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GRANITO DE PIAS

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1. Enquadramento geográficoNo Baixo Alentejo, na margem esquerda do Guadiana, entre Serpa e Moura, situa-se a vilaalentejana de Pias (coordenadas 38° 1′ 29″ N, 7° 28′ 47″ W). Pias é uma freguesia do concelhode Serpa, com 163,68 km² de área.2. Enquadramento geológicoA vila de Pias situa-se na região abrangida pela folha 8 da Carta Geológica de Portugal na escala1/200 000.Entre Marmelar e Pias ocorrem diversas manchas graníticas que constituem um único maciçoeruptivo. Das rochas magmáticas intrusivas que ocorrem na região, as que ocupam maior extensão,incluindo as zonas de Pias e Vale de Vargo, constituem o maciço intrusivo de Pias, designado porGranitos de Pias (Mendes, 1967-68; Pinto, 1985). O granito de Pias, faz parte do maciço eruptivo dePedrogão-Pias (Oliveira et al., 1992).As formações eruptivas resultam de intrusões de rochas magmáticas geradas a grandesprofundidades a partir do arrefecimento lento do magma, há milhões de anos. No seu contactometamorfizam as formações rochosas em seu redor.Esta intrusão magmática (o granito de Pias) trata-se de uma intrusão tardia pós tectónica. Foidatada na zona de Pedrogão (datação absoluta) com 305 M.A (milhões de anos) (Mendes, 1967-68;Pinto, 1985). Na notícia explicativa da folha 8 da Carta Geológica à escala 1/200 000, estes granitóides,teriam origem infracrustal, estando relacionados com a subducção que teria ocorrido no bordo SW(sudoeste) da ZOM (Zona da Ossa Morena), durante o Devónico-Carbónico.Fig.1– Representação esquemática do bordo sul da ZOM no Devónico, dominado por mecanismos de obducção e de Subdução(adaptado de Araújo et al, 2005).3


O maciço de Pias-Pedrogão, é incluído na parte da legenda do maciço de Beja, uma intrusãogranitóide (Granitos na legenda na figura 2.) que, segundo a notícia explicativa da folha 8, sedesenvolve, em grande parte, já fora dos limites do Maciço de Beja. (Costa, 2008).Fig. 2- Mapa geológico da região (Costa, 2008).4


3.Caracterização da amostra3.1-Descrição e classificação da rochaO granito biotítico de Pias, é uma rocha magmática intrusiva, de textura granular, com mineraisbem visíveis à vista desarmada, de cor clara, constituída por minerais como o quartzo, a biotite efeldspatos.Fig. 3- Granito biotítico de Pias, em amostra de mão.4.Caracterização do meio envolventeA zona envolvente de Pias é caracterizada por uma paisagem geológica típica de zonas em que aprincipal rocha existente é o granito ou granitóides. A paisagem geológica característica predominantena zona envolvente de Pias denomina-se “Caos de Blocos”, pelo seu aspecto caótico de origem natural,resultante de processos que resultam da erosão provocada na rocha granítica pela acção dos seres vivos,da temperatura e da água, originando blocos soltos ou penhas. Gentes de outrora chamaram-lhe “ORochedo” ou “O Cadeirão do Rei”, pelo seu aspecto ser similar como o próprio nome indica a rochedose a um cadeirão que servia para gentes repousarem da sua actividade pastorícia pelos camposverdejantes de primavera e amarelecidos de verão, desta terra tipicamente alentejana.Fig. 4 – “O Rochedo” – Caos de blocosFig. 5 – “O Cadeirão do Rei” – Caos de blocos5


Por entre o relevo de paisagem ondulante, interceptado por pequenos riachos, erguem-se aspequenas casas da vila de Pias, caiadas de branco para refrescar as gentes nos dias mais solarengos deverão, apenas interrompidas pela alta Torre do relógio.5.Valor patrimonialPias, terra de grandes costumes e tradições, poetas e pastores, histórias e cultura. Reza a história,segundo Borges, que a Igreja de Santa Luzia foi erguida em homenagem à referida Santa pelo facto depor ali terem passado cavaleiros, que cansados da viagem com os olhos queimados do sol e infectadospela poeira, fizeram uma paragem junto a uma nascente de água (daí o poço que lá existe) e lavaram osolhos. As suas melhoras foram de tal forma rápidas que Nuno Alvares Pereira (fundador e benfeitor dacomunidade carmelita) mandou erguer a capela em louvor de Santa Lúzia padroeira e santa milagrosadas doenças dos olhos.O ex-líbris geológico da vila de Pias, são os Granitos e a sua maravilhosa paisagem geológica, os“Caos de Blocos”. Com um relevo ondulante, de altos e baixos acentuados, Pias é uma vila alentejanaerguida em cima de granitos.Segundo Mira, a origem do nome da vila de "<strong>PIAS</strong>" deve-se ao facto de antigamente ter havidonesta zona a produção de manufacturas em granito, que eram extraídas das saliências rochosas e queeram utilizadas para dar de comer e beber aos animais.Segundo Borges e Mira, também era atribuído o nome de "<strong>PIAS</strong>" aos buracos que ficavam nasrochas após extraírem as mós (para os moinhos do Guadiana), as pias e as soleiras que no inverno seenchiam de água, formando autênticos bebedouros para animais. É nesta dupla acepção – pias objecto epias cova que deve estar a origem de seu topónimo. O desenvolvimento desta indústria e a suadiversificação levou a que muitos cabouqueiros se viessem a instalar nesta zona e em face da indústriapraticada, o nome do local se passasse a chamar de <strong>PIAS</strong> ou AS<strong>PIAS</strong>. Antigamente o aumento daprocura dos produtos extraídos das rochas graníticas locais levou os operários a fixarem-se no local dotrabalho e construírem aí as suas habitações.Do granito eram extraídos, as mós, os pesos e moinhos para os lagares romanos, as pedras daslareiras, soleiras para as portas das entradas de habitações, cilindros para compactar a brita das estradase cubos ou paralelepípedos para diversas calçadas do país.6


