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DEDICO:À minha esposa Luzeli e meus pais Joanibe eIrac<strong>em</strong>a, pelo amor, confiança e todo apoiodedicado.iv


Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Difração de Raios-X doInstituto de Física “Gleb Wataghin” <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual de Campi<strong>na</strong>se <strong>na</strong> estação XRD1 do Laboratório Nacio<strong>na</strong>l de Luz Síncrotron, com oimportante auxílio fi<strong>na</strong>nceiro <strong>da</strong> CAPES e com o apoio <strong>da</strong> FAPESP e <strong>da</strong>FAEP/UNICAMP.v


Agradeço especialmente ao Prof. Dr. Lisandro Pavie Cardoso pelogrande auxílio <strong>na</strong> minha formação, pela sugestão do t<strong>em</strong>a depesquisa, pelos incentivos, discussões de resultados e sugestões nodecorrer deste trabalho e pela amizade durante este t<strong>em</strong>po.vi


AGRADECIMENTOSAo Prof. Dr. José Marcos Sasaki e ao Grupo de Difração de raios-X <strong>da</strong>Universi<strong>da</strong>de Federal do Ceará, pela amizade e por fornecer<strong>em</strong> as amostras de sal deRochelle utiliza<strong>da</strong>s neste trabalho.Ao Prof. Dr. Sérgio Gama e ao Grupo de Preparação e Caracterizaçãode Materiais (GPCM) do IFGW-UNICAMP, pela amizade, pelas amostras metálicasforneci<strong>da</strong> para esse trabalho e pela discussão dos resultados dos materiaismagnetocalóricos.Ao Prof. Dr. Flávio César Guimarães Gandra e ao Grupo de Metais eLigas (GML), pela amizade, grande aju<strong>da</strong> presta<strong>da</strong> <strong>na</strong> confecção do sist<strong>em</strong>a para controlede t<strong>em</strong>peratura usando o dispositivo Peltier e pela discussão dos resultados relacio<strong>na</strong>dosaos materiais magnetocalóricos.Ao Prof. Dr. Douglas Soares Galvão e ao Dr. Ro<strong>na</strong>ldo Giro, pelaenorme aju<strong>da</strong> <strong>na</strong> interpretação dos resultados relacio<strong>na</strong>dos ao cristal orgânico.Ao Dr. Luis Humberto Avanci, pela amizade e aju<strong>da</strong> <strong>na</strong> discussão dosresultados no cristal orgânico.Ao Prof. Dr. Kevin J. Roberts pelo convite e por possibilitar meuestágio (3 meses) <strong>na</strong> Universi<strong>da</strong>de de Leeds (Inglaterra), também pela amizade <strong>da</strong> suafamília.Ao Prof. Dr. John Neil Sherwood <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Strathclyde(Glasgow, Escócia) por ter fornecido os cristais orgânicos.Aos colegas do Laboratório de Difração de Raios-X, Re<strong>na</strong>ta, Thalita eAlan, pela aju<strong>da</strong>, amizade e apoio durante a execução deste trabalho.Ao José Alfredo Fraymann, pela incansável e s<strong>em</strong>pre constante aju<strong>da</strong>.Á CAPES pelo apoio fi<strong>na</strong>nceiro ao projeto.vii


ResumoComo primeira contribuição deste trabalho, as varreduras Renninger (VR) <strong>da</strong>difração múltipla de raios-X foram <strong>em</strong>prega<strong>da</strong>s no estudo <strong>da</strong> transição de fase estruturaldo Sal de Rochelle (monoclínica-ortorrômbica) induzi<strong>da</strong> por t<strong>em</strong>peratura. Devido aocaráter tridimensio<strong>na</strong>l e sensibili<strong>da</strong>de dessa técnica acompanhamos as deformações <strong>na</strong>célula unitária com a t<strong>em</strong>peratura, através do deslocamento dos picos secundários commaior sensibili<strong>da</strong>de. Foi possível determi<strong>na</strong>r os parâmetros de rede e simular ca<strong>da</strong> VRcom o programa UMWEG. Os picos secundários de 4-feixes ( 0 0 0 )( 10 0 0 )( 901 )( 101 ) e ( 0 0 0 )( 10 0 0 )( 032 )( 10 3 2 ) <strong>da</strong> fase ortorrômbica forammedidos <strong>na</strong> VR para 24ºC (T c ). Os coeficientes de expansão térmica do sal de Rochelletambém foram obtidos, e estão <strong>em</strong> bom acordo com a literatura. Como segun<strong>da</strong>contribuição, usamos a VR <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção precisa dos parâmetros de rede dos materiaismagnetocalóricos PrAl 2 , NdAl 2 e PrNi 5 . Impl<strong>em</strong>entamos uma roti<strong>na</strong> basea<strong>da</strong> <strong>na</strong>simulação <strong>da</strong> VR com o programa UMWEG, através <strong>da</strong> qual escolhe-se o comprimentode on<strong>da</strong> adequado para a medi<strong>da</strong> de picos secundários muito sensíveis à distorção <strong>na</strong>célula unitária. Na aplicação no caso do PrAl 2 usamos o caso de 4-feixes( 0 0 0 )( 0 0 6 )( 7 3 1 )( 7 3 7 ) com 2β=6.663(3)º e obtiv<strong>em</strong>os com grande precisãoa=8,03332(7)Å. O efeito de polimento mecânico <strong>na</strong> superfície dessa amostra foia<strong>na</strong>lisado pelo mapeamento <strong>da</strong>s reflexões de superfície (BSD) e o comportamentomosaico do cristal foi evidenciado. Nas outras medi<strong>da</strong>s, como utilizamos a mesmageometria <strong>da</strong> estação XRD1, não foi possível obter a melhor condição para a roti<strong>na</strong>apresenta<strong>da</strong>, mas foram obtidos para o NdAl 2 (a=7,9972(5)Å) e PrNi 5 (a=4,9590(8)Å ec=3,9794(5)Å) com boa precisão. Outra contribuição foi o estudo do efeito de campoelétrico no cristal orgânico MBANP através do monitoramento por curvas de rocking <strong>da</strong>reflexão ( 0 0 10 ). Observou-se uma histerese “asa de borboleta”, ain<strong>da</strong> não observa<strong>da</strong> <strong>em</strong>cristais orgânicos, e s<strong>em</strong> modelo para cristais monoclínicos. Cálculos usando mecânicaquântica para moléculas isola<strong>da</strong>s de MBANP mostram que as principais características <strong>da</strong>forma de histerese pod<strong>em</strong> ser explica<strong>da</strong>s <strong>em</strong> termos de mu<strong>da</strong>nças induzi<strong>da</strong>s pelo campoelétrico nos perfis de carga e <strong>na</strong> geometria de moléculas isola<strong>da</strong>s de MBANP.viii


AbstractAs the first contribution of this work, the Renninger scan (RS) of the X-raymultiple diffraction were used in the study of the Rochelle salt structural phase transition(monoclinic-orthorhombic) induced by t<strong>em</strong>perature. Due to its three-dimensio<strong>na</strong>l featureand sensitivity of the technique was possible to follow the unit cell deformations witht<strong>em</strong>perature, through the angular shifts of the most sensitive secon<strong>da</strong>ry peaks. We wereable to determine the lattice parameters as well as to simulate each RS by using theUMWEG program. The ( 0 0 0 )( 10 0 0 )( 901 )( 101 ) and( 0 0 0 )( 10 0 0 )( 032 )( 10 3 2 ) 4-beam peaks for the orthorhombic phase were measuredin the RS at 24ºC (T c ). Rochelle salt thermal expansion coefficients were also obtained ingood agre<strong>em</strong>ent with literature values. As the second contribution, we have also used theRS in the precise lattice parameter determi<strong>na</strong>tion of PrAl 2 , NdAl 2 and PrNi 5magnetocaloric materials. We have impl<strong>em</strong>ented a routine based on the RS simulation(UMWEG program), through which, one can choose the adequate wavelength to measurethe most sensitive secon<strong>da</strong>ry peaks to the unit cell variations. The application of thidmethod in the case of PrAl 2 , has allowed to measure the ( 0 0 0 )( 0 0 6 )( 7 3 1 )( 7 3 7 ) 4-beam case that presents 2β=6.663(3)º and hence, to determine a=8.03332(7)Å, with highprecision. PrAl 2 surface polishing effect was also a<strong>na</strong>lyzed by the secon<strong>da</strong>ry surface peak(BSD) mapping, through which, the crystal mosaic behavior was exhibited. For the othercrystals, the same LNLS geometry was used and the best condition to applying theroutine could not be obtained, however good precision lattice parameters were obtainedfor NdAl 2 (a=7.9972(5)Å) and PrNi 5 (a= 4.9590(8)Å and c= 3.9794(5)Å). Anothercontribution to the study of the electric field application in the MBANP organic crystalthrough the monitoring of ( 0 0 10 ) rocking curves was performed. It was observed a(butterfly wing) hysteresis, not yet observed for organic crystals and with no modelsuggested for monoclinic crystals. Quantum mechanical calculations on isolated MBANPmolecules show that the main features of the hysteresis shape can be explained in termsof field-induced changes in the charge profiles and geometry of isolated MBANPmolecules.ix


Trabalhos publicados durante a Tese de Doutorado"Piezoelectric Coefficients Of The L-arginine Hydrochloride Monohydrate Obtained ByX-ray Multiple Diffraction Using Synchrotron Radiation", J.M.A. Almei<strong>da</strong>, M.A.R.Miran<strong>da</strong>, C.M.R. R<strong>em</strong>édios, F.E.A. Melo, P.T.C. Freire, J.M. Sasaki, L.P. Cardoso, A.O.dos Santos and S. Kycia, J. Appl. Cryst. 36, 1348 (2003)"X-ray Multiple Diffraction as a Probe to Determine all Piezoelectric Coefficients of aCrystal: Rochelle Salt Case", A. O. dos Santos, L.P. Cardoso, J.M. Sasaki, M.A.R.Miran<strong>da</strong> and F. E. A. Melo, J. Phys: Cond. Matter. 15(46), 7835 (2003)"Synchrotron Radiation Multiple Diffraction in the Characterization of the PrAl 2magnetocaloric compound", A. O. dos Santos, J.C.P. Campoy, A. A. Coelho, S. Gamaand L.P. Cardoso, J.Magn. and Magnetic Materials 272, 2154 (2004)“Hysteresis-like behavior in MBANP crystals”A.O. dos Santos, L.H. Avanci, L.P. Cardoso, R. Giro, S.B. Legoas, D.S. Galvão and J.N.Sherwood, Cryst. Growth Des. 4 (5): 1079 (2004)“Magnetization and specific Heat in U 1-x La x Ga 2 and Magnetocaloric Effect in UGa 2 ”L.M. <strong>da</strong> Silva, F.G. Gandra, A.N. Medi<strong>na</strong>, A.O. dos Santos and L.P. Cardoso, J.Appl. Phys.97 (10): A10A921 (2005)“Structural and electroch<strong>em</strong>ical behaviour of tungsten oxide obtained by solid statereaction”, E.A. Souza, A.O. dos Santos, R. Landers, F. Cunha, M.A. Macêdo.Solid State Ionics 177, 697 (2006)."Structural and Magnetic Study of the MnAs Magnetocaloric Compound"F. C. Nascimento, A. O. dos Santos, A. de Campos, S. Gama and L. P. CardosoMaterials Research 9 (1), 111 (2006).x


Trabalhos apresentados <strong>em</strong> Conferências Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is"Synchrotron Radiation Multiple Diffraction in the Characterization of the PrAl 2magnetocaloric compound",A. O. dos Santos, J.C.P. Campoy, A. A. Coelho, S. Gama and L.P. Cardoso.Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Conference on Magnetism (ICM 2003), Roma, Itália, Julho/2003"Hysteresislike Behaviour in Organic MBANP Crystals"L. P. Cardoso, L. H. Avanci, A. O. dos Santos, R. Giro, S. B. Legoas,D. S. Galvão and J.N. Sherwood6 th Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Workshop on the Crystal; Growth of Organic Materials (CGOM-6),Glasgow, Escócia, agosto/2003“Magnetization and specific Heat in U 1-x La x Ga2 and Magnetocaloric Effect in UGa2”L. M. <strong>da</strong> Silva, F. G. Gandra, A. N. Medi<strong>na</strong>, A. O. dos Santos, L. P Cardoso49th Annual Magnetism & Magnetic Materials Conference, 2004, Jacksonville, Flori<strong>da</strong>,2004.“Synchrotron Radiation Renninger Scan in the study of T<strong>em</strong>perature induced RochelleSalt Phase Transition”A. O. dos Santos, R. V. Orloski, T. Chiaramonte, J. M. Sasaki, M A R Miran<strong>da</strong>, L. P.Cardoso.20th General Conference, Condensed Mater Division of the European Physical Society,2004, Prague.“Structural Characterization of The PrNi 5 Compound by X-Ray Multiple Diffraction”A. O. dos Santos, M. A. Mota, F. C. Nascimento, A. A. Coelho, S. Gama, L. P. Cardoso.20th General Conference Condensed Mater Division of the European Physical Society,2004, Prague.xi


“X-Ray Multiple Diffraction and Topographic Imaging for Characterization of Crystals”S. Caddick, X. Lai, C. Ma, K. J. Roberts, A. O. dos Santos, L. P. Cardoso, D. Bogg, M.C. Miller,2004 Annual Conference of the British Association for Crystal Growth, 2004,Leeds.“Investigation of the local magnetism at rare-earth sites in RAg (R = rare-earth)intermetallic compounds using perturbed gamma-gamma angular correlationspectroscopy”R. N. Saxe<strong>na</strong>, A W Carbo<strong>na</strong>ri, F H M Cavalcante, J. Mestnik Filho, L F D Pereira, A. J.A. Oliveira, P. E. N. De Souza, A. O. dos Santos.Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Nuclear Atlantic Conference , INAC2005, Santos, Brasil, 28 de agosto a 2de set<strong>em</strong>bro de 2005, 2005, Santos, SP. CD-ROM, 2005.“Structural study of phase transition induced by t<strong>em</strong>perature on the MnAs”F. C. Nascimento, A. O. dos Santos; A. de Campos, L. P. Cardoso, S. Gama,Comment Worldwide Congress on Materials and Manufacturing Engineering andTechnology, 2005, Gliwice-Wista, 2005."Magnetocaloric effect on U(Ga,M) 2 with M=Al, Ni, Pt, Ge and Co”.L. M. <strong>da</strong> Silva, A. O. dos Santos, L. P. Cardoso, F. G. Gandra,50th Annual Conference on Magnetism and Magnetic Materials, 2005, San Jose,California, 2005.Field-induced ferromagnetic ordering in Ce 2 NiSi 3 .L. M. <strong>da</strong> Silva, A. O. dos Santos, D. P. Rojas, A. N. Medi<strong>na</strong>, F. G. Gandra.50th Annual Conference on Magnetism and Magnetic Materials, 2005, San Jose,California, 2005.xii


SUMÁRIO1- INTRODUÇÃO...................................................................................................................................11.1- MATERIAIS FERROELÉTRICOS .................................................................................... 51.2- MATERIAIS FERROMAGNÉTICOS (MAGNETOCALÓRICOS).......................................... 61.3- OBJETIVO .................................................................................................................. 82- TEORIA ..............................................................................................................................................132.1- DIFRAÇÃO DE RAIOS-X ........................................................................................... 132.1.1- Método Rietveld............................................................................................... 162.2- DIFRAÇÃO MÚLTIPLA DE RAIOS-X.......................................................................... 202.2.1- Posição do pico secundário <strong>na</strong> Varredura Renninger .................................. 232.2.2-Modelo de cristal mosaico................................................................................ 272.2.3-Calculo <strong>da</strong> Intensi<strong>da</strong>de .................................................................................... 282.2.3-Casos Especiais <strong>na</strong> DM.................................................................................... 363- EXPERIMENTAL ..........................................................................................................................503.1- AMOSTRAS .............................................................................................................. 503.1.1- Sal de Rochelle................................................................................................ 503.1.2 - MBANP .......................................................................................................... 523.1.3- PrAl 2 e NdAl 2 ................................................................................................... 543.1.4- PrNi 5 ................................................................................................................ 553.2- DIFRAÇÃO MÚLTIPLA COM RADIAÇÃO SINCROTRON .............................................. 573.3- DIFRAÇÃO MÚLTIPLA COM RADIAÇÃO CONVENCIONAL ......................................... 593.4-ARRANJO EXPERIMENTAL PARA APLICAÇÃO DO CAMPO ELÉTRICO. ......................... 613.5-ARRANJO EXPERIMENTAL PARA VARIAÇÃO DE TEMPERATURA................................. 624- RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................................654.1- SAL DE ROCHELLE.................................................................................................. 654.2- MBANP.................................................................................................................. 804.3- MATERIAIS MAGNETOCALÓRICOS NdAl 2 E PrAl 2 .................................................... 894.4- PrNi 5 ..................................................................................................................... 1065- CONCLUSÕES ..............................................................................................................................1136- POSSÍVEIS EXTENSÕES DESTE TRABALHO ...........................................................116xiii


1- INTRODUÇÃO1- INTRODUÇÃOAs técnicas que usam a difração de raios-X são ferramentas essenciais para acaracterização de amostras cristali<strong>na</strong>s e são muito utiliza<strong>da</strong>s. Atualmente, exist<strong>em</strong> váriastécnicas não destrutivas de caracterização de materiais, entre elas as mais frequent<strong>em</strong>enteutiliza<strong>da</strong>s são a difração de raios-X de policristais [1] , a <strong>da</strong> topografia de raios-X simplesou com monocromador assimétrico [2] , curvas de rocking (varreduras ω) simétricas eassimétricas e varreduras com difratômetro de triplo eixo. A difração de policristais éaplica<strong>da</strong> nos materiais formados pela peque<strong>na</strong> agregação aleatória de cristalitos, ou seja,amostras policristali<strong>na</strong>s, as outras técnicas cita<strong>da</strong>s acima são <strong>em</strong>prega<strong>da</strong>s para o estudo d<strong>em</strong>ateriais sob a forma de monocristais.Dentre as técnicas cita<strong>da</strong>s, as curvas de rocking são essenciais <strong>na</strong> caracterização<strong>da</strong> perfeição cristali<strong>na</strong> de materiais monocristalinos [3-8] <strong>em</strong> que a largura à meia altura(FWHM) do pico de difração <strong>da</strong> curva de rocking dá informação direta <strong>da</strong> perfeiçãocristali<strong>na</strong> <strong>da</strong> amostra a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>. Quanto menor a FWHM mais perfeito é o monocristal. Atécnica também t<strong>em</strong> se mostrado uma ferramenta poderosa no estudo de cama<strong>da</strong>sepitaxiais s<strong>em</strong>icondutoras [9-11] , heteroestruturas [12-14] e super-redes [15,16] , pois a partirdessas varreduras, é possível obter parâmetros básicos como composição de cama<strong>da</strong>s,descasamento de parâmetros de rede, tensões e espessuras. Em compostoss<strong>em</strong>icondutores ternários e quaternários, onde o parâmetro de rede <strong>da</strong>s ligas estárelacio<strong>na</strong>do à sua composição, é possível determi<strong>na</strong>r variações nessa composição aolongo <strong>da</strong> espessura <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> [17-19] .As curvas de rocking também são importantes no estudo de deformações <strong>na</strong>estrutura cristali<strong>na</strong> causa<strong>da</strong>s por agentes externos como campo elétrico e pressão [20-22] .Estes estudos começaram após 1971 [23] a partir <strong>da</strong> determi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> deformação básicainduzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> um cristal piezelétrico de α-quartzo por um campo elétrico estático, eatravés dessa deformação, foi obtido o coeficiente piezelétrico para esse material. Algumt<strong>em</strong>po depois, <strong>em</strong> 1976 [24] , foram deriva<strong>da</strong>s as equações necessárias para a determi<strong>na</strong>çãodos coeficientes piezelétricos a partir de medi<strong>da</strong>s de difração de raios-X.1


1- INTRODUÇÃORecent<strong>em</strong>ente [25] , as curvas de rocking foram utiliza<strong>da</strong>s para estu<strong>da</strong>r a mu<strong>da</strong>nçaestrutural induzi<strong>da</strong> por campo elétrico <strong>em</strong> cristais de KDP(KH 2 PO 4 ) e DKDP(KD 2 PO 4 ).Os resultados obtidos estão de acordo com as mu<strong>da</strong>nças estruturais induzi<strong>da</strong>s port<strong>em</strong>peratura reporta<strong>da</strong>s <strong>na</strong> literatura. No entanto, a técnica que foi utiliza<strong>da</strong> permiteape<strong>na</strong>s obter informação unidimensio<strong>na</strong>l, <strong>na</strong> direção normal aos planos difratantes.Além dessas técnicas de difração de raios-X envolvendo ape<strong>na</strong>s 2-feixes, oincidente e o difratado, a difração múltipla de raios-X [26] (n-feixes) (DM), está sendo ca<strong>da</strong>vez mais utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong> caracterização de materiais monocristalinos, por seu grandepotencial e versatili<strong>da</strong>de. A sua grande precisão <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> de ângulos possibilita cálculosmais precisos de parâmetros de rede. Esse método foi aplicado pela primeira vez, ain<strong>da</strong><strong>em</strong> geometria pseudo Kossel usando feixe divergente, no diamante <strong>em</strong> 1947 [27] eposteriormente [28] <strong>em</strong> 1966, no silício e <strong>na</strong> incorporação de arsênico <strong>na</strong> rede do germânio.Um procedimento para a determi<strong>na</strong>ção de parâmetros de rede com precisão usando avarredura Renninger foi discutido <strong>em</strong> 1975 [29] .A DM v<strong>em</strong> sendo usa<strong>da</strong> por vários autores numa tentativa de solucio<strong>na</strong>r oconhecido “probl<strong>em</strong>a <strong>da</strong>s fases” <strong>em</strong> cristalografia. A informação <strong>da</strong> estrutura cristali<strong>na</strong>, arespeito <strong>da</strong> posição relativa dos átomos ou moléculas <strong>na</strong> célula unitária, está <strong>na</strong> amplitudee fase do fator de estrutura, grandeza que descreve a contribuição <strong>da</strong> célula unitária para oespalhamento. A intensi<strong>da</strong>de obti<strong>da</strong> <strong>em</strong> um experimento de difração de 2-feixes édetermi<strong>na</strong><strong>da</strong> pelo fator de estrutura multiplicado pelo seu complexo conjugado, perdendoseassim a informação sobre a fase. No fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 40 [30] , houve a sugestão <strong>da</strong>análise <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>na</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> um pico de Bragg, quando uma reflexão adicio<strong>na</strong>lé excita<strong>da</strong> simultaneamente, gerando o chamado caso de 3-feixes, um transmitido e doisdifratados, propagando-se no interior do cristal. Na DM, a intensi<strong>da</strong>de de reflexõesproibi<strong>da</strong>s ou fracas é aumenta<strong>da</strong> se uma segun<strong>da</strong> reflexão forte é excita<strong>da</strong>simultaneamente e se as duas reflexões Bragg são comparavelmente fortes, então ainteração dinâmica (coerente) dos campos de on<strong>da</strong> excitados causará mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong>intensi<strong>da</strong>de dos picos, principalmente devido a efeitos de interferência. Esse contraste deinterferência cont<strong>em</strong> informação <strong>da</strong> diferença de fase <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s. Devido a essa vantag<strong>em</strong><strong>da</strong> técnica, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70 a aplicação <strong>da</strong> difração múltipla no “probl<strong>em</strong>a <strong>da</strong>2


1- INTRODUÇÃOfase” começou realmente a ser explora<strong>da</strong> [31-34] . Atualmente vários pesquisadores utilizamsedos casos de 3-feixes <strong>da</strong> difração múltipla para determi<strong>na</strong>r a fase de cristais [35-37] .A DM está intimamente relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> à simetria <strong>da</strong> célula unitária, e é umatécnica que comprova<strong>da</strong>mente pode fornecer informação bi ou até mesmo tridimensio<strong>na</strong>l<strong>da</strong> rede a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>. A varredura de difração múltipla, ou simplesmente varreduraRenninger, exibe inúmeros picos secundários de difração, com ca<strong>da</strong> um deles carregandoinformações sobre uma direção no interior do cristal. Embora vincula<strong>da</strong>s à direçãoescolhi<strong>da</strong> como primária, a posição de ca<strong>da</strong> um desses picos secundários é basicamenteuma função dos parâmetros de rede do cristal. Devido a essas características, a técnicaapresenta uma inerente sensibili<strong>da</strong>de para detectar peque<strong>na</strong>s variações <strong>na</strong> rede cristali<strong>na</strong>,que são obti<strong>da</strong>s via mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong> posição dos picos secundários.Experiências recentes de difração múltipla de raios-X permitiram odesenvolvimento de um método para a determi<strong>na</strong>ção dos coeficientes piezelétricos decristais orgânicos para a ótica não linear mNA (meta-Nitroaniline) [38] e MBANP [(-)-2-(α-methylbenzylamino)-5-nitropyridine] [39] de boa quali<strong>da</strong>de cristali<strong>na</strong>, todos os 8coeficientes do sal de rochelle [40] e coeficientes do aminoácido L-Argini<strong>na</strong> hidroclorídricamonohidrata<strong>da</strong> [41] a partir de varreduras Renninger. Isto foi possível devido àscaracterísticas de sensibili<strong>da</strong>de e informação tridimensio<strong>na</strong>l sobre a rede a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>disponíveis nessa técnica. Dois resultados prelimi<strong>na</strong>res obtidos <strong>em</strong> nosso grupo depesquisa mostraram que a difração múltipla pode ser utiliza<strong>da</strong> como uma son<strong>da</strong> precisapara o estudo de transição de fase <strong>em</strong> monocristais. Em uma experiência foi utiliza<strong>da</strong> ageometria de feixe divergente <strong>em</strong> um cristal de K 2 SnCl 6 , e as imagens <strong>da</strong> condição dedifração de 6-feixes ( 0 0 0 )( 0 0 6 )( 2 2 2 )( 2 2 4)( 2 2 2)( 2 2 4) obti<strong>da</strong>s a t<strong>em</strong>peraturasabaixo e acima <strong>da</strong> transição evidenciou claramente as duas fases [42] . Em outraexperiência, <strong>na</strong> estação XRD1 do Laboratório Nacio<strong>na</strong>l de Luz Síncrotron (LNLS),realiza<strong>da</strong> com a aplicação de campo elétrico <strong>em</strong> amostras de KDP <strong>na</strong> direção do eixo-c(polar), conseguimos induzir uma modificação estrutural <strong>na</strong> rede desse cristal, observa<strong>da</strong>pela primeira vez numa varredura Renninger, para valores de campo variando até 6kV/cm. Acima desse valor, o cristal transitou para uma fase metaestável, pois aexperiência foi realiza<strong>da</strong> à t<strong>em</strong>peratura ambiente [43] .3


