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aula 3 - estudo das paisagens - Geologia Ufpr

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NEOTECTÔNICA E MORFOTECTÔNICAAULA 3ESTUDOS DAS PAISAGENS –GEOMORFOLOGIAProf. Eduardo Salamuni


ESTUDO DAS PAISAGENS EGEOMORFOLOGIA• Estudo sistemático <strong>das</strong> formas de relevo, baseado nascaracterísticas que lhes determinaram a gênese e aevolução.• Premissas: (a) natureza <strong>das</strong> rochas, (b) estruturas(intrínsecas ou extrínsecas), (c) clima, (d) forçasendógenas (tectônicas) e exógenas, considerados comofatores construtores e destruidores do relevo e dapaisagem.


Termos e conceitos importantes• Erosão: Parte do processo de denudação d que inclui a remoção física, asolução química e o transporte de solo e rocha . Agentes: água, vento,movimento do gelo e movimento de massa.• Superfície de erosão ou superfície de aplanamento: Superfície levementeondulada que corta indiscriminadamente as estruturas geológicassubjacentes como resultado de um longo período de erosão.Há tipos diferentes de superfícies, dependendo do seu ambiente:peneplanação (climas temperados úmidos), etchplanação (climas tropicaisúmidos) e pediplanação (climas semi‐áridos). Processos marinhos podemerodir superfícies de erosão marinhos mais antigas.• Denudação: exposição de porções subjacentes à superfície em processo deerosão. Envolve intemperismo e transporte de material e todos osprocessos concernentes à erosão.


elembrando...Os processos tectônicos internos da crosta inicialmente podem gerarmontanhas e vales principalmente p em regiões orogenéticas.A partir dos processos de denudação e dissecação haverápediplanação e/ou peneplenação até que novos processos demovimentação tectônica ocorram novamente.


• Geotextura ou morfotextura: ligados a processos endógenos emescala continental (massas continentais, grandes zonasmontanhosas, depressões oceânicas e escudos). São afeta<strong>das</strong> /construí<strong>das</strong> pelas morfoestruturas;• Pi Paisagem (landscape): d tudo que se relaciona às característicastisuperficiais de um terreno. Posiciona‐se na interfácie da litosfera,atmosfera, hidrosfera e biosfera;• Morfoestrutura e morfoescultura (segundo Gerasimov eMescherikov, 1968) :morfoesculturas estão liga<strong>das</strong> principalmente p a processosexógenos e secundariamente a endógenos em escala local (relevosmontanhosos, vales, planícies e planaltos, regiões costeiras eoutras).


morfoestrutura, por sua vez, consiste nas feições geomorfológicascorrelaciona<strong>das</strong> exclusivamente às estruturas geológicas. Liga<strong>das</strong>principalmente a processos endógenos em escala regional esecundariamente a processos exógenos (bacias sedimentares,cadeias orogenéticas menores e plataformas). São afeta<strong>das</strong> pelasmorfoesculturas;• Morfotectônica: “geomorfologia + tectônica”: processos que agemde forma a criar morfoestruturas em nível macrogeomorfológico.


Princípios Básicos de GeomorfologiaMétodo: refletir sobre aquilo que vemospara “enxergar” aquilo que não vemos.• A geomorfologia objetiva a análise <strong>das</strong>formas do relevo por meio de suadescrição e dos processos que asformaram.• A forma do relevo é dinâmica i e mudarapidamente no Tempo Geológico.Exemplo: o tempo de vida de umaescarpa "fresca" em climas temperadosé de 100.000 000 anos em média.• A análise geomorfológica implica em sereconhecer as diferentes fasesevolutivas a que esteve submetida.Domo de Poços de Cal<strong>das</strong> ‐ MG


Processos Geomorfológicos• A forma da superfície da crosta terrestre é representada em umtempo qualquer, pelos efeitos superficiais, processosexogenéticos, e pelos efeitos internos da crosta, processosendogenéticos.• Processos exogenéticos: incluem a ação da água, do gelo edovento, envolvendo processos de denudação, caracterizada pelaremoção do material (redução da elevação do relevo). Há poucasexceções, como por exemplo a deposição de dunas de areia quepode representar um incremento de relevo. A denudação podeenvolver tanto a denudação física quanto a dissolução química.As duas principais fontes de energia são a solar e a gravitacional.


