoeiro de Itapemirim/ Espírito Santo.................................13RPPN FAZENDA LAGOAMonte Belo/ Minas Gerais.........................................................18RPPN FAZENDA MORRO SAPUCAIASapucaia do Sul/ Rio Grande do Sul....................................... 23RPPN FELICIANO MIGUEL ABDALACaratinga/ Minas Gerais........................................................... 27RPPN GUILMAN-AMORIMAntônio Dias/ Minas Gerais......................................................34RPPN IRACAMBIRosário <strong>da</strong> Limeira/ Minas Gerais............................................ 38RPPN RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHOJaú/ São Paulo........................................................................... 41RPPN RESERVA NATURAL SALTO MORATOGuaraqueçaba/ Paraná..............................................................46RPPN RESERVA PAISAGEM ARAUCÁRIA PAPAGAIODO PEITO-ROXOGeneral Carneiro/ Paraná......................................................... 51RPPN RIZZIERISão Sebastião/ São Paulo.......................................................... 56RPPN SANTUÁRIO DO CARAÇASanta Bárbara/ Minas Gerais.................................................... 60AS RPPN CATARINENSE.......................................................... 64RPPN BUGERKOPFBlumenau/ Santa Catarina....................................................... 65RPPN CARAGUATÁAntônio Carlos/ Santa Catarina............................................... 67RPPN CHÁCARA EDITHBrusque/ Santa Catarina.......................................................... 68RPPN LEÃO DA MONTANHAUrubici/ Santa Catarina............................................................ 70RPPN MORRO DAS ARANHASFlorianópolis/ Santa Catarina.................................................. 72RPPN RIO DAS LONTRASSão Pedro de Alcântara/ Santa Catarina................................. 73


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaBIBLIOGRAFIA...........................................................................75COLABORADORES.................................................................... 80APRESENTAÇÃOEste novo <strong>Caderno</strong> do Conselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong><strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, versando sobre as <strong>Reserva</strong>s Particulares doPatrimônio Natural - RPPN, lançado no VIII CongressoInteramericano de Conservação em Terras Priva<strong>da</strong>s realizado naci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro, em dezembro de 2008, inaugura umaparceria do Conselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong>Atlântica com o Instituto Sul-Mineiro de Estudos e Conservação<strong>da</strong> Natureza.O <strong>Caderno</strong> nº 28, lançado em 2004, durante o II Congresso Brasileirode RPPN, realizado em Curitiba/ Paraná foi o primeiro a retrataras RPPN e teve como “... intenção fazer um diagnóstico <strong>da</strong>situação dessas reservas particulares na <strong>Mata</strong> Atlântica, apresentaresta história de sucesso e incentivar novos proprietários a criaremsuas reservas priva<strong>da</strong>s”... (Clayton Ferreira Lino - Presidentedo CN<strong>RBMA</strong>).Este 2º <strong>Caderno</strong>, ilustrando este importante instrumento de Conservação<strong>da</strong> Natureza em Terras Priva<strong>da</strong>s, está prestigiando algumasRPPN <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica que se destacaram pelo seu acervoem projetos de pesquisas científicas e de conservação <strong>da</strong>Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, englobando levantamentos científicosde fauna e flora, identificação de espécies em risco deextinção e de espécies endêmicas, assim como a descoberta deespécies novas para a Ciência.As seguintes RPPN foram contempla<strong>da</strong>s e vieram a figurar nestapublicação em função <strong>da</strong> colaboração de seus proprietários/gestores/ pesquisadores em encaminhar informações e relatórioscientíficos e publicações sobre a sua biodiversi<strong>da</strong>de:1. RPPN Cafundó - Espírito Santo2. RPPN Fazen<strong>da</strong> Lagoa - Minas Gerais3. RPPN Fazen<strong>da</strong> Morro Sapucaia - Rio Grande do Sul4. RPPN Feliciano Miguel Ab<strong>da</strong>lla - Minas Gerais5. RPPN Guilman Amorim - Minas Gerais6. RPPN Iracambi - Minas Gerais7. RPPN <strong>Reserva</strong> Ecológica Amadeu Botelho - São Paulo8. RPPN <strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato - Paraná11


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica9. RPPN <strong>Reserva</strong> Paisagem Araucária Papagaio do Peito Roxo -Paraná10. RPPN Rizzieri - São Paulo11. RPPN Santuário do Caraça - Minas Gerais12. RPPN Catarinenses12.1. RPPN Chácara Edith - Santa Catarina12.2. RPPN Bugerkopf - Santa Catarina12.3. RPPN Morro <strong>da</strong>s Aranhas - Santa Catarina12.4. RPPN Caraguatá - Santa Catarina12.5. RPPN Rio <strong>da</strong>s Lontra - Santa Catarina12.6. RPPN Leão <strong>da</strong>s Montanhas - Santa CatarinaMaria Cristina Weyland VieiraVice-Presidente do Instituto Sul Mineiro de Estudos e Conservação<strong>da</strong> Natureza - ISMECNRPPN CAFUNDÓCACHOEIRO DE ITAPEMIRIM/ ESPÍRITO SANTOINTRODUÇÃOA RPPN Cafundó, com 517 hectareslocaliza-se na BR 482 (RodoviaCachoeiro x Alegre), km31, na Fazen<strong>da</strong> Boa Esperança,Distrito de Pacotuba, Cachoeirode Itapemirim, Espírito Santo,tendo como coordena<strong>da</strong>s: Lat.20. °43¢ S e Long. 41°13¢ W.A RPPN Cafundó está inseri<strong>da</strong>na Bacia Hidrográfica do RioItapemirim em um complexo deáreas naturais composto de diferentes fragmentos florestais conhecidoscomo “<strong>Reserva</strong> Cafundó” com, aproxima<strong>da</strong>mente, 720 ha.A conservação dos ambientes naturais <strong>da</strong> região onde está inseri<strong>da</strong>a RPPN Cafundó deve ser entendi<strong>da</strong> como um processo históricode muita luta, perseverança e visão de futuro <strong>da</strong> família Nascimento.No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> dos anos 1940 o Sr. Antonio Gomes do Nascimentoe sua esposa a Srª Edylia O. Nascimento, patriarcas destafamília, passaram a viver na fazen<strong>da</strong> Boa Esperança trabalhandona terra, mas também conservando as áreas de mata e os demaisambientes naturais existentes em sua proprie<strong>da</strong>de, isto sem abrirmão do uso do solo e <strong>da</strong> manutenção de suas ativi<strong>da</strong>des rurais.Desde esta época ações pre<strong>da</strong>tórias na proprie<strong>da</strong>de, como caça epesca, não eram permiti<strong>da</strong>s pelos proprietários. Anos após, a gerência<strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> passou para o seu único filho homem: Eraldo O.Nascimento, que administrou a proprie<strong>da</strong>de nos moldes do pai ecriou os seus 6 filhos e educou-os sob os mesmos preceitos derespeito à natureza.Sob a direção de Eraldo, foram adquiri<strong>da</strong>s novas áreas, como a Fazen<strong>da</strong>Cafundó (anos 1970) a qual, mais tarde, originou o nome <strong>da</strong>“RPPN Cafundó”. As proprie<strong>da</strong>des eram trata<strong>da</strong>s pela família como12 13


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticasendo uma só fazen<strong>da</strong>, apesar de possuírem documentos independentes.A área <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s, em terreno plano, conservou sempremais do que os 20% de mata exigidos por lei.PESQUISA EM BIODIVERSIDADE - FAUNA E FLORAAntes mesmo de existir a RPPN, as áreas <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Boa Esperançajá despertavam a atenção pela sua pujança. Já nos anos 1988foram feitas as primeiras investigações científicas nas matas existentes<strong>da</strong> referi<strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>. Nesta época, o fragmento de maior extensãoera de acesso restrito <strong>da</strong> família e poucos tinham a possibili<strong>da</strong>dede conhecê-lo. Na déca<strong>da</strong> de 1990 começaram a ser desenvolvi<strong>da</strong>saulas práticas de campo (em especial com peixes, aves emamíferos), especialmente com vertebrados terrestres, com alunos<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal do Espírito Santo (UFES) e outras instituiçõesde ensino superior. Isto possibilitou a continui<strong>da</strong>de do conhecimentode sua biodiversi<strong>da</strong>de, bem como o interesse em conhecera área ca<strong>da</strong> vez mais por novos pesquisadores.Todo o conhecimento gerado ao longo dos anos foi importante paradeclarar a RPPN e seu entorno (em especial a atual Floresta Nacionalde Pacotuba) como uma <strong>da</strong>s IBAs (área importante para a conservação<strong>da</strong>s aves) do Brasil a Iba ES10 “Cafundó e Bananal doNorte” (BENCKE et al. 2006).Outras formas de publicação incluem CDs de sons de aves(FAUNATIVA, s.d.), roteiro <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Cafundó (ORIGINALISNATURA, 2000), Fauna <strong>da</strong> RPPN Cafundó (mamíferos e aves):Primatas e Psitacídeos (ORIGINALIS NATURA, 1998).BAUER, PACHECO e VENTURINI (1997) e VENTURINI e PAZ (2003)publicaram sobre a ocorrência de espécies de aves com registrosinéditos para o Espírito Santo registra<strong>da</strong>s na região do entorno <strong>da</strong>Cafundó.MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESESA partir de 1997 a pesquisadora Claudia Bauer incluiu a área nosseus estudos de aves sobre “Padrões atuais de distribuição de avesflorestais na região sul do Estado do Espírito Santo, Brasil”, para adissertação de mestrado em Zoologia pelo Museu Nacional do Riode Janeiro que foi defendi<strong>da</strong> em 1999. Este trabalho contou com aparticipação do ornitólogo José Fernando Pacheco, além de P. R.de Paz e A. C. Venturini (BAUER 1999).Em 2008 foi apresenta<strong>da</strong> a dissertação de mestrado em ProduçãoVegetal na linha de pesquisa em recursos florestais “Estratégiaspara edificação de micro-corredores ecológicos entre fragmentosde <strong>Mata</strong> Atlântica no sul do Espírito Santo” à UFES cujo objeto focalé a RPPN Cafundó e seu entorno (BERGHER 2008).Também em 2008 foi apresenta<strong>da</strong> a dissertação de mestrado “Análiseflorística e fitossociológica de fragmentos florestais de <strong>Mata</strong>Atlântica no sul do Estado do Espírito Santo” à UFES (ProduçãoVegetal) (ARCHANJO 2008).Em 2007 a pesquisadora Meire orientan<strong>da</strong> <strong>da</strong> Drª Norma Salgadodefendeu a tese de doutorado sobre moluscos que incluíam as áreas<strong>da</strong> RPPN cafundó e arredores.LEVANTAMENTOS DE GRUPOS BIOLÓGICOSFauna de vertebrados: em 1988 foram abertas as portas <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>Boa esperança para os pesquisadores. Pedro R. de Paz e AnaCristina Venturini começaram a pesquisar os mamíferos e aves <strong>da</strong>região. Foram realiza<strong>da</strong>s as primeiras incursões para o conhecimento<strong>da</strong> área.Nos anos 1990 a Originalis Natura Consultoria e Projetos Lt<strong>da</strong>. estu<strong>da</strong>vaas aves e os mamíferos <strong>da</strong> região.Atualmente a Faunativa Consultoria e Comércio Lt<strong>da</strong>. desenvolveestudos com “A fauna de vertebrados terrestres <strong>da</strong> RPPN Cafundóe arredores”. Este trabalho está em curso e novas espécies estãosendo cataloga<strong>da</strong>s.Até o momento foram registra<strong>da</strong>s 356 espécies de vertebrados naRPPN Cafundó (Paz e Venturini 2008, JL Helmer 2000) e arredoressendo:• 19 espécies de peixes• 14 espécies de anfíbios• 10 espécies de répteis• 258 espécies de aves• 55 espécies de mamíferosA expressiva diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s espécies locais, em especial as suas14 15


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticaaves, tem atraído a atenção de observadores de aves (birdwatchers)de diversas partes do mundo, e, desta forma, a Cafundó tem sidoincluí<strong>da</strong> no roteiro de diferentes empresas internacionaisespecializa<strong>da</strong>s neste tipo de turismo contemplativo, bem como gruposde pessoas independentes.Flora: de acordo com os estudos de botânica desenvolvidos foramregistra<strong>da</strong>s 187 espécies para a RPPN Cafundó e um total de 258espécies para o complexo RPPN Cafundó e Flona Pacotuba(ARCHANJO 2008).ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃOForam registra<strong>da</strong>s 26 espécies de vertebrados terrestres ameaça<strong>da</strong>sde extinção (Paz e Venturini 2008), considerando-se os três níveisde análise: estadual (Espírito Santo-DOE 2005), nacional (Brasil-MMA 2003) e global (IUCN 2007) sendo:• 1 réptil• 18 aves• 7 mamíferosDentre estas espécies citamos algumas:Répteis: jabuti Chelonoides denticulata “vulnerável’ em nível Global.Aves: macuco Tinamus solitarius “criticamente em perigo” em nívelestadual; jaó Crypturellus noctivagus “criticamente em perigo” emnível estadual e ameaçado no Brasil; tiriba Pyrrhura cruentata “vulnerável”em nível global, ameaça<strong>da</strong> no Brasil e “em perigo” em nívelestadual; papagaio-chauá Amazona rhodocorytha consideradocomo ameaçado de extinção em nível estadual, nacional e global;choquinha-chumbo Dysithamnus plumbeus “vulnerável” em nívelglobal; rabo-amarelo Tripophaga macroura considerado como ameaçadode extinção em nível nacional e global (“vulnerável”); fruxubaianoNeopelma aurifrons “vulnerável” em nível estadual e global.Mamíferos: guigó ou sauá Callicebus personatus ameaçado deextinção em nível estadual (“vulnerável”), nacional e global (“vulnerável”);jaguatirica Leopardus par<strong>da</strong>lis ameaça<strong>da</strong> em nível estadual(“vulnerável”) e nacional e onça-pinta<strong>da</strong> Panthera oncaameaça<strong>da</strong> de extinção nos 3 níveis (estadual, nacional e global).ESPÉCIES ENDÊMICASForam registra<strong>da</strong>s 47 espécies endêmicas de <strong>Mata</strong> Atlântica (Paz eVenturini 2008) sendo:• 7 anfíbios• 27 aves• 13 mamíferosDentre estas espécies citamos alguns exemplos:Anfíbios: sapo-de-chifre Proceratophrys boiei, pererequinhaDendropsophus bipunctatus, sapo-ferreiro Hypsiboas faber.Aves: macuco Tinamus solitarius, jaó Crypturellus noctivagus, tiribaPyrrhura cruentata; papagaio-chauá Amazona rhodocorytha,choquinha-chumbo Dysithamnus plumbeus, rabo-amareloTripophaga macroura; fruxu-baiano Neopelma aurifrons;Mamíferos: catita Gracilinanus microtarsus, guigó ou sauáCallicebus personatus; barbado Alouatta guariba; rato-do-matoOryzomys angouya, ouriço-cacheiro Sphigurus insidiosus.CONTATOSFamília NascimentoLuiz Soares NascimentoTelefones: (28) 8112-2873 e (28) 9273-7295E-mail: lsoaresnascimento@gmail.comJoana Nascimento SiqueiraTelefone: (28) 9253-0024E-mail: jnsiqueira@gmail.comInstituto Ambiental Cafundó – IAC (Gestor <strong>da</strong> RPPN)Endereço: Rua Agripino de Oliveira nº 14, Independência –Cachoeiro de Itapemirim – ES - CEP: 29306-450Telefones: (28) 3511-1248 e (28) 8113-2213E-mails: iac@cachoeiro.com.br e ongiac@yahoo.com.br16 17


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaFazen<strong>da</strong> Lagoa e suas reservas florestais: “Fitogeografia e Conservaçãode Florestas em Monte Belo (MG) - Estudo de caso: Fazen<strong>da</strong>Lagoa”. Esta dissertação foi apresenta<strong>da</strong> em vários eventos científicostais como o Congresso Internacional de Botânica de Berlimem 1987.Em 2003 foi realizado o 1º Levantamento de Fungos Filamentos <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>da</strong> Lagoa, como tema de uma Monografia de Graduação paraa Escola de Farmácia do Centro Universitário Federal de Alfenas.As coletas botânicas foram parcialmente deposita<strong>da</strong>s no HerbárioHorto Monte Alegre do ISMECN. As demais exicatas foram encaminha<strong>da</strong>saos mais variado herbários nacionais e estrangeiros e, sobretudoao Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro - parceirodo HMA. Em 2007 a Coleção Botânica do Horto Monte Alegrefoi doa<strong>da</strong> ao Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Atualmenteto<strong>da</strong>s as coletas que vêm sendo efetua<strong>da</strong>s na RPPN sãodiretamente encaminha<strong>da</strong>s para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro,além de serem envia<strong>da</strong>s às Instituições de origem dos coletoresbotânicos.ZOOLOGIA E ECOLOGIA ANIMALOrnitologia/ Aves: o levantamento de aves realizado ao longo devários anos pelo famoso ornitólogo Fernando Pacheco com apoionos últimos anos de Claudia Bauer gerou a maior lista já existentepara RPPN de <strong>Mata</strong> Atlântica – 350 espécies – identifica<strong>da</strong> na região<strong>da</strong> RPPN e, sobretudo nas florestas e Corredores de Faunadesta UC. Os resultados preliminares deste levantamentoornitológico foram apresentados no Congresso Brasileiro de Ornitologiade 1992. Esta grande riqueza em avifauna orientou a escolhado município de Monte Belo como área prioritária de Conservaçãono Atlas de Biodiversi<strong>da</strong>de de Minas Gerais.Primatologia/ Primatas: os primeiros estudos de fauna na RPPNforam relativos à identificação e as pesquisas ecológicas <strong>da</strong>s duasespécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção presentes nas florestas <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Lagoa: Callithrix aurita (sagüi-<strong>da</strong>-serra-escura) e Callicebuspersonatus (macaco sauá). Foram realiza<strong>da</strong>s duas dissertações demestrado, duas monografias de graduação e um projeto de iniciaçãocientífica sobre as três espécies de primatas <strong>da</strong>s florestas <strong>da</strong>Fazen<strong>da</strong> Lagoa. Dentre os trabalhos apresentados em eventos científicoshá que ressaltar o trabalho sobre os macacos sauás apresentadono Congresso Internacional <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Primatológicaem 1996.Anfíbios: as pesquisas sobre os anfíbios <strong>da</strong> RPPN foram inicia<strong>da</strong>snos anos 90, quando a Fazen<strong>da</strong> Lagoa teve a honra de receber omais famoso herpetólogo do Brasil – Adão Cardoso (in memoriam).Em 1998 foi defendi<strong>da</strong> uma Tese de Doutorado versando sobre umaanálise comparativa entre anfíbios anuros do sudeste brasileiro <strong>da</strong>Fazen<strong>da</strong> Lagoa e de uma região dos Andes venezuelanos. Outrostrabalhos se seguiram como um projeto de pesquisa para a UNICAMP(BRASILEIRO, 1995) e a 1ª monografia na Fazen<strong>da</strong> Lagoa para arecém reconheci<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Alfenas – UNIFAL.CORREDORES DE FAUNAO Corredor de Fauna I foi implantado a partir dos anos 80 visandoconectar a <strong>Mata</strong> <strong>da</strong> Lagoa com o Capão de <strong>Mata</strong> <strong>da</strong> Água Escondi<strong>da</strong>.Nos anos 90 foi iniciado o Corredor de Fauna II que conectaeste capão com a <strong>Mata</strong> <strong>da</strong> Olaria. Estes corredores de fauna, queatualmente integram a RPPN Fazen<strong>da</strong> Lagoa, foram divulgados emvários eventos científicos nacionais e internacionais.PLANOS DE MANEJOEm 1991 foi realizado, como um trabalho para o curso de Mestradoem Conservação <strong>da</strong> University College de Londres, o 1º Plano deManejo para a Fazen<strong>da</strong> Lagoa contemplando os projetos ambientaisdo ISMECN e enfocando especialmente os de reflorestamento comessências nativas.Modelagem de apoio à Decisão em Uni<strong>da</strong>des de Conservação: Em2002 foi defendi<strong>da</strong> a 1ª Tese de Doutorado, no Departamento deEngenharia de Produção COPPE / UFRJ, abor<strong>da</strong>ndo a RPPN Fazen<strong>da</strong>Lagoa entre outras UC.ESPÉCIES NOVASNa RPPN foi descoberta uma nova espécie de árvore para a Ciência- Ficus lagoensis – figueira (Moraceae) descrita pelo Botânico J.P.P.Carauta, um dos fun<strong>da</strong>dores do ISMECN. Este pesquisador identificoutambém uma 2ª espécie a ser descrita - Urera sp – Urtiga(Urticaceae). O prof. Adão Cardoso quando de sua visita a Fazen<strong>da</strong>20 21


