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Fundação Oswaldo Cruz Centro de Pesquisa René ... - Fiocruz

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Fundação <strong>Oswaldo</strong> <strong>Cruz</strong><strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> René RachouPrograma <strong>de</strong> Pós-graduação em Ciências da Saú<strong>de</strong>“Educação em saú<strong>de</strong> bucal para gestantes: possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção e multiplicação<strong>de</strong> saberes”porTaís Rocha FigueiraBelo HorizonteDezembro/2007TESE MSC-CPqRR T.R. FIGUEIRA 2007


Ministério da Saú<strong>de</strong>Fundação <strong>Oswaldo</strong> <strong>Cruz</strong><strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> René RachouPrograma <strong>de</strong> Pós-graduação em Ciências da Saú<strong>de</strong>“Educação em saú<strong>de</strong> bucal para gestantes: possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção e multiplicação<strong>de</strong> saberes”porTaís Rocha FigueiraDissertação apresentada com vistas à obtençãodo Título <strong>de</strong> Mestre em Ciências na área <strong>de</strong>concentração Saú<strong>de</strong> Coletiva.Orientação:Profª Drª Celina Maria Mo<strong>de</strong>naCo-orientação:Profª Drª Virgínia Torres SchallProfª Drª Efigênia Ferreira eFerreiraBelo HorizonteDezembro/2007ii


Catalogação-na-fonteRe<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bibliotecas da FIOCRUZBiblioteca do CPqRRSegemar Oliveira Magalhães CRB/6 1975F471e2007Figueira, Taís Rocha.Educação em saú<strong>de</strong> bucal para gestantes: possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> construção e multiplicação <strong>de</strong> saberes / Oral healtheducation for pregnant women: opportunities forconstruction and multiplication of knowledge / Taís RochaFigueira. - Belo Horizonte, 2007.X, 97 f: il.: 210 x 297mm.Bibliografia: f. 85 -Dissertação (mestrado) – Dissertação para obtenção dotítulo <strong>de</strong> Mestre em Ciências pelo Programa <strong>de</strong> Pós -Graduação em Ciências da Saú<strong>de</strong> do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>sRené Rachou. Área <strong>de</strong> concentração: Saú<strong>de</strong> Coletiva.1. Educação em Saú<strong>de</strong> 2. Saú<strong>de</strong> Bucal 3. Gestante I.Título. II. Mo<strong>de</strong>na, Celina Maria (Orientação). III.Schall, Virgínia Torres (Co-orientação). IV Ferreira,Efigênia (Co-orientação).CDD – 22. ed. – 617.601iii


Agra<strong>de</strong>cimentosA Deus, pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizado e crescimento.A meus pais, Paulo e Elizabeth, por estarem ao meu lado em todos os momentos, dando-me coragem e força.Aos meus irmãos, Gustavo e Maria Elisa, pelo carinho e amiza<strong>de</strong>.Ao Marcus, por me ajudar a realizar os meus sonhos, através <strong>de</strong> seu amor, apoio e incentivo.À minha orientadora, Dr a Celina Maria Mo<strong>de</strong>na, pela orientação na elaboração <strong>de</strong>ssadissertação, por compartilhar comigo seus conhecimentos, pelo carinho e amiza<strong>de</strong>.As minhas co-orientadoras, Drª Virgínia Torres Schall e Drª Efigênia Ferreira e Ferreira, pelasimportantes colaborações ao nosso trabalho.À gerente do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> São Miguel Arcanjo, Liliane Grossi, e a todos os profissionais<strong>de</strong>ssa UBS, pela acolhida e apoio indispensável na realização <strong>de</strong>ste trabalho.A todos os colegas do LABES, presenças importantes durante esta jornada.v


Anexo 4: Parecer do Comitê <strong>de</strong> Ética...........................................................................95vii


ResumoA atenção odontológica ao binômio mãe-filho durante o pré-natal é entendida comofundamental, pelo momento <strong>de</strong> motivação em que a gestante se encontra, o que propicia aaquisição <strong>de</strong> novos conhecimentos e práticas; como prioritária, pela importância que a futuramamãe tem na multiplicação <strong>de</strong> hábitos saudáveis no núcleo familiar; e como imprescindível,pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover saú<strong>de</strong> consigo mesma, com o bebê que espera e com toda afamília. Assim, no intuito <strong>de</strong> estimular a educação em saú<strong>de</strong> bucal no âmbito do SistemaÚnico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS), procuramos investigar as percepções e representações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> esaú<strong>de</strong> bucal entre gestantes para construção <strong>de</strong> um material educativo. Para cumprir essesobjetivos, buscou-se diferentes referenciais teórico-metodológicos: pesquisa qualitativa,mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crenças em saú<strong>de</strong> e representação social. Os dados foram coletados através <strong>de</strong>entrevista semi-estruturada, cujo roteiro englobou questões referentes ao processo saú<strong>de</strong>doença-cuidado.O número <strong>de</strong> entrevistas foi <strong>de</strong>finido a partir do critério <strong>de</strong> saturação,totalizando 20 informantes. As entrevistas foram gravadas, transcritas e tiveram duraçãomédia <strong>de</strong> 45 minutos. Para a análise dos dados, foi utilizada a técnica <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Conteúdo.Observou-se que houve a incorporação do conceito positivo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pela população estudadae que tanto a saú<strong>de</strong> geral, quanto a bucal, são representadas como bem-estar e como o ato <strong>de</strong>cuidar. As práticas <strong>de</strong> prevenção e promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> apareceram orientadas pelo conceitopositivo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, prazer, interferências no cotidiano, força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> e valor conferido àvida. Quando a investigação focalizou o período gravídico, verificamos que a conduta dasgestantes passa a ser influenciada principalmente pelo discurso biomédico centrado na criançae caracterizado pela responsabilização única da gestante pelo êxito do processo reprodutivo.Essas concepções favorecem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong> culpa e angústia e aa<strong>de</strong>são às prescrições médicas, mas não às odontológicas, <strong>de</strong>vido à crença <strong>de</strong> que o tratamentoodontológico prejudica o bebê. Contribui ainda para a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são aos cuidadosodontológicos uma série <strong>de</strong> fatores cognitivos e estruturais como a falta <strong>de</strong> percepção <strong>de</strong>suscetibilida<strong>de</strong> às doenças bucais, dos benefícios das medidas preventivas, <strong>de</strong> recursosfinanceiros, medo, falta <strong>de</strong> confiança no serviço público, dificulda<strong>de</strong> em conseguiratendimento no serviço público, a sobrecarga proveniente da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprir os váriospapéis sociais que lhes são exigidos. Diante dos resultados encontrados, verificamos anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reformulação das estratégias educativas e assistenciais empregadas,<strong>de</strong>senvolvendo-se abordagens mais abrangentes, no qual a mulher seja percebida em toda suaintegralida<strong>de</strong> e como um ser que também precisa <strong>de</strong> cuidados e apoio, propiciando umacolhimento às suas ansieda<strong>de</strong>s, queixas e temores, minimizando os sentimentos <strong>de</strong> culpaviii


socialmente construídos. No caso específico da saú<strong>de</strong> bucal, as práticas educativas <strong>de</strong>veriamconsi<strong>de</strong>rar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover a resignificação <strong>de</strong> algumas crenças, <strong>de</strong> ampliar oconhecimento sobre saú<strong>de</strong> bucal e, principalmente, <strong>de</strong> estimular o <strong>de</strong>bate sobre formas <strong>de</strong>transpor as barreiras que dificultam ou impe<strong>de</strong>m a ação. Ao final da análise dos dadoscoletados, elaboramos um protótipo <strong>de</strong> material educativo que aborda as principais questõesi<strong>de</strong>ntificadas na etapa <strong>de</strong> diagnóstico.ix


AbstractThe <strong>de</strong>ntal care during prenatal is seen as essential because the pregnant woman isconsi<strong>de</strong>r more susceptible to the acquisition of new knowledge and practices, that couldinfluenciate healthy habits in the family nucleus. Thus, in or<strong>de</strong>r to stimulate education in oralhealth within the SUS, we investigate the perceptions and representations of health and oralhealth among pregnant woman to <strong>de</strong>velop an educational material. To achieve these goals, weused different methodologies: qualitative research, health belief mo<strong>de</strong>ls and socialrepresentation. The data were collected by 20 semi-structured interviews. The interviews wererecor<strong>de</strong>d, transcribed and had a length of 45 minutes on average. Data analysis was conductedby content analysis technical It was observed that there both general health, as the oral health,are represented as welfare and as the act of care. The practices of prevention and healthpromotion were influenciate<strong>de</strong> by the concept of positive health, pleasure, changes in theroutine, good will and the value given to life. When the research focused on pregnacy,practices of pregnant will be influenced by the biomedical speech focused on the child andcharacterized by blame woman for the success of child <strong>de</strong>velopment. These conceptionsstimulate feelings of guilt, anxiety and the join to medical prescriptions, but not to the <strong>de</strong>ntalcare, because they believe that the <strong>de</strong>ntal treatment could affect the baby. Other factorscontribute to the difficulty of take <strong>de</strong>ntal care, such as: lack of perception of susceptibility tooral diseases and of the benefits of preventive measures, insufficient money, fear, mistrust inpublic service, difficulty in getting attendance in public service, the lack of time. This resultsshowed that is necessary to revise the educational and care strategies employed, <strong>de</strong>velopingmore comprehensive approaches, in which woman is perceived throughout its completeness.In the specific case of oral health, educational practices should consi<strong>de</strong>r the need to promotethe modifcation of some beliefs, to expand knowledge about oral health and, above all, tostimulate discussion on ways to overcome the barriers that hin<strong>de</strong>r or stop the action. After theend of the data analysis, we produce a prototype of educational material which addresses thekey issues i<strong>de</strong>ntified in stage of diagnosis.x


1. INTRODUÇÃOA saú<strong>de</strong> bucal é um componente importante da saú<strong>de</strong> geral. Embora as doenças bucaisnão se apresentem como ameaças à vida, constituem importantes problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública,não somente <strong>de</strong>vido à sua alta prevalência, mas também graças ao seu impacto individual ecomunitário em termos <strong>de</strong> dor, <strong>de</strong>sconforto, limitações sociais, psíquicas e funcionais queafetam a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida (Buisch, 1996).As doenças bucais mais comuns na população brasileira são a cárie e a doençaperiodontal. Os estudos epi<strong>de</strong>miológicos realizados no Brasil têm <strong>de</strong>monstrado uma nova erecente tendência no país, <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong> cárie em crianças e adolescentes.Contudo, esta diminuição, exclusiva das faixas etárias mais jovens, não está ocorrendo <strong>de</strong>forma uniforme, havendo uma polarização da doença no estrato situado na base da pirâmi<strong>de</strong>social e econômica (Pinto, 1999).Deste modo, o último levantamento epi<strong>de</strong>miológico, realizado pelo Ministério daSaú<strong>de</strong> em 2003, revelou que as patologias bucais continuam sendo um grave problema, comum crescimento contínuo e significativo dos índices <strong>de</strong> cárie e doença periodontal a partir dos15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (Brasil, 2004).A situação precária em relação à saú<strong>de</strong> bucal é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> fatores diversos,incluindo a má distribuição <strong>de</strong> renda, o <strong>de</strong>semprego e o abandono da educação e aina<strong>de</strong>quação do sistema <strong>de</strong> atenção odontológica (Souza et al., 1999). A <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social<strong>de</strong>termina um quadro epi<strong>de</strong>miológico no qual, lado a lado, encontra-se um perfil <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>comparável ao <strong>de</strong> países <strong>de</strong>senvolvidos e um alto contingente populacional que carregaexpressivos índices <strong>de</strong> doenças (Pinto, 1999; Narvai et al., 2006).Diversos estudos comprovaram que a cárie <strong>de</strong>ntária e a doença periodontal sãopassíveis <strong>de</strong> prevenção e controle através da modificação <strong>de</strong> seus fatores etiológicos(Miyazaki et al., 1997; Gue<strong>de</strong>s-Pinto, 1997; Bijella,1999; Weyne & Harari et al., 2001;Chaves et al., 2002). As medidas preconizadas para sua prevenção envolvem a<strong>de</strong>sorganização periódica da placa <strong>de</strong>ntal bacteriana, disciplina no consumo <strong>de</strong> carboidratosfermentáveis e presença constante <strong>de</strong> flúor na cavida<strong>de</strong> bucal (Cury, 2001).Apesar <strong>de</strong> existirem medidas capazes <strong>de</strong> prevenir e controlar as doenças bucaismediadas por placa bacteriana, o acesso a elas é restrito para gran<strong>de</strong> parte da população. Alémdisso, fatores socioeconômicos-comportamentais/culturais po<strong>de</strong>m influenciar na percepçãodas pessoas sobre a importância dos cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal, dificultando a adoção <strong>de</strong>ssasmedidas (Weyne & Harari, 2001).1


Algumas pesquisas foram <strong>de</strong>senvolvidas com o intuito <strong>de</strong> avaliar a percepção sobre oprocesso saú<strong>de</strong>-doença das classes populares. Foi observado que ela está relacionada com adisposição para o trabalho. Assim, o limiar entre saú<strong>de</strong> e doença <strong>de</strong>ve ser, precisamente,aquele problema que impe<strong>de</strong> o indivíduo <strong>de</strong> produzir ou <strong>de</strong>senvolver suas ativida<strong>de</strong>scotidianas (Bernd et al., 1992; Carneiro, 2001).A saú<strong>de</strong> bucal, muitas vezes, não se constitui como priorida<strong>de</strong> na vida <strong>de</strong>ssas pessoas.A procura por atendimento odontológico é adiada em função <strong>de</strong> outras necessida<strong>de</strong>s maisurgentes e também pelas dificulda<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>vem ser superadas para se chegar ao cirurgião<strong>de</strong>ntistacomo, limitações financeiras, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte, distância dosestabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ficiência do acesso aos serviços públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, ahistórica exclusão dos adultos nos programas odontológicos, dificulda<strong>de</strong> em conciliar osafazeres cotidianos com o horário <strong>de</strong> atendimento dos serviços públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Com isso, omotivo para a procura <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong>ve ser bastante forte e também inadiável: a dor <strong>de</strong><strong>de</strong>ntes que impe<strong>de</strong> os indivíduos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenharem funções normais. Parece ocorrer umavalorização da extração em <strong>de</strong>trimento dos aspectos restauradores. A relação que seestabelece é entre a prática odontológica e a solução <strong>de</strong> seus problemas imediatos e práticos,que possibilite o retorno a suas ativida<strong>de</strong>s diárias (Bernd et al., 1992; Carneiro, 2001).O valor atribuído à saú<strong>de</strong> bucal encontra-se respaldado em aspectos relacionados aoconvívio social, havendo um enaltecimento da estética. A beleza é um dos requisitos <strong>de</strong>aceitabilida<strong>de</strong> social impostas pelos padrões culturais atuais, o que <strong>de</strong>sperta nas pessoas o<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> serem bonitas (Bernd et al., 1992; Carneiro, 2001; Abreu et al., 2005). O ingressoneste mundo, como no caso da população que sai do meio rural para tentar a vida na cida<strong>de</strong>gran<strong>de</strong>, faz com que seus valores em relação à saú<strong>de</strong> bucal sejam modificados e a partir daí aperda <strong>de</strong>ntária e as doenças bucais passam a constituir um problema. Dentes anterioresestragados ou ausentes, <strong>de</strong>ntes escurecidos passam a interferir negativamente nas relaçõespessoais e a saú<strong>de</strong> bucal aparece como uma das condições para obtenção <strong>de</strong> emprego e parainserção na socieda<strong>de</strong> (Martins, 1999; Carneiro, 2001). Assim, po<strong>de</strong>r-se-ia enten<strong>de</strong>r que aconstituição da saú<strong>de</strong> bucal, enquanto necessida<strong>de</strong>, é uma produção social. Está relacionadacom as condições sociais <strong>de</strong> vida das pessoas, as tradições históricas, o hábito social e as suasrepresentações sobre o corpo e sobre o fenômeno saú<strong>de</strong>/doença. Nesse sentido, a necessida<strong>de</strong>ou carência sentida da atenção odontológica não encontra justificativa somente nas dores eprivações às quais estão submetidos os indivíduos das camadas populares (Martins, 1999).Outro aspecto observado por estas pesquisas foi a responsabilização pelas máscondições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal focalizada no indivíduo. Em nenhum momento, houve correlaçãoentre as doenças bucais e as condições <strong>de</strong> vida das pessoas e a co-responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Estado,2