• Processos endogenéticos: são em geral construcionais e envolvemaumento de relevo (exceção em fossa submarina ou frente desubducção).Subdivide‐se em: (a) processos ígneos, com massiva extrusão de rochafundida, magma, na superfície; (b) processos orogenéticos, ousejaaformação de cinturões de montanhas (c) processos extensionais eextensionais‐transtensivos, com formação de rifts valleys ecadeiasdemontanhas laterais (meso‐oceânicas); oceânicas); (d) processos epirogenéticos,que constitui o levantamento de largas áreas da crosta sem processostectônicos clássicos.


Exemplos de construção ígnea em orógenosOsorno – Chile.Foto: E. SalamuniBatólito riolítico – ArgentinaFoto: E. Salamuni


Hierarquia de escalas espacial e temporal em geomorfologia (Summerfield, 1989)ESCALAESPACIALDIMENSÕESLinear(Km)Areal(Km 2 )MICRO 10 6 bacias decordilheirasdrenagemCalotas degeloscontinentaisExtensaspraiasoceânicasPadrões desoerguimentos,subsidências emovimentosPrincipais zonasclimáticas;mudançasclimáticas muitol (id d dgelo)continentais i de longas (idades dolonga duração(long term)10 7 a


Sistemas Morfológicos


Estudos de macrogeomorfologia / morfotectônica• As grandes estruturas geomorfológicas dependemfundamentalmente <strong>das</strong> estruturas da crosta terrestre e suaevolução depende de processos climáticos de longa duração.• A maior parte <strong>das</strong> estruturas geomorfológicas espetaculares dacrosta terrestre, são consequência dos eventos tectônicos embor<strong>das</strong> de placas ativas (destruição ou criação de placa).


Orógeno Andino / Cadeia Serra do MarHá, todavia,importantes feiçõesmorfológicas nocentro <strong>das</strong> placas, taiscomo os riftes quegeram as baciasmarginais atlânticas ea própia p Serra do Mar


Hipsometria geral da América da Sul eunidades dd de relevo no Brasil


CIÊNCIA GEOMORFOLÓGICANíveis de abordagem (segundo Ab´Sáber, 1969)a) Compartimentação morfológica: concentra‐se nos df diferentes níveistopográficos e a morfologia intrínsecas aos terrenos analisados.b) Caracterização da estrutura superficial: i entendimento da evolução dorelevo, por exemplo pela observação dos depósitos correlativos ouformações superficiais.c) Fisiologia da paisagem: compreensão da ação dos atuais processosmorfodinâmicos atuais, mesmo com a ação antrópica provocando ouatenuando desequilíbrios naturais.É possível agregar a caracterização morfotectônica/morfoestrutural:compreensão da morfotectônica como um processo de deformaçãogeológica da crosta que tem influência na arquitetura geomorfológicalocal.


Concepções Históricas (epistemológicas)• Escola anglo‐saxônica: embasada em Davis (1899, Geographical Cycle).Postula a evolução do relevo por meio da estrutura geológica, dosprocessos operantes e do Tempo. A idéia não considera aclimatologiaeabiogeografia como fatores preponderantes na definição de relevo.• Escola germânica: embasada em A. Penck (1899), que valoriza aobservação e a análise dos fenômenos; bem como nas idéias de W. Penck(1924, Morphological Analysis of Landform) que foca o <strong>estudo</strong> dosprocessos, rejeitando a postura dedutivista‐historicista de Davis.W. Penck (1953) definiu a análise geomorfológica como uma integração<strong>das</strong> observações dos processos endógenos e exógenos caracterização<strong>das</strong> feições resultantes da interação de ambos os processos.