1- INTRODUÇÃOA DM apresenta casos de feixes secundários difratados sob condições deextr<strong>em</strong>a assimetria, <strong>em</strong> que esses feixes são difratados paralelamente aos planosprimários, e são chamados de feixes secundários de superfície, ou Difração Bragg-Superfície (BSD) [44] . Eles fornec<strong>em</strong> informação sobre a cristalini<strong>da</strong>de <strong>na</strong> superfície <strong>da</strong>samostras [45] ou mesmo sobre as interfaces <strong>em</strong> estruturas heteroepitaxiais [46-48] . Omapeamento dos picos BSD, <strong>em</strong> outras palavras, o mapeamento <strong>da</strong> exata condição doespalhamento de três feixes, é utilizado para avaliar a perfeição cristali<strong>na</strong> dos materiais, etambém obter informação do tipo ou regime de espalhamento múltiplo que ocorre dentro<strong>da</strong> amostra a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, cin<strong>em</strong>ático (incoerente) ou dinâmico (coerente). Isso permitecaracterizar a amostra dentro do modelo de amostra imperfeita (blocos mosaicos) ouquase perfeita (grandes regiões perfeitas difratantes) [49] .A partir do tratamento usado para o cálculo <strong>da</strong>s intensi<strong>da</strong>des dos feixessecundários <strong>da</strong> difração múltipla de neutrons por um monocristal [50,51] , através de umsist<strong>em</strong>a de equações diferenciais acopla<strong>da</strong>s, foram desenvolvidos programas para asimulação de varreduras Renninger como MULTI [52] , MULTX [53] e UMWEG [54] . Noprograma MULTI as intensi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s varreduras Renninger, obti<strong>da</strong>s com nêutrons, sãocalcula<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> fórmula de recorrência desenvolvi<strong>da</strong> no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70 [55]que utiliza o cálculo iterativo dessas intensi<strong>da</strong>des multiplamente difrata<strong>da</strong>s. O MULTIinicialmente foi utilizado para a análise estrutural detalha<strong>da</strong> <strong>da</strong>s fases α e β do quartzo,com resultados bastante satisfatórios [56] . O programa MULTX é uma impl<strong>em</strong>entação doprograma MULTI de forma a permitir a simulação de diagramas Renninger utilizandoraios-X. Ele foi aplicado <strong>na</strong> análise de cama<strong>da</strong>s epitaxiais s<strong>em</strong>icondutorasquaternárias [53,57,58] . O programa UMWEG v<strong>em</strong> sendo desenvolvido e impl<strong>em</strong>entadodesde 1986, e hoje é o programa mais atualizado para simulação desses diagramas comraios-X e radiação síncrotron, e que permite uma grande versatili<strong>da</strong>de, e por isso, é degrande utili<strong>da</strong>de <strong>na</strong>s pesquisas com a técnica de difração múltipla [59-62] .Neste trabalho utilizar<strong>em</strong>os as técnicas de difração de raios-X de 2 e n-feixespara o estudo de materiais monocristalinos ferroelétricos e também <strong>na</strong> caracterizaçãoestrutural de materiais monocristalinos ferromagnéticos que apresentam o efeitomagnetocalórico.4


1- INTRODUÇÃO1.1- Materiais ferroelétricosDesde a sua descoberta, <strong>na</strong> déca<strong>da</strong> de 40, os materiais ferroelétricos têm sidoamplamente estu<strong>da</strong>dos pelas inúmeras possibili<strong>da</strong>des de utilização <strong>na</strong> indústria eletroeletrônica,principalmente como sensores e atuadores [63,64] .Nos materiais ferroelétricos as proprie<strong>da</strong>des termodinâmicas incluindodielétricas, elásticas, ópticas e constantes térmicas, mostram consideráveis anomaliaspara t<strong>em</strong>peraturas próximas de uma t<strong>em</strong>peratura de transição de fase, que é chama<strong>da</strong> deponto de Curie (Tc). Um dispositivo constituído de alguns desses materiais pode exibirfortes efeitos não lineares. Proprie<strong>da</strong>des não lineares de materiais são de grandeimportância tanto pelas suas aplicações práticas [65] como nos probl<strong>em</strong>as relacio<strong>na</strong>dos comas transições de fase [66, 67] . Exist<strong>em</strong> poucas informações a respeito <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des nãolineares de materiais, principalmente aquelas próximas à t<strong>em</strong>peratura de transição. Isto sedeve as dificul<strong>da</strong>des experimentais causa<strong>da</strong>s pelo fato de que muitas <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des(elásticas, dielétricas, piezelétrica, eletrostitiva, etc.) pod<strong>em</strong> apresentar variações fora docomportamento linear <strong>na</strong>quelas t<strong>em</strong>peraturas, que são responsáveis pelos efeitos nãolineares observados. Recent<strong>em</strong>ente [68] , foi observado um comportamento tipo histerese<strong>na</strong>s distorções <strong>da</strong> célula unitária <strong>em</strong> cristais orgânicos mNA, quando submetidos à açãode campo elétrico externo. A histerese foi explica<strong>da</strong> <strong>em</strong> termos <strong>da</strong>s modificaçõesocorri<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s proprie<strong>da</strong>des de carga (aceitador-doador) <strong>da</strong>s moléculas isola<strong>da</strong>s de mNA.O estudo <strong>da</strong>s transições de fase estruturais constitui um campo muito ativo <strong>na</strong>Física do Estado Sólido, e várias <strong>da</strong>s técnicas de espectroscopia [69,70] usa<strong>da</strong>s parapesquisar estes fenômenos contribu<strong>em</strong> para o entendimento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças de faseestruturais <strong>em</strong> sólidos. O mecanismo <strong>da</strong>s transições envolve distorções <strong>da</strong> rede que, àsvezes, coincid<strong>em</strong> com deformações homogêneas, que pod<strong>em</strong> ser produzi<strong>da</strong>sexter<strong>na</strong>mente com variação <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura, aplicação de pressão hidrostática, pressãouniaxial ou campo elétrico estático <strong>em</strong> direções preferenciais. Conseqüent<strong>em</strong>ente, muitasinformações pod<strong>em</strong> ser obti<strong>da</strong>s sobre os materiais ferroelétricos estu<strong>da</strong>ndo-se a transiçãode fase <strong>em</strong> função <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura utilizando, por ex<strong>em</strong>plo, as técnicas de difração deraios-X.5


1- INTRODUÇÃOÉ <strong>na</strong> interpretação dessas modificações estruturais, com variação de t<strong>em</strong>peraturaou aplicação de um campo elétrico externo, que decidimos utilizar técnicas de difração deraios-X de alta resolução como curva de rocking e difração múltipla de raios-X, para oestudo dos materiais ferroelétricos Sal de Rochelle e MBANP.O sal de Rochelle é um cristal ferroelétrico b<strong>em</strong> conhecido [71-74] , que apresentauma transição estrutural (monoclínica-ortorrômbica) próxima à t<strong>em</strong>peratura ambiente(24ºC). Conhecendo o potencial <strong>da</strong> DM para o estudo de peque<strong>na</strong>s deformações <strong>na</strong> redevia picos secundários e a capaci<strong>da</strong>de de gerar informação tridimensio<strong>na</strong>l sobre a redea<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, decidimos usar a varredura Renninger, pela primeira vez, para estu<strong>da</strong>r ofenômeno de transição de fase estrutural induzi<strong>da</strong> por variação de t<strong>em</strong>peratura,monitorando a transição do sal de Rochelle.Já o MBANP é um cristal orgânico ferroelétrico, intensivamente estu<strong>da</strong>dodevido às suas características: de crescimento [75] , óptica [76] , óptica não linear [77] , eletroóptica [78] , elástica e piezelétrica [38] . Nesse cristal estu<strong>da</strong>r<strong>em</strong>os o efeito <strong>da</strong> aplicação de umcampo elétrico externo paralelo ao eixo polar do cristal, usando as curvas de rockingcomo ferramenta.1.2- Materiais Ferromagnéticos (Magnetocalóricos)Os compostos intermetálicos que se orde<strong>na</strong>m magneticamente pod<strong>em</strong> tambémapresentar um efeito conhecido como efeito magnetocalórico(EMC) [79] . O EMCcorresponde a uma variação de t<strong>em</strong>peratura que é observa<strong>da</strong> quando um corpomagneticamente orde<strong>na</strong>do sofre uma variação <strong>na</strong> sua magnetização, ao se variar o campomagnético aplicado [80] . Se a magnetização é aumenta<strong>da</strong> adiabaticamente, a entropia docorpo diminui devido ao orde<strong>na</strong>mento dos spins (mantendo constante a entropia total), e at<strong>em</strong>peratura então aumenta. Inversamente, se a magnetização é diminuí<strong>da</strong> ou reduzi<strong>da</strong> azero adiabaticamente, a entropia magnética aumenta e a t<strong>em</strong>peratura do corpodiminui [81,82] .6


1- INTRODUÇÃOO estudo dos materiais que apresentam o EMC é importante, pois há uminteresse tecnológico muito grande nesses materiais devido à possibili<strong>da</strong>de concreta desua utilização <strong>na</strong> construção de refrigeradores magnéticos englobando um amplointervalo de t<strong>em</strong>peratura, desde a t<strong>em</strong>peratura ambiente até valores criogênicos, commaior eficiência que os processos atuais, e s<strong>em</strong> o uso de substâncias que agrid<strong>em</strong> o meioambiente.O efeito magnetocalórico é um efeito intrínseco de todos os materiaismagnéticos e é devido ao acoplamento entre a rede magnética e cristali<strong>na</strong> com o campoexterno [83] . Por isso, é essencial a caracterização estrutural de compostos que exib<strong>em</strong> esseefeito.Os compostos à base de terra rara (PrAl 2 , NdAl 2 e PrNi 5 ), têm sido muitoinvestigados atualmente devido à varie<strong>da</strong>de de proprie<strong>da</strong>des físicas interessantes queexib<strong>em</strong>, como efeito magnetocalórico, efeito de campo cristalino e efeitomagnetoelástico [84,85] .Esses compostos intermetálicos monocristalinos serão caracterizadosestruturalmente, pela primeira vez, usando técnicas de difração de raios-X de altaresolução (curvas de rocking e difração múltipla de raios-X).7


1- INTRODUÇÃO1.3- ObjetivoNeste trabalho pretend<strong>em</strong>os utilizar a difração múltipla de raios-X, pelaprimeira vez, no estudo <strong>da</strong> transição de fase estrutural (monoclínica - ortorrômbica) dosal de Rochelle com a t<strong>em</strong>peratura, via varreduras Renninger. Assim, vamos contribuircom o desenvolvimento dessa técnica, para que ela possa atuar como uma ver<strong>da</strong>deiramicrosson<strong>da</strong> de precisão no estudo de monocristais.Além disso, vamos simular a transição usando o programa UMWEG. Esseprograma também será fun<strong>da</strong>mental para a escolha adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s reflexões secundárias<strong>da</strong> difração múltipla dos compostos magnetocalóricos RAl 2 e PrNi 5 , de forma a permitir adetermi<strong>na</strong>ção dos parâmetros de célula unitária com precisão, b<strong>em</strong> como, a análise decristalini<strong>da</strong>de <strong>na</strong> superfície <strong>da</strong>s amostras e o regime de espalhamento através domapeamento dos casos Bragg-Superfície MBSD.Fi<strong>na</strong>lmente, pretend<strong>em</strong>os também utilizar a difração de raios-X no caso de 2feixes (curvas de rocking) para o estudo do efeito de campo elétrico aplicadoexter<strong>na</strong>mente no cristal orgânico MBANP para a ótica não linear.8


1- INTRODUÇÃOReferências Bibliográficas do Capítulo 1[1] B. E. Warren, <strong>em</strong> “X-Ray Diffraction” (Dover Publications, Inc., New York, 1990).[2] B. K. Tanner, <strong>em</strong> “X-Ray Diffraction Topography” (Pergamon, Oxford 1977).[3] L. C. Chang, T. A. Read and M. S. Wechsler , Acta Cryst. 6, 567 (1953).[4] P. I. Nabokin, D. Souptel e A. M. Balbashov, J. Cryst. Growth 250, 397 (2003).[5] M. Halliwell, Progress in crystal Growth and Characterisation 19, 249 (1989).[6] A. K. Garg, M. Srivastava, R. C. Narula, R. K. Bagai and V. Kumar, J. Cryst. Growth260, 148 (2004)[7] W. Ge, H. Zhang, J. Wang, J. Liu, X. Xu, X. Hu, J. Li, M. Jiang, J. Cryst. Growth270, 582 (2004).[8] H. Sumiya, N. To<strong>da</strong>, Y. Nishibayashi , S. Satoh, J. Cryst. Growth 178, 485 (1997).[9] L. Tapfer and K. Ploog. Phys. Rev. B40, 9802 (1989).[10] K. Kamigaki, H. Sakashita, H. Kato, M. Nakayama, N. Sano e H. Terauchi, Appl.Phys. Lett. 49 (17), 1071 (1986).[11] M. Fat<strong>em</strong>i, Appl. Phys. Lett. 80(6), 935 (2002).[12] P. Velling. Compound S<strong>em</strong>iconductor 8, 45 (2002).[13] M. J. Hafich, H. Y. Lee, and G. Y. Robinson, D. Li e N. Otsuka, J. Appl. Phys. 69(2), 752 (1991)[14] D. J. Towner, J. Ni, T. J. Marks e B. W. Wessels, J. Cryst. Growth 255 ,107 (2003).[15] V. Adivarahan, W. H. Sun, A. Chitnis, M. Shatalov, S. Wu, H. P. Maruska, and M.Asif Khan, Appl. Phys. Lett. 85(12), 2175 (2004)[16] M. C. Shrivastava e S. Swami<strong>na</strong>than, S<strong>em</strong>icond. Sci. Technol. 4(6): 495 (1989).[17] M. Sacilotti, L. Horiuchi, J. Decobert, M. J. Brasil, L. P. Cardoso, P. Ossart, & J. D.Ganière, J. Appl. Phys. 71(1), 179 (1992).[18] C. R. Wie, J. Appl. Phys. 66(2), 985 (1989).[19] W. J. Bartels & W. Nijman, J. Cryst. Growth 44, 518 (1978).[20] M. T. Sebastian, H. Klapper e R. J. Bolt, J. Appl. Cryst. 25, 274 (1992)[21] K. Stahl, A. Kvick e S. C. Abrahams, Acta Cryst. A46, 478 (1990)[22] G M Meyer, R J Nelmes and C Vettier, J. Phys. C: Solid State Phys. 13, 4035 (1980).9


1- INTRODUÇÃO[23] A.S. Bhalla, D.N. Bose, E.W. White and L.E. Cross, Physica Status Solid 7(a), 335(1971).[24] Gerald R. Barsch, Acta Cryst. A32, 575 (1976).[25] S.J. Van Reuwijk, A. Puig-Molin and H. Graafsma, Phys. Rev. B62, Nº 10, 6192-6197 (2000).[26] M. Renninger, Z. Kristallogr. 106, 141 (1937).[27] K. Lons<strong>da</strong>le, Philos. Trans. A240, 219 (1947).[28] B. J. Isherwood & C. A. Wallace, Nature 212, 173 (1966).[29] B. Post, J. Appl. Cryst. 8, 452 (1975)[30] W. N. Lipscomb, Acta Cryst. 2, 193 (1949).[31] R. Colella, Acta Cryst. A31, 155 (1975).[32] B. Post, Acta Cryst. A31, 153 (1975).[33] S. L. Chang and F.-S. Han, Acta Cryst. A38, 414 (1982).[34] S. L. Chang Acta Cryst. A38, 516 (1982).[35] S. L. Morelhão, Acta Cryst. A59, 470 (2003).[36] G. Thorkildsen, H. B. Larsen, E. Weckert, F. Mo e D. S<strong>em</strong>mingsen, Acta Cryst.A61, 460 (2005).[37] S.L. Morelhão and S Kycia, Phys. Rev. Lett. 89, 015501 (2002)[38] L.H. Avanci,. L.P. Cardoso, J.M. Sasaki, S.E. Girdwood, K.J. Roberts,. D. Pugh,J.N. Sherwood, Physical Review B61(10), 6506 (2000).[39] L.H. Avanci, L.P. Cardoso, S. E. Girdwood, D. Pugh, J.N. Sherwood and K.J.Roberts, Phys. Rev. Lett. 81(24), 5426-5429 (1998).[40] A.O. dos Santos, L.P. Cardoso, J.M. Sasaki, M.A.R. Miran<strong>da</strong> and F. E. A. Melo, J.Phys. Cond. Matter 15, 7835 (2003).[41] J.M.A. Almei<strong>da</strong>, M.A.R. Miran<strong>da</strong>, C.M.R. R<strong>em</strong>édios, FEA Melo, P.T.C. Freire, J.M.Sasaki, L.P. Cardoso, A.O. dos Santos and S. Kycia, J. Appl. Cryst. 36, 1348 (2003)[42] Campos C & d'Aguiar Neto M F, Acta Cryst. A43, C223 (1987)[43] A.O. dos Santos, R.V. Gelamo, L. P. Cardoso, M. A. R. Miran<strong>da</strong>, M. A.M.Nogueira, C. M. R. R<strong>em</strong>édios, F.E.A. Melo, J.M. Sasaki, L.H. Avanci and S.L.Morelhão, Materials Research 4(1), 43 (2001).10


1- INTRODUÇÃO[44] S.L. Chang: Multiple Diffraction of X-Rays in Crystals, Springer Ser. Solid-StateSci., Vol. 50 (Springer, Berlin, Heidelberg, New York 1984).[45] S.L. Morelhão and L.P. Cardoso, J. Appl. Phys. 73(9), 4218 (1993).[46] S.L. Morelhão, L.P. Cardoso, J.M. Sasaki and M.M.G. de Carvalho, J. Appl. Phys.70 (5), 2589 (1991).[47] S.L. Morelhão and L.P. Cardoso, Sol. State Comm. 88(6), 465 (1993).[48] M.A. Hayashi,S.L. Morelhão, L.H. Avanci, L.P. Cardoso, J.M. Sasaki, L.C. Kretlyand S.L. Chang, Appl. Phys. Lett. 71(18), 2614 (1997)[49] S.L. Morelhão and L.P. Cardoso, J. Appl. Cryst., 29, 446 (1996).[50] R. M. Moon & C. G. Shull, Acta Cryst. 17, 805 (1964).[51] S. Caticha-Ellis, Acta Cryst. A25, 666 (1969).[52] C.B.R. Parente, V. L. Mazzocchi & F. J. L. Pimentel, J. Appl. Cryst. 27, 463 (1994).[53] C. A. B. Salles <strong>da</strong> Costa, L. P. Cardoso, V. L. Mazzocchi & C. B. R. Parente, J.Appl. Cryst. 25, 366 (1992).[54] E. Rossmanith, Acta Cryst. A42, 344 (1964).[55] C.B.R. Parente & S. Caticha-Ellis, Jpn. J. Appl. Phys. 13, 1501 (1974).[56] V. L. Mazzocchi, Tese de Mestrado, IPEN-CNEN. 1984[57] J. M. Sasaki, L. P. Cardoso, C. Campos, K. J. Roberts, G. F. Clark, E. Pantos & M.A. Sacilotti, J. Appl. Cryst. 29, 325 (1996).[58] J.M.Sasaki, L.P. Cardoso, C. Campos, K.J. Roberts, G. F. Clark, E. Pantos & M.A.Sacilotti, J. Cryst. Growth 172, 284 (1997).[59] E. Rossmanith, J. Appl. Cryst. 32, 355 (1999).[60] E. Rossmanith, J. Appl. Cryst. 33, 330 (2000).[61] E. Rossmanith, J. Appl. Cryst. 36, 1467 (2003).[62] E. Rossmanith, J. Appl. Cryst. 37, 493 (2004)[63] J.F. Scott , Ferroelectric M<strong>em</strong>ories (Springer, Berlin, 2000).[64] Y. Xu, Ferroelectric Materials and their Applications, Amster<strong>da</strong>m, North-Holland,(1991).[65] A.K. Gonguly and K.A. Davis, J. Appl. Phys. 51, 920 (1980).11


1- INTRODUÇÃO[66] N.P. Zagrai, L.K. Zar<strong>em</strong>bo, N.R. Ivanov, O. Yu. Serdobolskaya and L.A. Shuvolov,Kristallografiya 25, 787 (1980).[67] G. Sorge, H. Beige and C. Schending, Ferroelectrics 41, 51 (1982).[68] L.H. Avanci, R.S. Braga, L.P. Cardoso, D.S. Galvão and J.N. Sherwood, Phys. Rev.Lett. 83(24), 5146 (1999).[69] M.E. Lines and A.M. Glass, Principles and Applications of Ferroelectrics andRelated Materials (Claredon, Oxford, 1977).[70] J.F. Scott, Rev. Mod. Phys. 46, n1,83 (1974).[71] Cady, W. G., Piezoeletricity, Dover Pub. Inc. N. York, 1946, ed. Rev. 1964[72] E. Suzuki, A. Amamo, R.Nozaki and Y. Shiozaki, Ferroelectrics 152, 385 (1994).[73] A. C. Beevers and W. Hughes, Proc. Roy. Soc. A117, 251 (1941).[74] “Special Issue on Piezoelectricity”, Ferroelectrics 40 (3-4) up to 43(1-2), (1982).[75] J. N. Sherwood, in Organic Materials for Nonlinear Optics, edited by D. Bloor andR. A. Harm (Royal Society of Ch<strong>em</strong>istry, Kent, UK) 69, 71 (1989).[76] R. T. Bailey, F. R. Cruickshank, P. Pavlides, D. Pugh, J. N. Sherwood, J. Phy. D-Applied Physics 24 (2): 135 (1991)[77] R. T. Bailey, F. R. Cruickshank, S. M. G. Guthrie, B. J. McArdle, H. Morrison, D.Pugh, E. E. A. Shepherd, J. N. Sherwood, C. S. Yoon, R. Kashyap, B. K. Nayar, andK. I. White, Opt. Commun. 65, 229 (1988).[78] R.T. Bailey, F.R. Cruickshank, D. Pugh, and J.N. Sherwood, Acta Cryst. A47, 145(1991).[79] E. Warburg, Ann. Phys. 13 (1881) 141.[80] V.K. Pecharsky, K.A. Gschneidner Jr., J. Magn. Magn. Mater. 200, 44 (1999).[81] Songlin, Dagula, O. Tegus, E Bruck, JCP Klaasse, FR de Boer, KHJ Buschow,Jour<strong>na</strong>l of Alloys and Compounds 334, 249 (2002).[82] Y Sun, MB Salamon, SH Chun, J. Appl. Phys. 92 (6), 3235(2002)[83] V. K. Pecharsky and K. A. Gschneidner, Appl. Phys. Lett. 70, 3299 (1997).[84] A M Tishin, Handbook of Magnetic Materials, ed. Buschow K H J, 395 (1999)[85] PJ von Ranke Perlingeiro, V K Pecharsky, K A Gschneidner , Phys. Rev. B58,12110 (1998).12


2-TEORIA2- TEORIAA ocorrência do fenômeno de difração depende de aspectos geométricos docristal, isto é, <strong>da</strong> rede cristali<strong>na</strong>, e <strong>da</strong> disposição relativa do cristal com respeito à radiaçãoincidente. Esses fatores geométricos são as distâncias interatômicas, o grupo espacial quecaracteriza a simetria do cristal e o comprimento de on<strong>da</strong> <strong>da</strong> radiação incidente. Nestecapítulo são descritas as bases <strong>da</strong> difração de raios-X e <strong>da</strong> difração múltipla de Raios-X.2.1- Difração de Raios-XDifração é um fenômeno que ocorre com as on<strong>da</strong>s quando elas passam por umorifício ou contor<strong>na</strong>m um objeto cuja dimensão é <strong>da</strong> mesma ord<strong>em</strong> de grandeza que o seucomprimento de on<strong>da</strong>. Por volta de 1912, Max Von Laue concebeu a possibili<strong>da</strong>de derealizar difração de raios X, utilizando uma estrutura cristali<strong>na</strong> como rede de difraçãotridimensio<strong>na</strong>l. As primeiras experiências foram realiza<strong>da</strong>s por dois alunos de Laue,Walter Friedrich e Paul Knipping. Um ano depois, William Henry Bragg [1] apresentouuma explicação simples para os feixes de raios-X difratados por um cristal. Ele supôs queas on<strong>da</strong>s incidentes são refleti<strong>da</strong>s especularmente (o ângulo de incidência é igual aoângulo de reflexão) por planos paralelos de átomos no interior do cristal, sendo que ca<strong>da</strong>plano reflete somente uma peque<strong>na</strong> fração <strong>da</strong> radiação. Os feixes difratados são formadosquando as reflexões provenientes dos planos paralelos de átomos produz<strong>em</strong> interferênciaconstrutiva. Os planos paralelos <strong>da</strong> rede são separados por uma distância interpla<strong>na</strong>r d,como indicado <strong>na</strong> Figura 1.13


2-TEORIAFigura 1 – Representação <strong>da</strong> difração de Raios-X por dois planos paralelos de átomosseparados por uma distancia d.A diferença de caminho para os feixes incidente e difratado é 2d senθ, onde θ é oângulo medido a partir do plano de átomos. A interferência construtiva <strong>da</strong> radiaçãoproveniente de planos sucessivos ocorre quando a diferença de caminho for igual a umnúmero inteiro de comprimentos de on<strong>da</strong> (λ), escrita como2 d hksenθ = nλ , (1)lequação que representa a lei de Bragg, com dhkl= 1/| Hhkl| , onde h, k e l são os índicesrrvrr ∗ ∗ v ∗r b × c r r r∗∗ c × ade Miller, H hk l= ha + kb + lcé o vetor de difração, a = , b = eV Vr vr ∗ a × br r rc = são os vetores recíprocos <strong>da</strong> rede cristali<strong>na</strong> e V = a.( b × c)é o volume <strong>da</strong>Vcélula unitária.14