Com o tempo, outros produtos da concorrência surgiram e a exploração de granito em Piasentrou em crise.Segundo mira, no “Mapa das províncias de Portugal” de João Silvério Carpinetti Lisbonense,datado de 1762, Pias vem assinalada com localização sensivelmente certa à actual povoação emboracom o nome de Aspias.Fig. 5- Poço de Pias com uma pia construída em Granito.Fig. 6 – Calçadas das ruas de Pias.Fig. 7- Torre do relógio, ao lado:o que resultou da tentativa deconstrução de uma igreja.Fig. 8- Granito meteorizado, pela à acção física temperatura,dos seres vivos e da água.6. Interesse económicoNeste momento o interesse económico é baixo, outrora já foi elevado e bastante importante para estapovoação.7


7. Relação com o quotidianoO quotidiano é feito de marcas do passado, construções efectuadas por cima de granitos,arruamentos antigos e ornamentação em granito.Fig. 9 e 10 – Casas construídas por cima de rocha granítica. À esquerda uma das casas mais antigas da vila de Pias.Porém no que se refere ao património geológico o povo de Pias não conhece a sua origem, entãoé isso que pretendemos com este projecto, mostrar aos Pienses o valor do património geológico quepossuem na sua zona envolvente, nesta perspectiva “os cientistas em acção” continuarão este projectocom o desenvolvimento de actividades junto da comunidade escolar e população de Pias, de modo asensibilizar miúdos e graúdos não só para a preservação geológica da paisagem, mas para conhecimentogeral da história das suas gentes que outrora ali viveram entre caos de blocos e paisagens verdejantes deprimavera e amarelecidas de Verão.8. Bibliografia- Araújo, A., Fonseca, P. Munhá, J., Moita, P., Pedro, J., Ribeiro, A., 2005. The Moura PhylloniticComplex: An Accretionary Complex related with obduction in the Southern Iberia Variscan Suture.Geodinamica Acta 18/5, 375-388.- Borges, L., 1985. Monografia de Pias.- Costa, A., 2008. “Modelação Matemática dos Recursos Hídricos Subterrâneos da Região de Moura".Dissertação de mestrado. Instituto superior técnico, Lisboa.- Dias, R., Araújo, A., Terrinha, P. e Kullberg (Editores) (2006): Geologia de Portugal no contexto daIbéria. Univ. Évora, Évora, 418 p.- Dias, R., Coke, C. e Ribeiro, A., (2006): Da deformação na Serra do Marão ao zonamento doautóctone da zona Centro-Ibérica. Em: Geologia de Portugal no contexto da Ibéria (Dias, R., Araújo, A.,Terrinha, P. e Kullberg, J. Editores). Univ. Évora, Évora, 35-61.- Mendes, F. (1967/68). Contribution à l’étude géochronologique par le méthode de strontium desformations cristalines du Portugal. Bol. Mus. Lab. Min. Geol. Fac. Ciên. Univ. Lisboa, II, pp. 3-157.8


- Mira, F., 1990. Falar de Pias. Editorial Pendor, Évora.- Oliveira, J. T. (Coord.), Andrade, A. S., Antunes, M. T., Araújo, A., Castro, P., Carvalho, D.,Carvalhosa, A., Dias, R., Feio, m:, Fonseca, O., Martins, L.T.,- Manuppella, G., Marques, B., Munhá, J., Oliveira, V., Pais, J., Piçarra, J. M., Ramalho, M., Rocha, R.,Santos, J. F., Silva, J. B., Brum da Silveira, A., Zbyszewski, G. (1992). Carta Geológica de Portugal,escala 1:200.000, Folha 8, Serv. Geol. Port.,Lisboa., 91 p.- Pinto, M. S., 1985. Escala geocronológica e granittóides portugueses antecenozóicos: uma proposta.Mem. Not. Publ. Mus. Lab. Min. Geol. Univ. Coimbra, 99, pp. 157-166.- Schumann, W., 1992. Guia dos Minerais. 1.ª Edição. Editorial Presença, Lisboa.9

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