Evolução <strong>das</strong> Idéias• Autores americanos (década de 30), utilizaram os princípios adotados porW. Penck. Assim L.C. King (1953) e outros passam a mesclar as teoriasvalorizando o Espaço, e não só o Tempo, como Davis o fez (utilizam aquantificação como ferramenta para o uso do <strong>estudo</strong> dos processos).• Floresce o uso de vários postulados e ferramentas tais como aquantificação e a computação. O <strong>estudo</strong> <strong>das</strong> bacias de drenagem na linhade Strahler (1954) e Horton e a teoria do equilíbrio dinâmico de Hack(1960), bem como a admissão da frequência dos movimentos crustais e asvariações relativas ao nível dos oceanos (Bauling, 1952), são importantespassos para o desenvolvimento da ciência geomorfológica.g• Aescolaanglo‐saxônica passa a ser marcada por tendência fundamentadana Teoria Geral dos Sistemas e no processo de quantificação.


• A geomorfologia climática emerge <strong>das</strong> pesquisas de Budell (1948) queordenou os conjuntos morfológicos em zonas e andares produzidospela interação <strong>das</strong> variáveis climáticas, epirogenéticas, petrográficas efitogeográficas. No Brasil, Ab'Sáber e Bigarella deram contribuiçãosignificativa aos <strong>estudo</strong>s geomorfológicos utilizando muito ospostulados da escola germânica.• Autores soviéticos e franceses (Bertrand, 1968; Socava, 1972 e Tricart,1977) apresentaram seus <strong>estudo</strong>s integrados da paisagem sob a óticados geossistemas.


MODELOS CLÁSSICOS DE EVOLUÇÃO DA PAISAGEMDAVISPENCKHACK


Sistema de Davis• É fundamentado no conceito de nível de base. Dá ênfase ao processodenudacional iniciado a partir de uma rápida emersão da massacontinental, onde o sistema fluvial responderia pelo forte entalhamentodos talvegues, originando canyons.• O sistema entraria em equilíbrio quando a erosão não fosse maior quea deposição, e os processos denudacionais iniciariam o rebaixamentodos interflúvios. O rebaixamento do relevo seria de cima para baixo(wearing down) com a continuidade da estabilidade tectônica, bemcomo dos processos erosionais.• Quando houvesse a total horizontalidade a morfologia estariarepresentada por peneplanos extensos e as formas residuais seriamdenomina<strong>das</strong> de monadnocks. Os cursos meandrantes dos rios estariamdesenvolvidos como estágio final da evolução do relevo que sofreria,então, um novo soerguimento rápido, dando início a um novo ciclo.


Sistema de Davis: incisão da drenagem e a denudação,deixando formar residuais (monadnocks)Serra do Rio do Rasto ‐ SCFoto: E. SalamuniChapada Diamantina ‐ MGFoto: E. Salamuni


Sistema de Penck: emersão e denudação sãoconcomitantes• Segundo Penck (1924) em caso de forte soerguimento crustal haveriauma incisão do talvegue com aceleração dos efeitos denudacionais emrazão do gradiente da vertente. A emersão e a denudação acontecemao mesmo tempo, ou seja, há importância dos efeitos processuais. Oprocesso de evolução morfológica se daria pelo recuo paralelo ll <strong>das</strong>vertentes (wearing‐back).• Leva‐se em conta a noção do nível de base local e a imediatacorrespondência entre a intensidade do entalhamento do talvegue e aforma <strong>das</strong> vertentes: quanto mais rápida mais convexa seria.• As vertentes côncavas seriam resultado do decréscimo da intensidadeda taxa de erosão e consequentemente o processo de ascensão crustalseria pequeno (fraca tectônica).• O entalhamento do talvegue estaria correlacionado aos efeitosdenudacionais, em função do comportamento crustal, que poderia semanifestar de forma intermitente e com intensidade variável.