das instituições e dos profissionais no cuidado com a saú<strong>de</strong>. Dessa forma, muitos se sentemculpados pelos problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o que gera sentimentos que interferem na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida dos mesmos (Bernd et al., 1992; Carneiro, 2001; Abreu et al., 2005). Com o surgimentoda culpa, as pessoas, sentindo-se <strong>de</strong>svalorizadas, não conseguem reagir diante <strong>de</strong> seusproblemas e passam a ser passivas, não se percebendo como agentes do processo <strong>de</strong>transformação <strong>de</strong> sua própria saú<strong>de</strong>.A luta por melhores condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal está ligada à melhoria dos<strong>de</strong>terminantes sociais, políticos e econômicos (Pauleto et al., 2004) e também à reorientaçãodos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, aumentando-se a oferta <strong>de</strong> cuidados clínicos básicos, adotando-semedidas preventivas gerais e intensificando as ações educativas para a comunida<strong>de</strong> (Pinto,1999).Embora a educação, sozinha, não tenha forças para possibilitar a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejável àpopulação, po<strong>de</strong> fornecer elementos que capacitem os indivíduos para ganhar autonomia econhecimento na escolha <strong>de</strong> condições mais saudáveis (Pauleto et al., 2004).A educação <strong>de</strong>sperta o interesse e responsabilida<strong>de</strong> pela manutenção da saú<strong>de</strong>,<strong>de</strong>senvolve nas pessoas a consciência crítica das reais causas <strong>de</strong> seus problemas e, ao mesmotempo cria prontidão para atuar no sentido da mudança (Gue<strong>de</strong>s-Pinto, 1997; Petry & Prettoet.al., 1999; Santos et. al., 2002).O processo educativo envolve a aquisição <strong>de</strong> conhecimentos (informação), o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s (instrução), a formação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e a criação <strong>de</strong> valores quelevam o paciente e/ou seus pais a agirem, no seu dia-a-dia, em benefício da própria saú<strong>de</strong> e dasaú<strong>de</strong> dos outros (Bijella, 1999). Não se limita à informação como transmissão <strong>de</strong>conhecimentos por canais pedagógicos (Dutra & Paixão, 2002), mas preocupa-se em abordaro processo saú<strong>de</strong>/doença <strong>de</strong> forma mais ampla, integrando aspectos preventivos, curativos,biopsicossociais e ambientais (Petry & Pretto, 1999).Para que o processo educativo seja efetivo, é necessário o conhecimento prévio dopaciente ou da população com a qual preten<strong>de</strong>-se trabalhar (Wan<strong>de</strong>rley et al., 1998). Deacordo com Petry & Pretto (1999), a avaliação <strong>de</strong> seus conhecimentos sobre saú<strong>de</strong> bucal, dasua realida<strong>de</strong>, do modo <strong>de</strong> vida, das crenças, valores, anseios, suas vivências e suasrepresentações acerca <strong>de</strong>ssas experiências <strong>de</strong> vida, como soluciona problemas individuais ecoletivos, como adoece, como trata a doença, como usa o corpo, qual o conceito <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida, expectativa <strong>de</strong> ter doença ou saú<strong>de</strong>, é fundamental para conhecermos a comunida<strong>de</strong>, eentão ajudá-la nas suas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (manutenção ou busca). A partir daí, é possível<strong>de</strong>terminar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças ou criação <strong>de</strong> percepções, os conhecimentos e práticasque farão parte do processo educativo, a linguagem mais apropriada <strong>de</strong> acordo com a faixa3


etária e nível socioeconômico e os meios a<strong>de</strong>quados à comunicação, motivação (Bijella, 1999;Wan<strong>de</strong>rley et al., 1998).O processo educativo <strong>de</strong>ve ser iniciado na infância, preferencialmente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a faseintrauterina, por meio da educação dos pais (Wan<strong>de</strong>rley et al., 1998), principalmente da mãe,pelo papel chave que exerce nas questões ligadas à saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do núcleo familiar (Costa etal., 1998). Quando o acompanhamento da criança é realizado precocemente, a probabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes cariados ou <strong>de</strong> problemas gengivais em ida<strong>de</strong>s futuras édrasticamente menor (Wan<strong>de</strong>rley et al., 1998; Walter et al., 1998).A atenção odontológica ao binômio mãe-filho durante o pré-natal <strong>de</strong>ve ser entendidacomo ímpar, pelo momento <strong>de</strong> motivação em que a gestante se encontra, tornando-sesusceptível à aquisição <strong>de</strong> novos conhecimentos e práticas; como prioritária, pela importânciaque a futura mamãe tem na multiplicação <strong>de</strong> hábitos saudáveis no núcleo familiar; e comoimprescindível, pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover saú<strong>de</strong> consigo mesma, com o bebê que esperae com toda a família (Guimarães et al., 2003).A maternida<strong>de</strong> é um momento muito importante no ciclo vital feminino, no qual amulher tem oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcançar novos níveis <strong>de</strong> integração e <strong>de</strong>senvolvimento dapersonalida<strong>de</strong>. É durante a gravi<strong>de</strong>z que surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um novo equilíbrio dinâmicona unida<strong>de</strong> familiar, com um novo tempo e espaço para o indivíduo e o casal, para a vidasocial e profissional juntamente com a aquisição <strong>de</strong> novas responsabilida<strong>de</strong>s (Bernat et al.,1998; Costa et al., 2002).A gestação representa uma fase em que o organismo feminino encontra-seintensamente alterado, tanto física quanto emocionalmente. Ocorre um ajuste a novascondições endócrinas, metabólicas e hemodinâmicas, os quais po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar aumento <strong>de</strong>peso, e<strong>de</strong>ma, varizes, dor abdominal difusa, hemorróidas, dispnéias ou taquipnéia, poliúria oupoliacidúria, lipotímia, sonolência, palpitação, diabetes gestacional, modificações no útero,vagina, ovários, tubas e mamas (Duailibi et al., 1985). Essas mudanças no esquema corporalpo<strong>de</strong>m trazer preocupações e temores à gestante (Bernat et al., 1998).Assim, a gestação caracteriza-se como um período <strong>de</strong> crise, visto a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>uma série <strong>de</strong> adaptações diante <strong>de</strong> tantas mudanças, causando receios e ambigüida<strong>de</strong>s namaioria das vezes. Por isso, a gestante <strong>de</strong>ve receber apoio e informações diversas da equipedo pré-natal, para prepará-la, do ponto <strong>de</strong> vista físico e mental, para receber seu filho. Dentreeles, os relativos à saú<strong>de</strong> bucal po<strong>de</strong>rão sensibilizá-la a <strong>de</strong>senvolver hábitos saudáveis consigomesma e em todo o seu ambiente familiar (Costa et al., 2002).A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações educativas para esta população foi evi<strong>de</strong>nciada por váriosestudos que avaliaram os conhecimentos e práticas em saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong> gestantes com relação a4


sua própria saú<strong>de</strong> e a do bebê que espera. Ficou constatada a falta <strong>de</strong> conhecimentos sobreesse assunto. A gran<strong>de</strong> maioria das gestantes nunca participou <strong>de</strong> ações educativas em saú<strong>de</strong>bucal (Scavuzzi et al., 1998; Darela et al., 1999; Martins et al., 2002; Santos et al., 2005), masconsi<strong>de</strong>ram-nas importantes e <strong>de</strong>monstram <strong>de</strong>sejo em participar <strong>de</strong> programas educativos(Me<strong>de</strong>iros et al., 1993; Ferreira et al., 1997; Scavuzzi et al., 1998; Martins et al., 2002).A atenção odontológica durante a gravi<strong>de</strong>z apresentou-se envolta por crenças, tabus emitos populares, os quais são transmitidos pela cultura familiar (Bernd, 1992; Scavuzzi et al.,1998; Martins et al., 2002; Santos et al., 2005) e muitas vezes confirmados por profissionais<strong>de</strong>satualizados (Bernd, 1992; Costa et al., 2002). Fatores culturais arraigados em boa parte dapopulação sugerem que a gestante não possa ser submetida a atenção odontológica e queproblemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal são comuns a mulheres no período gestacional. Ambas asafirmações não recebem respaldo científico (Me<strong>de</strong>iros, 1993) e contribuem para oafastamento das gestantes dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Bernd, 1992; Scavuzzi et al., 1998; Martinset al., 2002; Santos et al., 2005) e para a manutenção <strong>de</strong> condições insatisfatórias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>bucal nesta população ( Scavuzzi et al., 1999; Oliveira et al., 1999; Montandon et al., 2003).Embora a gravi<strong>de</strong>z seja uma fase <strong>de</strong> profundas alterações, não existe uma proibiçãoefetiva para a execução <strong>de</strong> qualquer tratamento odontológico, seja este curativo, eletivo ou <strong>de</strong>emergência. Qualquer procedimento odontológico po<strong>de</strong> ser realizado em qualquer fase dagestação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se tomem os <strong>de</strong>vidos cuidados como: realização <strong>de</strong> anamnese completa,interação com o médico da paciente, uso criterioso <strong>de</strong> medicamentos, anestésicos e tomadasradiográficas e preparação psicológica da gestante, já que o pior entrave é o medo e aansieda<strong>de</strong> existentes durante o período pré-operatório ( Duailibi et al., 1985; Yuli et al., 1998;Scavuzzi et al., 1999).A gravi<strong>de</strong>z, por si só, não propicia uma maior incidência <strong>de</strong> doenças bucais. O queacontece nesse período é um agravamento das conseqüências da má saú<strong>de</strong> bucal <strong>de</strong>vido a umasérie <strong>de</strong> mudanças dietéticas, comportamentais e hormonais (Martins et al., 2002). Durante agestação, é comum a mulher negligenciar os seus cuidados pessoais, incluindo a higiene bucal(Montandon et al., 2003; Costa et al., 2002; Martins et al., 2002). Como conseqüência, haveráum maior acúmulo <strong>de</strong> placa bacteriana sobre os <strong>de</strong>ntes que associada a uma exacerbadaresposta inflamatória <strong>de</strong>vido às alterações hormonais facilita a instalação ou agravamento dadoença periodontal. O risco à cárie também po<strong>de</strong> ser aumentado <strong>de</strong>vido às modificaçõesalimentares que ocorrem neste período associadas à negligência com a higienização bucal; afreqüência ou a qualida<strong>de</strong> da higiene muitas vezes é diminuída por razões como enjôos e falta<strong>de</strong> tempo (Duailibi et al., 1985; Nascimento et al., 1996; Oliveira et al., 1999; Martins et al.,2002; Montandon et al., 2003). A gestante passa a ingerir menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentos,5


porém mais freqüente em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>créscimo na capacida<strong>de</strong> fisiológica doestômago durante o terceiro trimestre. Dessa forma, suas refeições tornam-se hábitosconstantes, com alimentos que po<strong>de</strong>m ser altamente cariogênicos (Nascimento et al., 1996).Algumas mulheres apresentam a síndrome da perversão do apetite a qual <strong>de</strong>termina umaumento da freqüência alimentar associada a um aumento do apetite por alimentos açucarados(Thyulstrup, 1995).As condições <strong>de</strong>sfavoráveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal das gestantes têm sido apontadas comopropiciadoras <strong>de</strong> danos à saú<strong>de</strong> do filho que esperam. Alguns estudos <strong>de</strong>monstraramassociação entre doença periodontal e complicações durante a gravi<strong>de</strong>z como partosprematuros e nascimento <strong>de</strong> bebês baixo peso. Bactérias gram-negativas oriundas da doençaperiodontal produzem lipopolissacarí<strong>de</strong>os que, ao penetrarem no tecido conjuntivo gengival,estimulam os macrófagos a sintetizarem citocinas (interleucina 1 beta, interleucina 6, fator <strong>de</strong>necrose tumoral alfa, prostaglandinas). É reconhecido o papel <strong>de</strong>stas prostaglandinas comopotentes indutoras do trabalho <strong>de</strong> parto. Assim, infecções periodontais po<strong>de</strong>riam promoversuficiente estímulo para que uma mãe <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>asse um trabalho <strong>de</strong> parto (Offenbacher et al.,1996; Offenbacher et al., 1998; American Aca<strong>de</strong>my of Periodontology, 1998; Castro et al.,2001). Offenbacher et al. (1996) verificaram em estudo <strong>de</strong> caso-controle que a presença <strong>de</strong>doença periodontal severa aumenta para 7,5 vezes a chance <strong>de</strong> partos prematuros, sendoresponsáveis por 18% dos casos <strong>de</strong> prematuros e <strong>de</strong> baixo peso. Contudo, estes dados <strong>de</strong>vemser analisados com cautela, visto que ainda não existe uma conclusão <strong>de</strong>finitiva a respeito<strong>de</strong>ssa associação e novos estudos estão sendo conduzidos para avaliar melhor se há umarelação causal ou inci<strong>de</strong>ntal.Segundo alguns estudos, a condição <strong>de</strong>sfavorável <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal materna tambémpo<strong>de</strong>ria favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cárie em seus bebês. A explicação consiste no fato <strong>de</strong>que a mãe, além <strong>de</strong> ser a responsável pela <strong>de</strong>terminação dos hábitos higiênicos e dietéticos dacriança, é a principal fonte <strong>de</strong> transmissão dos microrganismos cariogênicos para seus filhos(Berkowitz et al., 1985; Li & Caulfield, 1994; Caulfield, 1997). Contatos salivares freqüentes<strong>de</strong> mães com altos níveis salivares <strong>de</strong> Streptococcus mutans, após a erupção dos <strong>de</strong>ntes<strong>de</strong>cíduos <strong>de</strong> seus filhos, favorecem a transmissão e colonização por esses microorganismoscariogênicos (Weyne & Harari, 2001). Quanto mais precocemente ocorrer essa colonização,maiores serão as chances do bebê <strong>de</strong>senvolver cárie e com uma progressão mais severa dadoença (Grin<strong>de</strong>fjord, 1995; Straetemans et al., 1997). Contudo, essa lógica po<strong>de</strong> serquestionada pelo fato <strong>de</strong> que são necessários outros fatores, além da presença <strong>de</strong>microorganismos, para que haja o <strong>de</strong>senvolvimento da doença cárie.6


