10.07.2015 Views

Violência contra crianças está presente em qualquer classe social

Violência contra crianças está presente em qualquer classe social

Violência contra crianças está presente em qualquer classe social

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DIREITOS HUMANOS<strong>Violência</strong> <strong>contra</strong><strong>crianças</strong> <strong>está</strong> <strong>presente</strong> <strong>em</strong><strong>qualquer</strong> <strong>classe</strong> <strong>social</strong>Estudos sist<strong>em</strong>áticos deorganismos internacionais einstituições brasileiras buscamqualificar, quantificar e fornecerparâmetros para que políticaspúblicas se torn<strong>em</strong> eficientes nocombate à violência <strong>contra</strong><strong>crianças</strong> e adolescentes. Asagressões sofridas, sejam deord<strong>em</strong> moral, física e sexual,acontec<strong>em</strong> nos ambientes maisdiversos, desde ações“disciplinadoras” de escolas ouinstituições de abrigo, intimidaçãoe discriminação dos próprioscolegas, coações no trabalho,abusos <strong>em</strong> casa ou situações derisco, como o tráfico e apornografia. As conseqüências naformação e na vida futura dessesjovens, desde falta deperspectivas como traumasprofundos, são objeto de muitapesquisa e trabalho acadêmico.Todas essas atitudes desumanasfaz<strong>em</strong> parte do cotidiano d<strong>em</strong>ilhões de <strong>crianças</strong>, sejam elasricas ou pobres. “O que se verificaé que, freqüent<strong>em</strong>ente, se associapobreza e maus tratos, atribuindoà condição de baixa renda açõesde negligência e violência. NaBRNotíciasdo Brasilrealidade, famílias pobresen<strong>contra</strong>m-se mais vulneráveis aser<strong>em</strong> denunciadas, o que nãosignifica que casos de maustratossejam exclusivos dessafaixa <strong>social</strong>; a questão é que, <strong>em</strong>famílias de <strong>classe</strong> média e altopoder aquisitivo, tudo é ocultado”.Para a pesquisadora Zélia MariaMendes Biasoli Alves, doDepartamento de Psicologia eEducação da USP de RibeirãoPreto, <strong>em</strong> <strong>qualquer</strong> <strong>classe</strong> <strong>social</strong> avergonha e o medo, tanto das<strong>crianças</strong> como de seus pais — nocaso de o agressor ser umcônjuge, parente, <strong>em</strong>pregador,policial ou um líder comunitário —são fatores que ajudam acamuflar o probl<strong>em</strong>a.Um recente estudo das NaçõesUnidas sobre o t<strong>em</strong>a, sobcoordenação do pesquisador daUSP, Paulo Sérgio Pinheiro, mostraque “a violência ainda prevalece<strong>em</strong> todos os países do mundo e<strong>está</strong> <strong>presente</strong> <strong>em</strong> <strong>qualquer</strong>cultura, <strong>classe</strong>, nível deescolaridade, faixa de renda eorig<strong>em</strong> étnica. Em várias regiões,a violência <strong>contra</strong> <strong>crianças</strong> é umfenômeno aprovado e,freqüent<strong>em</strong>ente, legal ”. Em pelomenos 106 países não se proíbe ouso de castigos corporais nasescolas, 147 países não os proíb<strong>em</strong><strong>em</strong> instituições assistenciaisalternativas e somente 16 paísesos proibiram no lar até hoje.Em muitos países, a legislação seconcentra <strong>em</strong> penalidades <strong>contra</strong>a violência sexual ou físicapraticada <strong>contra</strong> <strong>crianças</strong>, nãolevando <strong>em</strong> consideração aviolência psicológica n<strong>em</strong>medidas de prevenção,recuperação e reintegração. “Osesforços para atacar a questão daviolência <strong>contra</strong> <strong>crianças</strong> sãofreqüent<strong>em</strong>ente reativos econcentrados nos seus sintomas econseqüências, e não <strong>em</strong> suascausas. As estratégias tend<strong>em</strong> aser fragmentadas e recursosinsuficientes são alocados paramedidas concebidas para atacar oprobl<strong>em</strong>a. Além disso, oscompromissos internacionais deproteger <strong>crianças</strong> da violência,freqüent<strong>em</strong>ente, não se traduz<strong>em</strong><strong>em</strong> medidas concretas <strong>em</strong> nívelnacional”, avalia Pinheiro noestudo, o primeiro abrangente eglobal desenvolvido pelas NaçõesUnidas sobre todas as formas deviolência <strong>contra</strong> <strong>crianças</strong>.Para Pinheiro, não basta condenaros praticantes da violência; énecessário mudar a mentalidadedas sociedades e as condiçõeseconômicas e sociais subjacentesque a provocam. O especialistasugere que o Estado proíba apena de morte para menores de18 anos, penalize a prática decastigos corporais, promova acapacitação sist<strong>em</strong>ática deprofissionais e leigos que9


