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Eugênia Kelly Luciano Batista______________________________________________________________________progressivas e graduais (Gleason 1927; Cooper 1926). Por flutuação entendem-se asvariações sazonais e anuais na estrutura da vegetação causadas por flutuações oumudanças recorrentes no ambiente, enquanto a sucessão é causada por mudançasambientais progressivas ou cumulativas (Gleason 1927). Mas existem muitos tipos demudanças progressivas ou cumulativas que são ao mesmo tempo flutuantes em suanatureza e intensidade. As mudanças cumulativas podem ser tão lentas que seus efeitossão ocultados pelos efeitos mais óbvios de flutuações relevantes (Gleason 1927). Ofenômeno sucessional pode incluir todos os tipos de mudanças no tempo, mesmo queelas sejam apenas flutuantes ou produzam alterações fundamentais na associação(Gleason 1927; Cooper 1926). Gleason utiliza exemplos de sucessão lateral, onde osefeitos flutuantes mascaram as mudanças progressivas na vegetação. Nesse processo,duas associações vivem em contato geográfico e entre elas existe uma zona de tensão ouecótone, que representa um espaço onde as condições ambientais fazem com que umaesteja em retração e a outra em expansão. A duração dessas condições está relacionada àvelocidade das mudanças ambientais. Tudo começa quando as mudanças ambientaispermitem a entrada suficiente de plantas da comunidade em expansão para causar umavisível alteração na vegetação. Tudo termina quando restam poucas plantas dacomunidade em retração, ocasião em que elas deixam de ter importância nadeterminação da estrutura da vegetação. Sendo assim, a observação de qualquerassociação em diferentes anos mostraria o aparecimento, desaparecimento ereaparecimento de algumas espécies, de modo que as flutuações observadas na estruturada vegetação poderiam obscurecer qualquer resultado visível a menos que asobservações se estendessem por um considerável período de tempo (Gleason 1927).Em um determinado momento da sucessão, haverá um conjunto de espéciescapaz de modificar o ambiente de modo que novas invasões sejam inviáveis. Essa seria,segundo Clements, a fase final do processo sucessional, com a estabilização dasmudanças e desenvolvimento da comunidade clímax (Eliot 2007; Hobbs & Walker2007). No entanto, tal como Cowles, Clements reconhece que o clímax, embora estável,nunca estará em equilíbrio completo (Miles 1987). Em “Nature and Structure of theClimax”, Clements afirma que a unidade da formação clímax é uma resposta a um climaparticular (Clements 1936). Segundo o autor, a visível unidade da formação clímax édevida às formas de vida dominantes, que são a concreta expressão do clima. Naspradarias, por exemplo, as gramíneas são as formas de vida predominantes, enquanto as6
Sucessão em Campo Abandonado no Vale do Rio Cipó______________________________________________________________________árvores aparecem principalmente nos ambientes florestais (Clements 1936). A unidadeclímax pode migrar ou desaparecer com as grandes mudanças climáticas ou distúrbiosdestrutivos causados pelo homem. Na ausência desses eventos, as formações clímaxpoderiam persistir por milhões de anos. Segundo Clements, o clímax é caracterizadopelo alto grau de estabilidade e essa estabilização é uma tendência universal de todavegetação (Clements 1936).Na idéia de Clements, a sucessão seria uma seqüência de comunidades vegetaismarcada pela mudança das menores para as maiores formas de vida possíveis nocontexto do clima considerado. Nesse contexto, para o autor, a sucessão reversa, damaior para a menor forma de vida, nunca poderia acontecer porque a sucessão erainevitavelmente progressiva e a regressão, tão impossível para uma sere quanto para umorganismo individual (Miles 1987). Idéias semelhantes, sobre o determinismo dasucessão, foram publicadas por Margalef em 1958, onde ele afirma que a sucessão égradual e irreversível, substituindo sistemas com organismos pequenos, alta relaçãoprodutividade/biomassa e rápida utilização dos recursos por sistemas mais estáveis,constituídos por organismos maiores, menor relação produtividade/biomassa e eficienteutilização dos recursos (Miles 1987).Em síntese, para Clements, a sucessão ocorre deterministicamente, impulsionadapelas reações e facilitações, sempre em direção a um clímax, que seria o único pontofinal possível para uma dada região. O autor acredita que essa comunidade clímaxfuncione como um organismo