2-TEORIAA lei de Bragg é, portanto, uma conseqüência direta <strong>da</strong> periodici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> redecristali<strong>na</strong>.A lei de Bragg pode ser visualiza<strong>da</strong> de uma maneira simples e fácil, através <strong>da</strong>esfera <strong>da</strong>s reflexões, também chama<strong>da</strong> de esfera de Ewald (esfera no espaço recíproco deraio igual a 1/λ). A difração de um feixe de raios-X incidente sobre um conjunto deplanos cristalográficos de um cristal, que chamar<strong>em</strong>os de primários (h 0 , k 0 , l 0 ), érepresenta<strong>da</strong> <strong>na</strong> Figura 2. Ela mostra que um vetor primário H v0é o vetor com sua orig<strong>em</strong><strong>na</strong> orig<strong>em</strong> <strong>da</strong> rede recíproca (000) e extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong>de no nó primário (h 0 , k 0 , l 0 ). S<strong>em</strong>pre quedois nós <strong>da</strong> rede recíproca estiver<strong>em</strong> tocando a esfera de Ewald simultaneamente, vãodefinir um vetor que é normal aos planos difratantes, assim como um feixe difratado. Nocaso descrito, são definidos o vetor recíproco primário e o feixe primário.FeixeincidenteFeixeprimário(h 0 ,k 0 ,l 0 )H 0esfera deEwald(0,0,0)Figura 2 – Representação <strong>da</strong> difração de Raios-X no espaço recíproco (caso de difraçãode dois feixes, incidente e primário).15


2-TEORIAA difração de raios-X é muito utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong> caracterização de amostrasmonocristali<strong>na</strong>s ou policristali<strong>na</strong>s. No caso <strong>da</strong>s monocristali<strong>na</strong>s, normalmente elas sãoa<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s através de curvas de Rocking, topografia de raios-X (reflexão e transmissão),difração múltipla de raios-X, dentre as várias técnicas disponíveis. Com relação àspolicristali<strong>na</strong>s, geralmente a difratometria de policristais fornece as informaçõesnecessárias às suas caracterizações. Nesse método, o feixe de raios-X incide sobre aamostra <strong>na</strong> forma de pó (considerando que a distribuição dos cristalitos é aleatória) e umfeixe será difratado pelos cristalitos, que estão orientados de forma a difratar o feixeincidente. O feixe incidente forma um ângulo θ com os planos atômicos difratantes e 2θcom o detector (satisfazendo a lei de Bragg). O registro <strong>da</strong>s intensi<strong>da</strong>des difrata<strong>da</strong>scoleta<strong>da</strong>s pelo detector corresponde a um difratograma de raios-X <strong>da</strong> amostra erepresenta uma “impressão digital” dela. A análise dos difratogramas obtidos comcondições adequa<strong>da</strong>s, através do método desenvolvido por Hugo Rietveld [2] , podefornecer informações estruturais de grande importância para o estudo de materiaiscristalinos, <strong>em</strong> todos os campos <strong>da</strong> Ciência.2.1.1- Método RietveldO método Rietveld é um método de refi<strong>na</strong>mento de estruturas cristali<strong>na</strong>s [2] ,amplamente reconhecido como uma ferramenta poderosa para análises estruturais dequase todos os materiais cristalinos sob a forma de policristais. O método foi aplicadoinicialmente para a difração de nêutrons [3,4] , e posteriormente a<strong>da</strong>ptado para a difração deraios-X [5,6,7] . Nesse método, os parâmetros de uma estrutura cristali<strong>na</strong> já conheci<strong>da</strong> sãoajustados para reproduzir os resultados obtidos por difratometria <strong>da</strong> amostra. Nos últimosanos o método de Rietveld t<strong>em</strong> se firmado como uma ferramenta poderosa <strong>em</strong> análisequantitativa de fases, e t<strong>em</strong> sido extensivamente utilizado <strong>na</strong> Ciência dos Materiais e suasáreas correlatas, como Geologia, Química, Física, Engenharias, etc. Este método éutilizado para obter várias informações estruturais de amostras cristali<strong>na</strong>s como, por16


2-TEORIAex<strong>em</strong>plo, coorde<strong>na</strong><strong>da</strong>s atômicas, parâmetros de rede, parâmetros térmicos, estequiometria<strong>da</strong> amostra a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, entre outras.Esses parâmetros são refi<strong>na</strong>dos através do procedimento de minimização <strong>da</strong> somade quadrados (método de mínimos quadrados) até obter a melhor concordância possíveldo padrão (difratograma) calculado com o experimental. A quanti<strong>da</strong>de minimiza<strong>da</strong> norefi<strong>na</strong>mento é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela somatória <strong>da</strong>s diferenças de intensi<strong>da</strong>de sobre todos os pontosmedidos, escrita comoSy2= ∑ wi( yi− yic)(2)ionde w i =1/y i , y i = intensi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> no i-ésimo ponto, y ic = intensi<strong>da</strong>de calcula<strong>da</strong> noi-ésimo ponto.A intensi<strong>da</strong>de calcula<strong>da</strong> pode ser escrita comoyic=yib+pkz∑∑ppk = k1GpikIk(3)onde y ib é a intensi<strong>da</strong>de do background, G ik é função normaliza<strong>da</strong> de perfil de pico, I k é aintensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> k-ésima reflexão de Bragg e o sobrescrito p corresponde às possíveis fasespresentes <strong>na</strong> amostra .A intensi<strong>da</strong>de de Bragg I k é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela expressãoIk= SL F P A(4)kk2k<strong>na</strong> qual S é o fator de escala, L k é o fator de polarização de Lorentz, A é o fator deabsorção, P k é o fator utilizado para descrever efeitos de orientação preferencial e F k é ofator de estrutura, que é <strong>da</strong>do porFkn= ∑ Nj=1jfjBjSenexp[ −2λθ] exp[2πi ( h X2j+ kYj+ lZj)] . (5)17


2-TEORIAAqui, consideramos para o j-ésimo átomo <strong>na</strong> célula unitária: Xj,Yj e Zj as posiçõesatômicas, B o parâmetro térmico, f j o fator de espalhamento e N j o fator de ocupação.A posição do pico de Bragg é determi<strong>na</strong><strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>s dimensões <strong>da</strong> célulaunitária. A identificação <strong>da</strong> melhor função que representa o perfil de uma reflexãodepende muito do equipamento e <strong>da</strong> fonte de radiação. As funções para o perfil maisfreqüent<strong>em</strong>ente usa<strong>da</strong>s para a difração de raios-X são:24ln(2) 4ln(2) (2θ 2 )Gaussia<strong>na</strong> G exp[i− θk= −](6)2H πHLorentzia<strong>na</strong>L =2 1H π ⎡ 4 (2θ − 2 )⎢1+ iθ k2⎢⎣H2⎤⎥⎥⎦(7)Pseudo-Voigt pV = η L + ( 1 −η)G(8)ppPearson VIIPm⎡22Γ()(2 −1)(2θ− 2θ⎤k)⎥Γ(m − 0.5) H π ⎢⎣H ⎥⎦1/ m 1/ 21/ mi= ⎢1+ 4(2 −1)2−m(9)onde Γ(m) é a função gama, η p é o parâmetro que estabelece o peso de ca<strong>da</strong> funçãoconsidera<strong>da</strong> e H é a largura à meia altura (FWHM) <strong>da</strong><strong>da</strong> por [8]H = U tan 2 ( θ ) + V tan( θ ) + W , (10)e U, V e W são parâmetros refináveis.forma:Os parâmetros η p e m pod<strong>em</strong> ser refi<strong>na</strong>dos como funções de 2θ <strong>da</strong> seguinte18


2-TEORIAη = NA NB ( 2θ)(11)p+NB NCm = NA + + . (12)22θ(2θ)Novamente, NA,NB e NC são funções refináveis.O método de Rietveld ajustará os parâmetros refináveis de forma a minimizar aquanti<strong>da</strong>de S y , e para isso, necessitamos estabelecer que quanti<strong>da</strong>des serão utiliza<strong>da</strong>s paraestimar a concordância entre os resultados experimentais e o modelo assumido. Essasquanti<strong>da</strong>des são monitora<strong>da</strong>s durante o refi<strong>na</strong>mento e defini<strong>da</strong>s por:R – perfil =∑|yio−Rp=yioyic|(13)R – perfil ponderado =∑ wi(∑2yio− yic)Rwp= (14)2w yiioR – esperado =N − PRexp= (15)2w iy io∑“Goodness of Fit” = GOF= SRwp= (16)R exponde N é o número de pontos experimentais e P é o número de parâmetros ajustados. Oíndice “o” indica observado e o “c” indica calculado.O R WP é o fator estatisticamente mais significativo dessas quanti<strong>da</strong>des e reflet<strong>em</strong>elhor o progresso do refi<strong>na</strong>mento, pois nele é usa<strong>da</strong> a técnica de minimização <strong>da</strong> somade quadrados. O goodness-of-fit (GOF) deve ser equivalente a 1,0 <strong>em</strong> um refi<strong>na</strong>mentoperfeito, mas <strong>na</strong> prática valores inferiores a cinco reflet<strong>em</strong> um refi<strong>na</strong>mento otimizado.19


2-TEORIA2.2- Difração Múltipla de Raios-XO fenômeno de difração múltipla é produzido quando para um único feixeincidente <strong>em</strong> um monocristal formarão dois ou mais feixes difratados simultaneamente,ou seja, duas ou mais famílias de planos cristalinos estão simultaneamente <strong>em</strong> condiçãode difratar o feixe incidente. A DM pode ocorrer de forma acidental (é o agenteperturbador do experimento de difração simples <strong>em</strong> monocristal) e sist<strong>em</strong>ática(provoca<strong>da</strong> sist<strong>em</strong>aticamente). Em 1920 Wagner [ 9] observou pela primeira vez, de formaacidental, a DM como um decréscimo <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de refleti<strong>da</strong> que foi denomi<strong>na</strong>doAufhellung (picos negativos). O primeiro estudo sist<strong>em</strong>ático <strong>da</strong> DM foi realizado porRenninger <strong>em</strong> 1937 [ 10] , neste estudo ele observou acréscimos <strong>na</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reflexão(222) proibi<strong>da</strong> pelo grupo espacial do diamante devido aos feixes múltiplos espalhadosque ele denominou Umwegaregung (picos positivos).A DM pode ser explica<strong>da</strong> tanto no espaço real quanto no espaço recíproco. Noespaço real (Figura 3) o fenômeno ocorre quando os planos primários difratam o feixeincidente e outros planos chamados secundários são colocados <strong>em</strong> condição de difraçãosimultaneamente com o primário, através de uma rotação φ do cristal <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> direçãonormal aos planos primários. No espaço recíproco, utilizando a esfera de Ewald [ 11] , estefenômeno pode ser entendido como um giro de to<strong>da</strong> a rede recíproca do cristal <strong>em</strong> tornodo vetor primário, sendo que durante o giro o nó primário permanece tocando a esfera <strong>da</strong>sreflexões, enquanto outros nós que representam planos secundários entram <strong>em</strong> condiçãode difração simultaneamente com o primário, tocando a esfera <strong>na</strong>s posições de entra<strong>da</strong> esaí<strong>da</strong>.20


2-TEORIAFeixesecundárioFeixeprimárioFigura 3 – Representação <strong>da</strong> difração de Raios-X no espaço real (caso de dois e trêsfeixes)Para se obter a DM de modo sist<strong>em</strong>ático, o cristal é alinhado para difratar osplanos primários, e então com uma rotação do ângulo φ <strong>em</strong> torno desses planos. Essarotação é equivalente a girar to<strong>da</strong> a rede recíproca do cristal <strong>em</strong> torno do vetor H v0edeixar o cristal fixo. Com isso, outros nós secundários (h, k, l) entram também <strong>em</strong>condição de difração. Observa-se <strong>da</strong> figura que os nós primários e secundários defin<strong>em</strong> ov v vvetor acoplamento ( = H − H0), que conecta os dois nós sobre a superfície esfera deEwald.H acop21


2-TEORIAFeixeSecundárioφFeixeIncidente(hkl)H acopFeixePrimário(h 0 k 0 l 0 )HH 0(000)Figura 4 – Representação <strong>da</strong> difração Múltipla de Raios-X no espaço recíproco nocaso de três feixes simultâneos.A varredura obti<strong>da</strong> pelo monitoramento <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de do feixe primário durantea rotação <strong>em</strong> φ representa a varredura de difração múltipla chama<strong>da</strong> de varreduraRenninger (RS). A interação entre os vários feixes (primário e secundários) dentro docristal acontece através de planos de acoplamentos, que são responsáveis por redirigir aenergia do feixe secundário para o primário, e vice-versa, gerando os picosumweganregung ou aufhellung <strong>na</strong> varredura Renninger.Uma característica presentes <strong>na</strong>s varreduras Renninger é a presença de espelhosde simetria, cujo número está relacio<strong>na</strong>do à própria simetria do vetor primário, e também22


2-TEORIAà rotação <strong>em</strong> φ. Essa última simetria se dá quando um ponto <strong>da</strong> rede recíproca(secundário) toca a superfície <strong>da</strong> esfera de Ewald <strong>na</strong>s posições correspondentes a suaentra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> [11] .A posição relativa entre os picos <strong>em</strong> torno dos espelhos é extr<strong>em</strong>amente sensívelàs mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong> simetria <strong>da</strong> rede, e serv<strong>em</strong> <strong>em</strong> todos os casos, como posição de referênciapara a determi<strong>na</strong>ção de deformações <strong>na</strong> rede cristali<strong>na</strong>. Devido a essa sensibili<strong>da</strong>de podeseutilizar a DM para estu<strong>da</strong>r transição de fase <strong>em</strong> cristais [ 12] , e também determi<strong>na</strong>rcoeficientes piezelétricos de materiais sob a ação de campos elétricos [ 13, 14 ,] .Recent<strong>em</strong>ente [ 15] , as deformações produzi<strong>da</strong>s por campos elétricos <strong>na</strong> rede dos cristais desal de Rochelle, foram detecta<strong>da</strong>s através de variações muito peque<strong>na</strong>s <strong>na</strong>s posições depicos secundários, previamente escolhidos <strong>na</strong>s varreduras Renninger, o que permitiudetermi<strong>na</strong>r todos os coeficientes piezelétricos desses materiais.2.2.1- Posição do pico secundário <strong>na</strong> Varredura RenningerA identificação dos índices de Miller <strong>da</strong>s reflexões secundárias multiplamentedifrata<strong>da</strong>s, ou seja, a determi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong>s posições angulares de to<strong>da</strong>s as reflexõessecundárias possíveis foi apresentado pela primeira vez por Cole, Chambers e H.Dunn [16] . A indexação é feita a partir do cálculo do ângulo (φ) que se deve girar o cristala partir de uma orig<strong>em</strong> pré-fixa<strong>da</strong>, considerando um vetor de referência que sejaperpendicular ao vetor normal aos planos difratantes (planos primários) do cristal contidono plano de incidência (formado pelos feixes incidente e difratado), até que um nó <strong>da</strong>rede recíproca atinja a esfera de Ewald.Utilizando a Figura 5, d<strong>em</strong>onstrar<strong>em</strong>os como obter as posições dos picossecun<strong>da</strong>rios <strong>em</strong> uma varredura Renninger.23


2-TEORIAFeixeSecundárioFeixeIncidente ao’xbFeixePrimáriooHH 0Figura 5- Representação de um caso de três feixes de difração múltipla, mostrando osvetores utilizados para determi<strong>na</strong>r a posição do pico.Da Figura 5 t<strong>em</strong>os que o ângulo (2β) é formado entre as projeções, no planoparalelo ao equador <strong>da</strong> esfera de Ewald, dos feixes secundários envolvidos <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> casode DM.A lei de Bragg para os planos primários e secundários é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:sen ω = H 0λ2e Hsen θ =2λ(17)O ângulo γ entre os vetores primários e secundários é <strong>da</strong>do por:24


2-TEORIAcosv vH ⋅ Hv v0γ =(18)H ⋅ H0Sabendo se quevHv v= H n+ H , ou seja, a soma de suas componentes normal epparalela ao vetor primário, t<strong>em</strong>os as relações:vHvcos γ =(19)H pvHvsenγ = . (20)H nDo triângulo retângulo oab t<strong>em</strong>os os segmentos:vv | H |oa = | H | 0p− , então21ab = x , ob = eλx21 ⎛ v= − H2⎜λ ⎝pvH−20⎞⎟⎠21= − H2λ2pH−420v+ | Hp| |vH0| , (21)e do triângulo o' ab t<strong>em</strong>os os segmentos: ab = x , o' b | H v 1=n| e o' a = ωλ cos . Utilizandoa lei dos cossenos t<strong>em</strong>os:xv2(cosω)2 | H |= + H 2 cosωcos β2n−(22)λλ2 nIgualando as equações (21) e (22) t<strong>em</strong>os:222 H v v0( senω)HnH + − | Hp| | H0| − = 2 cosωcos β24λ λ(23)25


2-TEORIASubstituindo as relações (19) e (20) <strong>em</strong> (23), obtém-seHv22H v v0H0 | |+ − | H | | H0| cosγ− = 2 sinγcosωcos β(24)44 λ2 Hv vλ H | −λ| H2|0| cosγ= sinγcosωcos β(25)Substituindo as relações <strong>da</strong> equação (17) <strong>em</strong> (25) t<strong>em</strong>os:sinθ− sinωcosγcos β ==sinγcosωH2v2 | Hv− | Hn|p| |vH01 H−2λ 4|20(26)Para um <strong>da</strong>do plano secundário (h k l), o ângulo de rotação φ é <strong>da</strong>do por φ=φ 0 ±β(o si<strong>na</strong>l ± corresponde a entra<strong>da</strong> e a saí<strong>da</strong> do nó secundário recíproco <strong>na</strong> esfera de Ewald).vEscolhendo um vetor de referência H Re f(perpendicular a H v 0), pod<strong>em</strong>os determi<strong>na</strong>r oângulo φ 0 que é <strong>da</strong>do pela equaçãov vH ⋅ HRe fcosφ 0= v v . (27)| H | ⋅ | H |nRe fA partir desta teoria foram desenvolvidos programas que permit<strong>em</strong> a indexação<strong>da</strong> varredura Renninger a partir de alguns parâmetros de entra<strong>da</strong> que são: os parâmetrosde rede do cristal, o comprimento de on<strong>da</strong> <strong>da</strong> radiação incidente, a reflexão primária e oeixo de referência, para gerar uma tabela com a indexação dos picos secundários e asposições angulares, de contribuições secundárias e de acoplamento, orde<strong>na</strong><strong>da</strong>s <strong>em</strong> valoresangulares, além dos valores para o ângulo β.26


2-TEORIA2.2.2-Modelo de cristal mosaicoUm monocristal é considerado perfeito se a sua estrutura é regular e perfeitamenteuniforme <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a sua extensão. Um cristal real geralmente apresenta muitasimperfeições devi<strong>da</strong>s a defeitos <strong>da</strong> rede cristali<strong>na</strong>. Darwin [17] propôs um modelo paracristais reais que supõe que o cristal seja formado por peque<strong>na</strong>s regiões perfeitas,chama<strong>da</strong>s blocos mosaicos, e os cristais que obedec<strong>em</strong> à este modelo são chamados decristais mosaicos. O modelo do cristal mosaico é a “idealização do cristal imperfeito”,isto significa que o monocristal é formado por cristalitos que são tão pequenos que aextinção primária dentro de um cristalito pode ser despreza<strong>da</strong>. A extinção primária ocorrequando o feixe primário difratado por um conjunto de planos é redifratado. Os feixesredifratados <strong>na</strong> direção do feixe primário interfer<strong>em</strong> destrutivamente e reduz<strong>em</strong> aintensi<strong>da</strong>de do feixe primário. Os blocos mosaicos têm uma distribuição de orientação Wtão estreita que o número de cristalitos com orientação dentro de um intervalo angular±η é tão grande que a função de distribuição para um cristal pode ser trata<strong>da</strong> comocontínua. Esta função de distribuição é normalmente assumi<strong>da</strong> como sendo a Gaussia<strong>na</strong>W ( w)122( −w/ 2η)= e , (28)η 2π<strong>em</strong> que η é denomi<strong>na</strong>do largura mosaico e pode ser expresso comoη =f2 2ln(2)onde f é a largura a meia altura <strong>da</strong> distribuição W(w). Portanto quanto menor o η, maisperfeito o cristal.27


2-TEORIA2.2.3- Cálculo <strong>da</strong> Intensi<strong>da</strong>de multiplamente difrata<strong>da</strong>A difração múltipla com enfoque <strong>na</strong> teoria cin<strong>em</strong>ática foi primeiramenteconsidera<strong>da</strong> por Renninger [10] , onde duas aproximações cin<strong>em</strong>áticas são discuti<strong>da</strong>s: aaproximação simples (“simplest approach”) e a aproximação mais sofistica<strong>da</strong> (“moresophisticated approach”).A aproximação mais sofistica<strong>da</strong> é similar às apresenta<strong>da</strong>s ou usa<strong>da</strong>s por Moon &Shull [18] , Zachariasen [19] , Coppens [20] , Caticha-Ellis [21] , Prager [22] , Parente & Caticha-Ellis [23] , Ta<strong>na</strong>ka & Saito [24] , Post [25] , Chang [26] , Soejima et al. [27] , Boloti<strong>na</strong> et al. [28] ,Parente et al. [29] e Sasaki et al. [30] . Todos estes autores consideram a difração múltipla <strong>em</strong>cristais imperfeitos como uma extensão <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> extinção secundária pelageneralização <strong>da</strong> equação de transferência de intensi<strong>da</strong>de dos casos de dois feixes. Efeitosde interferência b<strong>em</strong> como difração múltipla coerente dentro dos blocos do cristalmosaico são desprezados. A difração múltipla cin<strong>em</strong>ática dentro de um cristalito perfeitofoi considera<strong>da</strong> por Woolfson & Fan [31] , levando <strong>em</strong> conta a interferência entre o feixedifratado pela reflexão primária e o feixe “Umweganregung”.Para simular a varredura Renninger neste trabalho usamos o programa UMWEG,que é baseado <strong>na</strong> aproximação simples <strong>da</strong> teria cin<strong>em</strong>ática <strong>da</strong> difração múltipla(“Renninger’s simplest approach”) e as teorias descritas nos artigos - de ElizabethRossmanith [32 34] 33.A intensi<strong>da</strong>de devido à difração múltipla é registra<strong>da</strong> no detector se pelo menostrês pontos <strong>da</strong> rede recíproca tocar<strong>em</strong> simultaneamente <strong>na</strong> esfera de Ewald comomostrado <strong>na</strong> Figura 6. Estes são o ponto O <strong>da</strong> rede recíproca, o ponto A pertencendo àreflexão primária e o ponto B pertencendo à reflexão secundária. O feixe de raios-X,incidente paralelo a K 0 , é difratado tanto <strong>na</strong> direção de K 1 como também <strong>na</strong> direção deK 2 . Quando o feixe refletido <strong>na</strong> direção de K 1 atua como o feixe incidente para a reflexãode acoplamento, que <strong>em</strong> troca reflete parte deste feixe <strong>na</strong> direção de K 2 há uma reduçãode intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reflexão primária chama<strong>da</strong> Aufhellung(I Aufh ). Por outro lado, quando ofeixe refletido <strong>na</strong> direção de K 2 age como o feixe incidente para reflexão de acoplamentoque <strong>em</strong> troca reflete parte deste feixe <strong>na</strong> direção de K 1 , há um ganho de intensi<strong>da</strong>de <strong>na</strong>direção de K 1 chamado “Umweganregung” (I Umweg ).28


2-TEORIABHK 2H acopOK 0H 0K1ADetetorFigura 6- Representação geométrica <strong>da</strong> difração múltipla no espaço recíproco.De acordo com a aproximação simples de Renninger incorpora<strong>da</strong> no programa deRossmanith juntamente com a adição do termo de interferência, a intensi<strong>da</strong>de registra<strong>da</strong>no detector durante a rotação do eixo φ é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:w ( w,φ )( w,φ )( w)I ( φ)= I + I f ( φ)− I f ( φ)+ I ( φ). (29)primUmwegAufhInterferOs termos desta equação são definidos por:Iwprim=( I0qso)(λLw)2Λprimtso(30)I( w,φ )( I0qS0)(λLw)( λLφ)Umweg=2 2ΛsecΛacopttS 0 S 2(31)29


2-TEORIAI⎛⎜t⎝ Λ( w,φ )= ( I0qS0)(λLw)(λLφ) tS0 S 0tS1Auft+22ΛΛ2primsec acop⎞⎟⎠(32)I( w)Interfer( φ)w ( w,φ ) ( w,φ )= 2 ( I − I f ( φ))I f ( φ)cosϕ(φ)(33)primAufhUmwegonde I 0 é a intensi<strong>da</strong>de do feixe incidente e q S0 é a secção de choque normal ao feixeincidente. Para uma <strong>da</strong><strong>da</strong> reflexão α ,Λαé definido porλ1 r0| Fα| T K=(34)ΛαV celonde r 0 é o raio clássico do elétron, V cel é o volume <strong>da</strong> célula unitária, K é o coeficientede polarização para as componentes paralela e perpendicular ao campo elétrico dos raios-X, |F α | é o modulo do fator de estrutura complexo F α , que pode ser expresso <strong>em</strong> função<strong>da</strong> fase porF |αiϕ = | F e α, (35)αT é o parâmetro de t<strong>em</strong>peratura <strong>da</strong> reflexão α <strong>da</strong>do por:2 2 2T = exp[ −(B11h+ B22k+ B33l+ 2B12hk+ 2B13hl+ 2B23kl)](36)onde h, k, l são os índices de Miller para a reflexão α e os B ij são os parâmetrosanisotrópicos de t<strong>em</strong>peratura.O fator de Lorentz L k , correspondente à rotação <strong>em</strong> torno do eixo k(ω ou φ), éL w= e L 1/[ λ Hnsen(β )cos( w)]definido por 1/sen(w)φ= , onde H n é a componente do30


2-TEORIAvetor H normal a H 0 , definido anteriormente. A espessura média <strong>da</strong> amostra cristali<strong>na</strong> <strong>na</strong>direção do feixe incidente é defini<strong>da</strong> comot =SiVqcristalSiyp(37)onde V cristal é o volume do cristal, q Si é a seção de choque do volume do cristal normal aofeixe incidente <strong>na</strong> direção Si e y p é a correção <strong>da</strong> extinção primaria.A função f(φ) é a função pseudo-Voigt normaliza<strong>da</strong> <strong>da</strong><strong>da</strong> por:f⎧1⎪ ζ⎡ ⎛φ−φφ)= ⎨+ (1 − ζ ) exp⎢−π ⎜∆ ⎪ ⎡π( φ −φm) ⎤⎢⎣⎝ ∆1+⎪ ⎢ ⎥⎩ ⎣ ∆ ⎦(m2⎞⎟⎠⎫⎤⎪⎥⎬⎥⎦⎪⎪⎭, (38)onde φ m é a posição do máximo do pico, ∆ é a largura total com relação a rotação doângulo φ, ζ é o parâmetro que estabelece a contribuição <strong>da</strong> função lorentzia<strong>na</strong> egaussia<strong>na</strong> para a distribuição pseudo-Voigt.O valor de ζ é calculado individualmente para ca<strong>da</strong> reflexão secundária noprograma UMWEG <strong>em</strong> função <strong>da</strong> distância MMn , como mostrado <strong>na</strong> Figura 7, <strong>da</strong>dopor⎪⎧| cos( β ) |ζ = ⎨ n⎪⎩ | Hsec| (2 / λ)paraparaMMn >MMn ≤| H| Hprimprim||2⎪⎫⎬2⎪⎭. (39)31