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaLagoa também citou que haveriam duas espécies novas debatráquios a serem descritas. Das 3 espécies de primatas existentesna reserva, 2 são espécies ameaça<strong>da</strong>s: o Sagüi <strong>da</strong> serra -Callitrhix aurita e o sauá - Callicebus personatus Dentre as 350espécies de aves identifica<strong>da</strong>s na RPPN e ecossistemas vizinhosestão o Urubu-Rei - Sarcoramphus papa - e o Pavó - Pyroderusscutatus – aves ameaça<strong>da</strong>s de extinção. Na flora <strong>da</strong> RPPN encontram-senão somente espécies vulneráveis de madeira-de-lei comoo Jequitibá rosa - Cariniana legalis e o óleo bálsamo - Myroxilonperuiferum, como também a Canela sassafrás, espécies <strong>da</strong> lista deespécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção de Minas Gerais e no Brasil.A RPPN Fazen<strong>da</strong> Lagoa, um ver<strong>da</strong>deiro santuário onde são conservadosremanescentes de um ecossistema altamente devastado doBioma <strong>Mata</strong> Atlântica, a floresta tropical semidecídua, que abrigana sua grande biodiversi<strong>da</strong>de espécies novas e espécies em riscode extinção, acolhe de braços abertos pesquisadores, estu<strong>da</strong>ntes evisitantes que estejam interessados em conhecer e estu<strong>da</strong>r o seupatrimônio natural.CONTATOSAlfenas Agrícola - Maria Cristina Weyland VieiraEndereço: Fazen<strong>da</strong> Lagoa, Monte Belo, CP. 72/ Minas GeraisCEP: 37115-000Telefones: (35) 3561-2002, (35) 3573-2008 e (21) 9803-9598E-mails: mcwvieira@yahoo.com.br einstitutosulmineiro@yahoo.com.brSite: www.ismecn.org.brRPPN FAZENDA MORRO SAPUCAIASAPUCAIA DO SUL/ RIO GRANDE DO SULINTRODUÇÃOA RPPN Fazen<strong>da</strong> MorroSapucaia, com 90,25 hectares,localiza-se no município deSapucaia do Sul, no Estado doRio Grande do Sul. Na RPPN observa-seum morro testemunhode arenito Botucatu, MorroSapucaia, também conhecidocomo “Morro do Chapéu”. Estemorro possui uma cota próximade 300 metros de altitude, sendoum dos morros testemunhos que ain<strong>da</strong> não foram degra<strong>da</strong>dospela extração de lajes para a construção civil apesar de encontrarseinserido em uma região metropolitana bastante consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>.Atualmente é de proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s empresas do grupo Juliano.A Fazen<strong>da</strong> Sapucaia passou por sucessivas gerações até que em1969, a viúva do Cel. Theodomiro Porto <strong>da</strong> Fonseca, dona AlziraFonseca, vende a área a Arno Juliano, que inicia um trabalho voltadoà ecologia, à proteção ambiental, à conservação do sítio histórico,<strong>da</strong>ndo forma a um sonho do Padre Balduino Rambo, que jáconclamava à preservação do local como um museu vivo de fauna,flora e geologia.PESQUISA EM BIODIVERSIDADE - FAUNA E FLORAEm 1935, o primeiro trabalho de levantamento de flora e fauna,efetuados pelo Pe. Balduino Rambo, gerou o livro “A Fisionomia doRio Grande do Sul”. Já naquela época Rambo destacava a importânciado local ser declarado como área de preservação, que emseu dizer, considerava um ver<strong>da</strong>deiro museu vivo. De sua autoriafoi a descoberta em 11.09.1935 de uma espécie endêmica, umaorquídea rupestre denomina<strong>da</strong> “Codonorchis canisioi Mansfeld”.Em 1990, foi efetuado um Levantamento <strong>da</strong> Flora Vascular Rupestredo Morro Sapucaia por Irene Fernandes com fins de Dissertação22 23


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticaem Mestrado em Botânica pela UFRGS.Em 2007/2008, procedeu-se o Plano de Manejo <strong>da</strong> área pela empresaEcossis Soluções Ambientais Lt<strong>da</strong>. em parceria com a proprietáriae administradora <strong>da</strong> área Ana Maria Juliano e professores<strong>da</strong> UNISINOS.A vegetação <strong>da</strong> RPPN Morro Sapucaia caracteriza-se pelo encontrode influências fitogeográficas distintas (<strong>Mata</strong> Atlântica e CamposSulinos), e adquire maior importância ain<strong>da</strong> para a conservação<strong>da</strong> vegetação e <strong>da</strong> flora, pois de certa forma representa um resumodo quadro vegetacional <strong>da</strong> grande Porto Alegre.A RPPN apresenta os seguintes tipos de vegetação: FlorestaEstacional Semi-decidual, Remanescentes de Campo, VegetaçãoRupestre e Vassourais.Foram constata<strong>da</strong>s 319 espécies pertencentes à 89 famílias. A diversi<strong>da</strong>deapresenta<strong>da</strong> no conjunto <strong>da</strong>s fisionomias vegetais é dealta relevância para a conservação regional.ESPÉCIES AMEAÇADAS OU IMUNES AO CORTE ENCONTRA-DAS NA RPPNFamíliaAnnonaceaeArecaceaeBromeliaceaeBromeliaceaeCunoniaceaeBromeliaceaeMarcgraviaceaeMoraceaeMoraceaeA FAUNA DA RPPNNome CientíficoAnnona cacans Warm.Butia capitata (Mart.) Becc.Dyckia maritima BakerTillandsia usneoides (L.) L.Weinmannia paulliniifolia PohlTillandsia lorentziana Griseb.Marcgravia polyantha Delp.Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng.Ficus cestrifolia Schott ex SprengNome Populararaticum-cagãobutiazeirobarba-de-paugramimunhafigueira-vermífugafigueira-<strong>da</strong>-folha-miú<strong>da</strong>A região onde está localiza<strong>da</strong> a RPPN situa-se na regiãobiogeográfica <strong>da</strong> Província Pampeana (Cabrera & Willink, 1980).Do ponto de vista zoogeográfico, os elementos faunísticos destaregião são principalmente brasileiros, ain<strong>da</strong> que haja uma forteinfluência patagônica, especialmente no limite sul.Com a ocupação <strong>da</strong>s áreas naturais de entorno houve um aumento<strong>da</strong>s áreas campestres, formando uma fauna característica de áreasde campos.Mamíferos: a fauna de mamíferos silvestres na área encontra-secom registro de 14 espécies representantes <strong>da</strong> mastofauna. A poucadisponibili<strong>da</strong>de e tamanho de habitats disponíveis parecem estardiretamente relacionados com a reduzi<strong>da</strong> riqueza de mamíferosencontra<strong>da</strong> na área, em virtude <strong>da</strong> pressão urbana do entorno.Avifauna: entre as aves de <strong>Mata</strong> Densa constata<strong>da</strong>s no Morro, ressaltamosa presença de pica-pau-dourado (Picilus aurulentus),<strong>da</strong>nçador (Chiroxiphia cau<strong>da</strong>ta), anambé-branco-de-rabo-preto(Tytira cayana), vira-folha (Sclerurus scansor) e sabiá-ferreiro (Turdussubalaris), sendo a primeira considera<strong>da</strong> uma espécie “Nearthreathened”por Collar et al (1994) e relaciona<strong>da</strong> à <strong>Mata</strong> Atlântica.Às espécies acima menciona<strong>da</strong>s, podem ser soma<strong>da</strong>s a outras espéciesde mata e/ou bor<strong>da</strong> de mata que não são mais comumenteregistra<strong>da</strong>s, mas ain<strong>da</strong> podem ser observa<strong>da</strong>s no Morro Sapucaia(ex. os pica-paus – Veniliornis spilogastes (picapauzinho-verdecarijó),o sabiá – Turdus albicolis (sabiá-coleiro), os emberezídeos –Poospiza nigrorufa (quete), Saltator similis (trtinca-ferro-ver<strong>da</strong>deiro),e Sthephanophorus diadematus (sanhaçu-frade)).Entre as espécies de “Áreas Abertas” e “Bor<strong>da</strong>s de <strong>Mata</strong>” foram constata<strong>da</strong>smuitas espécies migrantes de verão, como os Tiranídeos:Elaenia mesoleuca (tuque), Tyrannus savana (tesourinha), e Tyrannusmelancholicus (suirirí).Cabe ressaltar duas espécies de habitat aberto ou semi-aberto, outroracomuns em Porto Alegre e que foram encontra<strong>da</strong>s apenas empoucas saí<strong>da</strong>s do Projeto: o tico-tico-rei (Coryphospingus cuculatus)e o canarinho-<strong>da</strong>-terra (Sicalis flaveola).Salienta-se a presença do gavião-de-rabo-curto (Buteo brachyurus)em muitas saí<strong>da</strong>s, reforçando a hipótese de Belton (1994) de queessa espécie possa ser mais comum do que se supunha até o momento.A julgar pela presença de outras aves de rapina como corujase gaviões especializados em caçar insetos e outros vertebrados,o local tem condições para garantir alimentação de espécies resi-24 25


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticadentes e migratórias de menor porte, pertencentes a diferentesníveis <strong>da</strong> cadeia trófica.Com base nas informações levanta<strong>da</strong>s, as aves do Morro Sapucaiadependem <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de de invertebrados no local, demonstrandosuscetibili<strong>da</strong>de à ocorrência de queima<strong>da</strong>s e outros eventosprovocados pelo homem que possam alterar, por exemplo, a faunaentomológica <strong>da</strong> área.Répteis: esse grupo taxonômico está representado por 24 espéciesidentifica<strong>da</strong>s com uma grande freqüência de lacertídeos de 5famílias diferentes. A zona de vegetação rupestre é o local com maiorconcentração de répteis <strong>da</strong> reserva, sendo também um local comgrande concentração de invertebrados.As serpentes encontra<strong>da</strong>s na RPPN estão dividi<strong>da</strong>s em três famílias:2 delas de interesse médico Elapi<strong>da</strong>e e Viperi<strong>da</strong>e. e umaColubri<strong>da</strong>e representando a maioria dos exemplares encontrados.A família Teii<strong>da</strong>e se destaca em com abundância no topo do morro,sendo a espécie Teius oculatus a mais representativa.Anfíbios: o grupo dos anfíbios apresenta 5 famílias registra<strong>da</strong>s naUC habitando vegetação, cursos d’água e folisso. A fauna de anfíbiosregistra<strong>da</strong> na reserva está representa<strong>da</strong> por espécies comuns eabun<strong>da</strong>ntes em locais razoavelmente bem preservados em todo oestado de Rio Grande do Sul.CONTATOSAna Maria JulianoEndereço <strong>da</strong> RPPN: Estra<strong>da</strong> Cristina Juliano, s/nº, Sapucaí do Sul/RSEndereço para Correspondência: Rua Alfredo Juliano, 85, Sapucaído Sul/ RS - CEP: 93220-470Telefones: (51) 3474-3169 e (51) 9961-5956E-mail: anajuliano@terra.com.brSite: www.morrosapucaia.com.brRPPN FELICIANO MIGUEL ABDALACARATINGA/ MINAS GERAISINTRODUÇÃOA RPPN Feliciano Miguel Ab<strong>da</strong>la(RPPN-FMA)/Estação Biológicade Caratinga (EBC), com 957hectares, está situa<strong>da</strong> na Fazen<strong>da</strong>Montes Claros, no distrito deSanto Antônio do Manhuaçu,município de Caratinga, na zona<strong>da</strong> <strong>Mata</strong>, Minas Gerais. - MG.A floresta <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> MontesFoto: Daniel FerrazClaros abrange uma série de colinase vales cuja altitude varia de 400 a 640 metros acima do níveldo mar. Trata-se de um mosaico de vegetação resultante deperturbações passa<strong>da</strong>s e causas naturais. Entre as famílias vegetaismais abun<strong>da</strong>ntes estão as Leguminosas (braúnas, angicos), asLauráceas (canelas), as Anacardiáceas (cajá-mirim), asBignoniáceas (jacarandás, ipês) e as Moráceas (imbaúbas, figos)(Strier, 1986). A vegetação primária intoca<strong>da</strong> abrange cerca de 20%<strong>da</strong> floresta e é encontra<strong>da</strong>, sobretudo nos vales, onde grandes árvoresde “madeira-de-lei” se projetam a uma altura de mais de 30metros. Vários estágios de floresta secundária e em regeneração,com árvores menores, compõem 55% <strong>da</strong> mata e ocorrem ao longodos declives, onde a extração seletiva de madeira perturbou o hábitatou onde a terra arenosa não consegue manter árvores maiores. Oresto <strong>da</strong> floresta é composto por arbustos e bambus, particularmenteao longo dos topos de morro secos, onde restam evidências de antigosincêndios naturais (Strier, 2007).O histórico de conservação na Fazen<strong>da</strong> Montes Claros remonta auma época de plena luta aberta para destruir a <strong>Mata</strong> Atlântica.Quando aos 92 anos, em junho de 2000, Feliciano Miguel Ab<strong>da</strong>la,o fazendeiro que preservou as florestas <strong>da</strong> RPPN, veio a falecer,levou consigo a certeza de haver deixado um legado de respeito eamor pela natureza com ramificações incomensuráveis.26 27


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaPESQUISA EM BIODIVERSIDADE - FAUNA E FLORAFlora: o Departamento de Botânica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal deMinas Gerais (UFMG) desenvolveu na “EBC/RPPN-FMA”, de 1983a 1988, projetos fitossociológicos e florísticos, gerando uma grandecoleção de plantas vasculares que tem sido referência para váriospesquisadores. As 2.304 exsicatas provenientes de coletas na“EBC/RPPN-FMA”, representando cerca de 810 espécies (Lombardi,2000) estão hoje deposita<strong>da</strong>s no Herbário do Departamento de Botânica<strong>da</strong> UFMG. Dezesseis dessas espécies encontra<strong>da</strong>s estão presentesna lista <strong>da</strong>s espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção do Estado deMinas Gerais (COPAM, 1997 em Lombardi, 2000): Guatteriaodontopetala (Annonaceae); Guatteria vilosossima (Annonaceae);Euterpe edulis (Arecaceae); Billbergia leptopo<strong>da</strong> (Bromeliaceae);Caryocar edule (Caryocaraceae); Coussapoa floccosa (Cecropiaceae);Couepia monteclarensis (Chrysobalanaceae); Sinningia villosa(Gesneriaceae); Ocotea odorifera (Lauraceae); Ocotea percoriacea(Lauracea); Persea rufotomentosa (Lauraceae); Dalbergia nigra(Leguminosae); Dorstenia sucrei (Moraceae); Psychotria ipecacuanha(Rubiaceae); Solanum warmingii (Solanaceae); Cissus blanchetiana(Vitaceae).Em 1984, este projeto descobriu uma nova espécie de árvore para afamília Chrysobalanaceae - Couepia monteclarensis, em homenagemà Fazen<strong>da</strong> Montes Claros. Em 2000, o prof. Dr. Júlio Lombardi,do mesmo departamento de Botânica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal deMinas Gerais, anunciou a descoberta de uma nova espécie de plantana Fazen<strong>da</strong> Montes Claros, a Asterostigma lombardii.No livro “Braúna, Angico, Jacarandá e outras Leguminosas de <strong>Mata</strong>Atlântica – Estação Biológica de Caratinga” de autoria do biólogoCarlos Victor Mendonça Filho, nesse foram cataloga<strong>da</strong>s 99 espéciesde 51 gêneros apenas <strong>da</strong> família Leguminosae.O levantamento de pteridófitas <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA” revelou a presençade 81 espécies, distribuí<strong>da</strong>s em 16 famílias e 38 gêneros.Algumas destas espécies presentes consistem nas primeiras referênciaspara o Estado de Minas Gerais e florestas de interior (Salino,2000). A espécie Dicksonia sellowiana (sambaiaçú-imperial)encontra-se na Lista Oficial do IBAMA de Espécies Ameaça<strong>da</strong>s deExtinção (Mendonça, 2000).Da<strong>da</strong> a grande presença de madeiras de grande valor comercialcomo os jacarandás cabiúnas (Dalbergia nigra), braúnas(Melanoxylon brauna), perobas (Paratecoma peroba), vinhático(Platymenia foliolosa), Ipês (Tabebuia sp) entre outras, a pressãomadeireira sobre a área foi grande até pouco tempo (Costa & Silva,1996).Fauna: nas matas <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA” podem ser encontra<strong>da</strong>scerca de 360 espécies de vertebrados (mamíferos, aves, peixes, répteise anfíbios), distribuí<strong>da</strong>s em 87 famílias. Doze dessas espéciesencontram-se ameaça<strong>da</strong>s de extinção segundo o (IBAMA, 2002) e15 são cita<strong>da</strong>s como “vulneráveis, em perigo ou criticamente emperigo” em Minas Gerais (Biodiversitas, 2007), merecendo atençãoespecial dos conservacionistas.Mastofauna: de acordo com Gustavo Fonseca, a “EBC/RPPN-FMA”possui 79 espécies de mamíferos, constituindo, juntamente com oParque Estadual do Rio Doce, as áreas mais ricas em mamíferos doVale do Rio Doce (Paula, 1997).As espécies estão distribuí<strong>da</strong>s em 18 famílias, <strong>da</strong>s quais as maisbem representa<strong>da</strong>s são a dos morcegos, <strong>da</strong> família Phyllostomi<strong>da</strong>e,com 17 espécies, sendo uma ameaça<strong>da</strong> de extinção - Platyrrhinusrecifinus. Em segui<strong>da</strong>, com 10 espécies vem a família Muri<strong>da</strong>e, ecom nove espécies cataloga<strong>da</strong>s a família Didelphi<strong>da</strong>e (Fonseca,1996).Cinco espécies de mamíferos <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA” encontram-seameaça<strong>da</strong>s de extinção segundo a lista de animais ameaçados doIBAMA (2002), (Platyrrhinus recifinus, Callithrix flaviceps, Brachyteleshypoxanthus, Leopardus par<strong>da</strong>lis e Abrawayaomys ruschii), além deAlouatta guariba clamitans segundo a revisão <strong>da</strong> Lista <strong>da</strong>s Espécies<strong>da</strong> Flora e <strong>da</strong> Fauna Ameaça<strong>da</strong>s de Extinção do Estado de MinasGerais realiza<strong>da</strong> pela Biodiversitas em 2007.Esta mata mantém a mais densa população de primatas conheci<strong>da</strong>no Estado de Minas Gerais para algumas espécies (Valle, 1982). Na“EBC/RPPN-FMA” vivem quatro espécies de macacos, sendo to<strong>da</strong>sendêmicas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica: o maior macaco <strong>da</strong>s Américas, omono-carvoeiro ou muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), obarbado (Alouatta guariba clamitans), o sagui-<strong>da</strong>-serra (Callithrixflaviceps) e o macaco-prego (Cebus nigritus).28 29