que nasce, cresce, se reproduz e morre, teoria que ficouconhecida como o “superorganismo”. O trabalho de Clements é reconhecido por suaextensão e visão dinâmica dos sistemas naturais, até então considerados de maneiraestática. Apesar disso, muitas críticas surgiram em torno de suas hipóteses e analogias.Braun-Blanquet, em 1932, considerou a visão de Clements como “um vôo deimaginação” (Cooper 1926). Os trabalhos e críticas publicados por Gleason polarizaramos conceitos de comunidade e sucessão vegetal. O autor chamou a atenção para aimportância do indivíduo e o papel da dispersão e competição no processo sucessional.Para ele, todo o processo sucessional depende da habilidade de um indivíduo se mantere reproduzir, teoria hoje conhecida como “conceito individualístico".Cooper definiu a sucessão como um processo universal, onde todas as mudançasvegetacionais precisam necessariamente ser sucessionais. Gleason (1927) coloca asidéias de Cooper e Clements como extremos opostos no conceito de sucessão vegetal. O7
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Eugênia Kelly Luciano Batista______________________________________________________________________progressivas e graduais (Gleason 1927; Cooper 1926). Por flutuação enten<strong>de</strong>m-se asvariações sazonais e anuais na estrutura da vegetação causadas por flutuações oumudanças recorrentes no ambiente, enquanto a sucessão é causada por mudançasambientais progressivas ou cumulativas (Gleason 1927). Mas existem muitos tipos <strong>de</strong>mudanças progressivas ou cumulativas que são ao mesmo tempo flutuantes em suanatureza e intensida<strong>de</strong>. As mudanças cumulativas po<strong>de</strong>m ser tão lentas que seus efeitossão ocultados pelos efeitos mais óbvios <strong>de</strong> flutuações relevantes (Gleason 1927). Ofenômeno sucessional po<strong>de</strong> incluir todos os tipos <strong>de</strong> mudanças no tempo, mesmo queelas sejam apenas flutuantes ou produzam alterações fundamentais na associação(Gleason 1927; Cooper 1926). Gleason utiliza exemplos <strong>de</strong> sucessão lateral, on<strong>de</strong> osefeitos flutuantes mascaram as mudanças progressivas na vegetação. Nesse processo,duas associações vivem em contato geográfico e entre elas existe uma zona <strong>de</strong> tensão ouecótone, que representa um espaço on<strong>de</strong> as condições ambientais fazem com que umaesteja em retração e a outra em expansão. A duração <strong>de</strong>ssas condições está relacionada àvelocida<strong>de</strong> das mudanças ambientais. Tudo começa quando as mudanças ambientaispermitem a entrada suficiente <strong>de</strong> plantas da comunida<strong>de</strong> em expansão para causar umavisível alteração na vegetação. Tudo termina quando restam poucas plantas dacomunida<strong>de</strong> em retração, ocasião em que elas <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ter importância na<strong>de</strong>terminação da estrutura da vegetação. Sendo assim, a observação <strong>de</strong> qualquerassociação em diferentes anos mostraria o aparecimento, <strong>de</strong>saparecimento ereaparecimento <strong>de</strong> algumas espécies, <strong>de</strong> modo que as flutuações observadas na estruturada vegetação po<strong>de</strong>riam obscurecer qualquer resultado visível a menos que asobservações se esten<strong>de</strong>ssem por um consi<strong>de</strong>rável período <strong>de</strong> tempo (Gleason 1927).Em um <strong>de</strong>terminado momento da sucessão, haverá um conjunto <strong>de</strong> espéciescapaz <strong>de</strong> modificar o ambiente <strong>de</strong> modo que novas invasões sejam inviáveis. Essa seria,segundo Clements, a fase final do processo sucessional, com a estabilização dasmudanças e <strong>de</strong>senvolvimento da comunida<strong>de</strong> clímax (Eliot 2007; Hobbs & Walker2007). No entanto, tal como Cowles, Clements reconhece que o clímax, embora estável,nunca estará em equilíbrio completo (Miles 1987). Em “Nature and Structure of theClimax”, Clements afirma que a unida<strong>de</strong> da formação clímax é uma resposta a um climaparticular (Clements 1936). Segundo o autor, a visível unida<strong>de</strong> da formação clímax é<strong>de</strong>vida às formas <strong>de</strong> vida dominantes, que são a concreta expressão do clima. Naspradarias, por exemplo, as gramíneas são as formas <strong>de</strong> vida predominantes, enquanto as6