2-TEORIAK 1MH acopH primK 2 K 0H seco-iMnnH secβφωi-oFigura 7- Geometria <strong>da</strong> varredura Renninger no espaço recíproco.O deslocamento de fase ϕ(φ) depende <strong>da</strong> direção <strong>em</strong> que a esfera de Ewald écorta<strong>da</strong> pelo nó recíproco correspondente à reflexão secundária durante a rotação no eixoφ . Através <strong>da</strong> Figura 7 pod<strong>em</strong>os notar que um nó recíproco correspondente a umareflexão secundária qualquer que corta a esfera de Ewald duas vezes durante uma rotaçãode 360º, <strong>na</strong> entra<strong>da</strong> o-i e <strong>na</strong> saí<strong>da</strong> i-o, os dois correspondentes deslocamentos de faseespalhados ϕ(φ) o-i e ϕ(φ) i-o pod<strong>em</strong> ser aproximados por:32


2-TEORIAi−o= ϕ+ ϕ−ϕπ ⎡(φm−φ)⎤+ + arctan2 ⎢ ⎥⎣ ∆ ⎦ϕ ( φ)o−i= ϕsec+ ϕacop−ϕprim,ϕ(φ)secacopprimπ ⎡(φ −φm)⎤ ,+ + arctan2 ⎢ ⎥⎣ ∆ ⎦(40)onde ϕ sec , ϕ acop e ϕ prim são as fases do fator de estrutura <strong>da</strong>s reflexões secundárias,acoplamento e primária, respectivamente.A partir destas equações <strong>da</strong>s intensi<strong>da</strong>des e <strong>da</strong> posição do pico secundário oprograma UMWEG simula a varredura Renninger. A Tabela 1 mostra os parâmetros deentra<strong>da</strong> para a simulação <strong>da</strong> reflexão primária (002) do silício (proibi<strong>da</strong> pelo grupoespacialFd 3m).Tabela1- Parâmetros de entra<strong>da</strong> do programa UMWEG para Si (002), λ =1,540Å.Varredura Renninger para a reflexão 0 0 2si002b.psNome do arquivo de saí<strong>da</strong>5,4309 5,4309 5,4309 90 90 90 Parâmetros de redeFontes, comprimento de on<strong>da</strong> e <strong>da</strong>dos do1 1,54 5,4309 1 1 1 58,19monocromadorDivergências, raio ilumi<strong>na</strong>do pelo feixe,0,0024 0,0024 84 84 0 raio mosaico, largura mosaico.φ inicial , φ fi<strong>na</strong>l , Nº. de passos por grau,-15 60 100 1 1 0 termos usados para o cálculo227 1 1Grupo espacial, Nº. de átomos e Nº.posições atômicas.Si 0,2346 0,2891 0 Átomo, f', f’’, ind. dos fatores de T<strong>em</strong>p.1 1,0 0 0 0 Indicação do átomo e posições atômicas0,0039 0,0039 0,0039 0 0 0 Fatores de t<strong>em</strong>peratura.0 0 2 0 045 1 04 0 00 0 0Primária, fator de estrutura e fase.33


2-TEORIACom esses <strong>da</strong>dos de entra<strong>da</strong> foi possível simular a varredura Renninger para oSilício (002), que neste caso t<strong>em</strong> a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reflexão primária nula e a varreduramostra somente picos (“Umweganregung”), como pode ser visto <strong>na</strong> Figura 8, onde oespelho de simetria de 0º é mostrado. Para este eixo (direção) com simetria 4, têm-seespelhos de simetria a ca<strong>da</strong> 90 graus. No entanto, considerando o plano de simetriaestabelecido pela entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> do nó <strong>da</strong> rede recíproca <strong>da</strong> esfera de Ewald, aparec<strong>em</strong>ais um espelho a ca<strong>da</strong> 45 graus, que é diferente do espelho de 90 graus.Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)_(3 1 3)(3 1 1)_ _(1 3 1)(3 1 1)_ _ _ _ _(1 3 1)(1 3 3)(1 1 1)_ _(1 1 1)-15 -10 -5 0 5 10 15φ (graus)Figura 8- Varredura Renninger simula<strong>da</strong> para o Si (002), reflexão proibi<strong>da</strong>, eixo dereferência (110), mostrando só picos Umweganregung.34


2-TEORIAUtilizando como primária a reflexão mais intensa do cristal, a (111) do Si, obtémsesomente picos negativos (“Aufhellung”) no diagrama, pois <strong>na</strong> interação primáriasecundárias,essas últimas ape<strong>na</strong>s pod<strong>em</strong> retira intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> primária, que é a maisintensa para o Si. A Figura 9 mostra esse caso, e é importante citar que devido à simetriado eixo primário obtém-se espelhos de simetria a ca<strong>da</strong> 30 graus.Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _(1 1 3)(2 4 0)(2 2 0)_(3 1 1)_(1 1 3)(0 2 2)_ _(3 1 1)(0 4 2)15 20 25 30 35 40 45φ (graus)Figura 9- Varredura Renninger simulado para o Si (111), reflexão mais intensa destecristal, eixo de referência ( 1 11), mostrando só picos “Aufhellung”.35


2-TEORIA2.2.3-Casos Especiais <strong>na</strong> DMA DM possui alguns casos especiais como os casos de extr<strong>em</strong>a assimetria <strong>em</strong>que o feixe secundário é refletido paralelamente à superfície <strong>da</strong> amostra, ou seja, o nósecundário toca a esfera de Ewald no seu plano do equador. Esses casos de difraçãomúltipla são chamados de Bragg-Superfície ou BSD (do inglês, Bragg SurfaceDiffraction). Os casos BSD surg<strong>em</strong> quando os vetores secundários H 0j , satisfaz<strong>em</strong> à20 j 01 H01condição H ⋅ H = 2 . A condição de espalhamento BSD é mostra<strong>da</strong> <strong>na</strong> Figura10 e um esqu<strong>em</strong>a pla<strong>na</strong>r do seu espalhamento é mostrado <strong>na</strong> Figura 11. Esses feixestransportam informações sobre a superfície <strong>da</strong> amostra ou mesmo sobre as interfaces <strong>em</strong>estruturas heteroepitaxiais [35] , uma vez que a superfície do substrato é a própria interfacecama<strong>da</strong>/substrato.Figura 10- Representação de um caso BSD do fenômeno de difração múltipla no espaçorecíproco.36


2-TEORIAK 0 feixefeixeincidenteprimárioK 1superfície do cristalH 02 H 21θ 02 K 2θ 21H 01feixesecundárioθφFigura 11- Representação de um caso de três feixes do fenômeno de difração múltipla. Alei de Bragg é satisfeita simultaneamente por dois conjuntos de planos, nesteex<strong>em</strong>plo, 01 e 02. Os planos 21 representam os planos de acoplamento.O mapeamento do caso especial de 3-feixes, caso BSD, fornece informação sobrea superfície <strong>da</strong> amostra b<strong>em</strong> como o regime de espalhamento envolvido, cin<strong>em</strong>ático oudinâmico. O que determi<strong>na</strong> o regime de espalhamento <strong>em</strong> que a difração vai ocorrer é ograu de perfeição do cristal. Sob o regime dinâmico, a transferência de momento(intensi<strong>da</strong>de) <strong>da</strong>r-se-á através <strong>da</strong> extinção primária, enquanto que no regime cin<strong>em</strong>ático, atransferência ocorre através <strong>da</strong> extinção secundária.37


2-TEORIANa extinção secundária, os blocos cristalinos difratantes estão suficient<strong>em</strong>enteorientados de forma que a intensi<strong>da</strong>de do feixe incidente ou difratado (ou ambos), por umbloco a uma certa profundi<strong>da</strong>de dentro do cristal, é diminuí<strong>da</strong> pela difração de outrobloco a uma profundi<strong>da</strong>de diferente, que acontece quando, ape<strong>na</strong>s por acaso, a orientaçãoentre os blocos permite. Isto faz com que o feixe difratado pelo bloco a maiorprofundi<strong>da</strong>de seja re-espalhado pelo outro bloco, <strong>em</strong> uma direção diferente do feixedifratado. Esse é o caso do cristal idealmente imperfeito que obedece ao modelo de cristalmosaico.Na extinção primária, os blocos que difratam coerent<strong>em</strong>ente são grandes osuficiente para que a intensi<strong>da</strong>de do feixe incidente seja reduzi<strong>da</strong> por processos deespalhamento dentro dessas regiões, to<strong>da</strong>s com a mesma orientação, ou seja, há aextinção primária, e esse é o caso dos cristais perfeitos. Neste caso, a atenuação <strong>da</strong> on<strong>da</strong>dentro do cristal é considera<strong>da</strong> como o resultado <strong>da</strong> interferência de componentesrefleti<strong>da</strong>s repeti<strong>da</strong>mente e incidentes <strong>na</strong> mesma direção, porém com fases opostas,diminuindo a amplitude <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s.Ain<strong>da</strong> pod<strong>em</strong>os considerar um modelo de cristal que seja intermediário aosmencio<strong>na</strong>dos acima, isto é, no qual os blocos sejam grandes o suficiente para permitir aextinção primária dentro deles, mas que estejam desorientados de modo que a coerênciaentre as regiões seja desprezível. Este é o chamado modelo de cristal quase perfeito,também considerado cristal real.As curvas de rocking, pelo seu caráter unidimensio<strong>na</strong>l, não consegu<strong>em</strong> distinguiros efeitos <strong>da</strong> extinção primária e secundária, n<strong>em</strong> verificar a desorientação entre asregiões fora <strong>da</strong> direção normal aos planos difratantes.Na difração múltipla, uma varredura combi<strong>na</strong><strong>da</strong> <strong>da</strong> normal aos planos primários(eixo φ) e do ângulo de incidência aos planos primários (eixo ω ), chama<strong>da</strong> varredura ω:φou mapeamento do caso Bragg-Superfície (MBSD), dá informação sobre a quali<strong>da</strong>decristali<strong>na</strong> no plano <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong> amostra, segundo o regime (dinâmico ou cin<strong>em</strong>ático)<strong>em</strong> que ocorre a difração. A largura à meia altura <strong>na</strong>s curvas de isointensi<strong>da</strong>de dessesmapas está relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> à perfeição cristali<strong>na</strong> que é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela largura mosaico <strong>na</strong> direçãoparalela (η φ ) e perpendicular (η ω ) à superfície do cristal investigado.38


2-TEORIAFigura 12 - Processos de transferência de energia entre o feixe incidente e secundário.(a) cristal mosaico; (b) cristal quase perfeito.Nos cristais mosaicos, cujo modelo é apresentado <strong>na</strong> Figura 12(a), considera-seque a desorientação entre os blocos é tal que a coerência entre as regiões é desprezível, eessa desorientação entre os blocos segue uma distribuição Gaussia<strong>na</strong> isotrópica. Portanto,o perfil do pico de difração múltipla para esse modelo é <strong>da</strong>do por [36] )P2 22 22 2( −∆θ02/ 2η) ( −∆θ21/ 2η) ( −∆θ01/ 2ηmosaico( ω,φ)= ( QMD− Q01)e ⋅ e + Q01e, (41)onde Q MD e Q 01 são as refletivi<strong>da</strong>des de pico no modelo cin<strong>em</strong>ático, <strong>na</strong> exata condição dedifração múltipla, e quando somente os planos primários estão difratando. Aqui, oproduto de exponenciais representará o número de blocos envolvidos no processo detransferência de energia durante a DM, e a exponencial do segundo termo <strong>da</strong> soma estárelacio<strong>na</strong><strong>da</strong> ao perfil <strong>da</strong> reflexão primária, η é a largura mosaico e ∆θ ij é o desvio angular<strong>da</strong> condição de Bragg, <strong>da</strong>do porijBragg( −λ[K ( ω,φ)⋅ H ] H ) −θ∆ θ ( ω,φ)= arcsen/, (42)iijijijonde K 0 (ω,φ) é o vetor de on<strong>da</strong> incidente e K = H + K ω,) é o vetor de on<strong>da</strong>(2 02 0φsecundário.No caso dos cristais quase perfeitos, a transferência de energia entre o feixeincidente e o secundário (casos de três feixes) é gover<strong>na</strong><strong>da</strong> pela teoria dinâmica [37, 11] . Ela39


2-TEORIAdeve ocorrer dentro de ca<strong>da</strong> bloco perfeito (Figura 12(b)), e nesse caso, os blocos <strong>em</strong>condição de difração múltipla contribu<strong>em</strong> com a intensi<strong>da</strong>de do feixe primário,dependendo somente <strong>da</strong> extinção primária.A condição de difração múltipla para ape<strong>na</strong>s um bloco é <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo ponto T,representando a interseção <strong>da</strong>s superfícies de dispersão associa<strong>da</strong>s às reflexões primária esecundária, que é a mesma condição de difração para um monocristal perfeito. Devido àperiodici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> susceptibili<strong>da</strong>de elétrica no bloco perfeito, o ponto T se estende sobrealguns segundos de arco, definindo a largura intrínseca dinâmica do pico de difraçãomúltipla [11] . Quando a desorientação entre os blocos é maior que a largura intrínseca, umagregado de pontos T, Figura 13, de todos os blocos determi<strong>na</strong> o perfil do pico para umcristal quase perfeito, cuja expressão é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:2 22 2−∆ / 2η−∆θ01/ 2ηQperf( ω,φ)= ( QMD− Q01)e + Q01e. (43)PAqui, ∆ é o ângulo entre o feixe incidente e o centro do agregado, isto é, o máximo <strong>da</strong>distribuição Gaussia<strong>na</strong> <strong>em</strong> (ω 0 , φ 0 ), ou seja, ∆ = λ K ω,φ)⋅ K ( ω , φ ). As20( 0 0 0refletivi<strong>da</strong>des Q, dinâmicas, pod<strong>em</strong> ser calcula<strong>da</strong>s como para um cristal perfeito, comdimensões de um bloco médio.Figura 13 - O agregado de pontos T <strong>em</strong> cristais quase perfeitos, onde ca<strong>da</strong> bloco t<strong>em</strong>dimensão suficiente para definir um ponto T.40


2-TEORIAO perfil do pico de DM é afetado pela desorientação entre os blocos <strong>em</strong> ambas asdireções (perpendicular e paralela), porém, é considera<strong>da</strong> a existência de uma certacoerência entre o feixe espalhado por uma região cristali<strong>na</strong> e outra, fazendo com que oespalhamento seja coerente. Portanto, dev<strong>em</strong>os considerar que há a real possibili<strong>da</strong>de deuma anisotropia nessa orientação dos blocos, e a largura mosaico deve ter valoresdiferentes,η paralelo e η perpendicular nessas direções. Então foi proposta a seguinte função pararepresentar a largura mosaico [36]η(ξ) = (cos 2 ξ/η perp 2 + sen 2 ξ/η par 2 ) -1/2 (44)onde η foi substituído por η(ξ), <strong>na</strong> expressão para P mosaico , e ξ é a posição azimutal dofeixe i, <strong>em</strong> torno do vetor H ij . Em P Qperf , ele é a posição azimutal do feixe incidente <strong>em</strong>torno <strong>da</strong> direção (ω 0 , φ 0 ), que é o centro do agregado de pontos T.Pod<strong>em</strong>os a<strong>na</strong>lisar as diferenças entre os modelos de cristais, através <strong>da</strong>svarreduras ω:φ, usando as expressões (41) e (43). A Figura 14 mostra as simulações docaso de três feixes (000)(002)( 111) feitas para um cristal de GaAs(001) considerando osdois modelos. A principal diferença entre as duas simulações está <strong>na</strong> FWHM. Para ocristal mosaico, a largura <strong>em</strong> ω (W ω = 138”) é maior que a obti<strong>da</strong> <strong>na</strong>s curvas de rocking<strong>da</strong> reflexão 002 (fora <strong>da</strong> condição de difração múltipla),002Wω= 43”, e maior que a largura<strong>em</strong> φ (W φ = 111”). Esse aumento <strong>em</strong> W ω não depende <strong>da</strong> anisotropia <strong>da</strong> largura mosaico(η perp /η par ), e é s<strong>em</strong>pre observado nos cálculos usando o modelo de cristal mosaico. Nocaso do modelo do cristal quase perfeito, t<strong>em</strong>os W ω002≅ Wω, e a razão W ω /W φ éproporcio<strong>na</strong>l à razão (η perp /η par ), desde que, para P Qperf , W ω = 2,355η perp e W φ =2,355η par (cosω 0 ) -1 . Os valores obtidos para o modelo de cristal quase perfeito foram W ω =58” e W φ = 144”. Nas expressões para o perfil de pico são considera<strong>da</strong>s somente asgeometrias envolvi<strong>da</strong>s nos dois regimes de transferência de energia (extinção primária ousecundária), desse modo, quando o valor observado de W φ for maior que W ω , não háespalhamento entre os blocos, ou seja, a extinção primária (regime dinâmico) édomi<strong>na</strong>nte. De outro modo, quando a extinção secundária é domi<strong>na</strong>nte, W φ será menorque W ω .41


2-TEORIA15.9015.88(a) Cristal mosaico15.86ω (graus)15.8415.8215.8015.785.65 5.70 5.75 5.80 5.8515.90Cristal quase perfeitoφ (graus)15.8815.86(b)ω (graus)15.8415.8215.8015.785.65 5.70 5.75 5.80 5.85φ (graus)Figura 14 - Mapeamento do pico BSD (000)(002) ( 1 1 1)do GaAs com alvo de CuK α1 eK α2 , utilizando o modelo de cristal mosaico(a) e quase perfeito(b). Os doispicos observados correspond<strong>em</strong> à contribuição do dubleto Kα1 e Kα2.A partir <strong>da</strong> visualização direta do MBSD pod<strong>em</strong>os dizer o tipo do regime deespalhamento e a perfeição cristali<strong>na</strong> <strong>da</strong> amostra, <strong>em</strong> duas direções: perpendicular eparalela à sua superfície.42


2-TEORIAOutros casos importantes acontec<strong>em</strong> quando os ângulos de entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> dofeixe secundário <strong>na</strong> esfera de Ewald são pequenos, casos esses, que apresentam altasensibili<strong>da</strong>de às peque<strong>na</strong>s distorções <strong>na</strong> célula unitária. A partir <strong>da</strong> equação (26) pod<strong>em</strong>osestu<strong>da</strong>r a sensibili<strong>da</strong>de do ângulo β <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção do parâmetro de rede e para issoutilizamos a equação <strong>da</strong> posição do pico para um cristal cúbico com primária (00 l 0) queé <strong>da</strong><strong>da</strong> por.cos( β ) =2h2+ k2+ ( l − l⎛) l2 2( ) ⎜ ⎛ a ⎞h + k ⎜ ⎟ −1⎟ ⎝⎝λ ⎠ ⎠02⎞(45)Na difração múltipla, como o ângulo φ é medido, a sensibili<strong>da</strong>de pode serdefini<strong>da</strong> como o quociente <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> resposta do instrumento ∆φ=∆β pela variaçãocorrespondente ao estímulo ∆a, logo:∆φ=∆aCos(β )Sen(β )( a2a2− λ )(46)Desta equação t<strong>em</strong>os que a e λ são constantes, então a sensibili<strong>da</strong>de dependeape<strong>na</strong>s de β .A<strong>na</strong>lisando a equação notar-se que quanto menor o valor de β, maior a variaçãode φ, <strong>em</strong> outras palavras, a utilização de picos secundários que tenham β pequenopromove a capaci<strong>da</strong>de de detectar uma peque<strong>na</strong> variação de a através de uma grandevariação <strong>na</strong> posição do pico <strong>na</strong> varredura Renninger, e conseqüent<strong>em</strong>ente, a determi<strong>na</strong>çãodesse parâmetro de rede com mais precisão.Para escolher uma condição de alta sensibili<strong>da</strong>de utilizar<strong>em</strong>os o diagramaφ−λ, para calcularmos as reflexões secundárias possíveis e desta forma poder<strong>em</strong>osescolher as mais sensíveis para nosso estudo. A Figura 15 mostra o diagrama φ−λ para osilício utilizando como primária a reflexão proibi<strong>da</strong> (002), e como eixo de referência, a43


2-TEORIAdireção [110]. O comprimento de on<strong>da</strong> varia de 1,2 Å a 1,6 Å e o ângulo φ varia de 0º a90º devido à simetria <strong>da</strong> amostra. As parábolas que aparec<strong>em</strong> neste gráfico representamas reflexões que possu<strong>em</strong> o ângulo 2β menor que as outras. As parábolas tocam o eixo φduas vezes para um <strong>da</strong>do λ e o ângulo formado entre o início e o fim <strong>da</strong> parábola é 2β.1,601,551,501,45λ (Å)1,401,351,301,251,200 10 20 30 40 50 60 70 80 90φ (graus)Figura 15- Diagrama φ−λ para Si (002), mostrando <strong>em</strong> vermelho as reflexões com2β pequeno .Na Figura 15 pod<strong>em</strong>os ver que com o comprimento de on<strong>da</strong> próximo ao <strong>em</strong>itidopelo alvo de cobre não exist<strong>em</strong> reflexões muito sensíveis à variação de parâmetro de redepara a amostra de Si, mas, com o recurso <strong>da</strong> radiação síncrotron, pod<strong>em</strong>os escolherqualquer comprimento de on<strong>da</strong> para as experiências. Com essa vantag<strong>em</strong> tambémpod<strong>em</strong>os escolher se trabalhamos com casos de poucos ou muito feixes, que pod<strong>em</strong>osselecio<strong>na</strong>r através do comprimento de on<strong>da</strong>, l<strong>em</strong>brando que as intersecções no gráfico sãoos casos de muitos feixes (por ex<strong>em</strong>plo, para φ=5º e λ=1,345 Å). Se visarmos, por44


2-TEORIAex<strong>em</strong>plo, a determi<strong>na</strong>ção do parâmetro de rede do Si com precisão, a partir do gráfico,nota-se que o melhor comprimento de on<strong>da</strong> que pode ser usado está próximo a 1,4 Å e aFigura 16 mostra esta condição.1,521,501,481,46λ (Å)1,441,421,40_(5 5 3)(5 5 1)(7 3 1)_(7 1 1)(7 1 3)_ __(7 1 1)(7 1 3)1,38-10 0 10 20 30 40 50 60φ (graus)Figura 16- Diagrama φ−λ para Si (002), mostrando reflexões sensíveis próximas aosespelhos de 0º e 45º.Na Figura 16 são mostra<strong>da</strong>s as reflexões indexa<strong>da</strong>s que apresentam menoresvalores para β. Através desse diagrama pod<strong>em</strong>os visualizar que o melhor λ para estu<strong>da</strong>ra precisão <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção do parâmetro de rede seria <strong>em</strong> torno de 1,395Å, pois seriammedi<strong>da</strong>s essas reflexões secundárias com alta sensibili<strong>da</strong>de para a determi<strong>na</strong>ção dosparâmetros <strong>da</strong> célula unitária.A Figura 17 mostra a simulação com λ=1,399 Å para o silício supondo umavariação no parâmetro de rede ∆a= ±0,0005Å. Esta peque<strong>na</strong> variação é senti<strong>da</strong> pelasreflexões ( 551 )( 5 5 3 ) e ( 7 31) que sofr<strong>em</strong> variações <strong>na</strong>s posições relativas aos seuspicos <strong>na</strong> varredura Renninger. No entanto, ao contrário do efeito observado nessas45


2-TEORIAreflexões, <strong>na</strong>s outras que aparec<strong>em</strong> <strong>na</strong> figura, ape<strong>na</strong>s variações muito peque<strong>na</strong>s (mesmoimperceptíveis) <strong>na</strong>s posições correspondentes aos seus picos são observa<strong>da</strong>s._(1 1 1)∆a = -0.0005 -0,0005 Å∆a = 0-0,0 Å∆a = +0.0005 +0,0005 Å_(1 1 1)Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _ _(1 3 3) (1 3 1)_(3 1 1)-4 -3 -2 -1 0_(5 5 1) (5 5 3)_(5 5 1) (5 5 3)_(1 3 1)_ _ _(3 1 1) (3 1 3)Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)-6 -4 -2 0 2 4 6_ _ _(5 1 1) (5 1 3)(7 1 1)_(3 5 3) (3 5 1)(7 3 1)∆a = -0.0005 -0,0005 Å∆a = 0-0,0 Å∆a = +0.0005 +0,0005 Å(5 5 1)(7 3 1)14 16 18 20 22 24 26φ (graus)Figura 17- Varredura Renninger para Si (002), mostrando reflexões sensíveis próximasaos espelhos de 0º e <strong>na</strong> região de 20º.46


2-TEORIAA partir <strong>da</strong> definição de sensibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><strong>da</strong> pela equação (46) pod<strong>em</strong>os traçarcurvas de sensibili<strong>da</strong>de para algumas reflexões mostra<strong>da</strong>s <strong>na</strong> varredura Renninger <strong>da</strong>primária (002). A Figura 18 mostra essas curvas de sensibili<strong>da</strong>de <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção doparâmetro de rede para 5 reflexões secundárias.1,4∆φ (graus)1,21,00,80,60,40,2_(5 5 3)(5 5 1)(7 3 1)_(5 1 1)(5 1 3)_ _ _(1_3 3)(1 3 1)(1 1 1)0,00,000 0,002 0,004 0,006 0,008∆a (Å)Figura 18- Sensibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reflexões secundárias a peque<strong>na</strong>s deformações <strong>na</strong> rede.Neste gráfico, pod<strong>em</strong>os notar que para λ=1,399 Å, a reflexão secundária maissensível a peque<strong>na</strong>s variações ∆a é a (553)( 551 ), visto que ape<strong>na</strong>s uma peque<strong>na</strong>variação <strong>em</strong> a, provoca uma variação perceptível <strong>em</strong> φ. Por outro lado, a reflexão ( 111) éa menos sensível à variação do parâmetro de rede.47