O fato da saú<strong>de</strong> bucal materna não ter sido <strong>de</strong>finitivamente relacionada com a saú<strong>de</strong> dacriança não diminui a importância do acompanhamento odontológico durante a gestação. Aatenção odontológica é oportuna para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas e para arealização do tratamento das lesões presentes e controle das doenças bucais, evitando-se assimcomplicações como dor, abscessos, prejuízo da estética, que contribuem para a queda <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.As ações educativas <strong>de</strong>veriam enfocar questões relativas à instalação e<strong>de</strong>senvolvimento das doenças bucais, aconselhamento dietético, a<strong>de</strong>quada higienização bucal,uso a<strong>de</strong>quado do flúor, incentivo à amamentação natural, cuidados relativos ao uso <strong>de</strong>mama<strong>de</strong>ira e chupeta, época i<strong>de</strong>al para a primeira visita do bebê ao <strong>de</strong>ntista, <strong>de</strong>smistificação<strong>de</strong> alguns mitos referentes ao tratamento odontológico durante a gestação, alteraçõescomportamentais e hormonais que po<strong>de</strong>m favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> doenças bucais noperíodo gravídico, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhamento odontológico durante a gravi<strong>de</strong>z(Me<strong>de</strong>iros, 1993; Barbosa et al.,1997; Wan<strong>de</strong>rley et al., 1998).Os métodos <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem fundamentar-se em uma pedagogiaparticipativa e problematizadora, abandonando-se a visão bancária <strong>de</strong> educação, a qual secaracteriza pela atitu<strong>de</strong> autoritária do educador como aquele que <strong>de</strong>tém o saber e o po<strong>de</strong>r, e oaluno como simples <strong>de</strong>positário do conteúdo. Isto implica numa mudança da tradicionalprática <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong> bucal, caracterizada como um conjunto <strong>de</strong> informações,centrada, na maioria das vezes, na ênfase dos seus conteúdos, <strong>de</strong>ixando em segundo plano osreceptores <strong>de</strong>stas informações (Tamieti et al., 1998; Petry & Pretto, 1999).A concepção problematizadora fundamenta-se na prática do diálogo, naproblematização do real, na interrogação, na aprendizagem da análise crítica, sistemática eaprofundada, na recusa do fatalismo e na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> transformar a realida<strong>de</strong> em funçãodos homens (Freire, 1982). Uma aproximação não autoritária <strong>de</strong>senvolve o potencial doeducando e seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> satisfazer suas necessida<strong>de</strong>s. Ele escuta, questiona, reage, esclarecee sintetiza, quando necessário. Esta liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha faz com que confie em si mesmo ecresça com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r o novo comportamento (Petry & Pretto, 1999).O educando per<strong>de</strong> o seu caráter passivo e passa a trabalhar em conjunto com oeducador. Sua participação é crescente e cada vez maior à medida que a educação vai seaprimorando, estabelecendo uma cooperação consciente. Conseguir mudança <strong>de</strong>comportamento não é um objetivo fácil. Para Wan<strong>de</strong>rley et al. (1998) é psicologicamenteimpossível que um ser humano dê 100% <strong>de</strong> seus esforços se não lhe é permitido que tambémdê suas idéias.7


Os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> possuem importante papel educador e transformador,<strong>de</strong>spertando o interesse da população nos cuidados com a saú<strong>de</strong>, favorecendo mudanças <strong>de</strong>comportamento que resultem numa boa saú<strong>de</strong> geral e bucal. Mas para que isto aconteça épreciso que substituam mo<strong>de</strong>los ancorados em práticas <strong>de</strong> comunicação unidirecional,dogmática e autoritária com foco na transmissão <strong>de</strong> informação, pela discussão e reflexão,<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pela problematização <strong>de</strong> temas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Pauleto et al., 2004). A partir dodiálogo e intercâmbio <strong>de</strong> saberes técnico-científicos e populares, profissionais e usuáriospo<strong>de</strong>m construir <strong>de</strong> forma compartilhada um saber sobre o processo saú<strong>de</strong>-doença,favorecendo mudanças duradouras <strong>de</strong> hábitos e <strong>de</strong> comportamentos para a saú<strong>de</strong>, visto seremocasionados não pela persuasão ou autorida<strong>de</strong> do profissional, mas pela construção <strong>de</strong> novossentidos e significados individuais e coletivos sobre o processo saú<strong>de</strong>-doença-cuidado (Alves,2005).8


2. OBJETIVOS2.1. Objetivo geralInvestigar percepções e representações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal entre gestantesusuárias <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do município <strong>de</strong> Belo Horizonte-MG e propor ummaterial educativo que estimule a educação em saú<strong>de</strong> no âmbito do SUS.2.2. Objetivos específicos Analisar as percepções <strong>de</strong> mulheres gestantes que influenciam na procura poratendimento odontológico e na adoção <strong>de</strong> cuidados relativos à saú<strong>de</strong> bucal. Analisar as representações sociais <strong>de</strong> mulheres gestantes sobre o processo saú<strong>de</strong>doença-cuidadogeral e bucal e sobre as práticas educativas em saú<strong>de</strong>. Analisar a percepção e as práticas das gestantes em relação à prevenção e promoção<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Conceber protótipo <strong>de</strong> material educativo <strong>de</strong>stinado à população gestante usuária doserviço público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a partir dos dados do estudo.9


3. METODOLOGIA3.1. Área e População <strong>de</strong> estudoBelo Horizonte foi planejada e construída para ser a capital do Estado <strong>de</strong> MinasGerais, sendo inaugurada em 12 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1897. Atualmente, possui uma áreaterritorial <strong>de</strong> 330,90 Km 2 e uma população <strong>de</strong> 2.412.937 habitantes. As principais ativida<strong>de</strong>seconômicas são indústria, comércio e prestação <strong>de</strong> serviços (PBH, 2006).A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte apresenta-se dividida em 9 DistritosSanitários: Barreiro, <strong>Centro</strong>-sul, Leste, Nor<strong>de</strong>ste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e VendaNova. Em média, 15 a 20 unida<strong>de</strong>s ambulatoriais fazem parte <strong>de</strong> um Distrito, constituído <strong>de</strong>unida<strong>de</strong>s básicas (<strong>Centro</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>) e unida<strong>de</strong>s secundárias como os PAM's (Postos <strong>de</strong>Assistência Médica), além da re<strong>de</strong> hospitalar pública e contratada. No total, a re<strong>de</strong>ambulatorial do município é constituída por 144 centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, 7 policlínicas, 50ambulatórios <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> hospitalar, 2 unida<strong>de</strong>s mistas, 4 prontos socorros, 51 clínicasespecializadas, 1 centro <strong>de</strong> atenção psicossocial, 6 centros <strong>de</strong> reabilitação, 1 unida<strong>de</strong> móvelpara atendimento médico /odontológico e 25 farmácias para dispensação <strong>de</strong> medicamentos.O Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família (PSF) do município possui 479 equipes,apresentando uma taxa <strong>de</strong> cobertura populacional <strong>de</strong> 67,7%, o que equivale a 1.633.558habitantes (SES-MG, 2006). Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>3 mil a 4 mil e quinhentas pessoas ou <strong>de</strong> 1.000 famílias <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada área (MS, 2006).Com relação às equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, o município possui 189 equipes (ESB), havendo umacobertura populacional <strong>de</strong> 54,9%, ou seja, 1.324.702 habitantes. A ESB <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r 6.900pessoas e só po<strong>de</strong> ser implantada on<strong>de</strong> existir equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família funcionando (MS,2006).O Distrito Sanitário <strong>Centro</strong>-Sul abrange uma área <strong>de</strong> 32,60 Km2, on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> umapopulação <strong>de</strong> 266.003 habitantes (IBGE, 2000), resultando numa concentração <strong>de</strong>mográfica<strong>de</strong> 7.871 hab/Km2 . Dessa população, 20%, 51.402 habitantes, mora em área <strong>de</strong> risco. Odistrito conta com 11 unida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, duas policlínicas, sendo a Policlínica <strong>Centro</strong>-Sul referência nacional para DST/AIDS, um laboratório <strong>de</strong> bromatologia, um laboratóriodistrital, além do C.T.R./DIP-Orestes Diniz, referência estadual para AIDS e municipal paradoenças infecciosas e parasitárias (PBH, 2006).Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004, foi inaugurado, no Distrito Sanitário <strong>Centro</strong>-sul, o <strong>Centro</strong> <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> São Miguel Arcanjo, na Vila Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima, Serra. Este centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> fazparte da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ajuda Vila Fátima, um movimento que uniu po<strong>de</strong>r público e socieda<strong>de</strong> civil10


para discutir ações que po<strong>de</strong>m ser realizadas em benefício da comunida<strong>de</strong> local. Associações<strong>de</strong> moradores, li<strong>de</strong>ranças comunitárias e comissão local <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> reúnem-se periodicamentepara avaliar ações sociais e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas quemoram na região (PBH, 2006).A Vila Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima possui uma população <strong>de</strong> 8.300 habitantes. Destes,3.546 são do sexo feminino e 3.974 são do sexo masculino. Com relação à faixa etária, 8% dapopulação possui entre 0-2 anos, 17% entre 3-9 anos, 22% entre 10-19 anos, 42% entre 20-49anos e 50% com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 50 anos. A escolarida<strong>de</strong> é baixa, a maior parte da população(53%) possui o ensino fundamental incompleto, 9% são analfabetos, 5% possuem apenaseducação infantil, 12% possuem o ensino fundamental completo, 12% possuem ensino médioincompleto e 9% completaram o ensino médio (PBH, 2006).As doenças bucais são comuns a essa população, 40% dos indivíduos situados na faixaetária entre 15 a 20 anos possuem <strong>de</strong>ntes extraídos ou com indicação <strong>de</strong> extração, entre 21 e40 anos essa taxa sobe para 73% e na população entre 41 e 60 anos atinge 100%. Entre ascrianças com 6-14 anos, 46% necessitam <strong>de</strong> intervenção odontológica <strong>de</strong>vido à cárie, na faixaetária entre 15-20 anos o percentual sobe para 60% e entre 21-40 atinge 57% (PBH, 2006).O <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> São Miguel Arcanjo, fruto da divisão da área <strong>de</strong> abrangência do<strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Cafezal, é responsável pelo atendimento <strong>de</strong> nove mil pessoas em situação <strong>de</strong>risco social muito elevado. Essa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> conta com três equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família,duas equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, e no apoio, pediatra, ginecologista e equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental.Diariamente, 300 usuários são atendidos no centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que faz um amplo trabalho comos usuários através das visitas domiciliares e dos grupos operativos <strong>de</strong> hipertensos, diabéticos,gestantes, adolescentes, <strong>de</strong>snutrição e planejamento familiar (PBH, 2006).O <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> São Miguel Arcanjo foi escolhido como o local para realização dapesquisa por aten<strong>de</strong>r uma população <strong>de</strong> risco social elevado, por ter implementado aEstratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família e pelo gran<strong>de</strong> interesse e necessida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstrados por suagerente, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas educativas voltadas à população gestante <strong>de</strong>stacomunida<strong>de</strong>.A população total <strong>de</strong> gestantes cadastradas no PSF do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> São MiguelArcanjo na época da pesquisa era <strong>de</strong> 93 gestantes, das quais 25% adolescentes. Elas recebiamacompanhamento pré-natal e algumas participavam <strong>de</strong> grupos operativos (PBH, 2006).Do total <strong>de</strong> gestantes que participaram da pesquisa (20 mulheres), 70% erammultigestas, 45% estavam no terceiro, 40% no segundo e 15% no primeiro trimestre <strong>de</strong>gestação. A faixa etária predominante variou <strong>de</strong> 21 a 30 anos, correspon<strong>de</strong>ndo a 65% doscasos. Observamos também um percentual expressivo <strong>de</strong> gestantes adolescentes (30%),11


eproduzindo o valor encontrado na população total <strong>de</strong> gestantes cadastradas no <strong>Centro</strong> <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> São Miguel Arcanjo. Quanto ao grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, 40% haviam concluído o ensinomédio e 60% tinham completado ou parado os estudos no ensino fundamental, aquelas que ocompletaram representam 10% da amostra. A ocupação principal entre as gestantes envolveos afazeres do lar (65%), sem nenhuma remuneração. Aquelas que exercem ativida<strong>de</strong> fora <strong>de</strong>casa atuam no setor <strong>de</strong> comércio (15%) e <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços (20%).3.2. Referenciais teórico-metodológicos3.2.1. <strong>Pesquisa</strong> qualitativaA abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados, motivos,aspirações, crenças, valores e atitu<strong>de</strong>s, o que correspon<strong>de</strong> a um espaço mais profundo dasrelações, dos processos e dos fenômenos, um lado não perceptível e captável em equações eestatísticas (Minayo, 1994).A pesquisa qualitativa se preocupa em compreen<strong>de</strong>r e explicar a dinâmica das relaçõessociais. Assim, trabalham com a vivência, com a experiência, com a cotidianida<strong>de</strong> e tambémcom a compreensão das estruturas e instituições como resultados da ação humana (Minayo,1994).De acordo com Turato (2005), a pesquisa qualitativa aplicada ao campo da saú<strong>de</strong>permite a interpretação dos significados <strong>de</strong> natureza psicológica e sociocultural acerca dosmúltiplos fenômenos pertinentes ao processo saú<strong>de</strong>-doença. Ainda segundo esse autor, acompreensão <strong>de</strong>sses significados <strong>de</strong>scortina elementos essenciais para melhorar a qualida<strong>de</strong>da relação profissional-paciente-família-instituição, promover maior a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> pacientes e dapopulação frente a medidas individuais e coletivas e enten<strong>de</strong>r mais profundamente certossentimentos, idéias e comportamentos dos doentes, seus familiares e da equipe profissional <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>.3.2.2. Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em Saú<strong>de</strong>O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em Saú<strong>de</strong> (MCS) foi <strong>de</strong>senvolvido em 1950 por um grupo <strong>de</strong>psicólogos sociais com o intuito <strong>de</strong> explicar o fracasso generalizado da participação dosindivíduos nos programas <strong>de</strong> prevenção e <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> doenças. Posteriormente, o mo<strong>de</strong>lo foiestendido para a compreensão das respostas individuais aos sintomas, diagnóstico da doença ea<strong>de</strong>são ao regime terapêutico. Des<strong>de</strong> então, o MCS tem sido usado para explicar as mudanças12