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaEntretanto, algumas espécies de mamíferos, como por exemplo, oqueixa<strong>da</strong> (Tayassu pecari) e a anta (Tapirus terrestris) desapareceram<strong>da</strong> região devido à caça pre<strong>da</strong>tória no passado (Mendes, 1995).Primatologia: a Estação Biológica de Caratinga (EBC)/RPPNFeliciano Miguel Ab<strong>da</strong>la (RPPN-FMA) é um dos sítios de estudosque mais tem gerado pesquisas primatológicas no Brasil (Bernardes,et al, 1988).A população de muriquis (Brachyteles hypoxanthus) <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA” foi inicialmente estu<strong>da</strong><strong>da</strong> por Nishimura (1979) que abordouaspectos gerais <strong>da</strong> sua ecologia e comportamento; Fonseca(1983; 1989) discutiu a ecologia, o papel dos desmatamentos e asua conservação; Young (1983) aspectos ecológicos comparando apostura do B. arachnoides e do Alouatta fusca; Valle et al (1984)observou o comportamento de reação ao observador, interação entregrupos e uso de água.Printes (1999) aponta que atualmente o maior volume de informaçõesde que se dispõe sobre os muriquis provêm do projeto de longoprazo <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA”. Coordenado pela Drª. Karen Strier,<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Wisconsin (Madison, USA), há 26 anos, este é omais longo e completo estudo já feito sobre um grupo de primatasneotropicais.Avifauna: o prof. Ney Carnevalli, do Departamento de Zoologia <strong>da</strong>UFMG, conduziu rápidos levantamentos <strong>da</strong> Avifauna <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA” desde 1977 até 1989. Sua primeira check-list(Carnevalli, 1981) identifica 115 espécies, distribuí<strong>da</strong>s em 34 famílias.Em 1989, após inventário de 14 meses, juntamente com a equipedo Dept. de Zoologia <strong>da</strong> UFMG, Carnevalli (1989) identificou 177espécies de aves.Machado (1995), estu<strong>da</strong>ndo a avifauna <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA”, acrescentoumais 27 espécies a esta lista, totalizando 204 espécies ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>spara essa reserva.Vasconcelos (2001) identificou o Gavião-pato (Spizaetusmelanoleucus) nas matas <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA” e nas matas <strong>da</strong> “EstaçãoEcológica de Ipanema” elevando o número de espécies encontradona região para 205 espécies.Este número representa 52% <strong>da</strong>s espécies que ocorrem em todovale do Rio Doce (393 espécies) e 26% (774 espécies) <strong>da</strong>s aves deMinas Gerais (Machado, 1995).A família com maior número de espécies presentes é a Tyranni<strong>da</strong>e,com 23 espécies representantes, segui<strong>da</strong>s de Thraupi<strong>da</strong>e (15),Formicarii<strong>da</strong>e (13) e Fringilli<strong>da</strong>e e Psittaci<strong>da</strong>e (11).Dentre o total de espécies de Aves <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA”, quatroencontram-se ameaça<strong>da</strong>s de extinção, constando <strong>da</strong> lista oficialdo IBAMA (2002). São elas: Amazona vinacea, Pyrrhura cruentata,Pyrrhura leucotis, Crypturellus noctivagus, além Spizaetusmelanoleucus segundo a Lista <strong>da</strong>s Espécies <strong>da</strong> Flora e <strong>da</strong> FaunaAmeaça<strong>da</strong>s de Extinção do Estado de Minas Gerais (Biodiversitas,2007).Répteis e Anfíbios: O trabalho do biólogo e herpetólogo JoséCassimiro, do Departamento de Zoologia <strong>da</strong> UFMG, catalogou a presençade 38 espécies de répteis distribuí<strong>da</strong>s em 14 famílias, sendo21 espécies de cobras (Cassimiro, 2001a). Entre elas, a Lachesismuta rhombeata (surucucu, dourado) consta como “criticamenteameaça<strong>da</strong>” em Minas Gerais, e, se encontra na lista oficial doIBAMA, como espécie ameaça<strong>da</strong> de extinção. Associa<strong>da</strong> à presençade <strong>Mata</strong> Atlântica preserva<strong>da</strong>, esta espécie encontra-se hojeapenas na “EBC/RPPN-FMA” e no Parque Estadual do Rio Doce(Machado, 1998).A fauna de anfíbios também foi pesquisa<strong>da</strong> pelo biólogo herpetólogoJosé Cassimiro quando catalogou a presença de 37 espécies deanfíbios, distribuídos em quatro famílias (Cassimiro, 2001b).Peixes: segundo levantamento realizado pela Limiar EngenhariaAmbiental, como parte do Relatório de Impacto Ambiental <strong>da</strong>s PCH’sAreia Branca e Cachoeirão C, no Rio Manhuaçú, foram registrados25 espécies pertencentes a 11 famílias de peixes no referido rio eseus afluentes. Para a região <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA” são identifica<strong>da</strong>s19 espécies de peixes, de 10 famílias, podendo a lista ser acresci<strong>da</strong>de novas espécies, com estudos mais detalhados. Este número representacerca de 1/3 <strong>da</strong>s espécies registra<strong>da</strong>s na bacia do RioDoce. A espécie Salminus maxillosus (dourado) é cita<strong>da</strong> por antigospescadores <strong>da</strong> região, como de ocorrência na área de mata do RioManhuaçu, mas extinta nos dias atuais.30 31


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaInvertebrados: Apesar de não se ter realizado até o momento umestudo criterioso sobre esta fauna nas matas <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA”,é notório que ela é bem rica e diversifica<strong>da</strong>.Uma espécie de borboleta presente nestas matas, a Heliconiusnattereri, <strong>da</strong> família Nymphali<strong>da</strong>e, é cita<strong>da</strong> como “vulnerável” peloIBAMA na Lista <strong>da</strong>s Espécies Terrestres <strong>da</strong> Fauna BrasileiraAmeaça<strong>da</strong> de Extinção de 2002.A presença do onicóforo Peripatus sp. foi observa<strong>da</strong> nas matas <strong>da</strong>“EBC/RPPN-FMA” em 1984 e mais recentemente em 2008, masaté o momento não houve identificação e registro oficial desta ocorrência,que parece se configurar como uma espécie nova para aCiência.AVALIAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA EM FAUNA E FLORANA RPPN FELICIANO MIGUEL ABDALLASeparando por grupos de fauna e flora ou por tema, já foram desenvolvidos61 projetos e pesquisas na “EBC/RPPN-FMA”. Desse total,40 trabalhos foram realizados com primatas envolvendo as quatroespécies que existem na RPPN, sendo 32 com Brachyteleshypoxanthus, quatro com Alouatta guariba clamitans, três comCallithrix flaviceps e um com Cebus nigritus. Essas pesquisas resultaramem 20 dissertações de Mestrado, cinco teses de Doutorado,duas de Pós-doutorado e 13 projetos de pesquisa com estu<strong>da</strong>ntesde Graduação.As pesquisas com os grupos de vertebrados na “EBC/RPPN-FMA”compreendem mais três trabalhos com outros mamíferos (morcegose felinos); três sobre sua avifauna; um sobre a herpetofaunalocal e um levantamento sobre a ictiofauna regional do rio quemargeia a RPPN, o Rio Manhuaçu. Esses trabalhos resultaram emmais quatro dissertações de Mestrado.Alguns representantes do filo dos invertebrados também foram estu<strong>da</strong>dos,tendo sido realiza<strong>da</strong>s uma pesquisa com Hymenoptera,uma com Lepidoptera e um inventário <strong>da</strong> malacofauna terrestre ede água doce <strong>da</strong> “EBC/RPPN-FMA”, resultando em mais uma dissertaçãode Mestrado.Estudos em Botânica envolveram cinco trabalhos, sendo dois projetosde pesquisa, uma dissertação de Mestrado e duas teses deDoutorado.Com um enfoque diferente, mas em consonância com a conservaçãodessa biodiversi<strong>da</strong>de ímpar, foram desenvolvidos também seisprojetos de educação ambiental no entorno na “EBC/RPPN-FMA”.Esses projetos representam o compromisso, atualmente ratificadopela Preserve Muriqui, do papel dessa Uni<strong>da</strong>de de Conservaçãoquanto à sua função social.To<strong>da</strong> essa busca pela produção do conhecimento científico despertoua atenção de outro tipo de pesquisador, e, em 2003, GuilhermeJosé <strong>da</strong> Silva e Sá para se tornar mestre em AntropologiaSocial, fez dos pesquisadores seu objeto de estudo, numa dissertaçãointitula<strong>da</strong> “Macacos me mor<strong>da</strong>m: Etnografia de um grupo dePrimatólogos no Brasil”.As ações que envolvem a RPPN Feliciano Miguel Ab<strong>da</strong>la hoje têmcomo diretrizes dois parâmetros principais: os usos permitidos paraessa categoria de Uni<strong>da</strong>de de Conservação e as disposiçõesestatutárias <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de para Preservação do Muriqui, ONG quetem a tutela <strong>da</strong> “RPPN-FMA”. Na área <strong>da</strong> Pesquisa Científica, a pesquisade longo prazo <strong>da</strong> Dra. Karen B. Strier continua em ativi<strong>da</strong>decom intensa produção bibliográfica. Nas áreas de EducaçãoAmbiental e Ecoturismo novos projetos estão sendo elaborados.Além disso, atualmente um dos focos principais dessas ações estávoltado para a implantação do “Corredor Ecológico Caratinga/Simonésia”, que propõe a conexão entre a RPPN Feliciano MiguelAb<strong>da</strong>la em Caratinga/MG e a RPPN <strong>Mata</strong> do Sossego em Simonésia/MG, que mantém outra população de muriquis-do-norte(Brachyteles hypoxanthus). O objetivo maior desse corredor ecológicoé solucionar aquilo que hoje se configura como a maior ameaçaà biodiversi<strong>da</strong>de e principalmente aos muriquis, a disponibili<strong>da</strong>dede habitat e todos os seus problemas associados.CONTATOSSocie<strong>da</strong>de para Preservação do Muriqui/Preserve MuriquiEndereço: Rua Dr. José de Paula, 29, salas 09/10, Caratinga/MG-CEP: 35300-029Telefones: (33) 3322-2540 e (33) 9982-6327E-mails: preservemuriqui@hotmail.comSite: www.preservemuriqui.org.br32 33


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaRPPN GUILMAN-AMORIMANTÔNIO DIAS/ MINAS GERAISA RPPN Guilman-Amorim, com253,5 hectares, em áreas de proprie<strong>da</strong>dedo Consórcio UsinaHidrelétrica Guilman-Amorim(empresas Consocia<strong>da</strong>s ArcelorMittal/ Samarco MineraçãoS.A.) zona rural do município deAntônio Dias, Minas Gerais, nascoordena<strong>da</strong>s: 717626 /7825983 (limite norte),715618/ 7822585 (limite sul), 715354/ 7822997 (limite oeste) e717965/ 7824520 (limite leste).A área onde hoje está localiza<strong>da</strong> a RPPN fazia parte de vários lotes<strong>da</strong> Arcelor Mittal Florestas (antiga CAF - Companhia Agro-florestalSanta Bárbara), situados ao longo <strong>da</strong>s margens do rio Piracicaba(bacia do rio Doce). Como estes lotes não sofreram nenhum tipo deintervenção desde meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70, no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong>de 90, foram seleciona<strong>da</strong>s as áreas para a implantação <strong>da</strong> RPPN,durante os estudos de viabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim.A RPPN Guilman Amorim foi a 1ª RPPN reconheci<strong>da</strong> pelo governoestadual de Minas Gerais através <strong>da</strong> portaria Nº 06, de 23/01/1998,com base no Decreto Nº 39401, de 21/01/1998.As características <strong>da</strong> cobertura vegetal, <strong>da</strong>s formas de relevo, dossolos e o volume de água nos rios estão intimamente relacionadosao clima dessa região.O relevo do município de Antônio Dias faz parte dos Planaltos Dissecadosdo Centro Sul e do Leste de Minas (CETEC, 1982), na grandeuni<strong>da</strong>de geomorfológica representa<strong>da</strong> pelas terras altas queenvolvem as áreas mais rebaixa<strong>da</strong>s encontra<strong>da</strong>s ao leste <strong>da</strong> região,ao longo do vale do rio Doce, ou seja, a Depressão do rio Doce(CETEC, op.cit.).Os limites sul e sudoeste <strong>da</strong> RPPN Guilman-Amorim são constituídospela margem esquer<strong>da</strong> do rio Piracicaba (médio curso). Dentrodos limites desta uni<strong>da</strong>de de conservação existem diversas nascentese suas respectivas zonas de recarga.No que concerne a vegetação foram identificados três ambientesna RPPN. O primeiro e mais abrangente, ocorre nas áreas mais eleva<strong>da</strong>se possui uma vegetação caracteriza<strong>da</strong> por eucaliptal com subbosquedenso de <strong>Mata</strong> Atlântica. O segundo ocorre nas áreas defundo de vale (marginais aos cursos d’água), onde há ocorrênciade matas ciliares remanescentes de APP’s de antigos lotes <strong>da</strong>Arcelor Mittal Florestas. O terceiro trata-se de um paredão rochosocolonizado por bromélias.PESQUISAS EM BIODIVERSIDADE - FAUNA E FLORAEm 2007, o Consórcio retomou o monitoramento dos gruposfaunísticos (avifauna, mastofauna e herpetofauna) na RPPN e noseu entorno, para se comparar a evolução <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de ambientalnessas áreas. O primeiro monitoramento foi realizado em 1995/1996 visando a escolha <strong>da</strong> área <strong>da</strong> RPPN e <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Legal <strong>da</strong>área de proprie<strong>da</strong>de e abrangeu a avifauna, a mastofauna e aherpetofauna, além dos estudos de ictiofauna. Após a finalização,prevista para 2009, os planos de manejo <strong>da</strong> fauna serão submetidosà aprovação do IBAMA.Resultados do monitoramento <strong>da</strong> avifauna realizado em 2007/2008: na RPPN Guilman-Amorim e áreas adjacentes, foramregistra<strong>da</strong>s 154 espécies de aves, distribuí<strong>da</strong>s em seis subfamílias,39 famílias e 17 ordens. A riqueza corresponde a 19,4% <strong>da</strong> avifaunado estado de Minas Gerais (Mattos et al., 1991). Obteve-se 7.894registros avifaunísticos durante todo o período do estudo porzôofonia, visuais ou vestigiais (2007/2008). Em 1995/1996 o númerode espécies de aves registra<strong>da</strong>s foi de 126, o que deve serindicativo de melhora <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de ambiental após o manejoecossistêmico <strong>da</strong> cobertura vegetal implantado na RPPN a partirde 2004.Analisando a riqueza e a abundância <strong>da</strong> região tem-se que cincoespécies foram mais freqüentes com 5,8% <strong>da</strong> riqueza e 29,1% <strong>da</strong>abundância total. Predominam aquelas generalistas como operiquitão-maracanã (Aratinga leucophthalmus), a jurití (Leptotilaverreauxi), o tiziu (Volatinia jacarina), o pássaro-preto (Gnorimopsar34 35