2-TEORIAReferências Bibliográficas do Capítulo 2[1] W. L. Bragg. Proc. Cambridge Phil. Soc. 17, 43 (1913).[2] R.A. Young, “The Rietveld Method”, Oxford: University Press (1993).[3] H.M. Rietveld, Acta Cryst. 22, 151 (1967).[4] H.M. Rietveld, J. Appl. Cryst. 2 , 65 (1969).[5] G.Malmros. and J. O. Thomas, J. Appl. Cryst. 10, 7(1977).[6] R.A. Young, P.E. Mackie e R.B.Von Dreele, J. Appl. Cryst. 10, 262(1977).[7] C.P. Khattak and D.E. Cox, J. Appl. Cryst.10, 405(1977).[8] G. Caglioti, A. Paoletti e F. P. Ricci, Nucl. Instrum. Methods 35 , 223 (1958).[9] E. Wagner, Phys. Z. 21, 94 (1923).[10] M. Renninger, Z. Phys. 106, 141 (1937).[11] S.L. Chang,.Multiple Diffraction of X-Rays in Crystals, Springer Verlag, Ser. Solid-State Sci., Vol. 50 , Berlin, Heidelberg, New York, 1984.[12] C. Campos and N. L. Sanjurjo, Acta Cryst. A43, 575, C-223 (1987).[13] L.H. Avanci,. L.P. Cardoso, S.E. Girdwood, D. Pugh, J.N. Sherwood, K.J. RobertsPhys. Rev. Lett. 81 (24): 5426 (1998).[14] L.H. Avanci,. L.P. Cardoso, J.M. Sasaki, S.E. Girdwood, K.J. Roberts,. D. Pugh,J.N. Sherwood, Phys. Rev. B61(10), 6506 (2000) .[15] A.O. dos Santos, L.P. Cardoso, J.M. Sasaki, M.A.R. Miran<strong>da</strong>, F.E.A. Mello, J.Phys.:Condens. Matter 15 (46), 7835 (2003).[16] H. Cole, F.W. Chambers and H.M. Dunn, Acta Cryst. 15, 138 (1962).[17] C. G. Darwin, Philos. Mag. 27, 315 (1914).[18] R. M. Moon e C. G Shull, Acta Cryst. 17, 805 (1964).[19]W. H. Zachariasen, Acta Cryst. 18, 705 (1965).[20] P.Coppens, Acta Cryst. A24, 253 (1968).[21] S. Caticha-Ellis, Acta Cryst. A25, 666 (1969).[22] P. R. Prager, Acta Cryst. A27, 563 (1971).[23] C. B. R. Parente e S. Caticha-Ellis, Jpn J. Appl. Phys. 13, 1501 (1974).[24] K. Ta<strong>na</strong>ka e Y. Saito, Acta Cryst. A31, 841 (1975).48


2-TEORIA[25] B. Post, Acta Cryst. A32, 292 (1976).[26] S. L. Chang, Acta Cryst. A38, 41 (1982).[27] Y. Soejima, A. Okazaki e T. Matsumoto, Acta Cryst. A41, 128 (1985).[28] N. B.Boloti<strong>na</strong>, T. S. Cher<strong>na</strong>ya e A. M. Golubev, Sov. Phys. Cryst. 35(2), 167(1990).[29] C. B. R. Parente, V. L. Mazzocchi e F. J. F. Pimentel, J. Appl. Cryst. 27, 463 (1994).[30] J. M. Sasaki, L. P. Cardoso, C. Campos, K. J. Roberts, G. F.Clark, E. Pantos e M. A.Sacilotti, J. Appl. Cryst. 29, 325 (1996).[31] M. M. Woolfson e H.-F. Fan, Physical and Non-Physical Methods of Solving CrystalStructures, Cambridge University Press (1995).[32] E. Rossmanith, Acta Cryst. A48, 596 (1992).[33] E. Rossmanith, Z. Krist. 213, 563 (1998).[34] E. Rossmanith, J. Appl. Cryst. 33, 921 (2000).[35] M.A. Hayashi, S.L. Morelhão,. L.H. Avanci,. L.P. Cardoso, J.M. Sasaki, L.C. Kretlyand S.L. Chang, Appl. Phys. Lett. 71(18), 2614 (1997).[36] S. L. Morelhão & L. P. Cardoso, J. Appl. Cryst. 29, 446 (1996).[37] Z. G. Pinsker, Dy<strong>na</strong>mical Scatering of X-Rays in Crystals, Springer Series Solid-State Science, vol. 3, Springer-Verlag, Berlin (1977).49


3-EXPERIMENTAL3- EXPERIMENTALNeste capitulo são apresentados os detalhes <strong>da</strong>s amostras e dos equipamentosutilizados <strong>na</strong>s medi<strong>da</strong>s de difração de raios-X com n-feixes, que foram realiza<strong>da</strong>s noLaboratório de Difração de Raios-X (LDRX), do IFGW <strong>da</strong> UNICAMP para n = 2 feixes,e <strong>na</strong> estação XRD do Laboratório Nacio<strong>na</strong>l de Luz Síncrotron (LNLS), para n ≥ 2.3.1- Amostras3.1.1- Sal de RochelleO sal de Rochelle é um tartarato de sódio e potássio hidratado, cristaliza-se com4 moléculas de H 2 O por célula unitária, NaKC 4 H 4 O 6·4H 2 O, e foi o primeiro cristal a teras suas proprie<strong>da</strong>des ferroelétricas e piezelétricas descobertas e estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s [1] . Eleapresenta a sua fase ferroelétrica entre as t<strong>em</strong>peraturas de -18 0 C e 24 0 C, e a faseparaelétrica, fora desse intervalo [2,3] . A transição de fase estrutural que ocorre nessecristal é de segun<strong>da</strong> ord<strong>em</strong>, ou seja, é uma transição contínua.A estrutura do sal de Rochelle <strong>na</strong> fase ferroelétrica é monoclínica (grupoespacial P2 1 11) com a=11,869Å, b=14,268Å, c=6,222Å e β m =89,26 0 , e apresenta umapolarização espontânea <strong>na</strong> direção a v [4] , enquanto que sua fase paraelétrica é ortorrômbica(grupo espacial P2 1 2 1 2) com a=11,880Å, b=14,298Å, c=6,225Å.O sal de Rochelle é ligeiramente solúvel <strong>em</strong> álcool, mas <strong>completa</strong>mente solúvel<strong>em</strong> água, e seu ponto de fusão é aproxima<strong>da</strong>mente à 75°C. Ele foi usado comomedicamento devido à sua proprie<strong>da</strong>de de laxante medici<strong>na</strong>l, e também é um ingrediente<strong>da</strong> solução de Fehling (usa<strong>da</strong> <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção de açúcar <strong>em</strong> soluções). Os cristais de salde Rochelle são facilmente crescidos pelo método de evaporação lenta e são usados <strong>em</strong>50


3-EXPERIMENTALdispositivos piezelétricos. O principal interesse científico são suas anomalias elétricas,que são observa<strong>da</strong>s quando aplicamos campo elétrico externo <strong>na</strong> amostra, que provocadeformações estruturais. Para as medi<strong>da</strong>s do sal de Rochelle, o monocristal foi cortado <strong>na</strong>forma de placas de 5 x 2,5 x 1,5 mm 3 e os contatos térmicos foram colocados paralelosà maior face do cristal e o feixe de raios-X incidiu <strong>na</strong> menor face do cristal.A figura a seguir mostra a estrutura do sal de Rochelle <strong>na</strong> fase paraelétrica.Figura 19- Estrutura do sal de Rochelle <strong>na</strong> fase paraelétrica (ortorrômbica).51


3-EXPERIMENTAL3.1.2 - MBANPO cristal de MBANP [(-)-2-(α-methylbenzylamino)-5-nitropyridine] com fórmulamolecular C 13 H 13 N 3 O 2 , cristaliza-se com estrutura monoclínica, grupo espacial P2 1 , comduas moléculas por célula unitária, e parâmetros de rede a = 5,392 Å, b = 6,354 Å, c =17,924 Å e β m = 94,6 o . A molécula do MBANP t<strong>em</strong> forma de borboleta (Figura 20)contendo 2 anéis aromáticos com ângulo de 84,6º entre eles. A transferência de cargaocorre entre o nitrogênio do grupo amino e o nitrogênio do grupo nitro [5] . Isto resulta noaparecimento do momento de dipolo molecular p r com maior componente <strong>na</strong> direção[001], a um ângulo de 33,25º do eixo b r .2-MetilBenzilN1AminoC9N2Piridi<strong>na</strong>NitroN3Figura 20- Molécula de MBANP com todos os grupos orgânicos identificados.52


3-EXPERIMENTALOs anéis de Piridi<strong>na</strong> e Benzeno são pla<strong>na</strong>res e as ligações inter-moleculares tipoponte de hidrogênio ocorr<strong>em</strong> <strong>na</strong> direção [011] entre moléculas relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s por umatranslação [1,1,0]. Devido a isto, o MBANP pode contribuir para a propagação de on<strong>da</strong>s<strong>em</strong> ambas direções: [010] e [001]. Embora as ligações através <strong>da</strong>s pontes de hidrogênionão tenham um grande efeito <strong>na</strong> forma molecular, elas desenvolv<strong>em</strong> um importante papelimpondo um alinhamento aos dipolos moleculares [6] dentro do material (Figura 20). Oalinhamento dos dipolos moleculares contribui para os efeitos não-lineares do material.No MBANP, os grupos metil-benzil-amino causam per<strong>da</strong> do centro de simetria <strong>da</strong>molécula, e os grupos Nitro (aceitador) e Amino (doador) contribu<strong>em</strong> com apolarizabili<strong>da</strong>de, que é necessária para a geração do segundo harmônico [7] . Ahiperpolarizabili<strong>da</strong>de no MBANP é principalmente devi<strong>da</strong> à transferência de carga intramolecularforte que acontece do grupo Amino ao grupo Nitro pelo anel de Piridi<strong>na</strong>. Oeixo polar deste cristal é o eixo b v =[010] como mostra a Figura 21.Figura 21- Estrutura do cristal MBANP projeta<strong>da</strong> no plano (1 0 0).53


3-EXPERIMENTALOs cristais de MBANP foram crescidos por evaporação lenta a partir de umasolução de cloreto de hexano-metileno [8,9] e depois, cortado <strong>na</strong> forma de placas de 5 x1,5 x 2,5 mm 3 , para a aplicação do campo elétrico <strong>na</strong> direção b v , ou seja, <strong>na</strong> face menordo cristal para garantir a homogenei<strong>da</strong>de do campo no interior <strong>da</strong> amostra.3.1.3- PrAl 2 e NdAl 2As amostras dos compostos à base de terra rara combi<strong>na</strong>dos com alumínio,componentes <strong>da</strong> série RAl 2 (onde R é um metal terra rara), cristalizam-se com a estruturacúbica tipo MgCu 2 [10] , grupo espacialFd 3 m (Figura 22). Esses compostos exib<strong>em</strong>características interessantes como o orde<strong>na</strong>mento magnético, efeito de campo cristalino eo efeito magnetocalórico [ 1112,13,1415] - . O MCE pode ser útil para muitas aplicações tecnológicas,inclusive <strong>na</strong> refrigeração magnética, uma alter<strong>na</strong>tiva para a refrigeração tradicio<strong>na</strong>l.Figura 22- Célula unitária para os compostos RAl 2 .54


3-EXPERIMENTALInicialmente foram prepara<strong>da</strong>s amostras policristali<strong>na</strong>s com cerca de 10g de PrAl 2e NdAl 2 <strong>em</strong> forno de arco sob atmosfera de Ar, com el<strong>em</strong>entos constituintes de 99,999%de pureza de alumínio e 99,9% de praseodímio ou neodímio (metal terra rara). Osmonocristais foram crescidos pelo método Czochralski [16] <strong>em</strong> um cadinho de cobrerefrigerado, sob atmosfera de Ar com pressão de 2 atm, usando uma ponta de W para opuxamento do material. O crescimento foi realizado com uma taxa de puxamento erotação de 4 mm/h e 10 rev/min, respectivamente. Foram obtidos monocristais de cercade 5 mm <strong>em</strong> diâmetro e 40 mm <strong>em</strong> comprimento. Peque<strong>na</strong>s partes dos monocristaisforam orienta<strong>da</strong>s pelo método de Laue e corta<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s direções [001] e [110].3.1.4- PrNi 5O composto PrNi 5 cristaliza-se com estrutura hexago<strong>na</strong>l tipo CaCu [17] 5 , grupoespacial P6/mmm com a= 4,964 Å e c= 3,975 Å [18] , como mostra a Figura 23. Seumagnetismo é devido ao ion Pr 3+ . Embora ele apresente peque<strong>na</strong>s interações de trocaentre esses íons, não é observado orde<strong>na</strong>mento magnético <strong>em</strong> baixas t<strong>em</strong>peratura devidoà existência de um singleto de campo cristalino no estado fun<strong>da</strong>me<strong>na</strong>l [19,20] . Essecomposto também apresenta excelente proprie<strong>da</strong>de de resfriamento <strong>na</strong> desmagnetizaçãoadiabática [21] e efeito magnetocalórico anômalo [22] .A amostra policristali<strong>na</strong> foi prepara<strong>da</strong> com materiais de pureza 99,9% para a terrarara e 99,99% para o Ni. Depois de pesar as proporções apropria<strong>da</strong>s dos el<strong>em</strong>entos, asamostras foram fundi<strong>da</strong>s no forno a arco três vezes <strong>em</strong> uma atmosfera de Ar. Durante oprocesso de fusão os metais constituintes <strong>da</strong> amostra foram movimentadosadequa<strong>da</strong>mente para garantir uma boa homogeneização <strong>da</strong> amostra.55


3-EXPERIMENTALFigura 23- Estrutura do PrNi 5 .Os monocristais foram crescidos pelo método de Bridgman [23] , uma técnica queconsiste basicamente <strong>na</strong> lenta passag<strong>em</strong> do material fundido, contido <strong>em</strong> um cadinho deNd 2 O 3 , por um forte gradiente de t<strong>em</strong>peratura, <strong>em</strong> cujo intervalo se encontra a suat<strong>em</strong>peratura de solidificação. A veloci<strong>da</strong>de de passag<strong>em</strong> do material pelo gradiente det<strong>em</strong>peratura foi de 5 mm/h. Foram obtidos monocristais de cerca de 6 mm <strong>em</strong> diâmetro e20 mm <strong>em</strong> comprimento. Pequenos pe<strong>da</strong>ços de monocristais foram orientados pelométodo de Laue e cortados <strong>na</strong>s direções [111] e [001].56


3-EXPERIMENTAL3.2- Difração Múltipla com Radiação SíncrotronAs medi<strong>da</strong>s de difração múltipla de raios-X usando radiação síncrotron foramrealiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong> estação XRD1 do Laboratório Nacio<strong>na</strong>l de Luz Síncrotron (LNLS), <strong>em</strong>Campi<strong>na</strong>s, SP.A estação XRD1 opera <strong>na</strong> faixa de raios-X duros (2 - 12 KeV, 1-6 Å), e éutiliza<strong>da</strong> <strong>em</strong> estudos de tensões residuais e texturas, análise química de traços <strong>em</strong>apeamento de composição química, proprie<strong>da</strong>des estruturais de mono e policristais,multicama<strong>da</strong>s e cama<strong>da</strong>s fi<strong>na</strong>s.A tabela abaixo mostra algumas características <strong>da</strong> estação XRD1:Tabela 2- Características <strong>da</strong> estação XRD1 do LNLS.Fonte de radiação Ímã defletor D12 (4°), σy = 0,263 mm, fluxo <strong>da</strong> amostra: 2 x10 9fótons/s.mrad @ 8keVDois- (2C)(1) e quatro- (4C)(2) cristais com saí<strong>da</strong> constante; faixa deMonocromador energia: Si(111) (2d=6,271 Å): 2,010-15000 keV, Si(220) (2d=3,84Å): 3,300-18,500 keV, Ge(111) (2d=6,53 Å): 1,920 - 15 keV.Sist<strong>em</strong>a Focalização sagital (10 mrad) por curvatura elástica do segundo cristalfocalizante (2C).Goniometria Difratometria de múltiplos eixos (monocristais e multicama<strong>da</strong>s) edifratometria θ - 2θ (policristais)Detetores Cintilador, detetor pin-diode, câmara de ionização, detetor rápido.Para a realização <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de DM nesta estação foram necessárias algumasmodificações como, por ex<strong>em</strong>plo, a adição de um difratômetro Huber 3-eixos. Parapermitir medi<strong>da</strong>s de polarização do feixe incidente (Figura 24), esse difratômetro foifixado <strong>em</strong> uma mesa que possibilita fazer a rotação entre 0 e 90 0 no eixo χ <strong>em</strong> torno <strong>da</strong>direção do feixe primário. Essa geometria permite obter curvas de rocking (eixo ω) e57


3-EXPERIMENTALvarreduras Renninger (eixo φ) com alta resolução e passos de 0,0002 o e 0,0005 o ,respectivamente, além de permitir também o mapeamento do espaço recíproco(varreduras ω/2θ). Outras técnicas não convencio<strong>na</strong>is, como o mapeamento <strong>da</strong> condiçãoBSD (varredura ω:φ) são ain<strong>da</strong> possíveis. Os el<strong>em</strong>entos giratórios (ω, φ e 2θ) possu<strong>em</strong>alta resolução e foram desenvolvidos para possibilitar o uso do goniômetro <strong>em</strong> direçõesverticais e horizontais. Então, experimentos de difração usando radiação síncrotron <strong>na</strong>estação de XRD1 pod<strong>em</strong> ser executados com a vantag<strong>em</strong> de escolha <strong>da</strong> polarização linearque varia de 0 o até 90 o <strong>em</strong> relação ao ângulo de incidência do difratômetro. E destamaneira é possível escolher qualquer reflexão primária, e levar a sua intensi<strong>da</strong>de para umvalor menor possível, e assim, realizar um alinhamento dessa reflexão primária maisperfeito e fácil. Com isso, to<strong>da</strong>s as contribuições secundárias serão positivas(umweganregung) [24,25] , o que é muito vantajoso para as nossas experiências, pois fazcom que a medi<strong>da</strong> dos deslocamentos angulares de picos, com baixa intensi<strong>da</strong>de primária(background), seja muito mais precisa do que as oscilações negativas (aufhellung) <strong>em</strong>varreduras com alto background.Figura 24- Montag<strong>em</strong> experimental usa<strong>da</strong> <strong>na</strong> estação XRD do LNLS, permitindo realizaras varreduras Renninger e curvas de rocking.58


3-EXPERIMENTAL3.3- Difração Múltipla com Radiação Convencio<strong>na</strong>lA Figura 25 mostra um esqu<strong>em</strong>a básico para a realização <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s dedifração múltipla com radiação convencio<strong>na</strong>l (tubos de raios-X). Este arranjo permiteobter um feixe incidente de raios-X colimado e de baixa divergência vertical, requisitobásico para os experimentos.Após ser gerado, o feixe de raios-X passa por um longo colimador decomprimento l, <strong>em</strong> cuja extr<strong>em</strong>i<strong>da</strong>de existe um suporte para a fen<strong>da</strong> de saí<strong>da</strong>, que podeser substituí<strong>da</strong>, variando assim a divergência do feixe incidente. As fen<strong>da</strong>s utiliza<strong>da</strong>s sãocirculares com um diâmetro F. Nesta figura também são mostrados os ângulos envolvidos<strong>na</strong>s varreduras ω e Renninger. A amostra é coloca<strong>da</strong> numa cabeça goniométrica quepermite seu completo alinhamento para as experiências.Figura 25 - Esqu<strong>em</strong>a <strong>da</strong> montag<strong>em</strong> experimental para as varreduras Renninger ecurvas de rocking. F é o diâmetro <strong>da</strong> fen<strong>da</strong> de saí<strong>da</strong> e l é o comprimento docolimador.59


3-EXPERIMENTALAs varreduras ω e φ foram realiza<strong>da</strong>s <strong>em</strong> um difratômetro para monocristaisSIEMENS modelo P4, modificado com a inclusão de um longo colimador <strong>em</strong> cujointerior contêm hélio, de forma a diminuir a absorção pelo ar. O feixe de raios-X é geradopor um tubo de difração com ânodo de cobre, disposto numa geometria que faz com queas dimensões do foco efetivo sejam 0,4mm x 0,8mm, de forma a possibilitar asexperiências de DM com razoável divergência, uma vez que a divergência vertical é umparâmetro importante a ser controlado [26] . Os outros parâmetros que caracterizam oequipamento são listados <strong>na</strong> tabela abaixo:Tabela 3- Características do difratômetro SIEMES P4 modificado.Comprimento do l=1750 mm Menor passo <strong>em</strong> ω 0,0008 0colimadorDiâmetro <strong>da</strong> fen<strong>da</strong> de saí<strong>da</strong> F=0,5 mm Divergência vertical δ v = 107’’(φ)Radiação incidente Cu K(α 1 e α 2 ) Divergência δ h = 149’’(ω)horizontalMenor passo <strong>em</strong> φ 0,005 060


3-EXPERIMENTAL3.4-Arranjo Experimental para aplicação do campo elétrico.A Figura 26 mostra o esqu<strong>em</strong>a utilizado para aplicação do campo elétrico <strong>na</strong>samostras. O campo foi gerado por uma fonte DC, variável, de baixa corrente elétrica. Oscontatos elétricos foram estabelecidos através de esponjas condutoras, forneci<strong>da</strong>s pelaSGL Carbon Group, Meitingen, Al<strong>em</strong>anha. Essas esponjas foram coloca<strong>da</strong>s entre asplacas de metal e a face maior do cristal, de forma a estabelecer um campo elétricouniforme no interior <strong>da</strong> amostra. As esponjas também previn<strong>em</strong> o pré-tensio<strong>na</strong>mentomecânico do cristal devido ao contato com as placas metálicas.Figura 26 - Esqu<strong>em</strong>a para aplicação do campo elétrico permitindo a realização devarreduras Renninger e curvas de Rocking, com a mesma montag<strong>em</strong> eequipamento.Nesta figura ain<strong>da</strong> são mostrados os ângulos de incidência (ω) e o de rotação (φ).O vetor n r é normal aos planos escolhidos como primários, E r é a direção de aplicação docampo, R rrepresenta o vetor referência (tomado quando φ=0 0 ), I 0 representa o feixeefincidente e I p o feixe primário difratado.É importante destacar que o feixe de raios-X s<strong>em</strong>pre incide sobre a menor face<strong>da</strong> amostra, permitindo a realização <strong>da</strong>s varreduras Renninger, mantendo o mesmoalinhamento.61


3-EXPERIMENTAL3.5-Arranjo experimental para variação de t<strong>em</strong>peratura.Para as medi<strong>da</strong>s de difração múltipla e curvas de rocking com variação <strong>na</strong>t<strong>em</strong>peratura <strong>da</strong> amostra construímos um sist<strong>em</strong>a utilizando uma célula Peltier. Essedispositivo é composto por diversos pares de el<strong>em</strong>entos s<strong>em</strong>icondutores tipo-n e tipo-pque, quando alimentados com uma corrente elétrica funcio<strong>na</strong> como uma bomba de calor.O calor é transferido de um lado “frio” para outro lado “quente” via o movimento deelétrons, e a capaci<strong>da</strong>de de bombeamento de calor é proporcio<strong>na</strong>l à corrente e ao númerode pares de el<strong>em</strong>entos tipo-n e tipo-p. Esse dispositivo foi colocado <strong>em</strong> um suporte eligado a um controlador de t<strong>em</strong>peratura como mostrado <strong>na</strong> Figura 27. A amostra foicoloca<strong>da</strong> entre paralelepípedos de cobre para garantir um bom contato térmico eestabilizar a t<strong>em</strong>peratura mais rapi<strong>da</strong>mente. Um termopar (Cobre-Constantan) é colocadopróximo <strong>da</strong> amostra.termopar[100]ContatostérmicosPeltierFigura 27-Suporte montado para variar a t<strong>em</strong>peratura <strong>na</strong> amostra permitindo arealização de varreduras Renninger e curvas de rockingAs medi<strong>da</strong>s foram realiza<strong>da</strong>s após a estabilização <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura <strong>na</strong> amostra epara realização <strong>da</strong>s varreduras Renninger a amostra foi alinha<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>srespectivas t<strong>em</strong>peraturas.62


3-EXPERIMENTALReferências Bibliográficas do Capítulo 3[1]P. Curie & J. Curie,“Développ<strong>em</strong>ent par compression de l’électricitè polaire <strong>da</strong>ns lescristauxhémiédres à faces inclinées”, Bulletin 4 de la Société Minéralogique deFrance, (1880) 3, 90 e C. R. Acad. Sc. Paris 91, 294 (1881).[2] W.G. Cady, Piezoeletricity, Dover Pub. Inc. N. York, 1946, ed. Rev. 1964.[3] B. C. Frazer, M. McKeown, and R. Pepinsky, Phys. Rev. 94, 1435 (1954).[4] F.Jo<strong>na</strong> and G. Shirane, Ferroelectric Crystals - Pergamon Press, Oxford (1962).[5] R. Twieg, A. Az<strong>em</strong>a, K. Jain E Y. Y. Cheng, Ch<strong>em</strong>.Phys. Lett. 92, 208 (1982).[6] J. M. Cole, A.E. Goeta, J.A.K. Howard e G. J. McIntyre Acta Cryst. B58, 690 (2002).[7] T. Kondo, N. Ogasawara, R. Ito, K Ishi<strong>da</strong>, T. Ta<strong>na</strong>se, T. Murata e M. Hi<strong>da</strong>i, ActaCryst. C44, 102 (1988).[8] G.Bettoni, S. Catsiotis, R. Perrone E V. Tortorella, Gazz. Chim. Ital. 107, 111(1977).[9] J. N. Sherwood, in Organic Materials for Nonlinear Optics, edited by D.Bloor and R.A. Harm (Royal Society of Ch<strong>em</strong>istry, Kent, UK, 1989), No. 69, p. 71.[10] Wernick J H and Geller S, Trans. Metall. Soc. AIME 218, 866 (1960).[11] K. N. R. Taylor e M. I. Darby, Physics of Rare Earth Solids (London: Chapma<strong>na</strong>nd Hall), (1972).[12] Wallace W E and Segal E, Rare Earth Intermetallics (London: Acad<strong>em</strong>ic), (1973).[13] Buschow K H J, Rep. Prog. Phys. 40, 1179 (1977)[14] Wallace W E,Sankar S G and Rao V U S, Struct. Bonding 33, 1 (1977).[15]P. J. von Ranke, N. A. de Oliveira, M. V. Tovar Costa, E. P. Nobrega, A. Cal<strong>da</strong>s andI. G. de Oliveira, J. Magn. Magn. Mater. 226, 970 (2001).[16] J. Czochralski, Z. Phys. Ch<strong>em</strong>. 92, 219(1918).[17] J. H. Wernick and S. Geller, Acta Cryst. 12, 662 (1959).[18] AE Dwight, Trans. Am. Soc. Metals 53 479 (1961)[19] V. M. T. S. Barth<strong>em</strong>, D. Gignoux, A. Nait-Saa<strong>da</strong>, D. Schmitt and G. Creuzet, Phys.Rev. B37, 1733 (1988).[20] K. Andres e S. Darack , Phys. Rev. B19, 5475 (1979).63


