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de um camponês na capa, dos martírios que sofreu antes de ser morto pela ditadura. Nele está Zambadel Che, recordando outro dos tantos mártires americanos: “Mataron al guerrillero Che ComandanteGuevara”... Também a conhecida Te recurdo Amanda! Em 1971, no disco El derecho de vivir, Jaraapresenta uma das canções mais canônicas da América Latina, Plegaria a un labrador, um verdadeirohino para as históricas lutas camponesas do continente; os versos finais são da própria Ave Maria,dando o tom de oração que prometia no título: “Juntos iremos unidos en la sangre / ahora y en la hora denuestra muerte / Amén”. Talvez a mais importante obra artística de Victor Jara seja La Población, de1972, que trata da toma dos terrenos da Calle San Pablo em Barrancas, região metropolitana deSantiago. Esta ocupação por camponeses em março de 1967 foi severamente reprimida pelo governoFrei, e suas narrativas foram transformadas numa obra musical de elevado cunho social. 15Menos impactantes que as canções – mas não em seu conteúdo! – muitos livros foram escritossobre os acontecimentos no Chile, por exilados do país ou de estrangeiros que lá viviam. Não lembroquantos nem de seus títulos, mas circulavam nos meios estudantis e intelectuais que, nos tempos daDistensão proposta pelo presidente Geisel, já tinham um pouco mais de oportunidades para tanto. Umavez mais voltamos a Neruda! Em Montevidéu, abril de 1973 – pouco antes do golpe militar que instaurouo Terror de Estado também no Uruguai – foi publicado o último livro de poemas do poeta chileno, quedois anos antes fora agraciado com o prêmio Nobel de Literatura. O provocativo título Invitación alNixonicidio y alabanza a la revolución chilena já apontava para os riscos que o Chile de Allende corriaem relação à política externa agressiva do presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon. Em Juntoshablamos, poema de encerramento do livro, Pablo Neruda escreveu em seus versos finais: “Chile, miPatria no será vencida / ni al extranjero domínio sometida”. 16 Isto foi em janeiro de 1973; Neruda aindapresenciaria o golpe de Estado daquele ano, falecendo em 23 de setembro!**********Mais que “História”, eu contei apenas “histórias”, memórias que tenho sobre o Chile, que trateide ordenar da melhor maneira, buscando um perfil mais próximo possível de um trabalho acadêmico.Cabe ainda, antes de encerrar este texto, mostrar um pouco dos trabalhos realizados na UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul. Alguns colegas historiadores – aos quais eu me somo – realizarampessoalmente ou orientaram alunos a escreverem dissertações de Mestrado e teses de Doutorado sobreas ditaduras na América Latina, incluída aqui aquela que se abateu sobre o Chile. Temas relacionadosao terrorismo de Estado já adquiriram bastante relevância entre nós, e certamente isto me traz orgulhode pertencer à Universidade e fazer parte deste grupo de docentes e alunos! Assim, em nosso Programade Pós-Graduação em História foram realizadas quinze Dissertações de Mestrado e cinco Teses deDoutorado, sobre o Terror de Estado no Brasil e em outros países latino-americanos. Considerando quejá existem ainda muitos Trabalhos de Conclusão do Curso (TCC) de Graduação em História, temos umnúmero bastante significativo de pesquisas! 17151617SIMÕES, Sílvia S.“Canto que ha sido valiente siempre será canción nueva” : o cancioneiro de Víctor Jara e ogolpe civil-militar no Chile. Porto Alegre: UFRGS (Dissertação de Mestrado), 2011, p.152-153.NERUDA, Pablo. Invitación al Nixonicidio y alabanza a la revolución chilena. Montevideo:Ediciones Vanguardia,1973. Postumamente foi editado seu livro de memórias, onde se refera à sua trajetória como intelectual emilitante comunista. NERUDA, Pablo. Confieso que he vivido. Buenos Aires: Losada, 1974. (Este livro sóapareceria no Brasil em 1978, quando já se anunciava a Abertura do futuro governo de João Figueiredo.NERUDA, Pablo. Confesso que vivi – Memórias. Rio de Janeiro: Difel, 1978.)Dissertações de Mestrado. Orientador Benito B. Schmidt: GASPAROTTO, Alessandra. O terror renegado: umareflexão sobre os episódios de retratação pública protagonizados por integrantes de organizações de combate àditadura civil-militar no Brasil (1970-1975). Porto Alegre: UFRGS, 2008 Orientadora Carla S. Rodeghero: ALVES,Taiara S. Dos quartéis aos tribunais: a atuação das auditorias militares de Porto Alegre e Santa Maria nojulgamento de civis em processos políticos referentes às leis de segurança nacional (1964-1978). Porto Alegre:UFRGS, 2009; DOBERSTEIN, Juliano M. As duas censuras do regime militar: o controle das diversões públicase da imprensa entre 1964 e 1978. Porto Alegre: UFRGS, 2007; GUAZZELLI, Dante G. A lei era a espada:atuação do advogado Eloar Guazzelli na Justiça Militar (1964-1979). Porto Alegre: UFRGS, 2011. OrientadorCesar A. B. Guazzelli: ROSA, Michele R. O pensamento de esquerda e a revista Civilização Brasileira (1965-1968). Porto Alegre: UFRGS, 2004; SOUZA, Hélder C. Os cartões de visita do Estado: a emissão de selospostais e a ditadura militar brasileiro. Porto Alegre: UFRGS, 2006; AGUIAR, José Fabiano G. C. de. “Yo vengo acantar por aquellos que cayeron": poesia política, engajamento e resistência na música popular uruguaia : ocancioneiro de Daniel Viglietti : 1967-1973. Porto Alegre: UFRGS, 2009; SIMÕES, Sílvia S.“Canto que ha sidovaliente siempre será canción nueva” : o cancioneiro de Víctor Jara e o golpe civil-militar no Chile. Porto Alegre:UFRGS, 2011. Orientadora Claudia Wasserman: BAUER, Caroline S. Avenida João Pessoa, 2050 – 3º. andar:terrorismo de Estado e ação de polícia política do Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande doSul (1964-1982). Porto Alegre: UFRGS, 2006; ARENHART, Davi R. Entre risos e prantos: as memórias acercada luta armada contra a ditadura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2011; BRASIL, Clarissa. O Bradode Alerta para o Despertar das Consciências: uma análise sobre o Comando de Caça aos Comunistas no Brasil,28

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