Violência e fanatismo: a dissolução do sujeito no grupo
Violência e fanatismo: a dissolução do sujeito no grupo
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4No “Mal-Estar...” é demonstra<strong>do</strong> o conflito a que o ser huma<strong>no</strong> é submeti<strong>do</strong>entre as exigências das suas pulsões e as restrições impostas pela civilização. Freudidentifica que os esforços <strong>do</strong> ser huma<strong>no</strong> perante a vida são para obter felicidade,portanto, sua força motriz seria o princípio <strong>do</strong> prazer. Sen<strong>do</strong> assim, surge umatendência a isolar <strong>do</strong> eu qualquer fonte de desprazer, e é através desta luta <strong>do</strong> homemcom o seu mun<strong>do</strong> exterior que se inicia um processo de diferenciação <strong>do</strong> eu com estemun<strong>do</strong> exter<strong>no</strong>, sen<strong>do</strong> introduzi<strong>do</strong> o principio de realidade <strong>no</strong> ser huma<strong>no</strong>, que virá aestruturar to<strong>do</strong> o seu desenvolvimento posterior. O princípio de realidade tem comoobjetivo, <strong>no</strong> seu duelo com o princípio <strong>do</strong> prazer, capacitar o ser huma<strong>no</strong> a construirdefesas que o protejam <strong>do</strong>s desprazeres provenientes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> exter<strong>no</strong>. Ten<strong>do</strong> em vistaestas forças que agem <strong>no</strong> ser huma<strong>no</strong> influencian<strong>do</strong> seu contato com o mun<strong>do</strong> exter<strong>no</strong>,Freud analisa acerca das relações sociais, caracterizan<strong>do</strong>-as como um <strong>do</strong>s aspectos dacivilização e capazes de restringir a liberdade individual, conseqüentemente geran<strong>do</strong> uminterminável conflito entre o ser huma<strong>no</strong> e a civilização.Só seria possível o desenvolvimento civilizatório se as pulsões não estivessem“livres”, <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> que os homens seriam regi<strong>do</strong>s por princípios e leis, o que osassegurariam de certa segurança, em troca de uma parcela de liberdade. Ao remontar omito de Totem e Tabu (1912), Freud deduz a universalidade de <strong>do</strong>is desejos recalca<strong>do</strong>s:o incesto e o desejo de matar o Pai, cuja expressão se apresenta <strong>no</strong> “Complexo deÉdipo”, e que <strong>no</strong>s leva a crer que estes, juntamente com o canibalismo, foram alvos dasprimeiras restrições à liberdade humana, sen<strong>do</strong> que a proibição <strong>do</strong> canibalismo já teriasi<strong>do</strong> internalizada, mas o incesto e o parricídio são temi<strong>do</strong>s pelos seres huma<strong>no</strong>ssomente à medida que há uma coerção externa, como apontou o autor em “Futuro deuma Ilusão” (1927, p.21). É em Totem e Tabu (1912) que Freud faz sua primeira grandesíntese sobre a questão da religião ao mesmo tempo em que interpreta as origens da