3-EXPERIMENTAL[21] M. Kubota, H. R. Folle, Ch. Buchal, R. M. Muller and F. Pobell, Physica B 108,1093 (1981);[22] P. J. von Ranke, M. A. Mota, D. F. Grangeia, A. M. G. Carvalho, F. C. G. Gandra,A. A. Coelho, A. Cal<strong>da</strong>s, N. A. de Oliveira and S. Gama, Phys. Rev. B70, 174429(2004)[23] P. W. Bridgman, Proc. Am. Acad. Arts. Sci. 60, 305 (1925).[24] Y.P. Stetsko, H.J. Jeretschke, Y.S. Huang, C.H. Chao, C.K. Chen and S.L. Chang,Acta Cryst. A56, 394 (2000).[25] S.L. Morelhão and L.H. Avanci, Acta Cryst. A56, 507 (2001).[26] R. Colella and A. Merlini, Phys. Status Solidi 18, 157 (1966).64


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO4- RESULTADOS E DISCUSSÃONeste capitulo serão apresentados os resultados obtidos no desenvolvimentodesta <strong>tese</strong> e que envolv<strong>em</strong> a transição de fase estrutural do Sal de Rochelle, o estudo doefeito de campo elétrico no cristal orgânico MBANP, e a caracterização estrutural d<strong>em</strong>ateriais monocristalinos que apresentam o efeito magnetocalórico PrNi 5 , NdAl 2 e PrAl 2 ,com a análise <strong>da</strong> perfeição cristali<strong>na</strong> <strong>na</strong> superfície <strong>da</strong>s amostras, através dos picossecundários BSD.4.1- Sal de RochelleUma vez que já estu<strong>da</strong>mos a piezeletrici<strong>da</strong>de do cristal de sal de Rochelle, esabendo que ele apresenta uma transição de fase estrutural de segun<strong>da</strong> ord<strong>em</strong> <strong>em</strong> 24ºC, <strong>da</strong>estrutura monoclínica para a ortorrômbica, decidimos estu<strong>da</strong>r essa transição de faseusando a difração múltipla de raios-X como son<strong>da</strong>. Essa técnica, como já discutidoanteriormente, fornece informação tridimensio<strong>na</strong>l sobre a rede cristali<strong>na</strong> a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong> e altasensibili<strong>da</strong>de para o estudo de peque<strong>na</strong>s deformações <strong>na</strong> rede cristali<strong>na</strong>.Para este estudo utilizamos a radiação síncrotron devido à sua alta intensi<strong>da</strong>de,associa<strong>da</strong> a alta coerência do feixe. Um sist<strong>em</strong>a para controle de t<strong>em</strong>peratura usando umdispositivo de efeito Peltier que permite fazer curvas de rocking e varreduras Renningerfoi construído, como descrito no it<strong>em</strong> 3.5 (arranjo experimental). O sist<strong>em</strong>a foi calibradousando a t<strong>em</strong>peratura de 0º e 100ºC, respectivamente, e montado <strong>na</strong> estação XRD1 doLNLS. Usando um cristal de Silício como padrão, a partir <strong>da</strong> varredura Renninger com aprimária (0 0 2), determi<strong>na</strong>mos o comprimento de on<strong>da</strong> como sendo: λ=1,49840(5) Å. Nat<strong>em</strong>peratura ambiente (25ºC), a amostra de sal de Rochelle foi alinha<strong>da</strong> para a reflexão( 4 0 0 ) e <strong>em</strong> segui<strong>da</strong>, a reflexão ( 10 0 0 ) foi escolhi<strong>da</strong> como a melhor primária para esteexperimento por apresentar a melhor razão si<strong>na</strong>l ruído <strong>na</strong> varredura Renninger. Além65


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOdisso, por envolver maiores índices de Miler, maior será a sensibili<strong>da</strong>de às variações <strong>da</strong>célula unitária. As medi<strong>da</strong>s foram realiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s t<strong>em</strong>peraturas de 13ºC, 17ºC, 24ºC, 30ºCe 40ºC, respectivamente.A Figura 28 mostra as curvas de rocking para ca<strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura, notando que aca<strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura de medi<strong>da</strong>, obtiv<strong>em</strong>os a varredura Renninger para a posição d<strong>em</strong>áximo. Através dessas medi<strong>da</strong>s notamos que há uma variação aparent<strong>em</strong>ente contínua<strong>na</strong> posição do máximo <strong>da</strong> reflexão ( 10 0 0 ), que é característica <strong>da</strong> transição de segun<strong>da</strong>ord<strong>em</strong>, com uma maior variação para T> 24ºC. A transição foi confirma<strong>da</strong> pela presençade picos <strong>da</strong> nova fase <strong>na</strong> varredura Renninger, como discutir<strong>em</strong>os adiante.Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)T=40 0 CT=30 0 CT=24 0 CT=17 0 CT=13 0 C38,94 38,96 38,98 39,00 39,02 39,04 39,06 39,08ω (graus)Figura 28– Curvas de rocking (10 0 0) do sal de Rochelle <strong>em</strong> função <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura.66


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOPara a<strong>na</strong>lisarmos melhor a transição traçamos o gráfico dos máximos <strong>da</strong> reflexão( 10 0 0 ) <strong>em</strong> função <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura, como mostra a Figura 29. A<strong>na</strong>lisando o gráfico,notamos uma peque<strong>na</strong> descontinui<strong>da</strong>de <strong>na</strong> t<strong>em</strong>peratura de 24ºC, que deve estar próxima<strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura de transição do Sal de Rochelle.39,0639,0439,02ω max(graus)39,0038,9838,9610 15 20 25 30 35 40T<strong>em</strong>peratura (ºC)Figura 29– Posições ω dos máximos <strong>da</strong>s curvas de rocking (10 0 0) <strong>em</strong> função <strong>da</strong>t<strong>em</strong>peratura.A varredura Renninger <strong>da</strong> amostra <strong>na</strong> fase ortorrômbica usando a reflexão( 10 0 0 ) apresentou os picos secundários <strong>da</strong>quela fase, e como há a variação contínua dosparâmetros de rede durante a transição, isto tornou difícil a indexação utilizando oprograma MNCB, obrigando-nos a usar a simulação com o programa UMWEG, para tera determi<strong>na</strong>ção segura dos índices correspondentes às contribuições secundárias. Cabeinformar que essa simulação complica-se no caso do sal de Rochelle, devido aos muitosátomos <strong>na</strong> sua estrutura, com suas diferentes posições atômicas e coeficientes det<strong>em</strong>peratura que precisam ser ajustados [1,2] .67


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOA Figura 30 mostra a simulação do diagrama Renninger indexado para a amostrade sal de Rochelle <strong>na</strong> t<strong>em</strong>peratura de 30 0 C, usando a reflexão ( 10 0 0 ) como primária eo eixo de referência [001].experimentalIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ __(3 2 1)(7_2 1)(8 1 2)(2 1 2)_ _(4 2 1)(6 2 1)_(5 1 2)_ _(5 1 2)simulado_ _ _ _(4 2 1)(6 2 1)_ _ _ _(8 1 2)(2 1 2)_ _ _ _(3 2 1)(7 2 1)80 85 90 95 100φ (graus)Figura 30– Varreduras Renninger ( 10 0 0 ) do sal de Rochelle, experimental e simula<strong>da</strong>,mostrando a indexação de alguns picos secundários.Todos os picos secundários dessa varredura Renninger foram indexados, masnessa figura mostramos ape<strong>na</strong>s os principais, para que a figura seja melhor visualiza<strong>da</strong>. Ocaso de três feixes ( 0 0 0 )( 10 0 0 )( 5 1 2 ), que é uma reflexão BSD, forma um ângulogrande entre a entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> do nó recíproco <strong>da</strong> esfera de Ewald (β≅ 78º), indicando68


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOque certamente o seu pico correspondente apresentará ape<strong>na</strong>s um pequeno deslocamentoangular quando a t<strong>em</strong>peratura variar.As Figuras 31 e 32 mostram as varreduras Renninger obti<strong>da</strong>s para as fasesmonoclínica (T=13 o C) e ortorrômbica (40 o C), antes e após a transição de fase estrutural<strong>da</strong> amostra, para os espelhos de 90º e 0º.T=13 0 CT=40 0 CIntensi<strong>da</strong>de (u.a.)83,7 83.7 84,00 84.0 84,3 84.3 84,6 84.6 84,9 84.9 85.2 85,2φ (graus)80 85 90 95 100φ (graus)Figura 31– Varreduras Renninger( 10 0 0 ) para as fases monoclínica (13 o C) eortorrômbica (40 o C) do sal de Rochelle. Destaque para a região comgrande variação <strong>na</strong> posição dos picos secundários.69


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO_ _ _ _(6 2 1)(4 2 1)T= 13ºCT= 40ºCIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _(5 3 1)(3 4 0)(7 4 0)_ _ _(5 1 1)(1 4 2)(11 4 2)(1 5 1)(9 5 1)_ _ _ _(5 1 1)(1 4 2)(11 4 2)_ _(6 2 1)(4 2 1)_ _(1 5 1)(9 5 1)_ _(3 4 0)(7 4 0)_(5 3 1)-14 -13 -12 12 13 14φ (graus)Figura 32– Varreduras Renninger( 10 0 0 ) para as fases monoclínica (13 o C) eortorrômbica (40 o C) do sal de Rochelle, variação <strong>na</strong> posição dos picossecundários do espelho de 0º.Para evidenciar melhor essa transição, destacamos partes <strong>da</strong> varredura doespelho de 90º, que apresentou efeitos mais interessantes, e as acompanhamos para to<strong>da</strong>sas t<strong>em</strong>peraturas, de forma a a<strong>na</strong>lisar melhor a transição de fase de segun<strong>da</strong> ord<strong>em</strong> queestamos interessados.A Figura 33 mostra a região <strong>em</strong> torno do espelho, evidenciando a mu<strong>da</strong>nça <strong>na</strong>posição <strong>da</strong> reflexão secundária ( 5 1 2 ) com relação ao espelho. Observa-se que a posição<strong>da</strong> reflexão secundária ( 613 )( 4 1 3 ) varia muito pouco com a t<strong>em</strong>peratura, uma vez que70


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOela apresenta a condição adequa<strong>da</strong> para servir de referência às outras reflexões medi<strong>da</strong>s(β=82º).Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)_(5 1 2)_ _(6 1 3)(4 1 3)(6 1 3)(4 1 3)_ _(5 1 2)T= 13 0 CT= 17 0 CT= 24 0 CT= 30 0 CT= 40 0 C89,1 89,2 89,3 89,4 89,5 90,5 90,6 90,7 90,8 90,9φ (graus)Figura 33- Comportamento dos picos secundários <strong>em</strong> torno do espelho (90 o ) <strong>em</strong> função<strong>da</strong> variação de t<strong>em</strong>peratura.Apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des para a simulação <strong>da</strong> varredura Renninger do sal deRochelle(cálculo <strong>da</strong>s intensi<strong>da</strong>des e dos perfis <strong>da</strong>s reflexões secundárias), depois d<strong>em</strong>uito trabalho variando os parâmetros térmicos e obtendo os parâmetros de rede através<strong>da</strong>s varreduras a partir <strong>da</strong> escolha de um conjunto de picos secundários no espelho de 90ºe 0º, conseguimos ter êxito <strong>na</strong>s simulações para ca<strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura, apesar de peque<strong>na</strong>sdiferenças <strong>na</strong> intensi<strong>da</strong>de. A Figura 34 mostra a simulação <strong>da</strong> região do espelho de 90ºpara o sal de Rochelle.71


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_(5 1 2)_ _(5 1 2)_ _(6 1 3)(4 1 3)(6 1 3)(4 1 3)T=13ºCT=17ºCT=24ºCT=30ºCT=40ºC89,1 89,2 89,3 89,4 89,5 90,5 90,6 90,7 90,8 90,9φ (graus)Figura 34- Simulação dos picos secundários <strong>em</strong> torno do espelho (90 o ) <strong>em</strong> função <strong>da</strong>variação de t<strong>em</strong>peraturaO interessante <strong>da</strong> difração múltipla de raios-X nesse caso <strong>da</strong> transição de fase dosal de Rochelle é que os picos secundários se mov<strong>em</strong> <strong>em</strong> sentidos distintos sob a variaçãode t<strong>em</strong>peratura como é mostrado adiante, evidenciando o caráter tridimensio<strong>na</strong>l dessatécnica, pois diversos planos cristalográficos entram <strong>em</strong> condição de difraçãosimultaneamente dentro do monocristal.72


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOT=24 o C_ _(3 2 1)(7 2 1)76,75 76,80 76,85 76,90 76,95 77,00φ (graus)Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _(8 1 2)(2 1 2)_ _(9 0 1)(1 0 1)_(5 0 2)T= 13 0 CT= 17 0 CT= 24 0 CT= 30 0 CT= 40 0 C76,5 76,6 76,7 76,8 76,9 77,0 77,1 77,2 77,3φ (graus)Figura 35– Região <strong>da</strong> varredura Renninger (10 0 0) <strong>em</strong> função <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura <strong>na</strong>transição de fase estrutural do sal de Rochelle. No destaque, o surgimento dopico secundário ( 9 0 1 )( 1 0 1 ) <strong>da</strong> fase ortorrômbica a T=24 o C.As Figuras 35 e 36 mostram que os picos secundários se mov<strong>em</strong> <strong>em</strong> direçõesdistintas no diagrama Renninger, além disso, evidenciam o surgimento de novos picossecundários <strong>da</strong> fase ortorrômbica no diagrama Renninger: ( 901 )( 101 ) e73


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO( 032 )( 10 3 2 ), que pod<strong>em</strong> ser observados, ambos <strong>na</strong> t<strong>em</strong>peratura de transição, ou sejaT=24 0 C.Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)(9 1 3)(1 1 3)_ _(8 1 2)(2 1 2)_ _(6 0 2)(4 0 2)T= 13 0 CT= 17 0 CT= 24 0 CT= 30 0 CT= 40 0 C78,15 78,20 78,40 78,45 78,50 78,55 78,60φ (graus)Figura 36– Variação <strong>da</strong> posição de alguns picos secundários <strong>na</strong> varredura Renninger(10 0 0) <strong>em</strong> função <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura, e o surgimento do pico( 0 3 2 )( 10 3 2 ).A Figura 37 mostra o pico secundário ( 12 4 1 )( 2 4 1 ), que forma um ângulopequeno (β=34,88 0 ) entre a entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> do nó recíproco <strong>da</strong> esfera de Ewald. Éimportante citar que esse é o menor ângulo encontrado <strong>na</strong> região <strong>da</strong> varredura medi<strong>da</strong>, oque o tor<strong>na</strong> mais sensível à variação dos parâmetros de rede, ou seja, a partir <strong>da</strong> equação(46), pod<strong>em</strong>os a<strong>na</strong>lisar que quanto menor o β maior ∆φ, como é mostrado nesta figura.74


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _(3 1 2)(7 1 2)_ _ _(2 4 1)(12 4 1)medido_ _(9 1 2)(1 1 2)_ _(3 2 3)(7 2 3)T= 13 0 CT= 17 0 CT= 24 0 CT= 30 0 CT= 24 40 ºC0 C84,4 84,6 84,8 85,0 85,2φ (graus)simuladoIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)84,4 84,6 84,8 85,0 85,2φ (graus)Figura 37– Variação <strong>na</strong> posição do pico ( 12 4 1 )( 2 4 1 ), o mais sensível medido esimulado, <strong>em</strong> função <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura .75


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOA partir <strong>da</strong> escolha de um conjunto de picos que possu<strong>em</strong> o ângulo β pequenofoi possível estu<strong>da</strong>r a variação dos parâmetros de rede <strong>em</strong> função <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura <strong>na</strong> faseortorrômbica. As Figuras 38 e 39 mostram a variação dos parâmetros de rede <strong>em</strong> função<strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura.11,91011,90511,900a (Å)11,89511,89011,88511,88014,28014,27514,270b (Å)14,26514,26014,25510 15 20 25 30 35 40T(ºC)Figura 38–Parâmetros de rede a e b do sal de Rochelle <strong>em</strong> função <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura .76


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO6,2366,2346,232c (Å)6,2306,228V (Å 3 )6,2266,2246,2221061106010591058105710561055105410 15 20 25 30 35 40T (ºC)Figura 39–Parâmetros de rede c e volume <strong>da</strong> célula unitária do sal de Rochelle <strong>em</strong>função <strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura .Nas Figuras 38 e 39 observamos que o efeito <strong>da</strong> transição é mais notável <strong>na</strong>variação do parâmetro de rede b, enquanto que os parâmetros de rede a e c variam maislinearmente.77


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOA partir <strong>da</strong> obtenção dos parâmetros de rede do sal de Rochelle <strong>em</strong> função <strong>da</strong>t<strong>em</strong>peratura, pod<strong>em</strong>os estimar os coeficientes de expansão térmica <strong>da</strong> amostra usando as1 ⎛ <strong>da</strong> ⎞ 1 ⎛ db ⎞ 1 ⎛ dc ⎞equações α[100]= ⎜ ⎟ , α[010]= ⎜ ⎟ e α[010]= ⎜ ⎟ . A estimativa é feita aa ⎝ dT ⎠ b ⎝ dT ⎠ c ⎝ dT ⎠partir dos três valores obtidos para os parâmetros de rede <strong>da</strong> fase ortorrômbica, logo, t<strong>em</strong>seo coeficiente de expansão térmica para essa fase. A Figura 40 mostra o gráfico de onde−6obtiv<strong>em</strong>os a estimativa dos coeficientes α[ 1 0 0]= 59(2)x10Cα [001] =43(5)x10 -6 C -1 .−1, α [010] =39(8)x10 -6 C -1 e∆x/x (x10 -4 )111098α [100]= 59(2)x10 -6 C -1α [010]= 39(8)x10 -6 C -176α [001]= 43(5)x10 -6 C -15432∆a/a1∆b/b0∆c/c-1-2-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18∆T (ºC)Figura 40–Coeficientes de expansão térmica <strong>da</strong> fase ortorrômbica <strong>da</strong> amostra de sal deRochelle .78


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOOs valores encontrados com a difração múltipla de raios-X estão <strong>em</strong> bom acordocom os publicados <strong>na</strong> literatura [3] , como pode ser comparado <strong>na</strong> tabela 4.Tabela 4- Coeficiente de expansão térmica obtidos por DM e <strong>da</strong> literatura.Literatura*α(10 -6 ºC -1 )DMα(10 -6 ºC -1 )α [100]58-6259(2)α [010] 42-5439(8)α [001] 43-5443(5)A partir desses resultados observou-se que a difração múltipla de raios-X é umaferramenta com muito boa sensibili<strong>da</strong>de e ótimo potencial para o estudo dos fenômenosde transição de fase, seja por t<strong>em</strong>peratura como por outro agente externo, como campoelétrico, pressão, etc. Numa única varredura é possível obter informação sobre diversosplanos cristalográficos com diferentes orientações dentro do monocristal. Além disso,mostra excelente potencial também para análises <strong>da</strong> expansão térmica <strong>em</strong> monocristais,como foi mostrado para a fase ortorrômbica.79


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO4.2- MBANPA investigação de efeitos ópticos não-lineares <strong>em</strong> cristais orgânicos t<strong>em</strong> sido umaárea muito ativa de pesquisa durante a última déca<strong>da</strong> [4 7] 5,6, - . A motivação para estaativi<strong>da</strong>de foi a descoberta de que algumas moléculas orgânicas têm polarizabili<strong>da</strong>de desegun<strong>da</strong> ord<strong>em</strong> excepcio<strong>na</strong>lmente grande (1 ahiperpolarizabili<strong>da</strong>de) comparado commateriais inorgânicos.As respostas não-lineares de cristais têm origens <strong>na</strong>s não-lineari<strong>da</strong>desmoleculares [8] , mas a estrutura cristali<strong>na</strong> e as interações intermoleculares têm tambémuma importância crucial <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção <strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza dos efeitos produzidos. Para oMBANP os efeitos não lineares eletro-ópticos (LEO), a geração de segundo harmônico(SHG) [9,10] e também o efeito piezelétrico [11] já foram estu<strong>da</strong>dos.As curvas de rocking <strong>da</strong> difração de raios-X, quando obti<strong>da</strong>s sob geometria de altaresolução, representam uma ótima ferramenta para o estudo unidimensio<strong>na</strong>l <strong>da</strong>s peque<strong>na</strong>sdistorções <strong>na</strong> célula unitária associa<strong>da</strong>s à aplicação de campos elétricos externos <strong>em</strong>cristais que apresentam efeitos não lineares [12] . Devido a essa característica <strong>da</strong> técnica,decidimos usá-la no presente estudo <strong>da</strong> aplicação de campo elétrico <strong>em</strong> cristais orgânicosMBANP. Essas medi<strong>da</strong>s foram realiza<strong>da</strong>s no Laboratório de Difração de Raios-X(LDRX), IFGW-UNICAMP, usando a geometria mostra<strong>da</strong> <strong>na</strong>s Figuras 25 e 26. Visandoestu<strong>da</strong>r efeitos não lineares neste cristal, escolh<strong>em</strong>os a direção b r = [010] (direção polardo cristal) para a aplicação de campo elétrico. O efeito do campo elétrico externo foimonitorado através de curvas de rocking <strong>da</strong> reflexão ( 0 0 10)com radiaçãoCu Kβ (λ=1,3922 Å ), para evitar a contribuição do dubleto Cu Kα1 e Cu Kα2 . A Figura 41mostra a curva de rocking no início <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> s<strong>em</strong> a aplicação do campo (E=0).80


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOIntensi<strong>da</strong>de (u.a.)FWHM=140(1)”26,2 26,3 26,4 26,5 26,6 26,7 26,8ω (graus)Figura 41- Curva de rocking <strong>da</strong> reflexão ( 0 0 10)<strong>da</strong> amostra s<strong>em</strong> campo elétrico.Foram realiza<strong>da</strong>s 3 curvas de rocking repeti<strong>da</strong>s com as mesmas condições, paragarantir a precisão <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> com o goniômetro, e os resultados não apresentaramdiferença dentro do limite de erro de 0,00008º. Após esses testes, realizamos as medi<strong>da</strong>scom campo elétrico, permitindo s<strong>em</strong>pre alguns minutos para a estabilização <strong>da</strong> redecristali<strong>na</strong> com o estímulo externo. A Figura 42 mostra um esqu<strong>em</strong>a de aplicação decampo elétrico <strong>na</strong> direção polar do MBANP. Na figura pod<strong>em</strong>os notar que os dipolosmoleculares tenderão a se alinhar com o campo elétrico externo aplicado paralelo àdireção b r , l<strong>em</strong>brando que estamos medindo os efeitos do campo através de curvas derocking <strong>da</strong> reflexão ( 0 0 10).81


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOE vcbFigura 42- Esqu<strong>em</strong>a de aplicação do campo elétrico no cristal de MBANP.Quando aplicamos um campo elétrico externo <strong>em</strong> um cristal ferroelétricoinduzimos deformações <strong>na</strong> célula unitária [13] . No caso do MBANP t<strong>em</strong>os um cristalmonoclínico com distancia interpla<strong>na</strong>r <strong>da</strong><strong>da</strong> por:1d hk l=1senβha22k+2sen2b2β l+c222 h l cosβ−a c82


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOA variação <strong>da</strong> posição <strong>da</strong> reflexão ( 0 0 l ) com o campo elétrico <strong>em</strong> função dosparâmetros de rede pode ser obti<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> diferenciação <strong>da</strong> lei de Bragg2c sen(β ) sen(ωλ = 2d 00lsen(ω00l) =l⇓∆λ∆c= + cot( ω 00l) ∆ω+ cot( β ) ∆βλ c⇓00l)∆c+ cot( β ) ∆β= − cot( ωc00l) ∆ω(41)∆λconsiderando como nula a variação espectral <strong>da</strong> radiação incidente ( = 0 ).λA partir <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s de curvas de rocking <strong>na</strong> direção ( 0 0 10)pod<strong>em</strong>os obter a∆cdeformação + cot( β ) ∆β<strong>em</strong> função do campo aplicado E y , que foi aplicado de 0cV/cm até 3,4 x10 5 V/m e depois r<strong>em</strong>ovido, retor<strong>na</strong>ndo a 0 V/cm. A partir <strong>da</strong>í, a polari<strong>da</strong>dedo campo foi inverti<strong>da</strong> e repetiu-se o procedimento anterior, fazendo desta forma umciclo completo de aplicação de campo elétrico.Os efeitos de campo elétrico pod<strong>em</strong> ser visualizados <strong>na</strong> Figura 43, que mostra avariação <strong>da</strong> posição <strong>da</strong> reflexão ( 0 0 10)com o campo elétrico.83


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOE=0 V/cmE=3,44x10 4 V/cmE=6,88x10 4 V/cmIntensi<strong>da</strong>de (u.a.)26,45 26,50 26,55 26,60ω (graus)Figura 43- Curva de rocking <strong>da</strong> reflexão ( 0 0 10)<strong>em</strong> função do campo elétrico.O resultado <strong>da</strong>s deformações <strong>em</strong> função do campo elétrico aplicado <strong>na</strong> direçãopolar do cristal MBANP, apresentou como resultado muito interessante, uma histeresecom forma de “asa de borboleta”, como mostra a Figura 44. A histerese nessa forma jáfoi encontra<strong>da</strong> <strong>em</strong> outros materiais piezelétricos, como monocristais de Tita<strong>na</strong>to de Bário(BaTiO 3 ) [14, 15] e cerâmicas PZT (PbZr (x) Ti (1-x) O 3 ) [16, 17, 18] . Entretanto, pelo que sab<strong>em</strong>os,essa é a primeira observação <strong>da</strong> histerese tipo asa de borboleta gera<strong>da</strong> <strong>em</strong> resposta àaplicação de campo elétrico <strong>em</strong> cristais orgânicos.84


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO(∆c/c) +cot(β)∆β=- cot(ω 00−10 )∆ω00−10 x10 -42,52,01,51,00,50,0-0,5-1,0-1,5-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4E y(x10 5 V/m)Figura 44- Deformação (asa de borboleta) <strong>na</strong> rede através <strong>da</strong>s curvas de rocking( 0 0 10) <strong>em</strong> função do campo elétrico aplicado.Os modelos existentes para explicar esse tipo de histerese são baseados nosdomínios ferroelétricos e são aplicados a cerâmicas piezelétricas com transformação <strong>da</strong>microestrutura tetrago<strong>na</strong>l-cúbica [192021] - , ain<strong>da</strong> não exist<strong>em</strong> modelos para cristaismonoclínicos, como é o caso do MBANP. Explorando as proprie<strong>da</strong>des de simetria dessecristal, pod<strong>em</strong>os qualitativamente expressar as deformações <strong>na</strong> rede <strong>em</strong> termos do efeito<strong>em</strong> uma molécula de MBANP isola<strong>da</strong>. Desta forma, é possível investigar as principaiscaracterísticas desse tipo de histerese a partir de cálculos moleculares. Para isso foirealizado o cálculo <strong>da</strong> população de carga usando o método s<strong>em</strong>i-<strong>em</strong>pírico “Austinmethod one” (AM1) 22 , com uma modificação que permite a introdução de um termo decampo elétrico externo <strong>na</strong> Hamiltonia<strong>na</strong>, metodologia essa já discuti<strong>da</strong> anteriormente por85