e a permanência <strong>de</strong> comportamentos relativos à saú<strong>de</strong> e também como um guia para oplanejamento <strong>de</strong> intervenções em comportamentos para a saú<strong>de</strong> (Janz, 2002).O MCS consiste em uma teoria <strong>de</strong> valor expectante, ou seja, o comportamento éconsi<strong>de</strong>rado como uma função do valor subjetivo <strong>de</strong> um resultado e <strong>de</strong> sua probabilida<strong>de</strong>, ou<strong>de</strong> sua expectativa que uma ação em particular atingirá os resultados (Janz, 2002)..De acordo com este mo<strong>de</strong>lo, o comportamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da estimativa individual dasuscetibilida<strong>de</strong> à doença, da severida<strong>de</strong> da doença e <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> em reduzir essaameaça através <strong>de</strong> uma ação, existindo fatores que po<strong>de</strong>m facilitar ou inibir uma respostapositiva. Assim, o MCS é composto por seis dimensões inter-relacionadas (Janz, 2002):• Percepção <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong>: crença <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>rá ser afetado pela doença.• Percepção <strong>de</strong> severida<strong>de</strong>: crença <strong>de</strong> que a ocorrência da doença acarretaráconseqüências físicas e/ou sociais sérias.• Percepção dos benefícios: crença <strong>de</strong> que a realização <strong>de</strong> uma ação é capaz <strong>de</strong> reduzirtanto a sua suscetibilida<strong>de</strong> quanto à severida<strong>de</strong>.• Percepção das barreiras: as ações preventivas geram benefícios que suplantam osinconvenientes envolvidos na adoção <strong>de</strong>ssas práticas.• Estímulo para ação: existem dispositivos capazes <strong>de</strong> transformar a intenção para açãoem ação.• Auto-eficácia: a convicção <strong>de</strong> que uma pessoa possa executar com sucesso umcomportamento requerido para produzir uma resposta <strong>de</strong>sejada.3.2.3. Representação socialAs representações sociais são modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conhecimento prático orientadas para acomunicação, a compreensão e o domínio do ambiente social, material e i<strong>de</strong>al (Jo<strong>de</strong>let, apudLeme, 1999). O ato <strong>de</strong> representar coloca o que é estranho numa categoria e contextosconhecidos, torna familiar o não familiar, numa dinâmica em que objetos e eventos sãoreconhecidos e compreendidos com base em mo<strong>de</strong>los e encontros anteriores (Leme, 1999).Segundo Moscovici (apud Sá, 1999), as representações sociais <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radasverda<strong>de</strong>iras teorias do senso comum (universo consensual), formadas a partir da contínuaapropriação das imagens, das noções e das linguagens produzidas pela ciência (universoreificado). Nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas, o novo é comumente gerado ou trazido à luz por meiodos universos reificados da ciência. A exposição a esse novo introduz a não familiarida<strong>de</strong>.Quando o novo ou não familiar se incorpora aos universos consensuais, operam-se os13


processos pelos quais ele passa a ser familiar, torna-se socialmente conhecido e real, cria-seuma realida<strong>de</strong> social (Leme, 1999).A elaboração das representações sociais implica, necessariamente, um intercâmbio entreintersubjetivida<strong>de</strong>s e o coletivo na construção <strong>de</strong> um saber que não se dá apenas como umprocesso cognitivo, mas que contém aspectos inconscientes, emocionais e afetivos tanto naprodução como na reprodução da representação social (Lane, 1999).Assim, as representações sociais são uma forma <strong>de</strong> conhecimento, socialmente elaboradae partilhada, tendo uma visão prática e concorrendo para a construção <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong>comum a um conjunto social (Jo<strong>de</strong>let, apud Leme, 1999). Devem ser estudadas articulandoelementos afetivos, mentais e sociais e integrando, ao lado da cognição, da linguagem e dacomunicação, a consi<strong>de</strong>ração das relações sociais que afetam as representações e a realida<strong>de</strong>material, social e i<strong>de</strong>al sobre as quais elas vão intervir Através do seu estudo, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>tectaros valores, a i<strong>de</strong>ologia e as contradições, aspectos fundamentais para a compreensão docomportamento social (Lane, 1999).3.3. Técnicas <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dadosPara a coleta dos dados foram empregadas diversas técnicas, compreen<strong>de</strong>ndo aentrevista semi-estruturada, observação naturalística e análise documental.3.3.1. Entrevista semi-estruturadaA entrevista semi-estruturada parte <strong>de</strong> certos questionamentos básicos, on<strong>de</strong> algumasquestões servem como roteiro, formulado com base nos objetivos da pesquisa. Os assuntosabordados não se restringem apenas ao roteiro, uma vez que durante a investigação outrasquestões po<strong>de</strong>m aparecer. A or<strong>de</strong>m dos assuntos não precisa obe<strong>de</strong>cer a uma seqüência rígida,<strong>de</strong>vendo ser <strong>de</strong>terminada pela ênfase dada pelos entrevistados. Dessa forma, o roteiro <strong>de</strong>veservir <strong>de</strong> orientação para o entrevistador e não para limitar a fala dos entrevistados,permitindo que discorram sobre o tema proposto sem respostas ou condições prefixadas pelopesquisador (Minayo, 1999). Para o registro das entrevistas foi utilizado um gravador.O roteiro da entrevista semi-estruturada englobou questões relativas ao significado dagestação, às transformações <strong>de</strong>correntes da gravi<strong>de</strong>z, à percepção sobre o processo saú<strong>de</strong>doença-cuidado,sobre o processo saú<strong>de</strong>-doença-cuidado bucal, sobre atenção odontológicadurante a gravi<strong>de</strong>z e sobre promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e prevenção <strong>de</strong> doenças.14


Um estudo piloto foi realizado com o intuito <strong>de</strong> testar o roteiro da entrevista que seriaaplicado às gestantes, assim como treinar a sua condução pela pesquisadora. Este foiconduzido no <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da mulher/ Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, apósautorização do Sub-secretário <strong>de</strong> atenção secundária em saú<strong>de</strong> da Secretaria Municipal <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora-MG. Foram realizadas quatro entrevistas com gestantes que aceitaramparticipar voluntariamente do estudo, após esclarecimento <strong>de</strong> todas as dúvidas e assinatura dotermo <strong>de</strong> consentimento livre e esclarecido. As entrevistas foram gravadas e transcritas naíntegra e tiveram uma duração média <strong>de</strong> 20 minutos. Durante a leitura das entrevistas foiavaliado a clareza na comunicação, induções ou interferências sobre o pesquisado e se asquestões possibilitavam apreen<strong>de</strong>r as percepções da população investigada (Gil, 2002). Essaanálise nos mostrou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reformulação <strong>de</strong> alguns tópicos e da inclusão <strong>de</strong> outros,o que resultou no roteiro apresentado no anexo I <strong>de</strong>ste projeto.O número <strong>de</strong> entrevistas realizadas foi <strong>de</strong>terminado pelo critério <strong>de</strong> saturação, ou seja,o trabalho <strong>de</strong> campo só foi finalizado quando foi possível i<strong>de</strong>ntificar padrões simbólicos,práticas, sistemas classificatórios, categorias <strong>de</strong> análise da realida<strong>de</strong> e visões <strong>de</strong> mundo douniverso em questão, e as recorrências atingem o que se convencionou chamar <strong>de</strong> "ponto <strong>de</strong>saturação"(Minayo, 1999; Duarte, 2002). Dessa forma, foram totalizadas 20 entrevistas comas gestantes.As gestantes foram contatadas na sala <strong>de</strong> espera da consulta <strong>de</strong> pré-natal. Nestaoportunida<strong>de</strong>, foram explicados os objetivos da pesquisa, foi feito o convite para participar dapesquisa, a leitura do termo <strong>de</strong> consentimento e o esclarecimento <strong>de</strong> todas as dúvidas. Dianteda concordância em participar do estudo, o termo <strong>de</strong> consentimento foi assinado e a gestantefoi conduzida a uma sala reservada para a realização da entrevista. Estas foram gravadas,transcritas na íntegra e tiveram uma duração média <strong>de</strong> 45 minutos.3.3.2. ObservaçãoDurante toda a pesquisa foi utilizada a técnica da observação, que foi livre e abrangeeuo conjunto do espaço e do tempo previsto para o trabalho <strong>de</strong> campo. Foram coletados dadosnão explícitos através da linguagem verbal, como gestos, sinais corporais, expressões, e aindaconversas informais, comportamentos e dados outros que auxiliem na caracterização doambiente e na compreensão do universo investigado. Tudo foi registrado num diário <strong>de</strong>campo (Minayo, 1999).3.4. Tratamento e análise <strong>de</strong> dados15


Para trabalhar os dados obtidos na investigação qualitativa, utilizamos a técnica <strong>de</strong>análise <strong>de</strong> conteúdo, que, <strong>de</strong> acordo com Minayo (1999), “relaciona estruturas semânticas(significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados, articulando a<strong>de</strong>scrição e a análise dos textos com os fatores que <strong>de</strong>terminam suas características:variáveis psicossociais, contexto cultural, contexto e processo <strong>de</strong> produção da mensagem”.A análise <strong>de</strong> conteúdo envolve várias fases: pré-análise, exploração do material,tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Num primeiro momento, realizamos aleitura flutuante do material, <strong>de</strong>pois organizamos o material, <strong>de</strong>finindo as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registroe <strong>de</strong> contexto, trechos significativos e categorias, aplicamos o que foi <strong>de</strong>finido na etapaanterior e, então, seguimos para a interpretação dos dados, buscando <strong>de</strong>svendar o conteúdosubjacente ao que está sendo manifesto (Minayo, 1999).3.5. Elaboração do material educativoOs materiais educativos se constituem em suportes complementares à práticaeducativo/pedagógica, facilitando a difusão <strong>de</strong> informações e a promoção <strong>de</strong> mudançascomportamentais (Monteiro, Vargas & Rebello, 2003). Para que produzam esse efeito, a suaconstrução <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer a certos critérios como: a<strong>de</strong>quação da linguagem, estudo do perfildos educandos e educadores, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> temas geradores, escolha dos temas a<strong>de</strong>quadosao nível educacional do grupo e a infra-estrutura existente no local em que se <strong>de</strong>senvolverãoas ativida<strong>de</strong>s educativas (Bedworth & Bedworth, 1992). Dessa forma, a metodologia <strong>de</strong>elaboração e <strong>de</strong>senvolvimento do material educativo compreen<strong>de</strong>u as seguintes etapas:levantamento da literatura específica, investigação do conhecimento e das atitu<strong>de</strong>s do público<strong>de</strong> interesse acerca da questão e criação do material (Monteiro, Rebello & Schall, 1994).No presente trabalho, o <strong>de</strong>senvolvimento do material educativo esteve restrito acriação <strong>de</strong> um protótipo, o qual <strong>de</strong>verá, posteriormente, ser testado quanto à sua eficiência emprovocar mudanças conceituais, esclarecendo sobre atitu<strong>de</strong>s incorretas e apontandoalternativas preventivas. Além do conteúdo da mensagem, <strong>de</strong>verá ser testada a sua a<strong>de</strong>quaçãoquanto à linguagem e imagens, procurando observar se transmitem estímulos necessários àaprendizagem, capazes <strong>de</strong> reforçar orientações e facilitar o processo ensino-aprendizagem(Schall et al., 1987).Após a validação do material didático-pedagógico, este po<strong>de</strong>rá ser usado nos grupos<strong>de</strong> gestantes do PSF, auxiliando os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a exercerem seu papel <strong>de</strong> educador.16


3.6. Consi<strong>de</strong>rações éticasEste projeto foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em <strong>Pesquisa</strong> em Seres Humanos daSecretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte. O termo <strong>de</strong>consentimento livre e esclarecido consta nos anexos <strong>de</strong>ste projeto.3.7. Confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> das informações da pesquisaOs nomes dos participantes e quaisquer outros dados que pu<strong>de</strong>ssem contribuir para suai<strong>de</strong>ntificação foram codificados numericamente e copiados para o arquivo <strong>de</strong> segurança, queficou sob a guarda da pesquisadora.17


4. ARTIGOSA dissertação <strong>de</strong> mestrado será apresentada no formato <strong>de</strong> três artigos científicos e umprotótipo <strong>de</strong> material educativo. Cada trabalho está formatado <strong>de</strong> acordo com as exigênciasdos periódicos.4.1- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em Saú<strong>de</strong> e o processo saú<strong>de</strong>-doença-cuidado bucalMo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em Saú<strong>de</strong> e o processo saú<strong>de</strong>-doença-cuidado bucalThe health belief mo<strong>de</strong>l and the oral health-disease-care process.Figueira, TR; Ferreira, EF; Schall, VT; Mo<strong>de</strong>na, CMResumoO objetivo do presente estudo foi i<strong>de</strong>ntificar as crenças <strong>de</strong> mulheres gestantes queinfluenciam na procura por atendimento odontológico e na adoção <strong>de</strong> cuidados relativos àsaú<strong>de</strong> bucal. O referencial teórico utilizado foi o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em Saú<strong>de</strong> (MCS) numaperspectiva qualitativa. Foram entrevistadas 20 gestantes usuárias <strong>de</strong> um <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> domunicípio <strong>de</strong> Belo Horizonte-MG. Os dados coletados foram trabalhados através da técnica<strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo. Observou-se relação entre as dimensões do MCS e o comportamentoreferente à saú<strong>de</strong> bucal na população estudada, constituindo-se num instrumento útil para oplanejamento <strong>de</strong> ações educativas.Palavras-chave: educação em saú<strong>de</strong>, saú<strong>de</strong> bucal, mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crenças em saú<strong>de</strong>, gestante.AbstractThis qualitative study aimed to un<strong>de</strong>rstand the beliefs that influence pregnant women’sbehaviors towards prevention methods against oral diseases. It was based on the theoreticalHealth Belief Mo<strong>de</strong>l (HBM). Twenty women from Belo Horizonte city, Brasil, wereinterviewed. Data analysis showed a correlation between HBM and <strong>de</strong>ntal care behavior, thatsuggest it could come in usefull for the <strong>de</strong>velopment of oral health education programs.Key-words: health education, oral health, helath belief mo<strong>de</strong>l, pregnant woman.IntroduçãoA realida<strong>de</strong> é, para efeitos <strong>de</strong> comportamento, como a gente crê que é, a qual nãonecessariamente coinci<strong>de</strong> com a <strong>de</strong> outra pessoa ou com a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstradacientificamente (Briceño-León, 1996). Assim, o conhecimento das crenças sobre o processosaú<strong>de</strong>-doença-cuidado e <strong>de</strong> como estas são capazes <strong>de</strong> influenciar a conduta humana sãofundamentais (Bedworth & Bedworth, 1992; Briceño-León, 1996) para que, através <strong>de</strong> umaprática educativa dialógica, possamos construir novos saberes e promover transformações(Freire, 1979; Briceño-León, 1996).18