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticachopi) e o urubú-comum (Coragyps atratus).Dentre as espécies registra<strong>da</strong>s neste último monitoramento, o pavó(Pyroderus scutatus), se destaca em relação às outras. Esta ave éconsidera<strong>da</strong> a maior espécie de cotingídeo do Brasil oriental e caracteriza-secomo ave florestal, vivendo no interior <strong>da</strong>s matas, poucoabaixo do dossel <strong>da</strong>s árvores (Sick, 2001). O pavó foi avistadonos primeiros estudos avifaunísticos realizados no início <strong>da</strong> implantação<strong>da</strong> UHE Guilman-Amorim. No atual estudo (2008) demonitoramento de avifauna, realizado na área de proprie<strong>da</strong>de doConsórcio, a espécie foi avista<strong>da</strong> e documenta<strong>da</strong> na RPPN Guilman-Amorim próximo ao córrego Machado, perambulando pelas copas<strong>da</strong>s árvores na área do Centro de Educação Ambiental e Apoio aosVisitantes e sobrevoando o rio Piracicaba no sentido sudoeste. Por3 dias consecutivos os pavós foram avistados num ritual semelhantesaos tradicionais “comícios” de acasalamento.Em abril de 2008 foi publicado um estudo sobre o Comportamentodo pavó, Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) (Aves: Cotingi<strong>da</strong>e), emAntônio Dias, Minas Gerais, (Gustav V. A. Specht, Felipe CristovãoRibeiro <strong>da</strong> Cunha e Guilherme Hiroshi Soki Akaki), na revista: Atuali<strong>da</strong>desOrnitológicas.Os resultados sobre a mastofauna e a herpetofauna serão consoli<strong>da</strong>dosem 2009, após o término do monitoramento em curso.Monitoramento <strong>da</strong> ictiofauna: desde que a Usina entrou em operação,em 1997, já foram realizados três ciclos de monitoramento,sendo eles: 1998/1999, 2001 e 2005/2006. Atualmente está sendodesenvolvido o ciclo referente ao período 2007/2008.Em 2009 o Consórcio terminará os estudos iniciados em 2007, paraimplantar o Plano de Conservação de Espécies <strong>da</strong> Ictiofauna notrecho do rio Piracicaba na área de influência do Consórcio e <strong>da</strong>RPPN.ESPÉCIES NOVASA cambeva (Trichomycterus sp.), embora conheci<strong>da</strong> dos moradores<strong>da</strong> Bacia do Rio Piracicaba, foi registra<strong>da</strong> para a Ciência, pela primeiravez, durante os estudos de ictiofauna realizados na área deinfluência <strong>da</strong> UHE Guilman-Amorim em 1999.ESPÉCIE ENDÊMICACuitelão (Jacamaralcyon tri<strong>da</strong>ctyla) foi considerado como uma espécieendêmica quando foram realiza<strong>da</strong>s as pesquisas no âmbito<strong>da</strong> avifauna.ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃOForam registra<strong>da</strong>s, por exemplo, espécies <strong>da</strong> flora, tais como ojacarandá caviúna (Dalbergia nigra) espécie ameaça<strong>da</strong> de extinçãono país, e a sapucaia (Lecythis pisonis), árvore de grande porte,ambas de pouca ocorrência na floresta atlântica <strong>da</strong> região. Algumasespécies faunísticas registra<strong>da</strong>s durante a confecção do EIA-RIMA, em 1995, e que constam nos relatórios de monitoramento<strong>da</strong> fauna são considera<strong>da</strong>s como ameaça<strong>da</strong>s de extinção, de acordocom a lista emiti<strong>da</strong> pelo Ibama, em 2007.No âmbito avifaunístico, durante o monitoramento de 2007/2008,foram registra<strong>da</strong>s na área de proprie<strong>da</strong>de do Consórcio seis espéciesameaça<strong>da</strong>s de extinção, sendo elas: pavó (Pyroderus scutatus),maracanã (Primolius maracanã), pararu-espelho (Claravis godefri<strong>da</strong>),rendeira (Manacus manacus), surucuá (Trogon surrucura), juriti-roxa(Trogon surrucura) e cuitelão (Jacamaralcyon tri<strong>da</strong>ctyla).Nos monitoramentos realizados no período de 1995/1996 em relaçãoà mastofauna, algumas espécies que foram registra<strong>da</strong>s são considera<strong>da</strong>scomo ameaça<strong>da</strong> de extinção, tais como a onça par<strong>da</strong> (Pumaconcolor) e a jaguatirica (Leopardus par<strong>da</strong>lis).Observações: Os relatórios estão disponíveis para consulta no SI-GAM – Sistema Gestão Informatizado, no escritório <strong>da</strong> CoordenaçãoTécnica e Executiva de Meio Ambiente do Consórcio, em BeloHorizonte, MG.CONTATOSConsórcio UHE Guilman-Amorim (empresas consorcia<strong>da</strong>s ArcelorMittal e Samarco Mineração S.A)Endereço: Av. dos Andra<strong>da</strong>s 1.093, 2º An<strong>da</strong>r - Belo Horizonte/ MG- CEP: 30120-010Telefone: (31) 3048-6263Email: alberto.diniz@arcelormittal.com.br36 37


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaNas dissertações de Mestrado, nos anos 2000, os tema focalizadosforam não somente o estudo <strong>da</strong> vegetação de Iracambi como tambéma fragmentação florestal e corredores florestais, pesquisas estasfun<strong>da</strong>mentais para os estudos de fauna e flora.Os seguintes levantamentos de flora e fauna foram realizados emIracambi:Flora: 1. Projeto de reconhecimento de plantas <strong>da</strong>s trilhas por IonAraujo Santana e outros, 2005.Fauna: Primatas/ Aves 1. Pesquisas de espécies: macacos sauá(Callicebus sp) e beija- flores para a Universi<strong>da</strong>de de Montfor noReino Unido, 2001; 2. Identificação de aves de Iracambi, 2005,2006, 2007 Bryan Wainwright; 3. Aves de Iracambi, 2004, 2005,2006, 2007 Elizabeth Forbes;Anfíbios: 1. Diversi<strong>da</strong>de de Anfíbios em vários habitat por StefanieRoog, 2006, para o Instituto Van Hall de Leeuwarden, Holan<strong>da</strong>.Insetos / Borboletas: 1. Borboletas de Iracambi de 2001 Baliga eBuckley, 2001; 2.Biodiversi<strong>da</strong>de de Borboletas em Iracambi deLizzie Coleman 2004; 3. Borboletas de Iracambi, 2008 GarethVentress, 2008.CONTATOSRosemary Le Breton (Bianca)Fazen<strong>da</strong> Graminha - Zona Rural de Rosário <strong>da</strong> Limeira/ MGEndereço: Fazen<strong>da</strong> Graminha, Rosário <strong>da</strong> Limeira/ MG -CEP: 36878-000Telefone: (32) 3721-1436E-mail: iracambi@iracambi.comSite: www.iracambi.comRPPN RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHOJAÚ/ SÃO PAULOINTRODUÇÃOA RPPN <strong>Reserva</strong> EcológicaAmadeu Botelho (REAB) estáinseri<strong>da</strong> na Fazen<strong>da</strong> Santo Antôniodos Ipês, situa<strong>da</strong> no municípiode Jaú, região centrooestedo Estado de São Paulo. Areserva, que consiste em umfragmento florestal de 142,88 haencontra-se a aproxima<strong>da</strong>mente556 m de altitude, entre as coordena<strong>da</strong>s geográficas 22º18’S e38º31’O. A vegetação caracteriza-se como Floresta EstacionalSemidecídua condiciona<strong>da</strong> pela dupla estacionali<strong>da</strong>de climática,onde a porcentagem <strong>da</strong>s árvores caducifólias, no conjunto florestal,é de 20 a 50%. O clima é enquadrado como “Cwa” segundo aclassificação de Köppen-Geiger, com inverno seco e verão quentee úmido, sendo comum a invasão do clima “Aw”, tropical com verãochuvoso. Trata-se do mais significativo remanescente de florestanativa existente no município de Jaú, e um dos mais importantesde to<strong>da</strong> região. Apesar de bem preserva<strong>da</strong>, a REAB se encontradistante de outros fragmentos florestais, sendo praticamenteo único local de refúgio, em um raio de quilômetros, para espéciesflorestais. O fragmento de mata se situa no centro <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de,em um divisor de águas, sendo que as duas extremi<strong>da</strong>des, no sentidolongitudinal, alcançam os córregos Santo Antônio e João <strong>da</strong>Velha. São córregos com muitas curvas e algumas cachoeiras emseu percurso. Ambos são afluentes do Rio Jaú, cuja aproximaçãomáxima <strong>da</strong> REAB chega a 50 m, e que por sua vez está inserido nabacia hidrográfica do Rio Tietê.A Fazen<strong>da</strong> conta com excelente infra-estrutura, com diversas construçõescoloniais, auditório para palestras, mini-museu, trilhasinterpretativas e muitos outros atrativos. A RPPN foi cria<strong>da</strong> através<strong>da</strong> Portaria Nº19 de 28 de Março de 2000, com a finali<strong>da</strong>de depreservar os elementos naturais existentes na floresta.40 41


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaA Fazen<strong>da</strong> Santo Antônio dos Ipês foi adquiri<strong>da</strong> pela família Arru<strong>da</strong>Botelho no final do século XIX. Nesta época, a Fazen<strong>da</strong> já haviasido instala<strong>da</strong> pelo antigo dono, e poucas áreas foram desmata<strong>da</strong>sdesde então. O Sr. Carlos Amadeu de Arru<strong>da</strong> Botelho foi quem construiuo casarão <strong>da</strong> Sede e to<strong>da</strong>s as benfeitorias hoje existentes naFazen<strong>da</strong>, e foi o principal responsável pela preservação <strong>da</strong> floresta,sendo lembrado no nome <strong>da</strong> mesma.O respeito e admiração pela natureza sempre foram uma tradição<strong>da</strong> família. De geração em geração esta filosofia se perpetua, vencendoa força <strong>da</strong> exploração agrícola incentiva<strong>da</strong> pelo governo naépoca de aquisição <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>, enfrentando constantemente caçadores,combatendo incêndios e todo tipo de adversi<strong>da</strong>des. Hoje,persiste a vontade de preservar a REAB, conheci<strong>da</strong> popularmentepor “<strong>Mata</strong> do Madeu”.Sua oficialização como <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio Naturalse deu por meio <strong>da</strong> Portaria nº19 de 28 de março de 2000, e maisuma vez a família afirmou sua intenção de garantir a segurançadesta floresta tão importante para a região.A RPPN <strong>Reserva</strong> Ecológica Amadeu Botelho agrega valoresconservacionistas e aumenta a importância <strong>da</strong> participação do setorprivado na estratégia de conservação in situ <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de.Ain<strong>da</strong>, cumpre seu papel como RPPN, desenvolvendo as ativi<strong>da</strong>desprevistas para esse tipo de Uni<strong>da</strong>de de Conservação: pesquisa científica,educação ambiental e ecoturismo.PESQUISAS CIENTÍFICAS ENVOLVENDO A CONSERVAÇÃO DABIODIVERSIDADEFlora: o primeiro projeto de pesquisa desenvolvido na REAB foirealizado no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980, e foi fruto de uma dissertaçãode mestrado desenvolvido junto à UNESP de Rio Claro, financiadopelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico). Esse projeto abordou dois aspectos <strong>da</strong> fitocenose:a composição florística e a estrutura fitossociológica. Foramidentifica<strong>da</strong>s espécies importantes do ponto de vistaconservacionista, como a peroba-rosa Aspidosperma polyneuron, ojacarandá Jacaran<strong>da</strong> macrantha, o amendoim-bravo Pterogynenitens, o jequitibá-rei Cariniana estrellensis e o cedro Cedrela fissilis,entre outras ocorrentes na <strong>Mata</strong> Atlântica. Todo material coletadofoi identificado e depositado no Herbário Rioclarense (HRCB), <strong>da</strong>UNESP de Rio Claro (Nicolini, 1990).Em 1999 foi concluído um trabalho de caracterização florística deecouni<strong>da</strong>des na REAB, com o intuito de gerar o conhecimento básicopara a realização de futuras ações de reflorestamento. Foramregistra<strong>da</strong>s 55 espécies na mata madura, sendo que a família maisrepresentativa em número de espécies foi Meliaceae, e 20 espéciesna capoeira, com a família Ruiaceae ocupando o primeiro lugarem relação à riqueza. Esse projeto foi realizado com o apoio <strong>da</strong> EscolaSuperior de Agricultura Luiz de Queiroz, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de deSão Paulo (Souza, 1999).Com a implantação e o crescente aumento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de educaçãoambiental, em 2001 teve início o levantamento florístico <strong>da</strong>sespécies arbóreas ao longo <strong>da</strong> Trilha <strong>da</strong> Figueira. Este trabalho procuroucontribuir com informações sobre a vegetação, e a partir <strong>da</strong>ífoi implanta<strong>da</strong> uma trilha interpretativa, possibilitando um contatomais estreito entre visitantes e os recursos naturais (A<strong>da</strong>ti, 2001).O autor identificou espécies como o pau-jacaré Piptadeniagonoacantha, guarantã Esenbechia leiocarpa, ipê-roxo Tabebuiaavellane<strong>da</strong>e, farinha-seca Peltophorum dubium, guaiuvira Patagonulaamericana, louro-salgueiro Cordia ecalyculata e figueira-brancaFicus guaranítica. Essa pesquisa foi realiza<strong>da</strong> com o apoio <strong>da</strong> UNESPde Bauru.No ano de 2006 foi finaliza<strong>da</strong> uma pesquisa intitula<strong>da</strong> “Pteridófitas<strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Ecológica Amadeu Botelho”, realiza<strong>da</strong> também com oapoio <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de do Sagrado Coração.Fauna: carcinologia – Em setembro de 2001, uma equipe do projeto“Levantamento <strong>da</strong> fauna e aspectos <strong>da</strong> biologia de macroinvertebrados de água doce dos principais mananciais do Estadode São Paulo, com ênfase aos bivalves, insecta (Plecoptera,Trichoptera e Diptera) e Crustacea (Decapo<strong>da</strong>)” realizou coletas emtrês pontos <strong>da</strong> REAB. Este projeto, que integra o Programa BIOTA-FAPESP, é desenvolvido pelo Laboratório de Carcinologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>dede São Paulo, e visa o estudo <strong>da</strong> fauna de macro crustáceosde água doce no Estado de São Paulo, com o financiamento<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo(FAPESP). Nas coletas, foi registra<strong>da</strong> a presença do caranguejoTricho<strong>da</strong>ctylus fluviatilis.42 43


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaOrnitologia – O estudo <strong>da</strong> avifauna <strong>da</strong> REAB teve início em 2005com o projeto “Dinâmica <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de de aves na <strong>Reserva</strong> EcológicaAmadeu Botelho, município de Jaú, SP”, financiado peloPIBIC/CNPq (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica),e apoio <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de do Sagrado Coração e Universi<strong>da</strong>deEstadual Paulista, ambas de Bauru. Essa pesquisa teve duração de16 meses e registrou a presença de 200 espécies de aves. Além de<strong>da</strong>dos qualitativos, como riqueza e freqüência de ocorrência <strong>da</strong>sespécies, esse trabalho explorou <strong>da</strong>dos quantitativos, entre eles aabundância relativa <strong>da</strong>s espécies e a diversi<strong>da</strong>de. Também foramrealiza<strong>da</strong>s observações sobre o comportamento alimentar <strong>da</strong>s espéciese os padrões de ocupação nos diferentes estratos <strong>da</strong> floresta.Entre as espécies que merecem destaque, estão os frugívoros demaior porte, por exemplo, a jacupemba Penelope superciliaris, e carnívorosde grande porte, como o murucututu-de-barriga-amarelaPulsatrix koenoswaldiana, o gavião-pernilongo Geranospizacaerulescens e o gavião-de-cabeça-cinza Leptodon cayanensis, todosdependentes de florestas. Foram registra<strong>da</strong>s duas espéciesameaça<strong>da</strong>s no estado de São Paulo: o papagaio-ver<strong>da</strong>deiro Amazonaaestiva, que utiliza a REAB como local de alimentação durantedeterminados períodos do ano, e o cabeça-seca Mycteria americana(Ubaid, 2006). Esse trabalho foi apresentado em eventos científicosde âmbito regional e nacional: XV Congresso Brasileiro de Ornitologia(Porto Alegre, 2007), XVI Congresso Brasileiro de Ornitologia(Palmas, 2008) e XXVII Congresso Brasileiro de Zoologia (Curitiba,2008), sendo que parte dos <strong>da</strong>dos levantados nessa pesquisa contribuírampara apresentação de outros trabalhos científicos, ligadosprincipalmente à conservação e biologia <strong>da</strong>s aves.Mastozoologia – Desde a época <strong>da</strong> aquisição <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> pelos atuaisproprietários, o registro de mamíferos ocorre constantemente,seja por animais avistados durante o deslocamento pela área, animaisencontrados machucados e até mesmo animais que invademas residências humanas, esporadicamente. No ano de 2006 teveinício uma pesquisa que buscou inventariar as espécies de mamíferosterrestres de médio e grande porte <strong>da</strong> REAB, por meio de registrosvisuais e pega<strong>da</strong>s, utilizando-se do método de parcelas deareia. O projeto contou com o apoio <strong>da</strong> USC, UNIPLAC e Projeto Puma.Os resultados dessa pesquisa revelaram a presença de oito mamíferosde médio e grande porte (Crespi, 2007), que, somados aos registroshistóricos realizados desde a criação <strong>da</strong> RPPN, resultaramem uma lista de 24 espécies de mamíferos com ocorrência para aREAB (sem contar mamíferos de menor porte, como pequenos roedorese morcegos).Algumas espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção tem populaçõesestabeleci<strong>da</strong>s na REAB, sendo que outras a utilizam como área dealimentação e descanso durante deslocamentos de maior amplitude.Entre algumas espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção, foramregistrados o lobo-guará Chrysocyon brachyurus, a jaguatiricaLeopardus par<strong>da</strong>lis e a suçuarana Puma concolor. Podem ser encontradostambém felídeos de menor porte, como o gato-mouriscoPuma yagouaroundi e canídeos como o cachorro-do-mato Cerdocyonthous e a raposa-do-campo Lycalopex vetulus. Nas proximi<strong>da</strong>des doRio Jaú, é constante a presença <strong>da</strong> lontra Lontra longicaudis, <strong>da</strong>capivara Hydrochoerus hydrochaeris e do ratão-do-banhadoMyocastor coypus. Menos freqüentemente, são avistados mamíferosde hábitos mais discretos, como o ouriço-cacheiro Sphigurusvillosus, a jaritataca Conepatus semistriatus e a irara Eira Barbara..Herpetofauna – Encontra-se em an<strong>da</strong>mento um projeto que visainventariar as espécies de anfíbios e répteis <strong>da</strong> REAB. Esse projetoconta com o apoio de profissionais <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de Anhanguera, deBauru e UNESP, campus de Botucatu.CONTATOFlávio Kulaif UbaidPrograma de Pós-Graduação em Zoologia, Instituto de Biociências,Universi<strong>da</strong>de Estadual Paulista, Botucatu-SP.E-mail: flavioubaid@yahoo.com.br44 45