trabalham com <strong>crianças</strong>, cri<strong>em</strong>ecanismos seguros de denúnciae de coleta de dados e pesquisas.Ainda sugere que os serviços deassistência médica, educação eprevidência <strong>social</strong> incluamprogramas de visitas domiciliares,orientações de pais e programasde geração de renda para gruposdesfavorecidos. Recomenda aredução do número de menoresmantidos <strong>em</strong> instituições judiciaise a reavaliação regular dasdetenções, b<strong>em</strong> como o combateao trabalho infantil ilegal.“Medidas para impedir eresponder à violência <strong>contra</strong>BRNotíciasdo Brasil<strong>crianças</strong> dev<strong>em</strong> ser integradas aprocessos nacionais deplanejamento até 2007”, afirma.A PERCEPÇÃO DO PROBLEMASentimentos dúbios predominamnas relações entre as <strong>crianças</strong>vítimas de violência e seusagressores, diz Zélia Alves, da USP.“O que se observa com maiorfreqüência é que as <strong>crianças</strong> ounegam que estão sendomaltratadas ou tend<strong>em</strong> ajustificar a ação dos adultos,considerando que estãocorrigindo o que faz<strong>em</strong> de errado.Chegam a relatar quais eram assituações e comportamentosvistos como passíveis deste tipode correção”, acrescenta.A estrutura de amparo existenteno Brasil para as <strong>crianças</strong> vítimasde violência inclui os ConselhosTutelares e as “casas de abrigo”(neste caso, perde-se o poderfamiliar). Há também a atuaçãode ONGs. Com relação àspesquisas sobre violência <strong>contra</strong><strong>crianças</strong> no Brasil, Zélia avaliaque se <strong>está</strong> numa direção b<strong>em</strong>produtiva e, <strong>em</strong> certos aspectos,até mais adiantados do queoutros países.Mariana PerozziESTUDO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAQu<strong>em</strong>QuandoOndeO queFonte53 mil <strong>crianças</strong>2002mundoMorreram <strong>em</strong> decorrência deOMShomicídiosDe 20% a 65% das<strong>crianças</strong> <strong>em</strong> idadeescolar entrevistadas2003 a 2005países <strong>em</strong>desenvolvimentoRelataram ter<strong>em</strong> sido verbal oufisicamente intimidadas nos 30dias anteriores à entrevistaPesquisaGlobal de SaúdeBaseada naEscola50 milhões de meninase 73 milhões de meninosabaixo de 18 anos2002mundoForam forçados a manter relaçõessexuais ou sofreram outras formasde violência sexualOMS3 milhões de meninase mulheresTodos os anos(publicação: 2005)África subsaariana,Egito e SudãoSão submetidas a mutilação genitalUnicef218 milhões de <strong>crianças</strong>2004mundoParticiparam de esqu<strong>em</strong>as detrabalho infantil (mais da metade<strong>em</strong> atividades perigosas)OIT10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!