Alguns mo<strong>de</strong>los teóricos estabelecem relações entre crenças e condutas relativas àsaú<strong>de</strong>, dos quais <strong>de</strong>staca-se o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em Saú<strong>de</strong> (MCS) (Janz et al., 2002). Aassociação entre o MCS e comportamentos referentes à saú<strong>de</strong> bucal na população adulta foi<strong>de</strong>monstrada por diversos autores (Kegeles, 1963; Tash et al., 1969; Rayant & Sheiham, 1980;Kühner & Raetzke, 1989; Barker, 1994; Pine et al., 2000), o que ainda não foi verificado paraa população brasileira, visto a inexistência <strong>de</strong> pesquisas odontológicas baseadas nessereferencial teórico em nosso país.As gestantes constituem um público-alvo importante para pesquisas nessa área, umavez que a atenção odontológica durante o período gestacional tem se apresentado envolta porcrenças que <strong>de</strong>terminam um afastamento <strong>de</strong>ssas mulheres dos serviços odontológicos e umamenor a<strong>de</strong>são às medidas preventivas (Bernd et al., 1992; Romero et al., 2001). Assim, per<strong>de</strong>sea oportunida<strong>de</strong> da realização do controle das doenças bucais, o que po<strong>de</strong>ria evitarcomplicações para a gestante (dor, perda <strong>de</strong> função e estética) e para a própria gestação (partoprematuro e nascimento <strong>de</strong> bebês baixo peso) (Offenbacher etal.,13).Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi i<strong>de</strong>ntificar as crenças <strong>de</strong> gestantes queinfluenciam na procura por atendimento odontológico e na adoção <strong>de</strong> cuidados relativos àsaú<strong>de</strong> bucal através da aplicação do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em Saú<strong>de</strong>.MétodosO Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Crenças em Saú<strong>de</strong> (MCS) é composto por seis dimensões, que se interrelacionam.Assim, para que um indivíduo adote medidas preventivas, ele precisa acreditarque po<strong>de</strong>rá ser afetado pela doença (Percepção <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong>), que a ocorrência dadoença acarretará conseqüências físicas e/ou sociais sérias (Percepção <strong>de</strong> severida<strong>de</strong>), que arealização <strong>de</strong> uma ação é capaz <strong>de</strong> reduzir tanto a sua suscetibilida<strong>de</strong> quanto à severida<strong>de</strong>(Percepção <strong>de</strong> benefícios) e que as barreiras existentes para realizar a ação (Percepção <strong>de</strong>barreiras) são superadas pelos benefícios. As percepções <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong> e severida<strong>de</strong> dadoença po<strong>de</strong>m criar a intenção para a ação, contudo, a simples intenção não é garantia <strong>de</strong>execução, po<strong>de</strong>ndo ser necessária a presença <strong>de</strong> estímulos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores da ação (Estímulopara ação). Além disso, é importante que o indivíduo acredite em sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizarcom sucesso um comportamento requerido e <strong>de</strong> superar as barreiras por ele percebidas (Autoeficácia)(Janz et al., 2002).O MCS vem sendo incorporado aos estudos <strong>de</strong> natureza qualitativa (Manhart et al.,2000; Neves & Gir, 2006), o que ainda não ocorreu no campo da odontologia. Esta foi nossaopção metodológica por consi<strong>de</strong>rá-la mais a<strong>de</strong>quada à compreensão do universo dossignificados, crenças e atitu<strong>de</strong>s (Minayo, 1999).19


O presente estudo foi <strong>de</strong>senvolvido num <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família <strong>de</strong> BeloHorizonte –MG, responsável pelo atendimento <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong> baixa renda eescolarida<strong>de</strong> (PBH, 2006).Os dados foram coletados através <strong>de</strong> entrevista semi-estruturada (Minayo, 1999), cujoroteiro foi construído com base nas dimensões do MCS, envolvendo questões relativas aoprocesso saú<strong>de</strong>-doença-cuidado bucal. O número <strong>de</strong> entrevistas foi <strong>de</strong>finido a partir do critério<strong>de</strong> saturação (Minayo, 1999), totalizando 20 informantes. As entrevistas foram gravadas,transcritas e tiveram duração média <strong>de</strong> 45 minutos.Para a análise dos dados, foi utilizada a técnica <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Conteúdo (Minayo,1999). Num primeiro momento, realizou-se a leitura flutuante das entrevistas. Em seguida,procurou-se organizar o material a partir da i<strong>de</strong>ntificação das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro e <strong>de</strong>contexto. Terminada esta fase, <strong>de</strong>finiram-se as categorias <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> modo que permitissemagrupar as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro e contexto com características em comum ou que serelacionavam entre si. Estas categorias foram, então, articuladas com o MCS e inseridas emsuas diferentes dimensões. Na última etapa do processo <strong>de</strong> análise dos dados, proce<strong>de</strong>u-se asua interpretação, buscando-se <strong>de</strong>svendar o conteúdo subjacente ao que foi manifesto(Minayo, 1999).A coleta <strong>de</strong> dados foi iniciada após aprovação do projeto <strong>de</strong> pesquisa pelo Comitê <strong>de</strong>Ética em <strong>Pesquisa</strong> da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> BeloHorizonte.Resultados e discussãoPerfil da população <strong>de</strong> estudoDo total <strong>de</strong> gestantes entrevistadas, 70% eram multigestas, 45% estavam no terceiro,40% no segundo e 15% no primeiro trimestre <strong>de</strong> gestação. A faixa etária predominante variou<strong>de</strong> 21 a 30 anos, correspon<strong>de</strong>ndo a 65% dos casos. Observou-se também um percentualexpressivo <strong>de</strong> gestantes adolescentes (30%), reproduzindo o valor encontrado na populaçãototal <strong>de</strong> gestantes cadastradas no <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> estudado. Quanto ao grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>,40% haviam concluído o ensino médio e 60% tinham completado ou parado os estudos noensino fundamental, aquelas que o completaram representam 10% da amostra. A ocupaçãoprincipal entre as gestantes envolve os afazeres do lar (65%), sem nenhuma remuneração.Aquelas que exercem ativida<strong>de</strong> fora <strong>de</strong> casa atuam no setor <strong>de</strong> comércio (15%) e <strong>de</strong> prestação<strong>de</strong> serviços (20%).1ª Dimensão- Percepção <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong>Cárie <strong>de</strong>ntária20


As gestantes entrevistadas acreditam que a cárie é causada pelos doces, restos <strong>de</strong>alimentos e sujeira que ficam nos <strong>de</strong>ntes, pela falta <strong>de</strong> higiene e por um “bichinho ou lagarta”(bactéria) que “come” o <strong>de</strong>nte. A influência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminantes sócio-econômicos sobre o<strong>de</strong>senvolvimento da cárie não é percebida por esta população.Apesar <strong>de</strong> citarem a bactéria como fator etiológico da cárie, não há um entendimentoclaro sobre como ocorre a interação entre o microorganismo e os alimentos doces. Existe acrença <strong>de</strong> que o doce promove uma “atração ou ativação do bichinho”, fazendo com que elecoma ou corroa o <strong>de</strong>nte. A bactéria é tida como a personificação da cárie, não existindo aconcepção <strong>de</strong> placa bacteriana. A impotência em promover a sua eliminação está presente nasfalas das entrevistadas.“Cárie é um bichinho insuportável. Ela aproveita a fraqueza que a gente tem pelodoce e fica ali corroendo os <strong>de</strong>ntes, se eu pu<strong>de</strong>sse pegar ele, nossa!"(E1)É possível perceber nos relatos a reprodução <strong>de</strong> um discurso infantil, o que sugerefalta <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s educativas. Esta falta <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> serevi<strong>de</strong>nciada nos relatos sobre que tipo <strong>de</strong> alimento seria mais danoso aos <strong>de</strong>ntes, sendo citadasbalas, chicletes e chocolates, guloseimas comuns à infância e que tem o seu valor negativoreforçado pelas ativida<strong>de</strong>s educativas dirigidas a este público.A preferência por guloseimas aliada à ausência <strong>de</strong> higienização <strong>de</strong>monstrou ser umfator <strong>de</strong>terminante para que as gestantes se sentissem suscetíveis à cárie. Contudo, a únicamedida realizada periodicamente é a escovação <strong>de</strong>ntária e a negligência com esse cuidadoaparece como justificativa para o acometimento pela doença.O cigarro também foi citado como uma das causas e justificativa para o aparecimentoda cárie, provavelmente, pela associação entre o escurecimento dos <strong>de</strong>ntes provocado pelanicotina e a cor da lesão cariosa.A percepção <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong> à cárie não se modificou durante a gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>vido,provavelmente, à manutenção dos hábitos <strong>de</strong> escovação <strong>de</strong>ntária e <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> doces e aoconhecimento limitado sobre os alimentos cariogênicos e sobre a influência da freqüência <strong>de</strong>refeições, aumentada naturalmente na gestação, no <strong>de</strong>senvolvimento da doença. A crença <strong>de</strong>que a gravi<strong>de</strong>z enfraquece os <strong>de</strong>ntes apareceu associada à perda das restaurações e não comoum fator propiciador <strong>de</strong> cárie.“...porque muitas das vezes quando você ta grávida cai até as obturações, suga muitoo cálcio né, então você fica com as pernas fracas, os <strong>de</strong>ntes principalmente.” (E16)Doença periodontalO conhecimento sobre a etiologia das doenças periodontais apareceu em poucosrelatos, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto <strong>de</strong> fatalida<strong>de</strong>, sendo a suscetibilida<strong>de</strong> associada ao acaso, à21


genética, a <strong>de</strong>ficiências imunológicas e ao período gravídico. A concepção <strong>de</strong> que oestabelecimento <strong>de</strong>ssas patologias seria uma fatalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> interferir <strong>de</strong> forma negativa sobrea crença nos benefícios das medidas preventivas e, portanto, na adoção das mesmas."Eu acho que vai <strong>de</strong> pessoa para pessoa. Acho que umas po<strong>de</strong> evitar, outras já tematravés do sangue <strong>de</strong> família né, genético. Acho que aí, com a gengivite varia".(E1)HalitoseA preocupação com a halitose foi recorrente entre as gestantes e apareceu <strong>de</strong> formaespontânea em seus relatos. Para elas, a sua etiologia está concentrada na cavida<strong>de</strong> bucal erelaciona-se à ausência <strong>de</strong> limpeza. Essa percepção parece estimular a realização <strong>de</strong>escovação e <strong>de</strong> bochechos com anti-séptico.“Escovo os <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> manhã, à noite, na hora <strong>de</strong> dormir... pra livrar o mau cheiro quedá na boca se a gente ficar sem escovar os <strong>de</strong>ntes”. (E17)2ª Dimensão- Percepção <strong>de</strong> Severida<strong>de</strong>Diminuição da auto-estimaSegundo Wolf et al. (1998), a erupção <strong>de</strong>ntária é uma etapa muito importante naorganização psíquica dos indivíduos, sendo os <strong>de</strong>ntes percebidos como signos <strong>de</strong>in<strong>de</strong>pendência e força. São consi<strong>de</strong>rados, ainda, parte fundamental do padrão <strong>de</strong> beleza emdiversas culturas. Assim, a perda dos <strong>de</strong>ntes ou sua <strong>de</strong>formida<strong>de</strong> estética po<strong>de</strong>rão implicar emalterações emocionais, gerando sentimentos <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>, vergonha, insegurança e <strong>de</strong> umaperda irreparável, o que apareceu nos relatos das gestantes e em outros estudos (Wolf, 1998;Abreu et al., 2005; Vargas & Paixão, 2005).“Igual esse tratamento <strong>de</strong> canal, porque os meus quatro <strong>de</strong>ntes quebraram. Aí eu tiveque procurar (<strong>de</strong>ntista), senão vou ficar banguela né. Eu acho, que é feio gente banguela,nossa! Chegar dar um sorrisinho, até os do canto a gente tem que tampar né”.(E9)Interferência no convívio socialA boa aparência é critério <strong>de</strong> aceitação social e um facilitador para o estabelecimento<strong>de</strong> relações pessoais e <strong>de</strong> trabalho (Wolf, 1998; Vargas & Paixão, 2005). Assim, a <strong>de</strong>formaçãoda estética bucal po<strong>de</strong>rá prejudicar o convívio social, <strong>de</strong>terminando uma rejeição ao indivíduoe o seu isolamento (Wolf, 1998; Vargas & Paixão, 2005). Essa questão foi observada emdiversas pesquisas (Bernd et al., 1992; Abreu et al., 2005, Vargas et al, 2005; Ferreira et al.,2006) e apareceu em nosso estudo enfocada nas relações <strong>de</strong> trabalho.A interferência da <strong>de</strong>formação da estética bucal no convívio social foi observada em22


diversas e apareceu em nosso estudo enfocada nas relações <strong>de</strong> trabalho.“O <strong>de</strong>nte feio, vamos supor, se for procurar um emprego, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do que eu forfazer, eu vou ser uma secretária, não tem nem como eu conversar com as pessoas<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do estado em que tiver”.(E18)Outro fator importante para a criação e conservação <strong>de</strong> vínculos sociais são os odorescorporais, valorizando-se a presença <strong>de</strong> um hálito agradável (Elis & Ferriane, 2006). Asgestantes apresentaram essa percepção e vêem a halitose como um obstáculo tanto para asrelações pessoais quanto para as <strong>de</strong> trabalho.A percepção das gestantes sobre a severida<strong>de</strong> das doenças bucais mostrou-serelacionada com a adoção <strong>de</strong> cuidados caseiros e com a busca por atendimento odontológico,o que está <strong>de</strong> acordo com os resultados <strong>de</strong> outras pesquisas (Kegeles, 1963; Tash et al., 1969;Rayant & Sheiham, 1980; Kühner & Raetzke, 1989; Barker, 1994).3ª Dimensão- Percepção dos BenefíciosSegundo as entrevistadas, para se obter saú<strong>de</strong> bucal, são necessários alguns cuidadoscomo visitas regulares ao <strong>de</strong>ntista, higienização a<strong>de</strong>quada, controle da ingestão <strong>de</strong> doces, uso<strong>de</strong> anti-séptico e flúor. É possível perceber a reprodução do discurso oficial sobre as medidasnecessárias à boa saú<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>sarticulado do conhecimento sobre as causas e evolução daspatologias, já discutidos, <strong>de</strong>termina uma ação mecânica, sem qualquer análise crítica sobre ocomportamento adotado ou rejeitado.Consulta odontológicaAs gestantes percebem a consulta odontológica como uma oportunida<strong>de</strong> para apren<strong>de</strong>rsobre os cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal e para a realização <strong>de</strong> tratamentos preventivos ecurativos. Entre algumas entrevistadas, existe uma valorização da limpeza profissional, a qualé colocada como um recurso essencial para o não adoecimento bucal. Como o acesso àassistência odontológica é insuficiente, esta carência funciona como uma justificativa para oacometimento pela cárie.“Eu adorava mascar chiclete, aí não visitava um <strong>de</strong>ntista, acabou que as cáries foijuntando e furou. ...porque nem sempre a limpeza em casa fica completa”.(E1)A concepção <strong>de</strong> que a consulta odontológica é um fator primordial para a prevençãoda cárie foi <strong>de</strong>stituída pela comprovação <strong>de</strong> que os serviços odontológicos contribuíram muitopouco para o <strong>de</strong>clínio da cárie entre as populações (Nadanovsky & Aubrey, 1995). Dessaforma, as visitas periódicas ao <strong>de</strong>ntista vêm se estabelecendo mais como uma oportunida<strong>de</strong>para a realização <strong>de</strong> diagnóstico precoce e limitação <strong>de</strong> danos. Até mesmo as ativida<strong>de</strong>seducativas, antes restritas ao ambiente do consultório odontológico, têm ganhado novosespaços para o seu <strong>de</strong>senvolvimento, visto que quando realizadas <strong>de</strong> forma coletiva23