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaRPPN RESERVA NATURAL SALTO MORATOGUARAQUEÇABA/ PARANÁINTRODUÇÃOA RPPN <strong>Reserva</strong> Natural SaltoMorato, de proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>çãoO Boticário de Proteção àNatureza – FBPN, está situa<strong>da</strong> nomunicípio de Guaraqueçaba, nolitoral norte do Estado doParaná, tendo como coordena<strong>da</strong>sgeográficas 25°10¢54"S e48°17¢52"W.A área reconheci<strong>da</strong> oficialmentecomo RPPN, denomina<strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Figueira, tem 819 ha. O restante<strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de, cerca de 1520 ha, permanece em processode reconhecimento, tendo em vista que é composta por distintasmatrículas adquiri<strong>da</strong>s em diferentes oportuni<strong>da</strong>des. Tanto a RPPNFazen<strong>da</strong> Figueira quanto as áreas não reconheci<strong>da</strong>s como RPPNformam a área total <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato, com 2340 ha.O nome de registro <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de conservação é RPPN Fazen<strong>da</strong>Figueira, mas o nome utilizado é RPPN <strong>Reserva</strong> Natural SaltoMorato.Em 1992 foi estabelecido pelo conselho <strong>da</strong> FBPN o Programa deÁreas Naturais Protegi<strong>da</strong>s, tendo como objetivo criar uma rede de<strong>Reserva</strong>s Particulares do Patrimônio Natural.A partir <strong>da</strong>s negociações <strong>da</strong> FBPN com a The Nature Conservancy -TNC iniciaram-se estudos para a seleção de áreas prioritárias paraa conservação, com vistas à aquisição e transformação em RPPN. Aregião escolhi<strong>da</strong> no bioma <strong>Mata</strong> Atlântica foi a de Guaraqueçaba,litoral norte do Estado do Paraná, por apresentar um dos maioresremanescentes desse tipo florestal, com alto grau de biodiversi<strong>da</strong>deassociado às baixas densi<strong>da</strong>des demográficas.Em outubro de 1994, a FBPN solicitou ao Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA o reconhecimentode aproxima<strong>da</strong>mente 95% <strong>da</strong> área <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> Figueiracomo <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio Natural, sendo que,em 07 de dezembro de 1994, a solicitação foi aprova<strong>da</strong> através <strong>da</strong>portaria IBAMA número 132/94.Em 1998, a Fun<strong>da</strong>ção O Boticário adquiriu as áreas <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>Esperança, ao norte <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s Figueira e Salto Dourado, nasporções mais altas <strong>da</strong> Serra do Morato. Com isso, to<strong>da</strong> a microbaciade captação hídrica situa<strong>da</strong> à montante <strong>da</strong> que<strong>da</strong> d’água passou afazer parte <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong>, que teve sua área amplia<strong>da</strong> para os 2.340hectares atuais. Atualmente a Vila do Morato é abasteci<strong>da</strong> pelaágua <strong>da</strong>s nascentes localiza<strong>da</strong>s na <strong>Reserva</strong>.To<strong>da</strong> a área que faz parte <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato, compostapelas antigas fazen<strong>da</strong>s Figueira, Salto Dourado e Esperança, estácontempla<strong>da</strong> no seu planejamento como uma única uni<strong>da</strong>de deconservação, planeja<strong>da</strong> segundo a concepção de Parque Nacional(e Estadual) como categoria de manejo. A área está aberta à visitaçãopública desde 1996, e recebe anualmente de 6 a 7 mil visitantes.Desde 2001 a <strong>Reserva</strong> dispõe de plano de manejo (FUNDAÇÃO OBOTICÁRIO DE PROTEÇÃO À NATUREZA, 2001).Em quase 15 anos, 45 pesquisas foram realiza<strong>da</strong>s na área <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong>,como destaque para: 16 monografias, 14 dissertações demestrado, 7 teses de doutorado, 4 projetos de pesquisa e 5 estudosespecíficos para a elaboração do Plano de Manejo. As áreas de conhecimentoabrangi<strong>da</strong>s por esses trabalhos foram: Ecologia (10),Zoologia (9), Botânica (4), Geologia (2), Sociologia (1), Conservação<strong>da</strong> Natureza (12), e Turismo (7).Vegetação: Floresta Ombrófila Densa, nas formações Aluvial,Submontana, Montana e Altomontana, com altitude variando de25 a 918 metros. Algumas áreas, principalmente na planície, apresentamvegetação em fases secundárias de sucessão, mas a maiorparte <strong>da</strong> área pode ser classifica<strong>da</strong> como vegetação primária variandode pouco altera<strong>da</strong> a altera<strong>da</strong>.A caracterização fitossociológica preliminar <strong>da</strong>s áreas <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>sSalto Dourado e Figueira foi tema de relatório não publicado<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção O Boticário, elaborado por GUAPYASSU et al. (1994).As dissertações de mestrado de GATTI (2000a) e GATTI (2000b)analisaram aspectos <strong>da</strong> vegetação de uma área de restauração <strong>da</strong>proprie<strong>da</strong>de e do componente epifítico vascular na <strong>Reserva</strong> Natu-46 47


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticaral Salto Morato.PESQUISAS SOBRE FAUNAAté hoje foram desenvolvi<strong>da</strong>s na <strong>Reserva</strong> 18 pesquisas sobre fauna.Dentre as 16 monografias de conclusão de cursos de graduação eespecialização realiza<strong>da</strong>s na reserva 2, desenvolveram pesquisassobre fauna: 1- CHEIDA (2002), pesquisou a dieta, dispersão desementes e comportamento de forrageio do cachorro-do-matoCerdocyon thous; 2- TOKARSKI (2003), estudou a ictiofauna do RioMorato.Das 14 dissertações de mestrado realiza<strong>da</strong>s na <strong>Reserva</strong> NaturalSalto Morato, a maioria (8) vem abor<strong>da</strong>ndo pesquisas sobre fauna:ANCIÃES (1997) pesquisou a assimetria flutuante em passeriformese sua aplicabili<strong>da</strong>de em conservação; BARRETO (1999) realizouestudos ictiofaunísticos no rio Morato; VIDOLIN (1999) estudouaspectos bioecológicos de Puma concolor, Leopardus par<strong>da</strong>lis efelídeos de pequeno porte; SILVA (1999) pesquisou aspectos ecológicosde duas comuni<strong>da</strong>des de pequenos roedores ocorrentes emestádios sucessionais diferentes de floresta; SANTOS (2005)pesquisou aves noturnas; UCHÔA (2006) estudou comuni<strong>da</strong>des dospequenos mamíferos em dois estágios sucessionais de floresta;GAREY (2007) estudou a diversi<strong>da</strong>de de anfíbios; LIMA (2007) analisoua dinâmica populacional de aves de sub-bosque; e Thais ReginaNoronha Costa está pesquisando a biologia reprodutiva dePhysalaemus spiniger (Anura: Leiuperi<strong>da</strong>e).A <strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato foi um dos principais cenários depesquisas para teses de doutorado dentre as RPPN brasileiras ostentandoo número de 7 teses já defendi<strong>da</strong>s, 3 delas sobre fauna.Duas versaram sobre a ictiofauna <strong>da</strong> reserva: DUBOC (2000)pesquisou a ecologia de três espécies de bagres heptapteríneos, eBARRETO (2002) estudou as características ecomorfológicas relaciona<strong>da</strong>sà alimentação e ao uso do microhabitat em quatro espéciesde Characiformes. POPAZOGLO (2000) pesquisou também aestrutura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de Monogenoidea (Platyhelminthes) ea Distribuição <strong>da</strong>s espécies hospedeiras.Na <strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato foram também desenvolvidos osseguintes projetos livres de pesquisa zoológica: 1. Ecologiapopulacional de Rhamdioglanis frenatus (Heptapterinae,Siluriformes) através do método de marcação e recaptura em umriacho de mata atlântica, RPPN Salto Morato, Guaraqueçaba, PR,2001, Luiz Fernando Duboc; 2. Aspectos Ecológicos e Sanitários<strong>da</strong> lontra (Lontra longicaudis OLFERS, 1818) na <strong>Reserva</strong> NaturalSalto Morato, Guaraqueçaba, 2001, Tatiane Uchoa; 3. Avifauna <strong>da</strong><strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato, Guaraqueçaba, Paraná, 2008,Fernando Straube e Alberto Urben-Filho. A partir deste último trabalho,foi publica<strong>da</strong> uma lista de campo de aves <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> quetem sido distribuí<strong>da</strong> para visitantes e outros pesquisadores.Para elaboração do Plano de Manejo <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong>, Márcio LuísBittencout et al. (1994) realizou o Diagnóstico Faunístico Fazen<strong>da</strong>Salto Dourado e Fazen<strong>da</strong> Figueira.De acordo com VIDOLIN (1999), citando o relatório de um diagnósticode fauna elaborado na reserva em 1994 pela Fun<strong>da</strong>ção OBoticário, no tocante à fauna a <strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato é singular,pois apresenta cerca 328 espécies de aves (45% <strong>da</strong> avifaunaocorrente no Estado do Paraná); estima-se que a mastofauna é representa<strong>da</strong>por 83 espécies pertencentes a nove ordens, 22 famíliase 59 gêneros (a totali<strong>da</strong>de de ordens de mamíferos terrestres doParaná); a ictiofauna estima<strong>da</strong> para a <strong>Reserva</strong> é de 38 espécies (29gêneros distribuídos em 10 famílias); a herpetofauna foi estima<strong>da</strong>em 29 espécies; e a anurofauna em 19 espécies pertencentes a 3famílias.Espécies novas para a Ciência: já foram descobertas duas espéciesnovas de peixes na <strong>Reserva</strong>, Trichomycterus guaraquessaba(candiru, pequeno peixe <strong>da</strong> família Trichomycteri<strong>da</strong>e, de 69 a 89mm de comprimento) e Listrura boticario (pequeno bagre <strong>da</strong> famíliaTrichomycteri<strong>da</strong>e).PESQUISAS EM FLORA - VEGETAÇÃOAté o momento, com base nos levantamentos já realizados, a <strong>Reserva</strong>possui mais de 650 espécies vegetais vasculares identifica<strong>da</strong>s.Dentre as 14 dissertações de mestrado sobre a reserva duas contemplarama sua vegetação e a sua flora: 1- Composição Florística,Fenologia e Estrutura <strong>da</strong> Vegetação de uma área em restauraçãoambiental, Guaraqueçaba, PR, Gustavo Gatti, 2000; 2- O ComponenteEpifítico Vascular na <strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato,48 49


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticavarie<strong>da</strong>de florística e faunística encontra<strong>da</strong>s.Nela, a ONG Preservação está desenvolvendo projetos de pesquisacientífica, inventários biológicos de conservação, ativi<strong>da</strong>des deeducação ambiental e a construção do Centro de Difusão Ambiental(CDA) para realização de cursos voltados à área ambiental e parahospe<strong>da</strong>gem de pesquisadores e estu<strong>da</strong>ntes.Por meio de levantamentos de fauna e flora, já se comprovou a ocorrênciade espécies raras e ameaça<strong>da</strong>s de extinção na RPA-PPR,algumas delas endêmicas deste tipo vegetacional, o que destaca aimportância desta área para a conservação e manutenção <strong>da</strong>s espéciese <strong>da</strong> dinâmica sucessional do ecossistema.PESQUISA EM BIODIVERSIDADE - FAUNA E FLORADentre as previstas no Plano de Manejo e já inicia<strong>da</strong>s na área <strong>da</strong>RPPN RPA-PPR, destacam-se: levantamento fitossociológico <strong>da</strong> reserva,inventário <strong>da</strong> mastofauna, levantamento <strong>da</strong> ictiofauna e levantamento<strong>da</strong> avifauna.Os trabalhos científicos já realizados na RPPN RPA-PPR foram realizadospor pesquisadores e estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Regionalde Blumenau (FURB) e <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual do Centro-Oeste(UNICENTRO) de Guarapuava, por meio de uma importante parceriafirma<strong>da</strong> com a ONG Preservação.Sob a orientação do Prof. Dr. Luciano Farinha Watzlavick, diretorde pesquisa <strong>da</strong> UNICENTRO de Guarapuava, quatro estu<strong>da</strong>ntes realizaramum relatório técnico-científico sobre a fitossociologia <strong>da</strong>RPA, com o trabalho intitulado “Composição Florística e AnáliseEstrutural de uma Floresta Ombrófila Mista na <strong>Reserva</strong> PaisagemAraucária em General Carneiro, PR.O pesquisador Luciano Lazarini <strong>da</strong> UNICENTRO de Guarapuava,realizou o levantamento <strong>da</strong> ictiofauna no Rio Janga<strong>da</strong>, que divisaa parte sul <strong>da</strong> RPPN RPA-PPR, com o trabalho intitulado “LevantamentoPreliminar <strong>da</strong> Ictiofauna do Rio Janga<strong>da</strong>, Bacia Hidrográficado Médio Rio Iguaçu, Município de General Carneiro, PR”.Os biólogos Cintia Gizele Gruener e Fernando José Venâncio <strong>da</strong>FURB, realizaram dois estudos sobre a ocorrência <strong>da</strong> mastofauna ea <strong>da</strong> avifauna na RPPN RPA-PPR, o primeiro trabalho é intitulado“Reconhecimento Breve <strong>da</strong> Mastofauna Ocorrente na <strong>Reserva</strong> PaisagemAraucária, General Carneiro, PR”. O levantamento <strong>da</strong>avifauna é intitulado “Reconhecimento Breve <strong>da</strong> AvifaunaOcorrente na <strong>Reserva</strong> Paisagem Araucária, General Carneiro, PR.”TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO UNIVERSITÁRIODois estu<strong>da</strong>ntes que realizaram o relatório técnico-científico sobrea fitossociologia <strong>da</strong> RPA, utilizaram-se deste relatório como trabalhosdistintos de conclusão de curso de Engenharia Florestalpela UNICENTRO de Irati, PR.Além destes dois trabalhos, estão sendo elaborados outros dois trabalhosde conclusão de curso <strong>da</strong> UNICENTRO de Guarapuava, umdeles do curso de Biologia, e o outro de dissertação de mestradoem ecologia.LEVANTAMENTOS DE GRUPOS BIOLÓGICOSFlora: como resultado do levantamento fitossociologico realizadona RPPN RPA-PPR, foram identifica<strong>da</strong>s 62 espécies arbóreas emuitas espécies arbustivas e herbáceas. Dentre as espécies vegetaisobserva<strong>da</strong>s encontram-se: Araucária ou Pinheiro do Paraná(Araucaria angustifolia), imbuia (Ocotea porosa), guamirim (Eugeniagardneriana), guabiroba (Campomanesia xanthocarpa), guarapere(Lamanonia speciosa), leiteiro (Sebastiania brasiliensis), sapopema(Sloanea lasiocoma), cedro (Cedrela fissilis), xaxim (Dicksoniasellowiana), bromélias, orquídeas, entre muitas outras. Algumasdestas espécies encontram-se ameaça<strong>da</strong>s, tais como a Araucária,a imbuia, o xaxim e o cedro (BRASIL, 2008).Fauna: como resultado do levantamento <strong>da</strong> ictiofauna no Rio Janga<strong>da</strong>,que divisa a parte sul <strong>da</strong> RPPN RPA-PPR, em dois dias decoleta, foram encontrados 7 espécies de peixes, pertencentes a 4famílias. Das duas espécies caracteriza<strong>da</strong>s como Thrichomycterussp., uma delas apresentou diferentes características morfológicase de coloração, possivelmente se tratando de uma nova espécie dogênero.To<strong>da</strong>s as espécies encontra<strong>da</strong>s são endêmicas <strong>da</strong> bacia do rioIguaçu, sendo que duas delas podem ser considera<strong>da</strong>s espéciesraras para o local, o que ressalta a importância <strong>da</strong> preservação dosrios desta região, bem como a necessi<strong>da</strong>de de esforços para o reco-52 53


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticanhecimento taxonômico de outras espécies desta baciahidrográfica, a qual é detentora de um número pequeno de espécies,onde desponta um elevado grau de endemismo. Algumas delaspossuem grande potencial de dispersar sementes de árvores eou arbustos <strong>da</strong>s matas ciliares adjacentes, fator bastante importantepara a regeneração <strong>da</strong> mata nativa regional (GARAVELLO etal., 1997).Como resultado do levantamento <strong>da</strong> mastofauna, em três dias deestudo, foi identificado um morcego <strong>da</strong> espécie Sturnira lilium, pertencentea família Phyllostomi<strong>da</strong>e, numa área amostral de 1.296m², o que reflete o quão é necessário estudos de longa duraçãopara a realização de um diagnóstico fidedigno <strong>da</strong> quiropterofauna.Esta espécie alimenta-se de frutos, néctar e pólen, o que sugereuma importância notável na dinâmica dos ecossistemas envolvidos(MARINHO FILHO, 1985).O estudo realizado por Miretzki (2003), avaliou o estado do conhecimentoquiropterológico no Paraná e definiu áreas prioritárias parainventários e conforme os resultados, a região onde está localiza<strong>da</strong>a RPPN RPA-PPR é classifica<strong>da</strong> como de altíssima priori<strong>da</strong>de, oque reforça a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sistematização de estudos nesta área.Além desta, foram identificados rastros de gato-do-mato-pequeno(Leopardus tigrinus), de gato-maracajá (Leopardus wiedii), jaguatirica(Leopardus par<strong>da</strong>lis) e foi avista<strong>da</strong> uma suçuarana (Puma concolor),to<strong>da</strong>s as espécies encontram-se inseri<strong>da</strong>s nas listas de espéciesameaça<strong>da</strong>s de extinção do IBAMA e do Estado do Paraná (Ibama,2003; MIKICH; BÉRNILS, 2004). Para a conservação desta espéciesão necessárias medi<strong>da</strong>s de proteção de hábitats, fiscalização, pesquisasreferentes à sua distribuição, biologia e ecologia, e omonitoramento <strong>da</strong>s populações em ambientes naturais, que permitirãoa elaboração de estratégias conservacionistas e de manejopara estas espécies.<strong>da</strong> preservação deste maciço de Floresta Ombrófila Mista, tal comoa RPPN RPA-PPR. Esta área torna-se relevante tanto pela extensão,quanto pelas espécies animais e vegetais ali presentes.Com o registro de espécies ameaça<strong>da</strong>s, faz-se necessária a adoçãode medi<strong>da</strong>s para a sua conservação, a partir do desenvolvimentode pesquisas relativas à história natural e ecologia, juntamentecom ações volta<strong>da</strong>s à educação ambiental e à proteção de habitats.O levantamento <strong>da</strong> avifauna na RPPN RPA-PPR, constatou a ocorrênciade 119 espécies. A existência do Papagaio-de-Peito-Roxo,<strong>da</strong> coruja-listra<strong>da</strong> (Strix hylophila), do pica-pau-dourado (Piculusaurulentus), do grimpeiro (Leptasthenura setaria), do cisqueiro(Clibanornis dendrocolaptoides), <strong>da</strong> gralha-azul (Cyanocoraxcaeruleus) e do negrinho-do-mato (Amaurospiza moesta) merecemdestaque por serem espécies de interesse conservacionista. A importância<strong>da</strong> área para a conservação destas aves é reafirma<strong>da</strong> comas 36 espécies endêmicas encontra<strong>da</strong>s neste inventário.CONTATOSRicardo Naccarati - ONG PreservaçãoCientista Ambiental - Programa de Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de/Elaboração de Projetos/ Criação de RPPNEndereço: Rua Xavier <strong>da</strong> Silva, 1644 – Centro – Guarapuava/ PR -CEP 85010-220Telefone/ Fax: (42) 3622-0777E-mail: ricardo@preservacao.org.br e contato@preservacao.org.brSite: www.preservacao.org.brAin<strong>da</strong> neste levantamento, foram avistados o mão-pela<strong>da</strong> ouguaxinim (Procyon cancrivorus), a capivara (Hydrochaerishydrochaeris), ambas avista<strong>da</strong>s próximo ao rio janga<strong>da</strong> <strong>da</strong> RPPN, oveado-catingueiro (Mazama guazoubira), nas proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> sedee o cateto (Tayassu tajacu) nas trilhas internas <strong>da</strong> RPPN RPA-PPR,ambos ameaçados de extinção no Estado do Paraná (MIKICH;BÉRNILS, 2004). Diante deste quadro, percebe-se a importância54 55