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOS. O. Dantas e outros [24] . O método s<strong>em</strong>i-<strong>em</strong>pírico t<strong>em</strong> sido uma ferramenta eficiente parao estudo de estrutura eletrônica de materiais orgânicos [23] .Os resultados mostram que a aplicação do campo elétrico causa como maior efeito<strong>na</strong> molécula uma rotação no anel de benzeno (no grupo benzil), aproximando-o do grupoCH 3 <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> ligação N1-C9 (Figura 20), além de uma distorção no comprimento <strong>da</strong>ligação N-C. Essas distorções pod<strong>em</strong> ser associa<strong>da</strong>s à mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> população de cargas,uma vez que ambos têm o mesmo comportamento qualitativo [24,25] . A decisão de usar apopulação de carga ao invés de deformação no comprimento <strong>da</strong>s ligações está basea<strong>da</strong> nofato de que a população de carga é uma proprie<strong>da</strong>de intrínseca de estruturas molecularese é mais fácil de visualizar. O uso <strong>da</strong> deformação <strong>da</strong> ligação requeria correçõesgeométricas (projeção no plano) para ca<strong>da</strong> valor de campo elétrico e isso seria umtrabalho árduo e não adicio<strong>na</strong>ria muita informação para nossa análise, que é ape<strong>na</strong>squalitativa.A Figura 45 mostra o resultado dos cálculos <strong>da</strong> população de carga para o grupoNH, grupo NO 2 e o intermediador anel de Piridi<strong>na</strong>. Quando o campo elétrico é positivoao longo <strong>da</strong> direção do dipolo <strong>da</strong> molécula, os grupos NO 2 e NH transfer<strong>em</strong> cargas para oanel de Piridi<strong>na</strong>. Para valores negativos de campo elétrico, o grupo NH transfere cargaspara o grupo NO 2 e o anel de Piridi<strong>na</strong>, ou seja, o anel de Piridi<strong>na</strong> está s<strong>em</strong>pre recebendocargas. Estas mu<strong>da</strong>nças distintas e o comportamento não linear pod<strong>em</strong> estar relacio<strong>na</strong>dosa diferentes tipos de deformações geométricas: alongamento simples <strong>da</strong> ligação <strong>na</strong>direção de transferência de elétrons e alongamento seguido por torção <strong>na</strong> direção de per<strong>da</strong>de elétrons.86


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO0,0População de Carga (|e|)-0,1-0,2-0,3-0,4-0,5-0,6Nitro (NO 2)Amino (N1)Piridi<strong>na</strong>-0,7-1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0E p(10 10 V/m)Figura 45- Mu<strong>da</strong>nça <strong>na</strong> população de carga do grupo nitro(NO 2 ), amino (N1), e anel depiridi<strong>na</strong> <strong>em</strong> função do campo elétrico aplicado <strong>na</strong> direção do momento dedipolo P v .A torção no anel de benzeno <strong>em</strong> torno do grupo NH é caracteriza<strong>da</strong> por umarotação positiva <strong>em</strong> torno do eixo N1-C9 até o máximo valor de campo elétrico. Apósisto, com a diminuição do campo, observamos uma rotação negativa enquantoatravessamos o valor zero de E para o mais baixo valor negativo de E. Fi<strong>na</strong>lmente, com adiminuição de E para zero pelo eixo negativo, observamos uma rotação positivanovamente. Este comportamento é repetido sucessivamente enquanto o campo elétricomu<strong>da</strong> de valores positivos para negativos.87


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOEstas mu<strong>da</strong>nças origi<strong>na</strong>m o efeito macroscópico de m<strong>em</strong>ória se os t<strong>em</strong>pos derelaxação tiver<strong>em</strong> diferentes t<strong>em</strong>pos de escala.Interações moleculares também serão muito importantes <strong>na</strong> definição docomportamento macroscópico de cristais de MBANP. Como as moléculas sãoorganiza<strong>da</strong>s de diferentes modos no cristal, a rotação do anel de benzeno <strong>em</strong> função decampo elétrico apresentará orientações diferentes, que poderia resultar <strong>em</strong> um efeito d<strong>em</strong><strong>em</strong>ória. No entanto, mais cálculos são necessários para investigar esta possibili<strong>da</strong>de.Em resumo, os resultados anteriores suger<strong>em</strong> fort<strong>em</strong>ente que a histereseobserva<strong>da</strong> pode estar associa<strong>da</strong> diretamente com mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong>s proprie<strong>da</strong>des doadoraceitadorde moléculas isola<strong>da</strong>s do cristal orgânico MBANP.88


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO4.3- Materiais magnetocalóricos NdAl 2 e PrAl 2As amostras <strong>da</strong> série RAl 2 (onde R é um metal terra rara) cristalizam-se sob umaestrutura cúbica tipo MgCu [26] 2 e apresentam uma série de proprie<strong>da</strong>des interessantes,sendo que atualmente esse sist<strong>em</strong>a t<strong>em</strong> sido amplamente estu<strong>da</strong>do devido a suasproprie<strong>da</strong>des magnetocalóricas [27] .Os compostos desta série foram caracterizados <strong>na</strong> forma policristali<strong>na</strong> e tambémmonocristali<strong>na</strong>. A caracterização <strong>da</strong> amostra NdAl 2 foi inicia<strong>da</strong> com a amostrapolicristali<strong>na</strong> <strong>em</strong> um difratômetro Philips X-Pert MRD, usando a geometria focalizanteBragg-Brentano com cristal monocromador de grafite para feixe difratado e radiação deCobre. As medi<strong>da</strong>s foram a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>s usando o método de Rietveld de refi<strong>na</strong>mento deestruturas cristali<strong>na</strong>s. A Figura 46 mostra o difratograma experimental, o simulado, além<strong>da</strong> diferença entre ambos os difratogramas, mostrando a quali<strong>da</strong>de do ajuste.ExperimentalSimuladoDiferençaIntensi<strong>da</strong>de (u.a.)20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 1202θ (graus)Figura 46- Difratograma <strong>da</strong> amostra NdAl 2 experimental e simulado usando o métodoRietveld, e o diagrama <strong>da</strong> diferença (abaixo).89


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOO difratograma foi ajustado a partir do refi<strong>na</strong>mento <strong>da</strong> estrutura calcula<strong>da</strong> para oNdAl 2 até que a melhor concordância com o resultado experimental fosse obti<strong>da</strong>. Asquanti<strong>da</strong>des que estimam a concordância entre as intensi<strong>da</strong>des observa<strong>da</strong>s e calcula<strong>da</strong>sneste método são: R wp e R p , que apresentaram valores muito bons <strong>em</strong> torno de 8% e 5%respectivamente. Algumas informações estruturais como parâmetro de rede, posiçõesatômicas (x,y,z) e fator de t<strong>em</strong>peratura equivalente (U) obti<strong>da</strong>s do refi<strong>na</strong>mento para aamostra policristali<strong>na</strong> pod<strong>em</strong> ser vistas <strong>na</strong> Tabela 5.Tabela 5- Dados estruturais do composto NdAl 2 obtidos do Refi<strong>na</strong>mento Rietveld.NdAl 2 ( F d 3 m ) a=8,0014(6) ÅÁtomo Wyck. x y z U (eq) (Å 2 )Al 16d 0,5 0,5 0,5 0,990(6)Nd 8a 0,125 0,125 0,125 1,288(3)A amostra policristali<strong>na</strong> apresentou fase única e parâmetro de rede a= 8,0014(6)Å, valor este <strong>em</strong> excelente acordo com os encontrados <strong>na</strong> literatura, que variam entre7,987 e 8,0029(5) Å [28] .A amostra monocristali<strong>na</strong> foi cresci<strong>da</strong> pelo método de Czochralski e apresentoubasicamente 2 domínios, sendo que um deles de aproxima<strong>da</strong>mente 5 mm por 3 mm,crescido origi<strong>na</strong>lmente <strong>na</strong> direção [110], foi orientado e cortado <strong>na</strong> direção [001] usandoo método de orientação de monocristais de Laue.Para caracterizar esta amostra, utilizamos as técnicas de difração de raios-X comgeometria de alta resolução, que são as curvas de rocking e a difração múltipla, usando aradiação síncrotron. A largura à meia altura (FWHM) <strong>da</strong> curva de rocking, que representaos desvios angulares <strong>em</strong> relação a uma direção média normal aos planos difratantes <strong>da</strong>amostra, é uma medi<strong>da</strong> direta do intervalo de orientação dos blocos mosaicos e estáassocia<strong>da</strong> à largura mosaico (η) <strong>da</strong> amostra a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>. Essa largura mosaico é usa<strong>da</strong> paramedir a perfeição cristali<strong>na</strong> <strong>da</strong> amostra, de forma que menores FWHM indicam amostrasmais perfeitas.90


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOA Figura 47 mostra a curva de rocking obti<strong>da</strong> para uma amostra de Si, corta<strong>da</strong> <strong>na</strong>direção [001] usando a reflexão (004), que vamos usar como padrão <strong>na</strong>s nossasexperiências. A FWHM dessa amostra é muito estreita, <strong>em</strong>bora maior que a larguraintrínseca do Si, e portanto, vamos utilizá-la como a largura instrumental <strong>da</strong> nossageometria.Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)FWHM =26,5(2)”34,28 34,30 34,32 34,34 34,36ω (graus)Figura 47- Curva de rocking para a reflexão (004) de uma amostra de Si, usa<strong>da</strong> comopadrão.Com a largura instrumental determi<strong>na</strong><strong>da</strong>, pod<strong>em</strong>os obter a largura mosaico domonocristal de NdAl 2 , a partir <strong>da</strong> curva de rocking experimental e ajusta<strong>da</strong> com um perfilpseudo-Voigt (η p =0,95), mostra<strong>da</strong> <strong>na</strong> Figura 48. O resultado obtido para NdAl 2 éaproxima<strong>da</strong>mente 9 vezes maior que a largura instrumental, <strong>em</strong> outras palavras, aamostra é monocristali<strong>na</strong>, mas não apresenta perfeição cristali<strong>na</strong> muito boa.91


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)FWHM=244(2)”22,2 22,3 22,4 22,5 22,6 22,7 22,8 22,9 23,0ω (graus)Figura 48- Curva de rocking para a reflexão (004) do NdAl 2 .Para a caracterização <strong>da</strong> amostra usando a difração múltipla de raios-X comradiação síncrotron, ajustamos à divergência vertical <strong>da</strong> linha (ajuste de fen<strong>da</strong>s) edetermi<strong>na</strong>mos o comprimento de on<strong>da</strong> utilizando a amostra padrão. Para isso, obtiv<strong>em</strong>osuma varredura Renninger para Si utilizando como reflexão primária (002) e usamos asreflexões secundárias medi<strong>da</strong>s, juntamente com o valor <strong>da</strong>do <strong>na</strong> literatura para oparâmetro de rede <strong>da</strong> amostra padrão a=8,43094(2) Å. O comprimento de on<strong>da</strong> foidetermi<strong>na</strong>do como λ =1,53826(5) Å. Na Figura 49 são apresentados os <strong>da</strong>dosexperimentais e a simulação <strong>da</strong> varredura Renninger com o programa UMWEG usando areflexão (002) como primária.92


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOSi Padrãoa= 5,43094(2) Åλ = 1,53826(5) Å_(1 1 1)• ExperimentalCalculadoIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_(5 3 1)(5 3 3)_(1 1 1)_(3 1 1)_(1 5 3)(1 5 1)_(5 1 3)(5 1 1)_(1 3 1)_(3 5 1)(3 5 3)-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8φ (graus)Figura 49- Varredura Renninger para a reflexão proibi<strong>da</strong> (002) do Si (experimental ecalcula<strong>da</strong>).Sabendo que as reflexões (002) e (006) são proibi<strong>da</strong>s para as amostras do grupoespacial F d 3 m , estrutura diamante, como é o caso do Si e dos compostos RAl 2 ,resolv<strong>em</strong>os usar esta reflexão como primária para a difração múltipla de raios-X. Destaforma, ter<strong>em</strong>os uma razão si<strong>na</strong>l-ruído maior para os picos secundários <strong>na</strong> varreduraRenninger. Isto permite a indexação e simulação dessa varredura, com facili<strong>da</strong>de, pois osespelhos de simetria são identificados diretamente.93


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOA Figura 50 mostra a varredura Renninger <strong>da</strong> reflexão primária (002) indexado,mostrando o espelho de simetria de 45 o .experimentalIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _ _(5 3 3)(5 3 5)_(1 3 3)(1_3 1)(3 3 5)(3 3 3)_(1 3 1)(1 3 1)_(5 3 3)(5 3 5)_ _ _(3 3 5)(3 3 3)_ _ _(1 3 3)(1 3 1)simulado35 40 45 50 55φ (graus)Figura 50- Varredura Renninger <strong>da</strong> reflexão primária (002) para o NdAl 2 exibindo oespelho de simetria φ= 45 0 .Este diagrama mostra que os picos secundários são b<strong>em</strong> mais largos que os picosdo Si (Figura 49), ou seja, a largura mosaico é b<strong>em</strong> maior. Para determi<strong>na</strong>rmos oparâmetro de rede com mais precisão, usamos a primária (006), que também é proibi<strong>da</strong>pelo grupo espacial, e uma reflexão secundária sensível como é o caso <strong>da</strong> ( 000 )( 006)(7 1 7)( 5 5 1 ) que t<strong>em</strong> β=18,3316º e aparece <strong>em</strong> φ=18,3316º.94


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOO parâmetro de rede encontrado utilizando essa reflexão e a equação (45) foi7,9972(5) Å, valor este que concor<strong>da</strong> muito b<strong>em</strong> com o valor encontrado para a amostrapolicristali<strong>na</strong> (Rietveld), e está <strong>em</strong> muito bom acordo com os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> literatura.A amostra de PrAl 2 possui a mesma estrutura do NdAl 2, com parâmetro de redediferente. A Figura 51 mostra o refi<strong>na</strong>mento Rietveld para essa amostra e nota-se que asintensi<strong>da</strong>des simula<strong>da</strong>s apresentam, também, uma boa concordância com as observa<strong>da</strong>s(R wp = 8% e R p =6%).experimentalsimuladodiferençaIntensi<strong>da</strong>de (u.a.)20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 1202θ (graus)Figura 51- - Difratograma <strong>da</strong> amostra PrAl 2 a<strong>na</strong>lisado usando o método de Rietveld.As informações estruturais obti<strong>da</strong>s <strong>da</strong> amostra de PrAl 2 <strong>na</strong> forma policristali<strong>na</strong>pod<strong>em</strong> ser vistas <strong>na</strong> tabela 6. Neste caso, nota-se que o Praseodímio ocupa o sitio 8a, queera ocupado pelo Neodímio <strong>em</strong> NdAl 2. Os parâmetros térmicos obtidos do refi<strong>na</strong>mentoRietveld foram utilizados para a simulação <strong>da</strong>s varreduras Renninger.95


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOTabela 6- Dados estruturais do composto PrAl 2 obtidos do Refi<strong>na</strong>mento Rietveld.PrAl 2 ( F d 3 m ) a= 8,0302 (5) ÅÁtomo Wyck. x y z U (eq) (Å 2 )Al 16d 0,5 0,5 0,5 0,880(6)Pr 8a 0,125 0,125 0,125 1,017(3)A curva de rocking do PrAl 2 também apresentou FWHM grande (8,4 vezes maiorque a do Si) e conseqüent<strong>em</strong>ente também não exibe uma boa perfeição cristali<strong>na</strong>. Osblocos mosaicos dessas amostras são pequenos e com isso a largura mosaico é grande. AFigura 52 mostra o ajuste <strong>da</strong> curva de rocking para o PrAl 2 usando um perfil pseudo-Voigt (η p =0,98).Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)FWHM =218(2)”22,1 22,2 22,3 22,4 22,5 22,6 22,7 22,8 22,9ω (graus)Figura 52- Curva de rocking para a reflexão (004) do PrAl 2 ..96


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOAs varreduras Renninger também foram realiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s reflexões primárias (002) e(006). A Figura 53 mostra a varredura Renninger <strong>da</strong> reflexão (002) com a respectivasimulação do espelho de simetria para 0º. Para esta simulação ter uma boa concordânciacom os <strong>da</strong>dos obtidos, foi assumido a largura mosaico η 9 vezes maior que a largurainstrumental (Si) e um raio do bloco mosaico (parâmetro de entra<strong>da</strong> para simulação <strong>da</strong>varredura Renninger no programa UMWEG) com tamanho b<strong>em</strong> menor que o do silício.ExperimentalIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_(1 1 1)_ _ _(3 1 3)(3 1 1)_ _ _(3 1 3)(3 1 1)_ _ _(1 5 3)(1 5 1)_ _ _(5 1 3)(5 1 1)Simulado_ _ _(1 3 3)(1 3 1)_(1 1 1)-6 -4 -2 0 2 4 6φ (graus)Figura 53- Varredura Renninger <strong>da</strong> reflexão primaria (002) PrAl 2 mostrando o espelhode simetria φ= 0 0 .97


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOAtravés desta figura também notamos que a amostra não t<strong>em</strong> uma boa quali<strong>da</strong>decristali<strong>na</strong>, pois os picos de difração múltipla são largos se comparados com o Si, massabe-se que é b<strong>em</strong> mais fácil crescer uma amostra de silício do que uma amostra metálicaou uma amostra de material orgânico.Para determi<strong>na</strong>rmos o parâmetro de rede dessa amostra com precisão, utilizamos areflexão (006), pois devido a uma simulação prévia, encontramos um pico secundário queapresenta uma alta sensibili<strong>da</strong>de para a determi<strong>na</strong>ção do parâmetro <strong>da</strong> célula unitária.A comparação entre os espelhos de simetria de 0º medido e simulado é mostra<strong>da</strong> <strong>na</strong>Figura 54.medidoIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _ _(1 1 5)(1 1 1)(3 3 3)_ _ _(1 3 7)(1 3 1)_(5 1 _ 1)(5 1 7)(2 2 2)(2 2 8)_ _(2 2 4)(2 2 2)_ _(2 2 4)(2 2 2)Simulado_(2 2 _ 2)(2 2 8)(1 5 1)(1 5 7)_ _ _(3 1 7)(3 1 1)_ _ _(1 1 5)(1 1 1)(3 3 3)-15 -10 -5 0 5 10 15φ (graus)Figura 54- Varredura Renninger <strong>da</strong> reflexão primária (006) PrAl 2 mostrando o espelhode simetria φ= 0 0 .98


4-RESULTADOS E DISCUSSÃONesse diagrama encontramos casos de espalhamentos simultâneos de 5 e 6 feixessecundários. Isto acontece devido à alta simetria do cristal, que é cúbico ( F d 3 m ), e elessão ( 000 )( 006)( 115 )( 111)( 3 33) e ( 000 )( 006)( 224 )( 222 )( 224 )( 222 ),respectivamente.A reflexão escolhi<strong>da</strong> para a determi<strong>na</strong>ção do parâmetro de rede com precisão foi ade quatro feixes ( 000 )( 006)( 7 3 1 )( 7 3 7 ), que possui o ângulo de entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> <strong>da</strong>esfera de Ewald 2β=6.663(3)º e como dito anteriormente é a melhor condição queesperamos obter, pois quanto menor β mais precisa a determi<strong>na</strong>ção do parâmetro de rede.A Figura 55 mostra a região <strong>da</strong> varredura Renninger onde aparece a entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> paraa reflexão ( 0 0 0 )( 0 0 6 )( 7 3 1 )( 7 3 7 ).Com o intuito de evidenciar claramente a sensibili<strong>da</strong>de dessa reflexão fiz<strong>em</strong>osalgumas simulações variando o parâmetro de rede de ±∆a = 0,0009 Å, como pode servisto <strong>na</strong> Figura 56.Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _(1 3 3)_ _ _(7 3 1) (7 3 7)2β = 6,663(3)º(2 2 0) (2 2 6)_ _ _(7 3 1) (7 3 7)63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73φ (graus)Figura 55- Região do diagrama Renninger (006) PrAl 2 , mostrando o pico com β muitopequeno.99


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO_ _(1 3 3)∆a=-0,0009 Å∆a=0∆a=+0,0009 ÅIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _ _(7 3 1) (7 3 7)(3 3 5) (3 3 1)_ _ _(7 3 1) (7 3 7)(2 2 0) (2 2 6)63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73φ (graus)Figura 56- Simulação <strong>da</strong> varredura Renninger (006), sob variação ±∆a do parâmetro derede.Como definimos a sensibili<strong>da</strong>de como sendo a razão ∆φ/∆a, construímos umgráfico que mostra a sensibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s reflexões secundárias de quatro-feixes( 000)( 006)( 7 3 1 )( 7 3 7 ) e ( 000 )( 0 0 6)(2 2 0)(2 2 6) <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção doparâmetro de rede. A Figura 57 mostra as curvas de sensibili<strong>da</strong>de para essas duasreflexões, que justificam, s<strong>em</strong> sombra de dúvi<strong>da</strong>s, a razão de nossa escolha.100


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO1,21,0_ _ _(7 3 1) (7 3 7)∆φ (graus)0,80,60,40,20,0-0,2-0,4(2 2 0) (2 2 6)-0,002 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008∆a (Å)Figura 57- Curva de sensibili<strong>da</strong>de <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção do parâmetro de rede para asreflexões secun<strong>da</strong>rias( 7 3 1 )( 7 3 7 ) e (2 2 0)(2 2 6) .Então, utilizando a reflexão secundária mais sensível medi<strong>da</strong> <strong>na</strong> varreduraRenninger para a determi<strong>na</strong>ção do parâmetro de rede do PrAl 2 , encontramos o valora=8,03332(7) Å. A simulação usando esse parâmetro mostrou uma ótima concordânciavisual com a varredura Renninger observa<strong>da</strong>. Logo, o parâmetro foi determi<strong>na</strong>do comuma precisão muito boa e o valor está dentro do intervalo de valores encontrados <strong>na</strong>[28]literatura para o PrAl 2 .Para essa amostra decidimos também realizar o estudo de perfeição cristali<strong>na</strong> <strong>na</strong>superfície usando o método baseado <strong>na</strong> difração múltipla de raios-X [29] . Para isso,medimos os casos de 3 feixes com propagação paralela à superfície <strong>da</strong> amostra (BSD)antes e após um polimento mecânico, que realizamos tentando melhorar essa superfície ed<strong>em</strong>onstrar a real sensibili<strong>da</strong>de do feixe secundário de superfície. A Figura 58 mostra a101


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOcurva de rocking antes e após o polimento, e como pod<strong>em</strong>os notar <strong>na</strong> figura, não hádiferença <strong>na</strong> curva de rocking devido ao polimento <strong>da</strong> amostra. Isso ocorre porque acurva de rocking dá informação ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> direção normal à superfície, isto é,perpendicular aos planos difratantes.FWHM=216(3)"CortadoIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)FWHM=215(2)"Polido21,0 21,1 21,2 21,3 21,4ω (graus)Figura 58- Curvas de rocking para PrAl 2 (004) como cortado e após polimentomecânico .Para obter a informação <strong>da</strong> perfeição cristali<strong>na</strong> <strong>na</strong> superfície <strong>da</strong> amostra (η // )usamos um programa de computador baseado <strong>na</strong> teoria de difração múltipla de raios-Xpara cristais mosaicos [29] para o ajuste do perfil <strong>da</strong>s reflexões BSD ( 1 1 1) e (131) queaparec<strong>em</strong> medi<strong>da</strong>s nos espelhos de 0º e 45º, para a primária (002).102


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO(131)(111)cortadoη //=180"cortadoη //=180"Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)(131)Polidoη //=100"(111)Polidoη //= 85"46,95 47,10 47,25 47,40 47,55 3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9 4,0 4,1φ (graus)φ (graus)Figura 59-Efeito visível do polimento mecânico nos picos BSD (131) e ( 1 1 1).O polimento mecânico induz uma melhora <strong>na</strong> quali<strong>da</strong>de cristali<strong>na</strong> <strong>da</strong> superfície <strong>da</strong>amostra, como pode ser visto através <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> largura mosaico η // <strong>na</strong> Figura 59, masa melhor maneira de se estu<strong>da</strong>r perfeição cristali<strong>na</strong> <strong>na</strong> superfície é através domapeamento dos picos BSD (MBSD). Neste mapeamento pod<strong>em</strong>os inferir se oespalhamento ocorre sob o regime dinâmico (cristal quase perfeito, por ex<strong>em</strong>plo, Si) ou oregime cin<strong>em</strong>ático (cristal mosaico) [30] .O regime de espalhamento dinâmico só ocorre quando a largura a meia altura <strong>em</strong>φ (W φ ) é muito maior que a largura <strong>em</strong> ω (W ω ). A Figura 60 mostra o mapeamento do103


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOpico BSD ( 1 1 1) para o cristal padrão de silício, onde notamos que W φ >> W ω , logo oregime de espalhamento é dinâmico (cristal quase perfeito).ω (graus)16,3016,2816,2616,2416,2216,2010,09,338,678,007,336,676,005,334,674,003,332,672,005,86 5,88 5,90 5,92 5,94 5,96φ (graus)Figura 60- mapeamento do pico BSD ( 1 1 1), para o cristal quase perfeito de silício.No nosso caso, como já mostramos, o monocristal de PrAl 2 não t<strong>em</strong> uma boaperfeição cristali<strong>na</strong>, portanto é um cristal mosaico. Então, o regime de espalhamento deveser cin<strong>em</strong>ático e a largura W ω deve ser maior ou quase igual à largura W φ no mapeamentodo pico BSD. Após o polimento mecânico há uma melhora real <strong>na</strong> quali<strong>da</strong>de cristali<strong>na</strong> <strong>da</strong>superfície, <strong>em</strong>bora só esse tratamento ain<strong>da</strong> não seja suficiente para modificar o regimedo espalhamento, que continua sendo cin<strong>em</strong>ático, devido às imperfeições no interior domonocristal, já observa<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s curvas de rocking.104