apresentam resultados mais satisfatórios (Dutra & Paixão, 2002).Higienização bucalA <strong>de</strong>sorganização periódica da placa bacteriana, através do uso da escova e fio <strong>de</strong>ntais,tem sido recomendada com o objetivo <strong>de</strong> reduzir o número <strong>de</strong> microrganismos para um nívelcompatível com a saú<strong>de</strong> bucal (Weyne & Harari, 2001). Essa concepção não existe entre asgestantes, <strong>de</strong>vido à ausência <strong>de</strong> conhecimentos sobre os fatores etiológicos das doençasperiodontais e à crença <strong>de</strong> unicida<strong>de</strong> da “bactéria-bichinho” causadora da cárie. Para elas, oobjetivo do emprego <strong>de</strong> tais recursos consiste em evitar o in<strong>de</strong>sejável mau hálito e emremover os restos alimentares, o que está <strong>de</strong> acordo com os resultados <strong>de</strong> outros estudos(Barker, 1994; Bernd et al., 1992).“(Fio <strong>de</strong>ntal)De vez em quando, só quando gruda carne no <strong>de</strong>nte”. (E13)Uso <strong>de</strong> medicamentosOs anti-sépticos têm sido cada vez mais utilizados pelos brasileiros, o que é atribuídoàs campanhas publicitárias agressivas que <strong>de</strong>stacam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um hálito puro, <strong>de</strong>ntessem cárie e placa (Ripardo, 2007). A propaganda parece ter atingido os integrantes das classesmenos favorecidas; o seu uso foi relatado por algumas entrevistadas e é caracterizado pelaauto-medicação e busca <strong>de</strong> um hálito agradável.“Eu uso sempre (anti-séptico). Eu uso porque fico com medo <strong>de</strong> mau hálito, não temcoisa pior do que mau hálito”. (E1)A percepção sobre os benefícios dos anti-sépticos esteve mais presente entre asentrevistadas do que a percepção sobre os benefícios do flúor. Esta situação chama a atençãopelo fato do efeito do flúor sobre a cárie ser reconhecido há anos (Weyne & Harari, 2001) eser amplamente divulgado tanto pelas campanhas educativas em saú<strong>de</strong> bucal quanto pelas <strong>de</strong>marketing <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifrícios. Uma explicação para este fato po<strong>de</strong> estar na maior preocupação<strong>de</strong>sta população em prevenir a halitose em relação à cárie.Controle da dietaO controle da dieta para a população estudada consiste em diminuir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>certos alimentos consi<strong>de</strong>rados prejudiciais – as balas, os chicletes e o chocolate, o que nemsempre é realizado <strong>de</strong>vido à dificulda<strong>de</strong> em resisti-los. Não existe a percepção sobre obenefício em se diminuir a freqüência da ingestão <strong>de</strong> sacarose (Weyne & Harari, 2001).“comer menos bala, chiclete, que eu gosto muito <strong>de</strong> chiclete, menos chiclete, menosbala, menos doce que isso faz mal pros <strong>de</strong>ntes”. (E5)4ª Dimensão-Pecepção das BarreirasMedo do tratamento odontológicoO medo apareceu nas falas das entrevistadas tanto em sua forma objetiva, quanto24


subjetiva, interferindo na busca por tratamento. Observou-se que o medo <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> umaexperiência traumatizante se constituiu numa potente barreira.“...a <strong>de</strong>ntista me aplicou uma anestesia e essa anestesia me causou vômito, tonteira,dormência, sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>smaio....eu falei, não vou mais, pra mim ficou uma barreira e euainda não consegui superar.”(E14)O medo mostrou-se acionado principalmente pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentir dor eincômodo, pela anestesia, pelas canetas <strong>de</strong> alta rotação e pelos procedimentos cirúrgicos; afigura do cirurgião-<strong>de</strong>ntista não apareceu com <strong>de</strong>staque.Durante a gestação, o medo provocado pelo atendimento odontológico aumentou em<strong>de</strong>corrência da crença <strong>de</strong> que a hemorragia conseqüente a uma extração <strong>de</strong>ntária e o uso <strong>de</strong>medicamentos po<strong>de</strong>riam trazer algum prejuízo ao feto ou à gravi<strong>de</strong>z. Essa percepção po<strong>de</strong>rábloquear o comportamento <strong>de</strong> procura por atendimento odontológico ou a interrupção domesmo quando da <strong>de</strong>scoberta da gravi<strong>de</strong>z, o que foi observado no presente estudo e tambémpor outros autores ( Bernd et al., 1992; Romero et al., 2001).“...porque eu estava tratando, até agora eu parei né, aí eu <strong>de</strong>scobri que estavagrávida e parei... Além da anestesia, arrancar os <strong>de</strong>ntes também eu já ouvi falar que não ébom, porque a grávida arranca o <strong>de</strong>nte sai muito sangue e acaba prejudicando né”. (E17)A contra-indicação do tratamento odontológico durante a gestação não é percebidapelas entrevistadas como total. Procedimentos menos invasivos, como o exame clínico e osrelativos à prevenção, são consi<strong>de</strong>rados a<strong>de</strong>quados. Contudo, essa percepção não alterou ospadrões <strong>de</strong> busca por atendimento odontológico, a qual se estabeleceu somente na presença <strong>de</strong>algum problema.Carência <strong>de</strong> recursos financeirosA ausência <strong>de</strong> recursos financeiros é percebida como um obstáculo em relação àaquisição <strong>de</strong> informações sobre saú<strong>de</strong> bucal, à realização <strong>de</strong> cuidados caseiros e ao acesso aotratamento. Esse tipo <strong>de</strong> barreira tem sido i<strong>de</strong>ntificada por várias pesquisas (Kegeles, 1963;Tash et al., 1969; Bernd et al., 1992; Abreu et al., 2005; Albuquerque et al., 2004).Apesar da oferta <strong>de</strong> atendimento odontológico pelo <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, este, nemsempre, é uma referência para a busca por tratamento, <strong>de</strong>vido à dificulda<strong>de</strong> em conseguir umaconsulta, à impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conciliar o horário da consulta com o trabalho e à inexistênciada realização <strong>de</strong> procedimentos mais complexos. Poucas entrevistadas relataram utilizarexclusivamente a assistência odontológica pública, as <strong>de</strong>mais, sempre que possível, recorremao setor privado por consi<strong>de</strong>rá-lo <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> ou pela comodida<strong>de</strong> do prontoatendimento.Resultados semelhantes foram encontrados por Bernd et al. (1992) eAlbuquerque et al. (2004).25


Essa concepção po<strong>de</strong> reforçar o adiamento da busca por atendimento odontológico atéa obtenção do recurso necessário ao pagamento do tratamento ou até o momento em que adoença passa à condição <strong>de</strong> problema e o posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se torna a opção existente para aresolução da emergência.“Ir ao <strong>de</strong>ntista só mesmo se sentir uma dor, é muito caro o tratamento ou então, se foruma emergência, você vem no posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”.(E16)Cumprimento dos papéis sociaisAo longo dos tempos a mulher vem acumulando papéis na socieda<strong>de</strong>; se antes a suafunção se restringia aos cuidados com os filhos, marido e com o lar, agora, assume também afunção <strong>de</strong> provedora (Caixeta & Barbato, 2004). A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprir essamultiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> papéis faz com que, muitas vezes, os cuidados pessoais sejam <strong>de</strong>ixados emsegundo plano, o que pô<strong>de</strong> ser observado nos relatos das gestantes em relação à prática <strong>de</strong>uma higienização bucal a<strong>de</strong>quada e procura por assistência odontológica.“Aí ele (<strong>de</strong>ntista) vai lá e passa a recomendação e eu sigo por uns dois meses e <strong>de</strong>poisparo também e fico só na escova. Ah, sei lá. Tem hora que é tanta correria, tudo é correriana vida sabe, que a gente acaba esquecendo, a gente vai <strong>de</strong>ixando pra lá”. (E9)5ª Dimensão- Estímulo para açãoSatisfação do usuário com a assistência odontológica públicaEmbora a oferta <strong>de</strong> assistência odontológica pública seja importante na superação dasrestrições que a barreira econômica <strong>de</strong>termina, os relatos das gestantes <strong>de</strong>monstram que é asatisfação com o atendimento que estimula o seu retorno periódico. Quando isso não ocorre,verificamos a procura em casos <strong>de</strong> emergência e o <strong>de</strong>sejo pelo serviço privado. Este fatoreforça a necessida<strong>de</strong> da aproximação entre serviço e usuários na <strong>de</strong>finição e organização <strong>de</strong>suas ações e <strong>de</strong> um atendimento humanizado.“agora ,já montou um centro aqui <strong>de</strong> odontologia muito bom, aí tem vários <strong>de</strong>ntistas,várias enfermeiras que po<strong>de</strong> te aten<strong>de</strong>r, agendar, as consultas tem saído mais rápido, entãofiquei por conta mais daqui”. (E15)Opinião do profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>A população do estudo <strong>de</strong>monstrou possuir bastante confiança no conhecimento e nasrecomendações dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sendo estes capazes <strong>de</strong> influenciar em suastomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões. Foi possível perceber que a interação entre médico/<strong>de</strong>ntista e paciente écapaz <strong>de</strong> promover a resignificação da crença <strong>de</strong> que o tratamento odontológico é contra-26


indicado durante a gravi<strong>de</strong>z, estimulando a sua busca. Essa interação também mostrou terefeitos sobre a responsabilização individual nos cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal.“Foi o <strong>de</strong>ntista que tirou a cisma. Que eu ficava muito, eu falei não, não vou fazertratamento <strong>de</strong> canal porque eu to grávida, mas isso foi na segunda gravi<strong>de</strong>z”.(E9)Romero et al. (2001) observaram que as gestantes pertencentes a sua amostra nãoconfiavam no parecer dado pelo <strong>de</strong>ntista em relação à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentoodontológico durante a gravi<strong>de</strong>z, recorrendo à opinião médica para se sentirem seguras. Essafalta <strong>de</strong> confiança po<strong>de</strong> estar relacionada ao fato <strong>de</strong> que enquanto alguns <strong>de</strong>ntistas atuam na<strong>de</strong>smistificação das crenças, outros agem justamente ao contrário, fortalecendo-as eestimulando a não realização ou interrupção do tratamento quando da <strong>de</strong>scoberta da gravi<strong>de</strong>z.Essa situação foi encontrada por Bernd et al. (1992) e está em concordância com os nossosresultados.“A <strong>de</strong>ntista mesmo que falou, não, eu falei com ela que eu estava grávida, se tinhaalgum problema, ela falou que po<strong>de</strong>ria ter, porque a anestesia era muito forte e podiaprejudicar a criança, aí eu parei com o tratamento”. (E17)Medo <strong>de</strong> procedimentos invasivosO medo do tratamento odontológico apareceu nos relatos não só como uma barreira,mas também como um estímulo para a busca por atendimento odontológico preventivo, nointuito <strong>de</strong> impedir a instalação ou evolução da doença bucal e, assim, evitar a necessida<strong>de</strong> dostratamentos invasivos e aversivos.“Ah, assim né, eu procuro ta sempre vindo, mesmo sem nada, só pra fazer a limpezapra evitar né...porque eu ficaria com medo daquela máquina na minha boca, todo mundo temné, aquela agulha sei lá”.(E8)Sintomatologia estabelecidaA patologia já instalada, gerando dor, incômodo, prejuízo funcional ou estético foi ofator <strong>de</strong>terminante na busca por atendimento odontológico, sendo capaz <strong>de</strong> superar todas asbarreiras existentes. A dor funcionou como o estímulo <strong>de</strong>cisivo para o <strong>de</strong>senvolvimento daação e é percebida como um problema a partir do momento em que interfere sobre o bemestare alimentação.“Se eu te falar que é sempre, eu vou ta mentindo. Porque tinha muito tempo que eunão procurava um <strong>de</strong>ntista, procurei por necessida<strong>de</strong>. Porque estava me incomodando muito,eu estava com dor”.(E1)27


Estudos (Bernd et al., 1992; Abreu et al., 2005; Bedos et al., 2005; Ferreira et al.,2006) têm verificado que a dor é i<strong>de</strong>ntificada pelas classes populares como o limiar entre asaú<strong>de</strong> e a doença bucal, seja porque impe<strong>de</strong>m o exercício das ativida<strong>de</strong>s laborais ou porquepromovem um intenso <strong>de</strong>sconforto e, assim, assinalam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> busca por tratamento.O sangramento gengival apareceu nas falas das entrevistadas gerando apenas aintenção para a ação, mas não a sua concretização. Uma possível explicação para este fatopo<strong>de</strong> estar no pequeno conhecimento <strong>de</strong>sta população sobre as doenças periodontais, o que<strong>de</strong>terminou uma baixa percepção <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong>, severida<strong>de</strong> e benefícios em relação aessas patologias.6ª Dimensão- Auto-eficáciaAlguns estudos têm comprovado (Kühner & Raetzke, 1989; Pine et al., 2000; Personet al., 1998; Kneckt et al., 1990; Syrjälä et al., 1999; Souza et al., 2002) que a auto-eficáciaestá diretamente associada com a adoção <strong>de</strong> cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal e que indivíduos commaior auto-eficácia possuem melhores níveis <strong>de</strong> placa bacteriana e sangramento gengival,menos superfícies cariadas e buscam assistência odontológica <strong>de</strong> forma mais freqüente.Apesar das evidências apontadas, é preciso ter cautela ao se trabalhar essa dimensão,principalmente com populações em que o direito à saú<strong>de</strong> se configura apenas em teoria e asopções saudáveis são inexistentes ou as mais difíceis <strong>de</strong> serem adotadas. Ao se <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>raro contexto socio-economico-cultural na qual as comunida<strong>de</strong>s estão inseridas, corre-se o risco<strong>de</strong> culpabilização dos indivíduos pelas suas condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Marcon<strong>de</strong>s, 2004; Sícoli &Nascimento, 2003), o que po<strong>de</strong>rá resultar em diminuição da auto-estima e em conseqüêncianuma menor auto-eficácia.Cuidados diários com a saú<strong>de</strong> bucalNa população estudada, a auto-eficácia relativa aos cuidados com a saú<strong>de</strong> bucalapresentou-se baixa. As gestantes possuem a percepção <strong>de</strong> que a única medida que sãocapazes <strong>de</strong> realizar <strong>de</strong> forma rotineira é a escovação <strong>de</strong>ntária. No caso do fio <strong>de</strong>ntal, além dapercepção restrita sobre o seu benefício, há a concepção <strong>de</strong> que seu emprego é difícil e chato eo seu uso incorreto acaba gerando ferimento, sangramento e dor. Em relação ao consumo <strong>de</strong>sacarose, a preferência por alimentos doces <strong>de</strong>termina uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> em controlar oseu consumo, sendo consi<strong>de</strong>rados irresistíveis. Elas se sentem ainda incapazes <strong>de</strong> romper asbarreiras que dificultam a busca por atendimento odontológico, o que, geralmente, se invertena presença do problema instalado.“O doce. Não consegui largar”. (E1)28