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaRPPN RIZZIERISÃO SEBASTIÃO/ SÃO PAULOINTRODUÇÃOCom o passar dos anos, a proximi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> civilização passou a ameaçara preservação <strong>da</strong> área. A família do proprietário, então, começoua levantar informações do que poderia ser feito para protegêla.Sabendo-se que o governo federal estava reconhecendo as reservaspriva<strong>da</strong>s como RPPNs, esta pareceu ser a solução mais corretapara garantir a preservação <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de e suabiodiversi<strong>da</strong>de.A RPPN Rizzieri, com 12,83 hectares, localiza-sena Estra<strong>da</strong> do Morrote, no Bairrode Barra do Una, Município de São Sebastião,Estado de São Paulo.A vegetação caracteriza-se como mataombrófila submontana, com duas áreasbastante distintas: 1- com formações primárias(pouca ação antrópica), que são amaior parte <strong>da</strong> área total; 2- com formaçõessecundárias (muita ação antrópica),abarcando basicamente a parte referenteà entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> reserva.A área de estudo insere-se em um hotspot- formação vegetal com alta diversi<strong>da</strong>de biológicae alto índice de perturbação e risco antrópico - no corredorecológico <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica e é alvo de preocupação por parte <strong>da</strong>senti<strong>da</strong>des ambientais interessa<strong>da</strong>s na conservação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de.A RPPN situa-se em área baixa no sopé <strong>da</strong> Serra do Mar, inseri<strong>da</strong>no núcleo São Sebastião do Parque Estadual <strong>da</strong> Serra do Mar. Oclima <strong>da</strong> região é tropical úmido, com uma estação chuvosa bemdefini<strong>da</strong> (verão) e uma estação mais seca (inverno), embora o índicepluviométrico médio anual seja alto. Na RPPN Rizzieri são permiti<strong>da</strong>sas ativi<strong>da</strong>des de pesquisa, visita monitora<strong>da</strong> (educaçãoambiental) e ecoturismo.A proprie<strong>da</strong>de Sítio Cristina (atualmente, RPPN Rizzieri) foi adquiri<strong>da</strong>nos anos 70, por João Baptista Baldini Rizzieri. Inicialmente,a proprie<strong>da</strong>de prestava-se ao lazer, porém sua beleza e estado deconservação fizeram com que o proprietário a mantivesse preserva<strong>da</strong>e com o mínimo de intervenções humanas.Em 2003 parte <strong>da</strong> área foi finalmente reconheci<strong>da</strong> como “RPPNRizzieri” através <strong>da</strong> portaria do Ibama 05/03-N de 06 de fevereirode 2003.PESQUISA EM BIODIVERSIDADE – FAUNA E FLORAOs trabalhos científicos efetuados na RPPN Rizzieri desde 2001incluem um levantamento florístico arbustivo-arbóreo deangiospermas, um levantamento fitossociológico, um levantamentode crustáceos dulcícolas e um levantamento de lepidópteros.O trabalho “Composição florística do estrato arbóreo <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong>Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Rizzieri, São Sebastião,SP” foi apresentado durante o 56º Congresso Nacional de Botânica,em Curitiba, PR, em 2005. O artigo “Levantamento florístico deangiospermas arbustivo-arbóreas <strong>da</strong> RPPN Rizzieri, São Sebastião,SP” (autoria de Fernando Santiago dos Santos), abor<strong>da</strong>ndo o mesmotema do trabalho apresentado no congresso, está no prelo naRevista Brasileira de Botânica.O grupo de parcelas permanentes do projeto Biota/Fapesp realizou,em 2002, um estudo fitossociológico e gerou um relatório parao projeto, em poder <strong>da</strong> pesquisadora Natalia Ivanauskas (Esalq –USP). Os <strong>da</strong>dos não foram publicados até o momento.Um grupo de pesquisadores brasileiros e espanhóis realizou, em2001, um estudo preliminar sobre crustáceos dulcícolas, gerandoapenas um relatório parcial que ficou em poder dos pesquisadores.Um levantamento de lepidópteros <strong>da</strong> reserva foi realizado por AndréVictor Lucci Freitas, pesquisador <strong>da</strong> Unicamp, e ain<strong>da</strong> não foi publicado.Dois grupos de alunos de graduação do último semestre de Turismoe Hotelaria <strong>da</strong> FaBe (Facul<strong>da</strong>des Bertioga), em Bertioga, SP,realizaram trabalhos de conclusão de curso (monografias finais)versando sobre o potencial ecoturístico <strong>da</strong> RPPN Rizzieri.56 57


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaLevantamento de flora: um grande levantamento florístico deangiospermas arbustivo-arbóreas, em fase de publicação na RevistaBrasileira de Botânica, foi realizado na RPPN Rizzieri pelo pesquisadorFernando Santiago dos Santos, doutorando <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>dede Educação, Universi<strong>da</strong>de de São Paulo.O estudo realizado teve como objetivos principais atender às seguintesquestões:• Estudo <strong>da</strong> composição florística do estrato arbustivo-arbóreo<strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio Natural RIZZIERI, comparando-acom outras áreas de <strong>Mata</strong> Atlântica do Estado de SãoPaulo;• Contribuir para um melhor conhecimento <strong>da</strong> composiçãoflorística <strong>da</strong> floresta pluvial tropical atlântica de encosta noEstado de São Paulo.No levantamento foi identificado um total de 39 famílias, 86 gênerose 114 espécies de monocotiledôneas e dicotiledôneas.As famílias de maior riqueza específica foram Myrtaceae (19 espécies,destacando-se Eugenia spp), Lauraceae (12 espécies, destacando-seOcotea spp), Rubiaceae (10 espécies, destacando-sePsychotria sp), Fabaceae (9 espécies), Sapotaceae (8 espécies) eMoraceae (5 espécies, destacando-se Fícus). Três famílias apresentaram4 espécies e dezenove apresentaram apenas 1 gênero e 1espécie.ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃOAs espécies <strong>da</strong> flora <strong>da</strong> RPPN Rizzieri ameaça<strong>da</strong>s de extinção incluemo palmito-juçara (Euterpe edulis, Arecaceae) e o parinari(Parinari brasiliensis, Chrysobalanaceae). A espécie identifica<strong>da</strong> nafauna como ameaça<strong>da</strong> de extinção, até o momento, é umlepidóptero (Eunica eurota, Nymphali<strong>da</strong>e).ESPÉCIES ENDÊMICASAin<strong>da</strong> não se pode afirmar <strong>da</strong>dos acerca do endemismo <strong>da</strong>s espéciesde angiospermas arbustivo-arbóreas. O pesquisador AndréVictor Lucci Freitas identificou as seguintes espécies delepidópteros como endêmicas na RPPN Rizzieri: Hamadryasarinome, Eunica eurota, Eresia perna, Pseudosca<strong>da</strong> quadrifaciatta,Agrias claudina, Prepona deiphile (Nymphali<strong>da</strong>e); Moschoneuramethymna (Pieri<strong>da</strong>e).CONTATOSFernando Santiago dos Santos – Universi<strong>da</strong>de de São Paulo, USPDiretor de Educação Ambiental e Pesquisador em Flora <strong>da</strong> RPPNRizzieriTelefones: (13) 3235-2276 e (13) 9141-2155E-mail: fernandoss@usp.brSite: www.fernandosantiago.com.brLevantamento faunístico: o levantamento <strong>da</strong>s espécies de borboletas<strong>da</strong> RPPN Rizzieri foi realizado por André Victor Lucci Freitas<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual de Campinas. Foram identifica<strong>da</strong>s 69espécies de borboletas, apesar <strong>da</strong> lista ain<strong>da</strong> ser bastante preliminar,é notável a presença de espécies mais comuns na fauna dolitoral fluminense (Pteronymia euritea, Eresia Eunice esora), e outraspresentes apenas em locais muito especiais e bem preservados,talvez até ameaça<strong>da</strong>s no estado de São Paulo (Nymphali<strong>da</strong>eHamadryas arinome, Eunica eurota, Eresia perna, Pseudosca<strong>da</strong>quadrifaciatta) (Brown & Freitas 2000b). De fato, pelo menos parauma espécie, Eunica eurota, a área estu<strong>da</strong><strong>da</strong> é a única colônia conheci<strong>da</strong>nos dias de hoje no Estado de São Paulo, o que, com basenos critérios atuais, já coloca esta espécie na lista ameaça<strong>da</strong> <strong>da</strong>sespécies do Estado de São Paulo.58 59


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaRPPN SANTUÁRIO DO CARAÇASANTA BÁRBARA/ MINAS GERAISINTRODUÇÃOA RPPN Santuário do Caraça temseu território de 10.187,89 hectaresdividido entre os municípiosde Santa Bárbara e Catas Altas,em Minas Gerais. A proprietária<strong>da</strong> RPPN é a Província Brasileira<strong>da</strong> Congregação <strong>da</strong> Missão,responsável por sua administração,através de uma diretoriacomposta por Padres <strong>da</strong>Congregação, com sede provincialno Rio de Janeiro.A RPPN está inseri<strong>da</strong> na porção meridional <strong>da</strong> Cadeia do Espinhaço,em cotas altimétricas entre 750 a 2.072 metros. A serra, que estabeleceseu limite a leste, pertence ao complexo <strong>da</strong> Serra doEspinhaço. O relevo na área <strong>da</strong> RPPN é acidentado, com expressivase abruptas variações de altitude. As águas que banham a reservasão considera<strong>da</strong>s de Classe Especial (FEAM, 1994), pois to<strong>da</strong>sas nascentes estão no alto <strong>da</strong> serra, em áreas não sujeitas àpoluição. O clima <strong>da</strong> região é tropical de altitude com duas estações:uma, fria e seca, e outra, quente e úmi<strong>da</strong>.O território do Caraça, desde o início <strong>da</strong>s primeiras expedições deHistória Natural no país, atraiu o interesse de estudiosos, principalmentede botânicos. Nas expedições realiza<strong>da</strong>s no século XIX,em Minas Gerais, renomados naturalistas, como Spix, Martius eSaint-Hilaire, relataram as riquezas observa<strong>da</strong>s na Serra do Caraça.Na segun<strong>da</strong> metade do século XX, houve um amadurecimento <strong>da</strong>conscientização ambiental. Em 1994 foi cria<strong>da</strong> a RPPN com a intençãode promover um mecanismo de proteção à área, deixandobem claro o compromisso ecológico <strong>da</strong> Congregação proprietária,responsável pelo manejo dos ecossistemas <strong>da</strong> região do Caraça. Afinali<strong>da</strong>de institucional do Caraça é ser um centro de peregrinação,cultura e turismo. A criação <strong>da</strong> RPPN Santuário do Caraçavisa assegurar a identi<strong>da</strong>de religiosa, com o reforço <strong>da</strong> imagem desantuário ecológico.DIVERSIDADE AMBIENTAL E VEGETAÇÃOA diversi<strong>da</strong>de ambiental do complexo Caraça é muito grande, porquese situa numa área de transição entre <strong>Mata</strong> Atlântica e Cerrado,com diversos ecossistemas, como a floresta estacionalsemidecidual, as matas de galeria, as matas ciliares e, nas partesmais altas, a partir de 1.400 metros de altitude, os campos rupestrese os campos de altitude. Nos diferentes tipos de vegetação, observam-setrechos heterogêneos em diversos estágios de sucessãoecológica devido à extração de madeira ocorri<strong>da</strong> nas déca<strong>da</strong>s de1930 e 1950-1960 e a incêndios provocados por raios ou por descuidosde algum turista ou vindos de fazen<strong>da</strong>s vizinhas.Flora: foram registra<strong>da</strong>s 180 espécies de pteridófitas, mais de 1.400espécies de fanerógamas, sendo as famílias mais ricas asorquidáceas, as bromeliáceas, as eriocauláceas, as rubiáceas, asmirtáceas e as melastomatáceas. Já foram documenta<strong>da</strong>s 202 espéciesde orquídeas.Fauna: A fauna também é muito rica, destacando-se a avifauna <strong>da</strong>qual foram registra<strong>da</strong>s 339 espécies, sendo que 71 delas sãoendêmicas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica, 4 são endêmicas do Cerrado e 4endêmicas dos topos de montanha do Sudeste do Brasil. Foramregistra<strong>da</strong>s 66 espécies de mamíferos dentre as quais se destaca olobo-guará, espécie considera<strong>da</strong> vulnerável, na lista do IBAMA.ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃOFlora: 12 <strong>da</strong>s espécies descritas para a flora do Caraça estão nalista oficial de plantas ameaça<strong>da</strong>s de extinção de Minas Gerais.Dentre as 202 espécies de orquídeas, 9 estão na lista de espéciesameaça<strong>da</strong>s do estado de Minas Gerais.Fauna: 10 espécies de mamíferos (Vide Livro vermelho <strong>da</strong>s espéciesameaça<strong>da</strong>s de extinção – Fun<strong>da</strong>ção Biodiversitas 1998). 1- Anta,Tapirus terrestris (criticamente em perigo). 2- Guigó ou sauá,Callicebus nigrifrons (vulnerável). 3- Lobo-guará, Chrysocyonbrachyurus (vulnerável). 4- Tamanduá-mirim, Tamanduatetra<strong>da</strong>ctyla (em perigo). 5- Tamanduá-bandeira, Myrmecophagatri<strong>da</strong>ctyla (em perigo). 6- Tatu-do-rabo-mole, Cabassous unicinctus(vulnerável). 7- Lontra, Lontra longicaudis (vulnerável). 8-60 61


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaJaguatirica, Leopardus par<strong>da</strong>lis (criticamente em perigo). 9- Onçapar<strong>da</strong>,Puma concolor (criticamente em perigo). 10- Cateto, Pecaritajacu (em perigo).Aves em risco de extinção: As espécies ameaça<strong>da</strong>s são as seguintes:• Ameaça<strong>da</strong>s globalmente: 2 vulneráveis (capacetinho-do-ocodo-pau(Poospiza cinerea) e cigarra-ver<strong>da</strong>deira (Sporophilafalcirostris)) e 2 em perigo (águia cinzenta (Harpyaliaetuscoronatus) e macuquinho-<strong>da</strong>-várzea (Scytalopus iraiensis)).• Três ameaça<strong>da</strong>s em nível nacional: águia-cinzenta (vulnerável),macuquinho-<strong>da</strong>-várzea (em perigo) e cigarra-ver<strong>da</strong>deira(vulnerável).• Quinze ameaça<strong>da</strong>s de extinção em Minas Gerais: jacuaçu(Penelope obscura), uru (Odontophorus capueira), tesourinha-<strong>da</strong>mata(Phibalura flavirostris), tropeiro-<strong>da</strong>-serra (Lipaugus lanioides),pavó (Pyroderus scutatus), chibante (Laniisoma elegans),capacetinho-do-oco-do-pau, canário-<strong>da</strong>-terra-ver<strong>da</strong>deiro (Sicalisflaveola) (na categoria de vulnerável), gavião-pombo-grande(Leucopternis polionotus), águia-cinzenta, gavião-pega-macaco(Spizaetus tyrannus), gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus), picapau-rei(Campephilus robustus), cigarra-ver<strong>da</strong>deira (em perigo) efalcão-de-peito-laranja (Falco deiroleucus) (criticamente emperigo) [Informações de Marcelo Ferreira de Vasconcelos, <strong>da</strong>UFMG].inesperado de peregrinos: os estudiosos e cientistas que começaram,desde o princípio do século 19, a levantar sistematicamente ariqueza dos minerais, <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora, e as outras extraordináriasreali<strong>da</strong>des do Caraça. Conhecem-se, mais fala<strong>da</strong>s, as viagensde Martius e Spix, de Saint-Hilaire e de Álvaro <strong>da</strong> Silveira, mas háuma imensa lista de cientistas vindos <strong>da</strong> Europa, alguns chamadospelo Imperador Dom Pedro II, que passavam religiosamente peloCaraça.CONTATOSPadre Wilson Belloni, C. M.Endereço: RPPN Santuário do Caraça, CP 12 - Santa Bárbara/MG -CEP: 35960-000Telefones: (31) 3837-2698 e (31) 3837-1939Padre Lauro Palú, C. M.Endereço: Rua Cosme Velho, 241 - Rio de Janeiro - RJ -CEP: 22241-090Telefone: (21) 3235-2900E-mail: laurop@csvp.g12.brESPÉCIES NOVASTêm sido encontra<strong>da</strong>s com freqüência espécies novas de anfíbios(hilídeos), coleópteros, borboletas (hesperídeos), hemípteros,liquens, várias orquídeas, uma amarilidácea, etc.PESQUISAS CIENTÍFICAS EM FAUNA E FLORAJá foram realizados 12 pesquisas em Geologia, 3 em Hidrologia, 84em Fauna (<strong>da</strong>s quais 21 sobre Aves, 8 sobre o Lobo-guará, 12 sobreAnuros, 7 sobre Primatas) e 39 em Botânica (6 sobre Orquídeas).UM AMBIENTE PRIVILEGIADO PARA OS CIENTISTASA fama do Irmão Lourenço, a admiração <strong>da</strong>s gentes, por tudo o quehavia de raro no Caraça, tudo isso acabou levando à serra um tipo62 63


