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Violência e fanatismo: a dissolução do sujeito no grupo

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10O sentimento de culpa, como Freud relata em “O Mal-Estar...” se estabeleceatravés da tensão entre o eu e supereu, que demanda <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong> uma necessidade depunição. Como se pode <strong>no</strong>tar, a <strong>no</strong>ção de sentimento de culpa só pode ser identificada apartir <strong>do</strong> reconhecimento <strong>do</strong> supereu, uma instância oriunda da introjeção daagressividade para o interior <strong>do</strong> próprio eu, e que atua sob a forma de consciência, comoum vigilante sobre as ações e as intenções <strong>do</strong> eu e julgá-las, exercen<strong>do</strong> a censura.Mas o sentimento de culpa também pode ser originário <strong>do</strong> me<strong>do</strong> de umaautoridade que foi instituída com o processo civilizatório, representan<strong>do</strong> a lei. Podemosinferir que o me<strong>do</strong> da autoridade é mais bran<strong>do</strong> que o me<strong>do</strong> <strong>do</strong> supereu, pois enquantoque a autoridade exige a renúncia das satisfações das pulsões, uma vez que estasinviabilizariam a organização social, o supereu é mais exigente. Além da renúncia àspulsões, ele demanda <strong>do</strong> eu uma punição, uma vez que os desejos proibi<strong>do</strong>s continuamexistentes dentro <strong>do</strong> <strong>sujeito</strong>, impulsiona<strong>do</strong>s permanentemente pelo princípio <strong>do</strong> prazer.Como bem pontuou Freud nesta obra, “a civilização, portanto, consegue, <strong>do</strong>minar operigoso desejo de agressão <strong>do</strong> indivíduo, enfraquecen<strong>do</strong>-o, desarman<strong>do</strong>-o eestabelecen<strong>do</strong> <strong>no</strong> seu interior um agente para cuidar dele, como uma guarnição numacidade conquistada”. Poderíamos, então, concluir que, de alguma forma e por razõesdistintas em cada caso, os fanáticos não conseguiram ter seus desejos de agressão<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pela civilização – utilizan<strong>do</strong> as palavras de Freud - já que não observamosneles uma renúncia das satisfações das pulsões de forma satisfatória para manter o laçosocial. Daí pode-se especular duas possibilidades: ou o supereu não esta cumprin<strong>do</strong> oseu papel de introjetar a agressividade para o interior <strong>do</strong> próprio eu, ou a tensãoestabelecida entre o eu e o supereu é de uma ordem insuportável para o <strong>sujeito</strong> que nãohá saída se não exteriorizá-la, culpar o outro por sua culpa, e punir o outro também porela.

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