“Ah, as últimas vezes que eu procurei <strong>de</strong>ntista foi porque tinha quebrado, ou porquetava doendo e tinha que arrancar. Por esses dois motivos...Pra fazer tratamento preventivonão, porque eu nunca tive condições né, <strong>de</strong> pagar assim o <strong>de</strong>ntista. (E6)Consi<strong>de</strong>rações finaisAs dimensões do MCS mostraram associação com o comportamento relativo à saú<strong>de</strong>bucal na população estudada. A a<strong>de</strong>são ao cuidados caseiros foi influenciada pelas percepções<strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong>, severida<strong>de</strong>, benefícios e pela auto-eficácia, o que resultou na prática daescovação <strong>de</strong>ntária como única medida realizada periodicamente. Para as <strong>de</strong>mais medidas,foram encontradas barreiras, pequena percepção sobre seus benefícios e baixa auto-eficácia,as quais contribuíram para a pequena a<strong>de</strong>são. Em relação à busca por atendimentoodontológico, a percepção das barreiras foi a dimensão que mais influenciou nesse processo,existindo uma baixa auto-eficácia para sua superação. O padrão <strong>de</strong> busca por tratamentocaracterizou-se pela resolução <strong>de</strong> problemas, como dor e manutenção/reestabelecimento daestética bucal. O período gestacional não modificou a percepção das gestantes sobre oprocesso saú<strong>de</strong>-doença-cuidado.O MCS, apesar <strong>de</strong> apenas tangenciar alguns <strong>de</strong>terminantes sociais da doença, mostrouseuma ferramenta útil para a compreensão dos comportamentos em saú<strong>de</strong> da populaçãoestudada, fornecendo informações importantes para o planejamento <strong>de</strong> práticas educativas, asquais <strong>de</strong>verão consi<strong>de</strong>rar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover a resignificação <strong>de</strong> algumas crenças, <strong>de</strong>ampliar o conhecimento sobre saú<strong>de</strong> bucal e, principalmente, <strong>de</strong> estimular o <strong>de</strong>bate sobreformas <strong>de</strong> transpor as barreiras que dificultam ou impe<strong>de</strong>m a ação.Referências bibliográficas1- ABREU, M.H.N.G.; PORDEUS, I.A.; MODENA, C.M. Representações sociais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>bucal entre mães no meio rural <strong>de</strong> Itaúna (MG), 2002. Ciência & Saú<strong>de</strong> Coletiva, v. 10, n. 1,p. 245-259, 2005.2- ALBUQUERQUE, O.M.R.; ABEGG, C.; RODRIGUES, C.S. Percepção <strong>de</strong> gestantes doprograma saú<strong>de</strong> da família em relação a barreiras no atendimento odontológico emPernambuco, Brasil. Cad Saú<strong>de</strong> Pública, v.20, n.3, p.789-796, 2004.3- BARKER, T. Role of health beliefs in patient compliance with preventive <strong>de</strong>ntal advice.Commun Dent Oral Epi<strong>de</strong>miol, v.22, p.327-330, 1994.4- BEDOS, C.; BRODEUR, J.M.; LEVINE, A.; RICHARD, L.; BOUCHERON, L.;MEREUS, W. Perception of <strong>de</strong>ntal ilness among persons receiving public assistance inMontreal. Am J Public Health, v.95, n.8, p.1340-1344, 2005.29


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21- NEVES, L.A.S.; GIR, E. Crenças das mães soropositivas ao HIV acerca da transmissãovertical da doença. Rev Latino-am Enfermagem, v. 14, n.5, p.781-788, 2006.22- Offenbacher S, Katz V, Fertik G, Collins J, Boyd D, Maynor G et al. Periodontal infectionas a possible risk factor for preterm low birth weight. J Periodontol 1996; 67:1103-1113.Offenbacher S, Katz V, Fertik G, Collins J, Boyd D, Maynor G et al. Periodontal infection asa possible risk factor for preterm low birth weight. J Periodontol 1996; 67:1103-1113.23- PBH – PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Disponível em . Acesso em: 02 jul. 2006.24- PERSON, R.E.; PERSON, G.R.; POWELL, L.V.; KIYAKI, H.A. Periodontal effects of abiobehavioral prevention program. J Clin Periodontol, v. 25, p.322-329, 1998.25- PINE, C.M.; CURNOW, M.M.; CHESTERS, R.K.; NICHOLSON, J.; HUNTINGTON,E. An intervention programme to establish regular toothbrushing: un<strong>de</strong>rstanding parents’beliefs and motivating children. Int Dent J, v.50, n.6, p.312-323, 2000.26-RAYANT, G.A., SHEIHAM, A. An analysis of factors affecting compliance with toothcleaningrecommendations. J Clin Periodontol, v.7, p.289-299, 1980.27- RIPARDO, S. Os Campeões do Varejo. Folha <strong>de</strong> São Paulo (online). Disponível em:. Acesso em 01 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007.28- ROMERO, R.M.D.; CÁRDENAS, M.C.; RIOS, J.F.T.; MARTINEZ, C.E.C. Actitu<strong>de</strong>sque influyen em la <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> servicios odontológicos durante la gestación. Revista ADM,v. LVIII, n.2, p.68-73, 2001.29- SÍCOLI JL, NASCIMENTO PR. Promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: concepções, princípios eoperacionalização. Interface_Comunic, Saú<strong>de</strong>, Educ,v7,n12,p:101-22,2003.30- SOUZA, G.A.; SILVA, A.M.M.; GALVÃO, R. A auto-eficácia como mediadora damelhora em índices clínicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> oral. Pesqui Odontol Bras, v.16, n.1, p.57-62, 2002.31- SYRJÄLÄ, A.M.H.; KNECKT, M.C.; KNUUTTILA, M.L.E. Dental self-efficacy as a<strong>de</strong>terminant to oral health behavior, oral hygiene and HbA1c level among diabetic patients. JClin Periodontol, v.26, p.616-621, 1999.32- TASH, R.H.; O’SHEA, R.M.; COHEN, L.K.Testing a preventive-syntomatic theory of<strong>de</strong>ntal health behavior. Am J Public Health, v.59, n.3, p.514-521, 1969.33- VARGAS, A.M.D.; PAIXÃO, H.H. Perda <strong>de</strong>ntária e seu significado na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<strong>de</strong> adultos usuários <strong>de</strong> serviço público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Boa Vista, em BeloHorizonte. Ciênc Saú<strong>de</strong> Coletiva, v.10, n.4, p.1015-1024, 2005.34- WEYNE, S.C.; HARARI, S.G. Cariologia: implicações e aplicações clínicas. In:BARATIERI, L.N. Odontologia Restauradora. Fundamentos e Possibilida<strong>de</strong>s. EditoraSantos, 2001, cap.1, p.03-29.35- WOLF, S.M.R. O significado psicológico da perda dos <strong>de</strong>ntes em sujeitos adultos. RevAssoc Paul Cir Dent,v. 52, n.4, p.307-316, 1998.31


ColaboradoresTaís Rocha Figueira: participou na realização do trabalho <strong>de</strong> campo, no processamento eanálise dos dados e na redação do artigo.Efigênia Ferreira e Ferreira: participou na organização da pesquisa e na revisão crítica doartigo.Virgínia Torres Schall: participou na organização da pesquisa e na revisão crítica do artigo.Celina Maria Mo<strong>de</strong>na: participou na organização da pesquisa, na análise dos dados e narevisão crítica do artigo.4.2. O processo do cuidado durante a gestação: o agir através das concepções <strong>de</strong>responsabilização e culpabilização maternas.O processo do cuidado durante a gestação: o agir através das concepções <strong>de</strong> responsabilizaçãoe culpabilização maternas.Health care during pregnancy: acting by conceptins of responsabilty and cumpability.Figueira, TR; Ferreira, EF; Schall, VT; Mo<strong>de</strong>na, CMResumoO objetivo do presente estudo consistiu em analisar as representações sociais do processosaú<strong>de</strong>-doença-cuidado geral e bucal entre um grupo <strong>de</strong> gestantes usuárias do serviço público<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte-MG, Brasil. Foram entrevistadas 20 gestantes. Os dadoscoletados foram trabalhados através da técnica <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo. Observou-se que aconduta das gestantes é fortemente influenciada pelo discurso biomédico focalizado nacriança e caracterizado pela responsabilização única da gestante pelo êxito da concepção.Dessa forma, há o favorecimento à a<strong>de</strong>são às prescrições médicas, mas não às odontológicas eo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong> culpa e angústias, os quais contribuem para a queda naqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da mulher. É necessário que se estabeleçam novas estratégias <strong>de</strong> abordagemà mulher, <strong>de</strong> modo que não seja concebida apenas como mãe-nutriz, mas percebida em todasua integralida<strong>de</strong> e como um ser que também precisa <strong>de</strong> cuidados e apoio.Descritores: processo saú<strong>de</strong>-doença, cuidado, mulher, mãe.AbstractThe purpose of the present study was to analyse the social representations of pregnantwomen relatad to general and oral health-disease-care process. Twenty women users of thesystem of public health in Belo Horizonte-MG, Brazil, were interviewed. Data analysis wasconducted by content analysis technical. It was observed that the conduct of pregnant isstrongly influenced by the medical speech focused on child and characterized by single32


accountability of the mother about the success of their child <strong>de</strong>velopment. Thus, there is theencouragement to join the medical prescriptions, but not to join the <strong>de</strong>ntal care, and the<strong>de</strong>velopment of feelings of guilt and anguish, which contribute to the fall in the quality ofwomen’s life. It is necessary to establish new strategies to approach the woman, so that is notconsi<strong>de</strong>r merely as a incubator for fetal <strong>de</strong>velopment, but perceived throughout its entiretyand as a being who also need care and support.Descriptors: health-disease process, care, woman, mother.IntroduçãoO período gravídico representa uma fase em que o organismo feminino encontra-seintensamente alterado, o que gera preocupações, temores e ambigüida<strong>de</strong>s na maioria dasvezes. Assim, a gestante <strong>de</strong>ve receber apoio e informações diversas da equipe do pré-natal <strong>de</strong>modo a prepará-la física e emocionalmente para o nascimento <strong>de</strong> seu bebê (Costa et al., 2002;Guimarães et al., 2003).O Ministério da Saú<strong>de</strong> (Brasil, 2006) estimula a captação precoce das gestantes pelosserviços públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para a realização <strong>de</strong> no mínimo seis consultas <strong>de</strong> pré-natal, sendo,preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceirotrimestre. Existe a recomendação (Brasil, 1998; Brasil, 2004) <strong>de</strong> que as gestantes inscritas nopré-natal sejam agendadas para consulta odontológica com o objetivo <strong>de</strong> realização do exameclínico da cavida<strong>de</strong> bucal, elaboração <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> tratamento a ser <strong>de</strong>senvolvido durante opré-natal e a introdução <strong>de</strong> ações educativas.Apesar <strong>de</strong> serem consi<strong>de</strong>radas pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> como um grupo prioritáriopara as ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal (Brasil, 2004), as gestantes ainda não foram alcançadas pelosserviços públicos odontológicos, havendo uma baixa cobertura no atendimento a essasmulheres (Bernd et al., 1992; Albuquerque et al., 2004). A investigação dos fatores quecontribuem para essa situação é essencial para elaborarmos estratégias que permitam a suareversão.Assim, o presente estudo objetivou analisar as representações sociais <strong>de</strong> gestantesusuárias do serviço público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte-MG sobre o processo saú<strong>de</strong>-doençacuidadoe sobre as práticas educativas em saú<strong>de</strong>.MetodologiaO referencial teórico que orientou este estudo foi o das representações sociaisentendidas como um conteúdo mental estruturado, com componentes cognitivo, avaliativo,afetivo e simbólico, construído no dia-a-dia das relações pessoais, contendo, na sua formação,o aspecto cultural, os valores, as crenças, as opiniões, os mitos, as regras e as i<strong>de</strong>ologias quenorteiam o comportamento e as atitu<strong>de</strong>s das pessoas e dos grupos sociais a que pertencem, <strong>de</strong>33


forma compartilhada. As representações sociais originam uma forma <strong>de</strong> conhecimentoespecífico, o saber do senso comum ou saber popular (Spink, 1993) .A presente pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida num <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte -MG,responsável pelo atendimento <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong> alto índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social(IVS= 0,76). O IVS foi <strong>de</strong>senvolvido para Belo Horizonte através <strong>de</strong> uma parceria entrePrefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte e PUC Minas. Consi<strong>de</strong>ra vários componentes como acesso àmoradia, à infra-estrutura, à escolarida<strong>de</strong>, ao trabalho, à renda, à assistência aos serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, à garantia <strong>de</strong> segurança alimentar e à previdência social e totaliza escores <strong>de</strong> 0 a 1(PBH, 2006).O instrumento utilizado para a coleta <strong>de</strong> dados foi a entrevista semi-estruturada(Minayo, 1999). O roteiro englobou questões relativas à percepção sobre gestação e oprocesso saú<strong>de</strong>-doença-cuidado. As entrevistas foram realizadas em um consultório daunida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com 20 gestantes que aceitaram participar do estudo voluntariamente,após esclarecimento <strong>de</strong> todas as dúvidas e assinatura do termo <strong>de</strong> consentimento livre eesclarecido. As entrevistas foram gravadas, transcritas na íntegra e tiveram uma duraçãomédia <strong>de</strong> 45 minutos. O trabalho <strong>de</strong> campo foi finalizado quando a recorrência dos dadosatingiu um ponto <strong>de</strong> saturação, sendo possível i<strong>de</strong>ntificar padrões simbólicos, práticas ecategorias <strong>de</strong> análise (Minayo, 1999).Para a análise dos dados, foi utilizada a técnica <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Conteúdo (Minayo,1999). Num primeiro momento, realizamos a leitura flutuante das entrevistas, <strong>de</strong>poisorganizamos o material, <strong>de</strong>finindo as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro e <strong>de</strong> contexto. Terminada esta fase,<strong>de</strong>finimos as categorias <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> modo que permitissem agrupar as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro econtexto com características em comum ou que se relacionavam entre si. Então, seguimospara a interpretação dos dados, buscando <strong>de</strong>svendar o conteúdo subjacente ao que foimanifesto (Minayo, 1999).A coleta <strong>de</strong> dados foi iniciada após aprovação do projeto <strong>de</strong> pesquisa pelo Comitê <strong>de</strong>Ética em <strong>Pesquisa</strong> da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> BeloHorizonte.ResultadosProcesso saú<strong>de</strong>-doençaNa população pesquisada, a saú<strong>de</strong> teve seu conceito ampliado para além da ausência<strong>de</strong> doenças, sendo representada pelo sentimento <strong>de</strong> bem-estar, concebido como felicida<strong>de</strong>,força e disposição para a realização das ativida<strong>de</strong>s cotidianas. Essa incorporação <strong>de</strong>dimensões afetiva e social à dimensão biológica da saú<strong>de</strong> está em concordância com osachados <strong>de</strong> outros estudos (Delfino et al., 2004; Abreu et al., 2005) .34