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaAS RPPN CATARINENSEASSOCIAÇÃO DOS PROPRIETÁRIOS DE RESERVAS PARTICU-LARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DE SANTA CATARINAHoje o Estado de Santa Catarina possui 29 RPPN ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s noSistema Nacional de Uni<strong>da</strong>des de Conservação. São RPPN federaisque cobrem 21.773,13 ha de florestas, o que representa aproxima<strong>da</strong>mente4,4% de todo o território catarinense.A BIODIVERSIDADEDas 293 ci<strong>da</strong>desdeste estado apenas30 possuem oprivilégio de seremrepresenta<strong>da</strong>spor estas Uni<strong>da</strong>desde Conservação.Figura: Ci<strong>da</strong>desem que as RPPNestão inseri<strong>da</strong>s.Ilustração: IumaãBacca.Serão relata<strong>da</strong>s no presente estudo seis RPPN que possuem estudoscientíficos em suas florestas ou levantamentos de fauna e florarealizados sistematicamente por seus proprietários ou por parceiros.Sendo estas: Bugerkopf (Blumenau), Caraguatá (Antônio Carlose Major Gercino), Chácara Edith (Brusque), Leão <strong>da</strong> Montanha(Urubici), Morro <strong>da</strong>s Aranhas (Florianópolis) e Rio <strong>da</strong>s Lontras (SãoPedro de Alcântara e Águas Mornas).Organização do material: Fabiana Dallacorte, Daniela Fink, AdrianEinsen Rupp e Cintia Gruener.RPPN BUGERKOPFBLUMENAU/ SANTA CATARINAFoto: Iumaã BaccaFoi reconheci<strong>da</strong> como RPPNatravés <strong>da</strong> Portaria do IBAMA Nº148N, de 30/12/92, publica<strong>da</strong>no Diário Oficial <strong>da</strong> União em07/01/93. Em seus 827.235,23m² possui uma floresta em estágioavançado de regeneração detipologia de Floresta OmbrófilaDensa, abrangendo as subtipologiasSub-Montana eMontana, com alguns componentesde Alto-Montana.Segundo o proprietário, Lauro Eduardo Bacca, renomadoambientalista do Vale do Itajaí, “A <strong>Reserva</strong> representa uma espéciede barreira entre a ci<strong>da</strong>de e a zona rural que poderá ser de fun<strong>da</strong>mentalimportância para deter o avanço <strong>da</strong> “civilização” por sobre estaúltima mancha remanescente de maior porte do Vale e uma <strong>da</strong>s trêsmaiores de Santa Catarina. Ali nascem também pequenos, mas importantescórregos que abastecem de água centenas de moradores <strong>da</strong>vizinhança.”Foram registra<strong>da</strong>s 06 corujas na RPPN Bugerkopf (Tyto alba,Megascops choliba, Megascops cf. sanctaecatarinae, Glaucidiumminutissimum, Pulsatrix koeniswaldiana e Asio stygius) em um estudorealizado por Fink (2006). Brandt, Zimmermann e Fink atestama importância de RPPN para a conservação <strong>da</strong> avifauna e foramregistra<strong>da</strong>s 130 espécies de aves, <strong>da</strong>s quais algumas figuram comoraras para Santa Catarina. Os resultados permitem inferir que aárea de estudo exerce grande importância na conservação <strong>da</strong>avifauna florestal e retratam a importância <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des de Conservação,seja ao nível governamental ou particular, neste processo.Brandt et all. (2008 no prelo) relata registro recente de Platyrinchusleucoryphus, patinho-gigante, na área <strong>da</strong> RPPN Bugerkopf, bemcomo em outras áreas do Vale do Itajaí. Registro este importante já64 65


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlânticaque a espécie é considera<strong>da</strong> vulnerável de extinção. Rupp et all(2007) cita a ocorrência de Caprimulgus sericocau<strong>da</strong>tus (bacuraurabo-de-se<strong>da</strong>)na RPPN Bugerkopf e em áreas que são um continumde floresta com esta uni<strong>da</strong>de.Rupp et all (2008) registrou nesta RPPN 72 espécies de aves. Asdez espécies mais abun<strong>da</strong>ntes foram Turdus albicollis, Chiroxiphiacau<strong>da</strong>ta, Philydor atricapillus, Mionectes rufiventris, Tricotraupismelanops, Thalurania glaucopis, Xiphorhynchus fuscus, Habia rubica,Platyrinchus mystaceus e Tachyphonus coronatus, que soma<strong>da</strong>stotalizam 481 capturas, ou seja, 55% do total. As espécies que apresentarammaior freqüência de ocorrência foram Philydor atricapillus(97,22%), Mionectes rufiventris (94,44%) e Turdus albicollis (94,44%).CONTATOLauro Eduardo Bacca e Êdela Tereza Werner BaccaEndereço: Rua Jordão, 716 - Progresso - Blumenau/ SC -CEP: 89027-710Telefone: (47) 3336-5192E-mail: laurobacca@terra.com.brSite: www.rppncatarinense.org.br/bugerkopf/RPPN CARAGUATÁANTÔNIO CARLOS/ SANTA CATARINAFonte: www.caraguata.com.brA criação de uma <strong>Reserva</strong> Ecológica foiidealiza<strong>da</strong> pelo empresário Russell WidCoffin em 1988, quando pediu para umgrupo de biólogos que procurassem umaproprie<strong>da</strong>de com grande potencial debiodiversi<strong>da</strong>de para conservação. Com ainstituição <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de RPPN - <strong>Reserva</strong>Particular do Patrimônio Natural, em1990 (pelo Decreto nº 98.914, já revogado),surgiu a <strong>Reserva</strong> Ecológica doCaraguatá, uma <strong>da</strong>s primeiras uni<strong>da</strong>des aserem cria<strong>da</strong>s no Brasil, através <strong>da</strong> Portaria645/90 do IBAMA, com 1.854 ha.Hoje a RPPN localiza<strong>da</strong> nas coordena<strong>da</strong>s centrais 48º 25´51´´S e48º 51´01´´W, possui quase 4.000 ha de Floresta Ombrófila Densa,com porções montanas e submontanas (Veloso et all. 1991 apudGoulart 2008), 42km². Existem ain<strong>da</strong> relictos de Araucariaangustifólia (pinheiro-brasileiro), já que a área margeia porções <strong>da</strong>Floresta Ombrófila Mista (Gaplan 1986 apud Goulart 2008).Estudos com armadilhas fotográficas possibilitaram a identificaçãode 17 (dezessete) espécies de mamíferos na RPPN CaraguatáGOULARDT (2008). Sendo estas espécies: Leopardus tigrinus (1775);L. wiedii (1821); L. par<strong>da</strong>lis (1758); Cerdocyon thous (1939); Dasypusnovemcinctus (1758); Nasua nasua (1766); Puma concolor (1771);Cuniculus paca (1766); Eira barbara (1758); Didelphis albiventris(1840); D. aurita (1826); Philander frenata (1818); Procyon cancrivorus(1798); Tapirus terrestris (1758); Pecary tajacu (1795); Hydrochoerushydrochaeris (1766); Dasyprocta azarae (1823), (2008).CONTATORussel Wid CoffinEndereço do escritório: Rua General Bittencourt, 261 - Centro -Florianópolis/ SC - CEP: 88020-100Telefone: (48) 3223-8800E-mail: rppn@caraguata.com.brSite: www.caraguata.com.br66 67


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaRPPN CHÁCARA EDITHBRUSQUE/ SANTA CATARINA - POSTO AVANÇADO DARESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICAO reconhecimento <strong>da</strong> ChácaraEdith, antiga Fazen<strong>da</strong>Hoffmann, como RPPN foi em2001. Entretanto, o trabalho depreservação <strong>da</strong> natureza nassuas terras remonta à déca<strong>da</strong> de1920, quando Willy Hoffmann,então ain<strong>da</strong> menino, convenceuseu pai Henrique, proprietário<strong>da</strong>s terras, a abandonar a exploraçãode madeira e permitir a regeneração<strong>da</strong> mata nos locais devastados. Desde então, nenhumaoutra ativi<strong>da</strong>de que envolvesse o comprometimento <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de foi permiti<strong>da</strong>.Este interesse pela pesquisa científica faz com que hoje a proprie<strong>da</strong>desirva para estudos <strong>da</strong> avifauna e <strong>da</strong> mastofauna, ambos realizadospor acadêmicos <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Regional de Blumenau(FURB) e pela Universi<strong>da</strong>de Federal de Santa Catarina (UFSC), estana pessoa do neto do proprietário atual, Sr. Wilson Morelli.São 509,32 ha de florestas, localiza<strong>da</strong>s na UTM 6998-7002 712-708, estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s extensivamente por Raulino Reintz e Roberto MiguelKlein que publicaram no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980, em Itajaí, olivro Flora Ilustra<strong>da</strong> Catarinense. Segundo livro sobre a RPPN ChácaraEdith editado pelos proprietários, “Willy Hoffmann gentilmentecedeu sua fazen<strong>da</strong> para os trabalhos de levantamento e pesquisa.Veloso e Klein identificaram 154 espécies diferentes em 52,8 milmetros quadrados de área. Em 1 mil metros quadrados, podiam encontrar74 espécies, demonstrando que a diversi<strong>da</strong>de de ambientespropiciou alta densi<strong>da</strong>de de espécies.”Augusto Ruschi e Helmut Sick visitaram e fizeram pesquisas naRPPN Chácara Edith que são relata<strong>da</strong>s ao longo de seus estudos.Ain<strong>da</strong> segundo o livro editado pelos proprietários <strong>da</strong> RPPN, “JohanFrisch lançou o livro Aves Brasileiras – Volume 1 (1987), citando pesquisasno Museu Ernesto Guilherme Hoffmann, onde conheceu 72espécies e 113 espécimes taxidermiza<strong>da</strong>s.”Lenir Alba do Rosário, no livro Aves em Santa Catarina – DistribuiçãoGeográfica e Meio Ambiente (1996), relata a ocorrência de avesna RPPN Chácara Edith em pesquisas de campo realiza<strong>da</strong>s nestelocal. O mesmo aconteceu com Mamíferos de Santa Catarina deAna Verônica Cimardi.O proprietário <strong>da</strong> RPPN Chácara Edith, com o uso de armadilhasfotográficas, registrou 15 espécies de mamíferos, sendo estes:Didelphis albiventris (Lund, 1840) – Gambá-de-orelha-branca;Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) – Gambá-de-orelha-preta;Tamandua tetra<strong>da</strong>ctyla (Linnaeus, 1758) Tamanduá-mirim,tamanduá-de-colete; Dasypus novemcintus (Linnaues, 1758) Tatugalinha;Alouatta guariba (Humboldt, 1812) – Bugio-ruivo; Leopardussp.; Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) – Cachorro-do-mato,graxaim; Eira barbara (Linnaeus, 1758) – Irara, papa-mel; Lontralongicaudis (Olfers, 1818); Nasua nasua (Linnaues, 1766) – Quati;Procyon cancrívorus (G. [Baron] Cuvier, 1798) – Mão-pela<strong>da</strong>,guaxinim; Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901) – Caxinguelê,serelepe, esquilo; Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) –Capivara; Dasyprocta azarae (Lichtenstein, 1823) – Cutia; eSphigurus insidiosus (Olfers, 1818) – Ouriço-cacheiro. Estas espéciesforam registra<strong>da</strong>s pelo neto do proprietário (Felipe MoreliFantacini), acadêmico de Biologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de SantaCatarina.CONTATOAnete Hoffmann e Wilson e Ligia MoreliEndereço: Rua Carlos Cervi, 300 - RPPN Chácara Edith -Caixa Postal: 427Telefone/ Fax: (47) 3355-1462E-mail: w.moreli@terra.com.br (temporário)Site: www.rppncatarinense.org.br/hp/assoc_chacara.asp68 69


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaRPPN LEÃO DA MONTANHAURUBICI/ SANTA CATARINAA RPPN Leão <strong>da</strong> Montanha foicria<strong>da</strong> pelo decreto 34/2008 em23/05/2008 no município deUrubici, possui 126,50 ha e hojeé destina<strong>da</strong> a conservação e pesquisacientífica. Localiza<strong>da</strong> naUTM -28.006830, -49.375992,possui grande importância estratégicapara a conservação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de, já que está inseridono contexto <strong>da</strong> SerraFoto: Pedro W. de CastilhoCatarinense em que as altitudes ultrapassam 1800m caracterizando-sepela região mais fria do Brasil, sendo o único lugar do paísonde neva todos os anos, mesmo que por poucos dias, durante oinverno.A proprie<strong>da</strong>de localiza-se na comuni<strong>da</strong>de de Canudos no municípiode Urubici em Santa Catarina, pertencente a Ecorregião <strong>da</strong>sAraucárias. Encrava<strong>da</strong> nos vales criados por acidentesgeomorfológicos do sul do Brasil, a RPPN destaca-se pela presençados imponentes afloramentos de arenito Botucatu, responsáveispor incríveis formações de beleza cênica. Os afloramentos dearenitos característicos do entorno <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de contribuem eficientementena recarga do Aqüífero Guarani, considerado um dosmaiores reservatórios subterrâneos mundiais de água doce.A localização <strong>da</strong> RPPN é considera<strong>da</strong> um ecótono vegetacionalentre a Floresta Ombrófila Mista (FOM) e os Campos de Altitude. Avegetação dominante representa a FOM do tipo Montana eAltomontana. A hidrografia é privilegia<strong>da</strong> com rios, córregos enascentes. O principal deles, o Rio Canoas (deságua no Bacia doRio Uruguai) corta a proprie<strong>da</strong>de e o Arroio Comprido nasce e seune ao Canoas dentro <strong>da</strong> dos limites <strong>da</strong> RPPN. Nos paredõesíngrimes surgem cerca de 35 nascentes e duas cachoeiras. A presençados paredões significa uma delimitação natural <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>derestringindo o acesso a uma única passagem. Passagem estautiliza<strong>da</strong> por tropeiros durante anos para transportar o gado deAnitápolis até Urubici. E em tempos mais remotos por populaçõesindígenas (Xokleng) que deixaram seus vestígios em cavernas preserva<strong>da</strong>saté hoje.De acordo com as informações obti<strong>da</strong>s junto aos antigosproprietários, a região em questão foi alvo de sistemáticas exploraçõesintensivas de madeira, sobretudo, araucárias. Da déca<strong>da</strong> de60 até meados de 1990 a utilização <strong>da</strong> área era praticamente volta<strong>da</strong>para a retira<strong>da</strong> de araucárias e xaxins. Com a implantação docódigo florestal (Lei 9.519/92) a extração desordena<strong>da</strong> cessou e apecuária extensiva tomou a dianteira. Sem muitas pastagens planaso gado se utilizou <strong>da</strong>s encostas e sub-bosques inibindo a recuperação<strong>da</strong>s áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s pela extração de araucárias. Asinverna<strong>da</strong>s nos sub-bosques são técnicas tradicionais entre ospecuaristas <strong>da</strong> região, resultando na proteção do rebanho nas épocasmais frias do ano. Não bastasse o pisoteio e pastoreio, os antigosproprietários ain<strong>da</strong> realizavam roça<strong>da</strong>s constantes no subbosquepara retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s plântulas de araucária. Uma vez que amadeira não pode ser retira<strong>da</strong> legalmente e o gado tem mais dificul<strong>da</strong>dede circular por áreas rechea<strong>da</strong>s de grimpas a prática éconstante em todo o planalto catarinense. Após a aquisição <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>deem 2006, to<strong>da</strong>s as criações foram retira<strong>da</strong>s e arecuperação ambiental teve seu reinício naturalmente.Em levantamento com armadilhas fotográficas no ano de 2006 foramregistrados 19 mamíferos de médio e grande porte. Sendo estes:Puma concolor, Mazama nana, Leopardus tigrinus, Leoparduswiedii, Mazama gouazoubira, Procyon cancrivorus, Nasua nasuaCerdocyon thous, Lontra longicaudis, Sphiggurus villosus,Hydrochoerus hydrochoerus, Dasyprocta azarae, Cuniculus paca,Eira barbara, Galictis cuja, Pecari tajacu, Philander opossum,Cabassous tatouay e Dasypus novemcinctus (o texto foi informadointegralmente pelo Sr. Pedro Wolkmer de Castilho, proprietário <strong>da</strong>RPPN Leão <strong>da</strong> Montanha).CONTATOPedro Volkmer de CastilhoTelefone: (48) 3235-1951E-mail: a2pvc@cav.udesc.brSite: www.rppncatarinense.org.br/hp/assoc_leao.asp70 71