Sistema de Penck: formas do entalhamento


Concepções de Penck (A – primärrumpf) e Davis (B ‐peneplano)superfíciedepiemonteprimärrumpfmonadnocks• Primärrumpf (1) Ascensãolenta gerando uma superfícieprimária; (2) porção centraleleva‐se mais do que as bor<strong>das</strong>que são erodi<strong>das</strong>, criandosuperfícies de piemonte.peneplanos• Peneplano (1) Rápidosoerguimento; ;(2))calmariatectônica; (3) erosão erebaixamento do relevocontinental por meio de canaisfluviais; (4) regularização dosdesníveis topográficos gerandouma planície (peneplano).


Correlação de evolução: Penck x Davis


Sistema de King: teoria da pediplanação• Há períodos rápidos e intermitentes de soerguimentocrustal separadospor longos períodos de quiescência e estabilidade tectônica.• Faz uma junção do modelo de Davis, no que tange à estabilidade tectônicacom admissão <strong>das</strong> compensações isostáticas, com o modelo de Penck aoutilizar o recuo paralelo <strong>das</strong> vertentes para a evolução morfológica.• O recuo aconteceria a partir de um determinado nível de base, e a formaresultante é denominada de pedimento. A evolução do recuo por umperíodo de tempo de relativa estabilidade tectônica possibilitaria aformação de extensos pediplanos.• Portanto, enquanto Davis chamava as grandes extensões horizontaliza<strong>das</strong>,no estágio senil, de peneplanos, King (1955) as considerava comopediplanos, cujas formas residuais foram denomina<strong>das</strong> de inselbergs.


pedimentoEvolução da paisagem segundo KingAndes ‐ ChileFoto: E. SalamuniProcesso depedimentação epediplanação• Evolução da paisagem inicia de umsoerguimento em escala regional. Osprocessos erosivos se instalam a partirde cada novo ciclo, segundo a sequência:pediplano• (1) incisão fluvial; (2) recuo paralelo <strong>das</strong>encostas, criando pedimentos; (3)rastejo do regolito junto aos relevosaplanados; (4) pedimentos se unem nosestágios finais do ciclo de erosão; (5) asvertentes se unem lateralmente,reduzi<strong>das</strong> a saliências rochosas.• As saliências dominam uma áreaformando paisagem multicôncava(união <strong>das</strong> suaves concavidades dospedimentos provenientes de váriasdireções).


Pugh: mesma hipótese de King• Pugh (1955) admite que há compensação isostática quase que imediata emrelação ao abaixamento vertical da paisagem por erosão lateral.• O início da compensação ocorre somente quando há início de denudação.• Considera‐se se o mesmo como um evento intermitente: havendorecorrência, novas escarpas e novas superfícies pediplanares são forma<strong>das</strong>(embutimentos).• O cálculo do levantamento pela isostasia, segundo Gunn (1949), é dadopela seguinte relação:h = B/A . r(Sendo: h = altura da compensação isostática; B = densidade <strong>das</strong> rochassuperficiais removi<strong>das</strong>; A = densidade do material assentado; r = espessurada camada superficial retirado)


Ciclo ideal de evolução da paisagem (considerar cíclico no tempopara Davis, , considerar contínuo para Penck, , considerar finalísticopara King)primärrumpfpedimentopeneplanospediplano


Sistema de Hack• As taxas de deformação e de erosão são manti<strong>das</strong> em equilíbrio dinâmicopor longos períodos, assim como a paisagem.• Em função da finita resistência <strong>das</strong> rochas a amplitude topográfica nãoaumenta indefinidamente, mesmo que as forças tectônicas persistampor longos períodos.• O relevo enérgico cria forças excedentes que farão as encostas entraremem colapso. A continuidade da ascensão da crosta permite queescorregamentos adicionais limitem a altura que a topografia atingirá.• Diferença para os modelos de Davis e Penck: não há necessidade <strong>das</strong>taxas de deformação df tornarem‐se negligenciáveis. iá i Igualmente, apósatingir uma topografia máxima sustentada, não haveria a evolução datopografia até a reativação <strong>das</strong> forças tectônicas.


Evolução da paisagem segundo HackPedimento (neste casodepósito de tálus)Pediplano


Serra do Rio do Rasto ‐ SCFoto: E. Salamuni

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