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOA Figura 61 mostra o mapeamento do pico BSD (1 3 1) para o PrAl 2 antes edepois de polido. Nesta figura notamos a variação <strong>na</strong> largura W φ , mas a largura W ω nãovaria como era esperado, pois o polimento afeta somente a superfície <strong>da</strong> amostra.3,50 3,59 3,68 3,77 3,86 3,95 4,04 4,13 4,22 4,31 4,4010,48a) b)10,46φ (graus)10,44ω (graus)10,4210,4010,3810,3647,22 47,25 47,28 47,31 47,34 47,22 47,25 47,28 47,31 47,34Figura 61- Mapeamento do pico BSD (131) antes(a) e após(b) o polimento mecânico.105


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO4.4- PrNi 5As amostras PrNi 5 cristalizam-se sob uma estrutura hexago<strong>na</strong>l, tipo CaCu [31] 5 esão interessantes devido as suas proprie<strong>da</strong>des magnéticas, como por ex<strong>em</strong>plo, o efeitomagnetocalórico anômalo [32] .Foram prepara<strong>da</strong>s amostras de PrNi 5 <strong>na</strong> forma policristali<strong>na</strong> e tambémmonocristali<strong>na</strong>. A caracterização dessa amostra foi inicia<strong>da</strong> sob a forma policristali<strong>na</strong> nodifratômetro Philips X-Pert MRD, usando a geometria focalizante Bragg-Brentano.A Figura 62 mostra o difratograma de raios-X experimental e simulado pelométodo Rietveld do PrNi 5 <strong>na</strong> forma policristali<strong>na</strong>, mostrando que a amostra apresentafase única.ExperimentalSimuladoDiferençaIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)20 30 40 50 60 70 80 90 100 1102 θ (graus)Figura 62- Difratograma <strong>da</strong> amostra PrNi 5 experimental e simulado pelo métodoRietveld.106


4-RESULTADOS E DISCUSSÃONotamos pela Figura 62 que o difratograma simulado teve uma boa concordânciacom o experimental (R wp = 10,8% e R p = 8,2%). Algumas informações estruturais <strong>da</strong>amostra policristali<strong>na</strong> pod<strong>em</strong> ser vistas <strong>na</strong> tabela 7.Tabela 7 - Dados estruturais do composto PrNi 5 obtidos do Refi<strong>na</strong>mento Rietveld.PrNi 5 (P6/mmm) a= 4,965(1)Å, c= 3,978(1)ÅÁtomo Wyck. x y z U (eq) (Å 2 )Pr 1a 0,0 0,0 0,0 0,886(8)Ni 2c 1/3 2/3 0,0 1,07(1)Ni 3g 1/2 0,0 1/2 1,08(1)Os parâmetros de rede obtidos pelo método Rietveld mostram um acordo muitobom com os valores encontrados <strong>na</strong> literatura (a= 4,964 Å e c=3.975 Å) [33] .Para a análise <strong>da</strong> amostra monocristali<strong>na</strong> por difração múltipla de raios-X, foramrealiza<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s prelimi<strong>na</strong>res do PrNi 5 no difratômetro de monocristais SIEMENS P4modificado. A amostra foi corta<strong>da</strong> <strong>na</strong> direção [111], e no LDRX conseguimos medirsomente a reflexão primária (111), que é a reflexão mais intensa desse cristal. Devido aessa limitação todos os picos medidos <strong>na</strong> varredura Renninger para a primária (111) sãonegativos.Os espelhos de simetria de 0 o e 90 o que aparec<strong>em</strong> <strong>na</strong>s varreduras Renningerindexa<strong>da</strong>s para a amostra PrNi 5 , com a reflexão primária (111) e eixo de referência( 110), pod<strong>em</strong> ser vistos <strong>na</strong>s Figuras 63 e 64, respectivamente.107


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOIntensi<strong>da</strong>de (u. a.)(0_3 0)_(1 1 1)_ _( 2 1 1)( 0 0 2)_ _( 3 6 0)(1 5 1)( 1 1 0) )(0 0 1)_ _( 4 2 0)(5 4 1)( 0 3 2)_( 1 1 1)( 0 2 2)_( 2 1 1)-20 -10 0 10 20φ (graus)Figura 63– Varredura Renninger indexa<strong>da</strong> do PrNi 5 , primária (111),região do espelhode simetria <strong>em</strong> torno de φ=0 0 .Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)_(2 4 0)(0 3 1)(3 0 0)_ _(1 1 0)_(2 1 0)(0 4 0)(1 2 1)(4 0 0)(2 1 1)_(1 2 0)_(4 2 0)(3 0 1)_(1 1 0)(0 3 0)70 80 90 100 110φ (graus)Figura 64 – Varredura Renninger indexa<strong>da</strong> do PrNi 5 , primária (111),região do espelhode simetria <strong>em</strong> torno de φ=90 0 .108


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOUsando a reflexão (111) como primária, só t<strong>em</strong>os estes dois espelhos de simetria,e é interessante notar que o pico secundário (0 0 0)(1 1 1)(1 1 0)(0 0 1) define o espelhode 0 0 <strong>na</strong> Figura 63.Como estamos trabalhando com uma amostra hexago<strong>na</strong>l, o mais interessante paranossas experiências é realizar medi<strong>da</strong>s <strong>na</strong> direção [001], pois nessa direção teríamosespelhos de simetria a ca<strong>da</strong> 30 0 , além de ser mais fácil a obtenção dos parâmetros de rede<strong>da</strong> amostra monocristali<strong>na</strong>. Então, a amostra foi orienta<strong>da</strong> e corta<strong>da</strong> <strong>na</strong> direção [001]usando o método de Laue e medi<strong>da</strong> no laboratório de luz síncrotron, pois no LDRX nãoconseguimos intensi<strong>da</strong>de suficiente para as medi<strong>da</strong>s nesta direção.A Figura 65 mostra a varredura Renninger usando como primária a reflexão (001)que não é muito intensa, e isso explica o surgimento de alguns picos positivos e negativos<strong>na</strong> varredura Renninger, como pod<strong>em</strong>os observar nessa figura. O pico secundário de 4-feixes (000)(001)( 121)( 1 20) é um ex<strong>em</strong>plo desse fato.-19.0 -18.5 -18.0 -17.5(4 2 0)(4 2 1)(2 4 1)(2 4 0)_ _(1 1 0)(1 1 1)_(2 2 0)(2 2 1)_(0 2 2)(0 2 1)_ _ _(2 2 2)(2 2 1)(0 2 1)(0 2 0)_(3 0 2)(3 0 3)_ _(1 2 1)(1 2 0)Intensi<strong>da</strong>de (u. a.)_ _(1 2 1)(1 2 0)-30 -20 -10 0 10φ (graus)Figura 65- Diagrama Renninger indexado do PrNi 5 , primária (001), região do espelhode simetria <strong>em</strong> torno de φ=-30 0 e φ=0 0 .109


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOA partir <strong>da</strong> escolha dos dois picos secundários de quatro feixes( 0 0 0 )( 0 01)( 2 41)( 2 4 0 ) e ( 0 0 0 )( 0 01)( 302 )(303) que possu<strong>em</strong> o ângulo βpequeno (muito sensíveis para a determi<strong>na</strong>ção dos parâmetros de rede) e <strong>da</strong> equaçãocos( φ ± φ ) =02 22 24c( h + hk + k ) + 3 b ( l −1)l, (47)222 4 c2bc3 ( h + hk + k )( −1)2λdetermi<strong>na</strong>mos os parâmetros de rede <strong>da</strong> amostra monocristali<strong>na</strong> PrNi 5 com precisão:a=4,9590(8) Å e c= 3,9794(5) Å. Esses valores mostram um bom acordo com osencontrados pelo método de Rietveld e <strong>na</strong> literatura [33] .A tabela abaixo mostra todos os valores dos parâmetros de rede obtidos nestetrabalho e os valores <strong>da</strong> literatura.Tabela 8 - Parâmetros de rede <strong>da</strong>s amostras metálicas.PolicristalMonocristalMaterial Rietveld (Å) literatura (Å) DM (Å)NdAl 2 8,0014(6) 7,987 a 8,0029 7,9972(5)PrAl 2 8,0302(5) 8,015 a 8,035 8,03332(7)PrNi 5a= 4,965(1) a= 4,964 a= 4,9590(8)c= 3,978(1) c=3,975 c= 3,9794(5)Nesta tabela pod<strong>em</strong>os ver que os valores dos parâmetros de rede encontradosnesse trabalho concor<strong>da</strong>m com os encontrados <strong>na</strong> literatura.110


4-RESULTADOS E DISCUSSÃOReferências Bibliográficas do Capítulo 4[1] Solans X, Gonzalez-Silgo C and Ruiz-Pérez, J. of Soli. State Ch<strong>em</strong>. 131, 350 (1997).[2 ]Eisuke Suzuki and Yoichi Shiozaki , Phys. Rev. B53, 5217 (1996).[3] W. Bronowska, J. Appl. Cryst. 14, 203 (1991)[4] “Nonlinear Optical Properties of Organic and Polymeric Materials”, ACS Symp.Series, Edited by: D. J. Williams (Am. Ch<strong>em</strong>. Soc. Washington DC, 1983).[5 ] “Nonlinear Optical Properties of Organic Molecules and Crystals”, volumes 1 and 2,Editado por: D. S. Ch<strong>em</strong>la and J. Zyss, (Acad<strong>em</strong>ic Press, Orlando, 1987).[6]“Organic Molecules for Nonlinear Optics and Photonics”, NATO ASI Series, Editedby J. Messier, F. Kajazar and P. Prasad (Kluwer Acad<strong>em</strong>ic, Dordrecht, 1991) 5.[7] “Principles and Applications of Nonlinear Materials”, Edited by R. W. Munn and C.N. Ironside (Blackie and Son, Glasgow, 1992).[8 ] D. Pugh and J. O. Morley in “Nonlinear Optical Properties of Organic Moleculesand Crystals”, volume 1, 192-225, (1987).[9] R. T. Bailey, F. R. Cruickshank, P. Pavlides, D. Pugh and J. N. Sherwood, J. Phys. D:Appl. Phys. 24, 135 (1991).[10] R. T. Bailey, F. R. Cruickshank, S. M. Guthrie, B. J. McArdle, H. Morrison, D.Pugh, E. A.Shepherd, J. N. Sherwood and C. S. Yoon, Mol. Cryst. Liq. Cryst. 166,267 (1989).[11] L. H. Avanci, L. P. Cardoso, J. M. Sasaki, S. E. Girdwood, K. J. Roberts, D. Pughand J. N. Sherwood, Phys. Rev. B61, 6507 (2000).[12] L.H. Avanci, R.S. Braga, L.P. Cardoso, D.S. Galvão and J.N. Sherwood, Phys. Rev.Lett. 83, 5146 (1999).[13] Nye, J.F.: “Physical Properties of Crystals”, Oxford Science Publications(Clarendon Press, Oxford) (1957).[14] E. Burcsu, G. Ravichandran and K. Bhattacharya, Appl. Phys. Lett. 77(11), 1698(2000)[15] S. E. Park and T. R. Shrout, J. Appl. Phys. 82, 1804 (1997).[16] S. Dunn, J. Appl. Phys. 94, 5964 (2003).111


4-RESULTADOS E DISCUSSÃO[17] FX Li, S Li, DN Fang, Materials Science and Engineering B120, 119(2005).[18] D.N. Fang and C.Q. Li, J. Mater. Sci. 34, 4001 (1999).[19] Y.S. He, JH Fan, ACTA Mechanica Soli<strong>da</strong> Sinica 17(3): 189 (2004).[20] H Sahota, Continuum Mech. Thermodyn. 16, 163 (2003).[21] J.E. Huber, N. A. Fleck and R. M. Mcmeeking, Ferroelectrics 228, 39 (1999).[22] M.S. Dewar, E.G. Zoebish, E.F. Healy, J.J.P. Stewart, J. Am. Ch<strong>em</strong>. Soc. 107, 3902(1985).[23] D. S. Galvão, D. A. dos Santos, B. Laks, C.P. de Melo, M. J. Cal<strong>da</strong>s, Phys. Rev. Lett.63, 786 (1989).[24 ] S. O. Dantas, M. C dos Santos, D. S. Galvão, Ch<strong>em</strong>. Phys. Lett. 256, 207 (1996).[25] Tole<strong>da</strong>no, J. C.; Tole<strong>da</strong>no, P. The Lan<strong>da</strong>u Theory of Phase Transitions; WorldScientific: Singapore, (1987).[26 ] J H Wernick e S Geller, Trans. Metall. Soc. AIME 218, 866 (1960).[27 ] P J Von Ranke Perlingeiro, V K Pecharsky, K A Gschneidner, Phys. Rev. B58,12110 (1998).[28] B Appa Rao , K Satya<strong>na</strong>raya<strong>na</strong> Murthy and P Kistaiah, J. Phys. D: Appl. Phys. 20,1077 (1987).[29] S. L. Morelhão and L. P. Cardoso, J. Appl. Phys. 73 (9), 4218 (1993).[30] S. L. Morelhão and L. P. Cardoso, Appl. Cryst. 29, 446 (1996).[31] J. H. Wernick and S. Geller, Acta Cryst. 12, 662 (1959).[32] P. J. von Ranke, M. A. Mota, D. F. Grangeia, A. M. G. Carvalho, F. C. G. Gandra,A. A. Coelho, A. Cal<strong>da</strong>s, N. A. de Oliveira e S. Gama, Phys. Rev. B70, 174429(2004)[33] AE Dwight, Trans. Am. Soc. Metals 53, 479 (1961)112


5-CONCLUSÕES5- CONCLUSÕESEste trabalho representa, inicialmente, mais uma contribuição à impl<strong>em</strong>entação<strong>da</strong> técnica de difração múltipla de raios-X como uma ferramenta de alta resolução <strong>na</strong>caracterização estrutural de materiais monocristalinos, esforço que v<strong>em</strong> sendodesenvolvido pelo LDRX no IFGW/UNICAMP há mais de duas déca<strong>da</strong>s.O trabalho com a geometria envolvi<strong>da</strong> no fenômeno <strong>da</strong> difração múltiplapermitiu o estudo <strong>da</strong>s condições especiais que os feixes secundários dev<strong>em</strong> cumprir, paraapresentar uma condição de mais alta sensibili<strong>da</strong>de <strong>na</strong> investigação de deformações muitopeque<strong>na</strong>s <strong>na</strong> rede cristali<strong>na</strong> a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>. O resultado desse desenvolvimento mostrou umadependência <strong>da</strong> maior sensibili<strong>da</strong>de com o menor ângulo 2β (entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> do nórecíproco <strong>da</strong> esfera de Ewald). A aplicação desse estudo associado à operação doprograma UMWEG, que simula varreduras Renninger, foi essencial para queestabelecêss<strong>em</strong>os uma roti<strong>na</strong> de determi<strong>na</strong>ção de parâmetros de rede <strong>em</strong> geral, com boaprecisão. Além disso, a técnica também permite inferir as dimensões dos blocos mosaicosnos monocristais, a partir <strong>da</strong> comparação com uma referência, no caso um cristal de Si deboa perfeição.A roti<strong>na</strong> foi aplica<strong>da</strong>, com sucesso, <strong>na</strong> caracterização do material PrAl 2 , queapresenta o efeito magnetocalórico, através dos picos secundários com β pequeno,especialmente no caso de 4-feixes ( 0 0 0 )( 0 0 6 )( 7 3 1 )( 7 3 7 ) do PrAl 2 com2β=6,663(3)º, para a obtenção do parâmetro de rede 8,03332(7)Å. Esse valor está dentrodo intervalo de valores publicados <strong>na</strong> literatura para esse cristal (8,015Å a 8,035Å). Paraas outras amostras, também materiais magnetocalóricos a<strong>na</strong>lisados, usamos as mesmascondições experimentais no LNLS e os casos mais sensíveis detectados geraram osparâmetros de rede NdAl 2 (7,9972(5)Å) e para PrNi 5 (a= 4.9590(8)Å e c= 3.9794(5)Å). Asimulação por UMWEG também indicou, <strong>em</strong> todos os casos simulados, que os blocosmosaicos dos monocristais magnetocalóricos eram pequenos, resultando <strong>em</strong> picos largos<strong>na</strong> varredura Renninger, gerando uma informação bi-dimensio<strong>na</strong>l dos defeitos. Com ointuito de <strong>completa</strong>r essa informação, utilizamos curvas de rocking para obter informação<strong>da</strong> outra dimensão, que também apresentou picos largos, indicando que esses113


5-CONCLUSÕESmonocristais metálicos não possu<strong>em</strong> boa perfeição cristali<strong>na</strong> o que é um bom parâmetropara se desenvolver o método de crescimento desses cristais. As medi<strong>da</strong>s comparativasentre os picos BSD ( 0 0 0 )( 0 0 2 )( 111) e ( 0 0 0 )( 0 0 2 )( 131), para as amostras dePrAl 2 com e s<strong>em</strong> polimento mecânico, evidenciaram o efeito do tratamento <strong>na</strong> superfície<strong>da</strong> amostra, s<strong>em</strong> afetar, como esperado, a característica do cristal mosaico. Omapeamento do pico BSD ( 0 0 0 )( 0 0 2 )( 131) exibe, por inspeção direta, o efeito dopolimento de superfície <strong>na</strong> amostra.A varredura Renninger <strong>da</strong> difração múltipla de raios-X também foi utiliza<strong>da</strong>como ferramenta de alta resolução, no estudo <strong>da</strong> transição de fase estrutural do Sal deRochelle (monoclínica-ortorrômbica), induzi<strong>da</strong> por variação de t<strong>em</strong>peratura. Apossibili<strong>da</strong>de de obter informação tridimensio<strong>na</strong>l sobre a rede cristali<strong>na</strong> a<strong>na</strong>lisa<strong>da</strong>, desdeque vários planos cristalográficos, com diferentes orientações, difratam simultaneamente,aumenta ain<strong>da</strong> mais o potencial <strong>da</strong> técnica <strong>na</strong> caracterização de materiaismonocristalinos.As deformações sofri<strong>da</strong>s <strong>na</strong> célula unitária do Sal de Rochelle devido à variaçãode t<strong>em</strong>peratura foram acompanha<strong>da</strong>s através do deslocamento angular <strong>na</strong> posição dospicos secundários <strong>na</strong> varredura Renninger. A transição de fase foi caracteriza<strong>da</strong> peloaparecimento dos casos de 4 feixes ( 0 0 0 )( 10 0 0 )( 901 )( 101 ) e( 0 0 0 )( 10 0 0 )( 032 )( 10 3 2 ) <strong>na</strong> varredura com t<strong>em</strong>peratura de 24ºC, ou seja,t<strong>em</strong>peratura de transição do sal de Rochelle. Observou-se, claramente, a sensibili<strong>da</strong>de dopico secundário ( 0 0 0 )( 10 0 0 )( 12 4 1 )( 2 4 1 ) que apresenta β=34,88 0 , às deformações<strong>na</strong> célula unitária através de um maior deslocamento <strong>na</strong> sua posição angular para ointervalo de t<strong>em</strong>peraturas medido. Alguns outros picos variam muito pouco as suasposições, e pod<strong>em</strong> servir como referência inter<strong>na</strong> <strong>na</strong> determi<strong>na</strong>ção do espelho de simetria<strong>da</strong> varredura. A partir <strong>da</strong> escolha desses picos sensíveis foi possível obter os parâmetrosde rede <strong>da</strong> amostra para ca<strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura, e com o ajuste dos parâmetros atômicostérmicos simulamos, com sucesso, as varreduras Renninger para ca<strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura do salde Rochelle usando o UMWEG. A simulação passa a ser essencial no estudo detransição de fase de monocristais com a difração múltipla por permitir, a priori, a escolha114


5-CONCLUSÕES<strong>da</strong>s condições apropria<strong>da</strong>s para a realização de novas experiências, tais como:comprimento de on<strong>da</strong> adequado, região <strong>da</strong> varredura Renninger mais apropria<strong>da</strong>, etc.Além <strong>da</strong> contribuição inédita de aplicação de varreduras Renninger no estudo detransição de fase de monocristais, também mostramos que a técnica pode contribuir aoestudo <strong>da</strong> expansão térmica <strong>em</strong> monocristais. No caso do sal de Rochelle, a partir devarreduras Renninger para ca<strong>da</strong> t<strong>em</strong>peratura, foi obti<strong>da</strong> uma estimativa dos coeficientesde expansão térmica do cristal, cujos valores são α [100] =59(2)x10 -6 C -1 , α [010] =39(8)x10 -6C -1 e α [001] =43(5)x10 -6 C -1 , <strong>em</strong> bom acordo com os encontrados <strong>na</strong> literatura.Fi<strong>na</strong>lmente, também decidimos estender o estudo iniciado no mestrado sobre oefeito de campo elétrico <strong>em</strong> monocristais ferroelétricos, investigando o caso de um cristalorgânico para a óptica não linear MBANP, obtido através <strong>da</strong> colaboração do LDRX coma University of Strathclyde, Glasgow, Escócia. O campo elétrico foi aplicado ao longo doeixo polar do cristal e curvas de rocking para a reflexão ( 0 0 10 ) foram medi<strong>da</strong>s paradiferentes campos. Uma histerese com forma de “asa de borboleta” foi observa<strong>da</strong> nográfico <strong>da</strong> deformação <strong>da</strong> rede <strong>em</strong> função do campo, que ain<strong>da</strong> não tinha sido observa<strong>da</strong><strong>em</strong> cristais orgânicos. O comportamento não linear dessa amostra <strong>em</strong> função do campoelétrico externo foi explicado usando o cálculo <strong>da</strong> população de carga de uma moléculaisola<strong>da</strong>. Esses cálculos mostraram que quando o campo elétrico é positivo, os grupos NO 2e NH transfer<strong>em</strong> cargas para o anel de Piridi<strong>na</strong>. Para valores negativos, o grupo NHtransfere cargas para o grupo NO 2 e o anel de Piridi<strong>na</strong>, de forma que o anel de Piridi<strong>na</strong>(doador) está s<strong>em</strong>pre recebendo cargas. Associamos essas mu<strong>da</strong>nças distintas e ocomportamento não linear aos diferentes tipos de deformações geométricas: alongamentosimples <strong>da</strong> ligação <strong>na</strong> direção de transferência de elétrons e alongamento seguido portorção <strong>na</strong> direção de per<strong>da</strong> de elétrons. A torção no anel de benzeno <strong>em</strong> torno do grupoNH é caracteriza<strong>da</strong> por uma oscilação <strong>em</strong> torno do eixo amino-nitro (N1-C9) durante umciclo completo de campo elétrico. Estes resultados origi<strong>na</strong>m o efeito macroscópico d<strong>em</strong><strong>em</strong>ória se a relaxação tiver diferentes t<strong>em</strong>pos de escala, uma vez que a facili<strong>da</strong>de para atransferência de carga está relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> com a dureza de estruturas moleculares (ciclotensão/deformação). Os resultados obtidos neste trabalho suger<strong>em</strong> fort<strong>em</strong>ente que ahisterese observa<strong>da</strong> pode estar associa<strong>da</strong> diretamente com as mu<strong>da</strong>nças <strong>na</strong>s proprie<strong>da</strong>desdoador-aceitador de moléculas isola<strong>da</strong>s do cristal orgânico MBANP.115


6-POSSÍVEIS EXTENSÕES DESTE TRABALHO6- POSSÍVEIS EXTENSÕES DESTE TRABALHOUma possível extensão deste trabalho é o uso <strong>da</strong> difração múltipla de raios-X noestudo de pressão uniaxial <strong>em</strong> monocristais e um dos candi<strong>da</strong>tos poderia ser o PrAl 2 , poisrecent<strong>em</strong>ente [S. Gama et al., Phys. Rev. Lett. 93, 237202 (2004)] foi observado quealguns materiais ferromagnéticos quando submetidos à pressão hidrostática apresentamefeito magnetocalórico colossal. A DM é útil nesse caso porque fornece informaçãosimultânea sobre várias direções no interior do monocristal e é bastante sensível àspeque<strong>na</strong>s deformações estruturais através de picos secundários com β pequeno. A Figura65 mostra a simulação <strong>da</strong> varredura Renninger para a reflexão primária (0 0 6) do PrAl 2 ,supondo que uma pressão uniaxial no eixo a do cristal provoque uma deformação de0,05% no valor desse parâmetro de rede.a=b=cb=c ≠ a=(1-0,0005)cIntensi<strong>da</strong>de (u.a.)_(7 3 1) (7 3 7)_ _(2 2 0) (2 2 6)_ _(3 3 5) (3 3 1)_(7 3 1) (7 3 7)_(1 3 3)17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27φ (graus)Figura 66- Simulação <strong>da</strong> varredura Renninger para PrAl 2 , primária (006), sob ação deuma pressão uniaxial ao longo do eixo a.116


6-POSSÍVEIS EXTENSÕES DESTE TRABALHOOutro experimento interessante seria, uma vez obtido um monocristal de MnAs,estu<strong>da</strong>r a transição de fase de primeira ord<strong>em</strong> magneto-estrutural (hexago<strong>na</strong>lortorrômbica)que ocorre à t<strong>em</strong>peratura de 45ºC, usando a difração múltipla de raios-X.Devido à diferença de simetria entre ambas as fases, a simulação mostra uma diferençanotável <strong>na</strong>s varreduras Renninger, como pode ser visto <strong>na</strong> simulação <strong>da</strong> Figura 67.Também nesse caso poderíamos estu<strong>da</strong>r a variação dos parâmetros de rede <strong>em</strong> função <strong>da</strong>t<strong>em</strong>peratura.(002) MnAs(002) MnAs Renninger scanMnAs Orto (Pnma)Intensi<strong>da</strong>de Intensity (u. (a. a.)u.)-15 0 15 30 45 60 75 90 105 120MnAs Hex (P63/mmc)-15 0 15 30 45 60 75 90 105 120φ (graus)(degree)Figura 67- Simulação <strong>da</strong>s varreduras Renninger para a transição de fase do MnAs.117


6-POSSÍVEIS EXTENSÕES DESTE TRABALHOCom relação ao cristal orgânico MBANP seria interessante utilizar a difraçãomúltipla de raios-X para estu<strong>da</strong>r a variação dos parâmetros de rede <strong>em</strong> função doscampos elétricos que foram utilizados <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> histerese (asa de borboleta) e dessaforma, verificar o comportamento <strong>da</strong> rede desse cristal <strong>em</strong> função do campo elétrico.Com os trabalhos já realizados nesse campo, fica evidencia<strong>da</strong> a grandepotenciali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> DM no estudo dos efeitos <strong>da</strong> aplicação de estímulosexternos à rede cristali<strong>na</strong>, e abre-se um novo campo para o estudo <strong>da</strong> dilatometria <strong>em</strong>monocristais, utilizando a mesma técnica de DM. Também se observa a importância <strong>da</strong>simulação prévia <strong>da</strong>s varreduras Renninger com o efeito dos estímulos externos jámencio<strong>na</strong>dos.118

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