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaRPPN MORRO DAS ARANHASFLORIANÓPOLIS/ SANTA CATARINARPPN RIO DAS LONTRASSÃO PEDRO DE ALCÂNTARA/ SANTA CATARINAA RPPN Morro <strong>da</strong>s Aranhas foicria<strong>da</strong> pela Portaria n°43 de 11de Maio de 1999 do IBAMA. Possuiárea total de 44,16 ha de florestasde <strong>Mata</strong> Atlântica, <strong>da</strong>stipologias Floresta OmbrófilaDensa e Restinga.A RPPN dispõe de um Núcleo deEcologia composto por profissionais<strong>da</strong> área ambiental, umasede, infraestrutura com reconhecimento internacional para desenvolveras ativi<strong>da</strong>des como cinema, percurso acrobático em postes(arvorismo), uma pista para vôo livre, um museu arqueológicoao ar livre, viveiro de mu<strong>da</strong>s nativas, orquidário, trilhasinterpretativas; mirantes para observação de aves e oficinas de papelreciclado artesanal (texto informado por Ciro Carlos Melo couto).A Célula de Ecologia, laboratório de Ecologia criado pela RPPN citaque foram registrados em pesquisas científicas, ain<strong>da</strong> nãopublica<strong>da</strong>s, 160 espécies de aves, 85 espécies de orquídeas, 25bromeliáceas, 50 plantas arbóreas, 65 plantas medicinais, 10 mamíferose 15 répteis.Estes <strong>da</strong>dos complementaram o plano de manejo <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de o queproporciona hoje um zoneamento adequado para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong>des de educação ambiental e de pesquisa científica. Estasativi<strong>da</strong>des são realiza<strong>da</strong>s em parceria com as seguintes enti<strong>da</strong>des:FNMA, IBAMA, Polícia Ambiental, Grupo Pau-Campeche, Aprendera Natureza, SOS <strong>Mata</strong> Atlântica, WWF, RPPN Catarinense,UNIVALI, UFPR, UFSC, Larus Instituto e Inst. Ambiental Santinho.CONTATOCostão do Santinho ResortEndereço: Rua Onildo Lemos, 2505 - Santinho - CEP: 88058-700Telefone: (48) 3261-1768E-mail: ecologia@costao.com.brSite: www.rppncatarinense.org.br/hp/assoc_aranhas.aspA RPPN Rio <strong>da</strong>s Lontras foi cria<strong>da</strong>em abril de 2005 através <strong>da</strong>Portaria do IBAMA número 34.Com mais de 277 mil m² deárea, possui em seu entornouma ótima condutivi<strong>da</strong>de florestal,ain<strong>da</strong> muita bem preserva<strong>da</strong>no seu relevo acidentado.Suas diversas nascentes deáguas cristalinas abastecem oFoto: Fernando Teixeira Pimentelrio Forquilhas, afluente do rioCubatão, que abastece to<strong>da</strong> a Grande Florianópolis.Localiza-se nas coordena<strong>da</strong>s 27º 37´37,5´´ S e 48º 52´43,77´´ W aosul faz proximi<strong>da</strong>de do Parque Estadual <strong>da</strong> Serra do Tabuleiro eseus mais de 90 mil hectares protegidos, formando um mosaico deecossistemas e corredores ecológicos <strong>da</strong> maior importância para amanutenção <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de biológica. A floresta é composta emsua grande maioria por Floresta Ombrófila Densa Montana.Em estudos realizados pelos proprietários, utilizando-se desensores fotográficos e registros secundários de rastros e diretoscom auxílio de máquina fotográfica, foram relatados 10 mamíferos,06 aves e 03 répteis. Os mamíferos registrados foram os que seguem:Bugio (Alouatta guariba), Cachorro-do-mato (Cerdocyonthous), Capivara (Hydrochaeris hydrocaeris), Esquilo (Sciurusaestuans), Gambá-de-orelha-preta (Didelphis marsupialis), Gato-domato-maracajá(Leopardus wiedii), Irara (Eira barbara), Veado-bororó(Mazama rufina), Puma (Puma concolor) e Lontra (Lontra longicaudis).As aves registra<strong>da</strong>s foram: Jacu-açu (Penelope obscura), Gralhaazul(Cynocorax caeruleus), Tiriba (Pyrrhura frontalis), Tucano-debico-verde(Ramphastos dicolorus) e Saíra-preciosa (Tangaraperuviana).Foram registra<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> jaracas (Bothrops jararaca), corais (Micrurusfrontalis) e cobra-verde (Phyllodrias olfersii).72 73


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaEsta RPPN aprovou projeto para elaboração do seu Plano de Manejoe as ativi<strong>da</strong>des já deram início. A partir deste projeto será realizadoum Diagnóstico Ambiental Rápido para identificar a fauna ea flora <strong>da</strong> área e desta forma poderá se ter maior certeza <strong>da</strong> ocorrência<strong>da</strong>s espécies que ali existem.CONTATOFernando José Pimentel Teixeira e Cristiane de Souza PimentelTeixeiraTelefone: (48) 3274-1427E-mail: reservario<strong>da</strong>slontras@uol.com.brSkype: rio<strong>da</strong>slontrasSite: www.rppncatarinense.org.br/hp/assoc_lontras.aspBIBLIOGRAFIARPPN Cafundó - Espírito Santo1. Bencke, G. A., Mauricio, G. N., Develey, P. F. e Goerck, J. M. (orgs.)2006. Áreas importantes para a conservação <strong>da</strong>s aves no Brasil. ParteI: estados do domínio <strong>da</strong> mata atlântica. São Paulo: SAVE Brasil.2. Faunativa. s. d. Aves <strong>da</strong> reserva Cafundó, v. 1. Vila Velha: Faunativa(CD de sons).3. Originalis Natura. 1998. Fauna <strong>da</strong> RPPN Cafundó Mamíferos e Aves:Primatas e psitacídeos. Vila Velha: Originalis Natura.4. Archanjo, K. M. P. A. 2008. Análise florística e fitossociológica defragmentos florestais de mata atlântica no sul do Estado do EspíritoSanto. Dissertação (mestrado) UFES, Centro de Ciências Agrárias.5. Bauer, C. 1999. Padrões atuais de distribuição de aves florestais naregião sul do Estado do Espírito Santo, Brasil. Dissertação (mestrado)UFRJ, Museu Nacional.RPPN Fazen<strong>da</strong> Lagoa - Minas Gerais1. Fitogeografia e Conservação de Florestas em Monte Belo (MG) -Estudo de caso: Fazen<strong>da</strong> Lagoa. (Incl. Flora Arbórea) M.Cristina WeylandVieira. Dissertação de Mestrado. UFRJ - Instituto de Geociências, 19902. Levantamento <strong>da</strong> Avifauna <strong>da</strong> Região Oriental do Município de MonteBelo (MG) J. F. Pacheco. II Congresso Brasileiro de Ornitologia - CampoGrande (MS) 1992.3. Um Estudo Preliminar do Comportamento Geral e Ecologia Alimentarde um Grupo de Sauás - Callicebus personatus - em um Fragmento de<strong>Mata</strong> do Sul de Minas Gerais. Silvia Beatriz de Souza.; Dissertação deMestrado. Instituto de Biologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual de Campinas(Ecologia). 1998.RPPN Fazen<strong>da</strong> Morro Sapucaia - Rio Grande do Sul1. BAPTISTA, Luis Rios de Moura. Levantamento <strong>da</strong> Flora Rupestre doMorro Sapucaia. Acta Botânica Brasílica, São Paulo, 1987.v.1 n.2.2. FERNANDES. Irene. Levantamento <strong>da</strong> flora vascular rupestre doMorro do Cabrito e Morro Sapucaia, Rio Grande do Sul, Brasil. 1990. 0f. Dissertação (Mestrado em Botânica) - Universi<strong>da</strong>de Federal do RioGrande do Sul, Conselho Nacional do Desenvolvimento Cientifico eTecnológico. Orientador: Luis Rios de Moura Baptista. Dissertação74 75


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Atlântica(Mestrado em Botânica).3.ILGENFRITZ, Maria <strong>da</strong> Graça. Caracterização <strong>da</strong> Sub-BaciaHidrográfica do Arroio Sapucaia. Porto Alegre, Metroplan, 2001.4.LEITE, Gustavo Duval. Plano de Manejo <strong>da</strong> RPPN Fazen<strong>da</strong> MorroSapucaia, Sapucaia do Sul, 2008.5.RAMBO, Balduino Pe. A Fisionomia do Rio Grande do Sul. São Leopoldo,Editora Unisinos, 2005 3ed.RPPN Feliciano Miguel Ab<strong>da</strong>la - Minas Gerais1. LEITÃO, M. [prefácio] - Strier, K. B. Faces na Floresta/Karen B. Strier;tradução Luiz Roberto Mendes Gonçalves, Thais Costa; [prefácio MiriamLeitão]. Rio de Janeiro: Socie<strong>da</strong>de para a Preservação do Muriqui –“Preserve Muriqui”, pp.XI-XVIII, 2007.2. MENDES, S.L. (1985). Uso de espaço, padrões de ativi<strong>da</strong>des diárias eorganização social de Alouatta fusca (Primatas, Cebi<strong>da</strong>e) em Caratinga,MG. Tese de mestrado. Universi<strong>da</strong>de de Brasília, Brasília, 1985.3. STRIER, K. B. Faces na Floresta/Karen B. Strier; tradução LuizRoberto Mendes Gonçalves, Thais Costa; [prefácio Miriam Leitão]. Riode Janeiro: Socie<strong>da</strong>de para a Preservação do Muriqui – “PreserveMuriqui”, pp.26, 2007.4. VALLE, C.M.C.; SANTOS, I.B.; ALVES, M.C.; PINTO, C.A.;MITTERMEIER, R. (1984). Algumas observações preliminares sobre ocomportamento do mono (Brachyteles arachnoides) em ambiente natural(Fazen<strong>da</strong> Montes Claros, município de Caratinga, Minas Gerais, Brasil).In: M. Thiago de Mello, ed., A primatologia no Brasil 1, pp.271-283.Socie<strong>da</strong>de Brasileira de Primatologia, Brasília.RPPN Guilman-Amorim - Minas Gerais1. BOAVENTURA, Ricardo Soares; VERSIEUX, Leonardo. Trilha <strong>da</strong>Jaguatirica: RPPN Guilman-Amorim. 1 Ed. UHE Guilman-Amorim/Ecodinâmica, 2000. 12p.2. UHE Guilman-Amorim/Ecodinâmica. Plano de Utilização. RelatórioECO/GA-99 RUC-07/98. Belo Horizonte, 1998.3. UHE Guilman-Amorim/Ecodinâmica. Manejo Ecossistêmico <strong>da</strong>Cobertura Vegetal: Plano de Intervenção. Relatório ECO/GA-259 RUC-20/2002. Belo Horizonte, 2002.4. UHE Guilman-Amorim/Ecodinâmica. Avaliação do Plano de Manejo<strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio Natural Guilman-Amorim. RelatórioECO/GA-431 RUC-36/2008. Belo Horizonte, 2008.RPPN Iracambi - Minas Gerais1. Iracambi Medicinal Plants Project: Field Implementation and Feedbackinto the Development of the International Stan<strong>da</strong>rd for Sustainable WildCollection of Medicinal and Aromatic Plants, July 2004, Eleanor Gallia,paper delivered at the International Conference on Medicinal Plantsin Kunming, China.2. As plantas medicinais <strong>da</strong> Floresta Atlântica: Oportuni<strong>da</strong>des e Desafios.Um estudo de Caso no Entorno do Parque Estadual <strong>da</strong> Serra do Brigadeiro:2005, Marcelo Mendes Amaral e outros, Congresso AgroEcológica, BeloHorizonte, MG.3. Frog Diversity in various habitats of Iracambi, 2006 Stefanie Roog, VanHall Insituut, Leeuwarden, Netherlands.4. Recensement de Chiroptères à Iracambi, 2001, Agnes Lelay et autres,Université de Guingamp, France.5. Butterfly Biodiversity at Iracambi, 2004 Lizzie ColemanRPPN <strong>Reserva</strong> Ecológica Amadeu Botelho - São Paulo1. ADATI, E. F. 2001. Florística <strong>da</strong>s espécies arbóreas que ocorrem aolongo <strong>da</strong> trilha ecológica <strong>da</strong> reserva Amadeu Botelho no município deJaú, SP - subsídios para ativi<strong>da</strong>des de educação Ambiental. Monografia(Trabalho de Conclusão de Curso) – Universi<strong>da</strong>de Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho”, Bauru, SP.2. CRESPI, B. P. 2007. Levantamento dos mamíferos terrestres <strong>da</strong><strong>Reserva</strong> Ecológica Amadeu Botelho, município de Jaú – SP. Monografia(Trabalho de Conclusão de Curso) – Universi<strong>da</strong>de do Sagrado Coração,Bauru, SP.3. NICOLINI, E. M. 1990. Composição florística e estruturafitossociológica do estrato arbóreo em mata mesófila semidecídua nomunicípio de Jahu, SP. Dissertação de Mestrado – Universi<strong>da</strong>deEstadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, SP.4. UBAID, F. K. 2006. Dinâmica <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de de aves na <strong>Reserva</strong>Ecológica Amadeu Botelho, município de Jaú, SP. Monografia PIBIC/CNPq – Universi<strong>da</strong>de do Sagrado Coração, Bauru, SP.RPPN <strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato - Paraná1. FBPN FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO À NATUREZA 2001.<strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato: Plano de Manejo. Fun<strong>da</strong>ção O Boticário.São José dos Pinhais. 82p + anexos.2. TIEPOLO, L. M.; BIANCONI, G. V.; URBEN-FILHO, A.; STRAUBE, F. C.;76 77


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaSEGALLA, M.; BÉRNILS, R.; WISTUBA, E.; SEGALLA, M. 2002.Diagnóstico <strong>da</strong> fauna de vertebrados terrestres. <strong>Reserva</strong> Natural SaltoMorato. Curitiba.3. STRAUBE, F. C.; URBEN-FILHO, A. 2008. Lista de Campo: Aves <strong>da</strong><strong>Reserva</strong> Natural Salto Morato (Guaraqueçaba, Paraná). Curitiba.4. Estudos Ictiofaunísticos no Rio Morato. 1999. Almir Petersen Barreto.Dissertação de mestrado: Diversi<strong>da</strong>de de anfíbios <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> NaturalSalto Morato. 2007. Michel Varajão Garey.RPPN <strong>Reserva</strong> Paisagem Araucária Papagaio do Peito Roxo - ParanáErechim, RS. CD Rom.2. GOULART, F. V. B. ; GRAIPEL, M.E. ; TORTATO, M.A. ; SANTOS, L. G.R. ; MACCARINI, T. B. ; MOZERLE, H. B. ; CACERES, N. C. . Composição<strong>da</strong> mastofauna na RPPN Caraguatá e no Parque Estadual <strong>da</strong> Serra doTabuleiro, sul do Brasil. In: I Congresso Sul-Americano deMastozoologia, 2006, Gramados - RS, Brasil. Anais do I Congresso Sul-Americano de Mastozoologia, 2006.3. RPPN CATARINENSE, 2008. Disponível em:. Acessado em 10/11/2008.1. BIRDLIFE INTERNATIONAL, 2008. Species factsheet: Amazonavinacea. Disponível em: . Acessado em 11/8/2008.2. GARAVELLO, J. C.; PAVANELLI, C. S.; SUZUKI, H. I. Caracterização<strong>da</strong> Ictiofauna do rio Iguaçu. In: AGOSTINHO, A. A. & GOMES, L. C.<strong>Reserva</strong>tório de Segredo: bases ecológicas para manejo. Maringá:EDUEM, 1997. p. 61 – 84.RPPN Rizzieri - São Paulo1. RIZZIERI, J. B.; SANTOS, F. S. dos. RPPN, um exemplo de amor ànatureza. FREPESP/CNRPPN, 2005.2. SANTOS, F. S. dos . Composição florística do estrato arbóreo <strong>da</strong><strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Rizzieri, SãoSebastião-SP. In: 56º Congresso Nacional de Botânica, 2005, Curitiba-PR. Resumos (CD-Rom) do 56º Congresso Nacional de Botânica. SãoPaulo: Socie<strong>da</strong>de Botânica do Brasil, 2005. p. 128-128.RPPN Santuário do Caraça - Minas Gerais1. PALÚ, Pe. Lauro, C. M. História e importância do Santuário doCaraça.In Anais <strong>da</strong> Primeira Reunião Brasileira de Estudos Liquenológicos.Parque Natural do Caraça, Catas Altas, 2006; p. 100-118.2. PROJETO CARAÇA I. Rio de Janeiro, Fun<strong>da</strong>ção Brasileira para aConservação <strong>da</strong> Natureza, 1981.3. ZICO, Pe. José Tobias, C. M. Caraça, Parque Natural e Arquivo doColégio. Belo Horizonte, Editora O Lutador, 1990.RPPN Catarinense1. BRANDT, C. S.; ZIMMERMANN, C. E.; FINK, D. 2005. A importânciade <strong>Reserva</strong>s Particulares para a conservação de aves em SantaCatarina. Anais do I Simpósio Sul de Gestão e Conservação Ambiental.78 79


CADERNO Nº. 35 - SÉRIE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDASRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalEm Destaque na Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> AtlânticaCOLABORADORESORGANIZAÇÃO GERAL DO CADERNOMaria Cristina Weyland VieiraVice-Presidente do Instituto Sul Mineiro de Estudos e Conservação<strong>da</strong> Natureza - ISMECNRPPN CAFUNDÓ - Espírito SantoAna Cristina Venturini Pedro Paz (Faunativa) e Luiz SoaresNascimento (Instituto Ambiental Cafundó)RPPN FAZENDA LAGOA - Minas GeraisMaria Cristina Weyland Vieira (Instituto Sul-Mineiro de Estudos eConservação <strong>da</strong> Natureza)Alexandre Martinez (Programa de Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de)e Ricardo Naccarati (ONG Preservação)RPPN RIZZIERI - São PauloAlessandra A. Silva (FREPESP), Fernando Santiago dos Santos(Universi<strong>da</strong>de de São Paulo) e Paulo Felix M. Rizzieri (Fun<strong>da</strong>çãoPro-Verde / RPPN Rizzieri)RPPN SANTUÁRIO DO CARAÇA - Minas GeraisAline Cristine Lopes de Abreu e Pe. Lauro Palú, C. M.AS RPPN CATARINENSEFabiana <strong>da</strong>lla CorteRPPN FAZENDA MORRO SAPUCAIA - Rio Grande do SulAna Maria Juliano (Associação Charrua de RPPNs do RS) GustavoDuval Leite (ECOS)RPPN FELICIANO MIGUEL ABDALA - Minas GeraisMarcello Silva Nery e Ramiro Ab<strong>da</strong>lla Passos (Proprietário)RPPN GUILMAN-AMORIM - Minas GeraisSônia Santos Baumgratz (Consórcio UHE Guilman-Amorim)RPPN IRACAMBI - Minas GeraisBinka & Robin Lê BretonRPPN RESERVA ECOLÓGICA AMADEU BOTELHO - São PauloAntonio Carlos B. M. Carioba (proprietário - Instituto Respirar) eFlávio Kulaif Ubaid (Programa de Pós-Graduação em Zoologia, IBB,Unesp).RPPN RESERVA NATURAL SALTO MORATO - ParanáAndré Ferretti (Projeto Estratégico de Mu<strong>da</strong>nças Climáticas),Gustavo Gatti (Núcleo de Apoio a Projetos), Laurenz Pinder(Coordenador do Programa de Áreas Naturais Protegi<strong>da</strong>s), LeideTakahashi (Fun<strong>da</strong>ção O Boticário de Proteção à Natureza), LucasPontes (Assistente de <strong>Reserva</strong>) e Zuleika Beyruth (Administradora<strong>da</strong> <strong>Reserva</strong>)RPPN RESERVA PAISAGEM ARAUCÁRIA PAPAGAIO DO PEI-TO-ROXO - Paraná80 81

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