“Ah! Saú<strong>de</strong> pra mim é estar bem, assim né, estar disposta a tudo. Assim não estarmal-humorada. Eu acho que começa por aí”. (E3)O período gestacional parece ter influenciado a representação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dasentrevistadas. Saú<strong>de</strong> foi percebida ainda como o ato <strong>de</strong> cuidar, um atributo conferido àmaternida<strong>de</strong> e cobrado socialmente. Os cuidados citados envolviam a adoção <strong>de</strong> algunshábitos como a prática <strong>de</strong> exercícios físicos, evitar o consumo <strong>de</strong> bebidas, drogas ou tabaco,evitar estresse e, em especial, ter uma alimentação equilibrada, questões enfatizadas duranteas consultas <strong>de</strong> pré-natal e que tem os efeitos nocivos da não a<strong>de</strong>são divulgadosexaustivamente pelas equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.“Acho que saú<strong>de</strong> pra mim que estou no início <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z é se alimentar bem... pramim a saú<strong>de</strong> começa através da alimentação mesmo e tendo cuidado também, comocaminhada, exercício físico, dormir bem”.(E1)Em relação à saú<strong>de</strong> bucal, encontramos novamente as concepções <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong>doença, bem-estar e do cuidado. Nesse caso, o bem-estar é proveniente da satisfação doindivíduo com sua estética bucal, seja por ter <strong>de</strong>ntes brancos, limpos e saudáveis ou pelapresença <strong>de</strong> um hálito agradável, conceito presente nos slogans das campanhas <strong>de</strong> marketing<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> higiene bucal. A estética é percebida como fundamental à auto-estima e aoconvívio social, sendo consi<strong>de</strong>rada uma facilitadora para as relações <strong>de</strong> trabalho e pessoais.Neste ponto, a saú<strong>de</strong> bucal torna-se um dos elementos necessários à felicida<strong>de</strong> e à realizaçãodas ativida<strong>de</strong>s cotidianas, aproximando-se do conceito <strong>de</strong> bem-estar utilizado narepresentação da saú<strong>de</strong> geral.“Fora o mau hálito, cárie, sei lá, fica feio, é mais a estética mesmo. A saú<strong>de</strong> da boca éaquele negócio, tem umas pessoas, até gente, eu já vi lá na padaria uns clientes chega, cadagente, a gente vai conversar e aí eu já fico será que foi eu (testa o hálito) aí não é, muito feiomesmo”. (E9)“ Acho que é você sempre ta assim com um sorriso bonito, saudável. Acho que é isso.Quando assim, o que aparece mais numa pessoa são os <strong>de</strong>ntes, eles falam isso, acho que éisso”.(E10)“É ter mais... ah fica mais feliz né, com a boca mais cuidada. Acho muitoimportante”.(E4)Para se alcançar o padrão estético <strong>de</strong>terminado pela socieda<strong>de</strong>, as entrevistadasrecomendam alguns cuidados como a realização <strong>de</strong> escovação, uso <strong>de</strong> fio <strong>de</strong>ntal, controle doconsumo <strong>de</strong> açúcar e a busca por atendimento odontológico. Com isso, a saú<strong>de</strong> bucal éentendida por algumas gestantes como o ato <strong>de</strong> realizar esses cuidados, o que está <strong>de</strong> acordocom os achado <strong>de</strong> Abreu et al (2005).35


“Ah, eu acho que é os cuidados né, igual eu acabei <strong>de</strong> falar, escovar, é usar o fio<strong>de</strong>ntal assim, mais certo né. EU acho que é isso, ir no <strong>de</strong>ntista direto”. (E17)Gestação, maternida<strong>de</strong> e os cuidados com a saú<strong>de</strong>O advento do capitalismo como modo <strong>de</strong> produção acarretou a valorização da criança,força <strong>de</strong> trabalho em potencial, e da figura materna, responsabilizada pelos cuidados com osfilhos para garantir o seu <strong>de</strong>senvolvimento (Moura & Araújo, 2005). O discurso higienista doséculo XIX vem fortalecer esses valores, buscando resgatar, na or<strong>de</strong>m natural do instinto, amaternida<strong>de</strong> como fator vital para a sobrevivência dos filhos (Almeida & Novak, 2004).Assim, trabalha-se com a difusão do princípio <strong>de</strong> que o corpo materno é <strong>de</strong>stinado a aten<strong>de</strong>ràs necessida<strong>de</strong>s do infante (Nakano, 2003) e procura-se modular o comportamento da mulherem favor da saú<strong>de</strong> da criança (Almeida & Novak, 2004). Essa lógica está presente nas falasdas entrevistadas.“Não conseguia tomar café, não almoçava, não jantava, tudo o que eu comia se eunão fizesse força voltava. O enjôo tava direto... Se vem o enjôo e eu chupar alguma coisaazeda, o enjôo passa, assim, passa no momento, mas pelo menos eu não fico toda hora indono banheiro, colocando tudo o que eu como para fora, porque pelo que eu penso e eu vejo <strong>de</strong>outras grávidas faz mal para criança. Porque tudo o que a gente come, é através disso queele se alimenta, aí se eu ficar colocando tudo pra fora o que vai ser da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>le”. (E1)Entre as mulheres entrevistadas, a gestação atuou como um momento <strong>de</strong> formação oureafirmação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> materna e junto com ela, trouxe o sentimento <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>pela saú<strong>de</strong> do feto em <strong>de</strong>senvolvimento, da criança após o nascimento e <strong>de</strong> toda a família.Assim, pu<strong>de</strong>mos observar que a gravi<strong>de</strong>z provocou uma mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> e comportamento<strong>de</strong>ssas mulheres no que se refere aos cuidados com a saú<strong>de</strong>, havendo uma maior preocupaçãoem adotar uma alimentação saudável, em controlar o estresse, em evitar a auto-medicação, emprocurar assistência médica pré-natal e em buscar conhecimentos sobre a gestação e oscuidados com o bebê.“Antes eu comia menos verdura, menos legumes, esses negócios assim. Hoje em diaeu como mais isso, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le né, eu como mais verdura... beterraba não comia, cenouratambém não, hoje eu como tudo esses trem assim, faz bem pro neném, que eles falam né. Hojeem dia eu como, mas antes eu não comia não”. (E5)“Ah, eu venho mais agora né, porque todo mês tem que vir pra fazer o pré-natal, maseu vinha mesmo quando tava passando muito mal mesmo, aí eu vinha.” (E18).A mudança <strong>de</strong> hábitos é estimulada pela preocupação com a saú<strong>de</strong> do bebê, ficandoem segundo plano a própria saú<strong>de</strong>. O valor atribuído à priorização do filho ofusca a atençãodas mulheres em relação a si mesmas (Nakano, 2003) e isso po<strong>de</strong> contribuir para uma36


mudança comportamental por tempo <strong>de</strong>terminado, ou seja, durante os nove meses <strong>de</strong>gestação. Após o parto, estará livre para retornar aos hábitos antigos já que não funciona maiscomo uma incubadora para o <strong>de</strong>senvolvimento fetal, que tudo passa e imprime no feto. Agora,sua responsabilida<strong>de</strong> é com a criança, externa a seu corpo e a tendência é que esta adote oshábitos maternos. Dessa forma, o discurso <strong>de</strong> que o período gestacional é propício ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> práticas educativas com objetivo <strong>de</strong> mudanças comportamentaisduradouras e que as gestantes atuariam como agentes transformadores <strong>de</strong> sua própria saú<strong>de</strong> e<strong>de</strong> toda sua família po<strong>de</strong> virar retórica.“To tentando fazer uma alimentação mais balanceada pra evitar que eu possa pegarmais peso e pensando mais nele né. Eu acho que assim, o <strong>de</strong>correr do tempo que a gente nãotem tempo pra nada, hoje em dia costuma mais a comer o mais fácil né, então uma fritura,uma coisa assim é mais rápido. Agora tenho sentado pra alimentar, parado. Depois eu achoque não dá mais pé não, porque duas crianças e ainda trabalhando fora, acaba comendo oque você acha pela frente”. (E15)A teoria da impressão materna (Calvasina et al., 2007) coloca que o comportamento damãe (dieta, consumo <strong>de</strong> bebidas, drogas ou tabaco), estado mental e emocional, exposição aomeio ambiente entre outros po<strong>de</strong>m afetar diretamente a fisiologia da reprodução e causardanos à criança. Assim, o discurso oficial cientificamente instituído responsabiliza eculpabiliza a mãe por ter prejudicado o filho em razão dos comportamentos adotados durantea gestação. A a<strong>de</strong>são às medidas prescritas pelos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> vem amenizar osentimento <strong>de</strong> culpa que porventura pu<strong>de</strong>sse existir caso a criança nascesse com algumaalteração física ou mental. A teoria da impressão materna funciona então como um estímulopara a mudança comportamental e quando vivenciada acarreta em um sentimento <strong>de</strong> culpa tãoforte que é capaz <strong>de</strong> alterar <strong>de</strong> forma duradoura o comportamento da mulher.“Aí eu fumava, bebia, fazia um monte <strong>de</strong> coisa que não podia fazer, aí meu meninonasceu prematuro. Aí da minha segunda menina, aí da experiência do primeiro eu não queriapassar pelo segundo. Aí já comecei a mudar mais o meu jeito <strong>de</strong> olhar as coisas, aí jácomecei o pré-natal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo. Depois que ele nasceu já não fumei, não bebi, não fizmais nada”. (E9)Ao utilizarem a impressão materna para controlar o comportamento das gestantes, asequipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> encobrem os fatores socio-econômicos que inci<strong>de</strong>m sobre a condutahumana, atuando como se a ação <strong>de</strong>ssas mulheres fosse guiada apenas pela racionalida<strong>de</strong>.Esse tipo <strong>de</strong> abordagem gera sentimentos <strong>de</strong> culpa, ambigüida<strong>de</strong>s, angústias e,conseqüentemente, queda da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.37


Com relação à saú<strong>de</strong> bucal, não foi observada mudança no padrão <strong>de</strong> comportamento,havendo uma baixa procura por assistência odontológica durante o período gestacional e amanutenção <strong>de</strong> hábitos anteriores. Uma possível explicação para este fato seria que asgestantes não vêem como a sua saú<strong>de</strong> bucal po<strong>de</strong> influenciar a saú<strong>de</strong> do bebê em<strong>de</strong>senvolvimento e, assim, a a<strong>de</strong>são às medidas prescritas pelos <strong>de</strong>ntistas não favoreceria seusfilhos, nem as livraria da culpa. No caso específico do tratamento odontológico a situação émais crítica, pois a relação feita pelas gestantes entre atenção odontológica e gravi<strong>de</strong>z é <strong>de</strong>prejuízo ao bebê, o que perpetua seu afastamento dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal.“A gente fica com medo é disso da anestesia....nos três primeiros meses tem que termais cuidado com a formação do bebê né, que ele ta implantando ainda no seu útero, aí setem , se o medicamento po<strong>de</strong> atrapalhar alguma coisa, a formação”. (E16)Entre as entrevistadas que possuíam a percepção <strong>de</strong> que o estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucalmaterna po<strong>de</strong>ria causar a transmissão <strong>de</strong> cárie para o bebê, houve a busca por tratamentoodontológico. A influência do conhecimento relativo à transmissibilida<strong>de</strong> da cárie sobre ocomportamento preventivo também foi observada em outras pesquisas (Fritscher et al., 1998;Casaretto et al., 2003). Contudo, essa analogia é questionável, visto que a doença não étransmitida e sim os microorganismos cariogênicos, e estes, sem que outros fatores estejamatuando ao mesmo tempo, não são capazes <strong>de</strong> produzir sozinhos a cárie. Assim, a utilização<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> argumento pelos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não nos parece a<strong>de</strong>quada, pois além <strong>de</strong>encobrir os <strong>de</strong>terminantes sócio-ecocômico-culturais da doença cárie, promovem aculpabilização materna, resultando em queda <strong>de</strong> sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.“Ah, já ouvi falar, to te falando que eu fiz o tratamento antes por causa disso. Então,eu tento remediar bem antes pra <strong>de</strong>pois você não ter que sair correndo com a criança, já vimuita criança sofrendo com dor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte, é terrível. Aí eu tento fazer antes pra nãocomplicar, esse negócio <strong>de</strong> você falar ah vou engravidar, mas sem saber as conseqüências,sem saber os riscos, você tem que olhar muito né, pensar que é outra vida, então se é outravida, ela tem que vir com saú<strong>de</strong>, então, a mãe é que tem que fazer a parte <strong>de</strong>la, a gente temque correr atrás.”(E15)Educação durante a gestaçãoO aprendizado sobre as questões que envolvem a gestação na população estudadaocorre através da vivência, <strong>de</strong> familiares, amigos, cursos <strong>de</strong> gestantes, posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, livros,revistas e televisão. As fontes mais valorizadas e <strong>de</strong> maior confiança são representadas pelosmédicos e pelas mulheres mais idosas e experientes. O conteúdo <strong>de</strong> maior interesse se refereprincipalmente a informações sobre tudo que possa influenciar a saú<strong>de</strong> geral do bebê etambém sobre as alterações fisiológicas e emocionais pelas quais estão passando. Contudo, o38


esclarecimento sobre essas alterações nem sempre ocorre, visto que as ativida<strong>de</strong>s educativasrealizadas por profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> enfatizam mais os cuidados com o bebê, a re<strong>de</strong> socialnão é consi<strong>de</strong>rada capacitada para discorrer sobre essas questões e a consulta <strong>de</strong> pré-natal érápida, focalizada nos exames clínico e laboratorial, não restando tempo para que possamelucidar todas as dúvidas e conversar sobre as angústias e ambigüida<strong>de</strong>s características <strong>de</strong>stafase.“Eu acho bom, mas assim, eu acho que tem muito pouco assunto, a gente tem hora que aconsulta tem que ser muito rápida, num piscar <strong>de</strong> olhos, porque mesmo sendo o segundo,toda gravi<strong>de</strong>z é diferente uma da outra, então você fica com muita dúvida, uma coisa queaconteceu com você na primeira não acontece na segunda. Aí <strong>de</strong>pois quando você vai daconsulta que você chega na sua casa, você fala assim, nó esqueci <strong>de</strong> perguntar isso. Aí vocêtem que juntar e lembrar e acaba que você nem pergunta <strong>de</strong> novo”. (E15)As gestantes mostraram-se receptivas às ativida<strong>de</strong>s educativas, mas não àquelasrealizadas nos grupos operativos do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, preferindo-se as leituras. A justificativapara essa preferência consistiu na dificulda<strong>de</strong> em conciliar as ativida<strong>de</strong>s cotidianas com ohorário em que acontecia o grupo, o que não ocorria em relação a livros e revistas, os quaispodiam ser lidos no horário que melhor lhes conviessem e em variados lugares. Já a consulta<strong>de</strong> pré-natal foi vista como um momento propício para a construção <strong>de</strong> conhecimentos sobre agestação, sendo freqüente a reivindicação por consultas mais prolongadas que permitissem ointercâmbio <strong>de</strong> conhecimentos, além <strong>de</strong> um atendimento mais humanizado.“Ah, eu acho que com o médico seria melhor que dava pra tirar as dúvidas, o livrotambém porque, às vezes, quando eu não pu<strong>de</strong>sse vir, tava dando pra mim ler”. (E2)“Eu acho que um livro né. O livro você sai carregando ele pra on<strong>de</strong> você for, <strong>de</strong>ntrodo ônibus assim né”. (E3)Não houve relatos <strong>de</strong> busca por informações referentes à saú<strong>de</strong> bucal durante agestação, sendo encontrado <strong>de</strong>sconhecimento por parte das entrevistadas sobre a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> aumento da suscetibilida<strong>de</strong> a doenças bucais durante esse período. A exceção consistiu nadúvida sobre a intervenção odontológica durante a gravi<strong>de</strong>z, motivada pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>resolução <strong>de</strong> algum problema bucal.Com relação aos cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal do bebê, foi observado que algumasgestantes possuíam algum tipo <strong>de</strong> informação a esse respeito. Esse conhecimento seestabeleceu, usualmente, após a visita ao <strong>de</strong>ntista <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus filhos ou <strong>de</strong> outra criança <strong>de</strong>sua re<strong>de</strong> social.“Em parte. Porque eu to sempre trazendo o meu afilhado aqui no posto, aí passei pelo<strong>de</strong>ntista. Porque o cuidado começa não é só quando os <strong>de</strong>ntinhos nascem, tem que ser antes,39


sempre que mamar passar uma gazinha, uma fralda bem limpa com água e quando começaros <strong>de</strong>ntinhos a nascer ta escovando sempre, não com o creme <strong>de</strong>ntal, acho que o creme <strong>de</strong>ntalé só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 5-6 anos, mas sempre ta passando um paninho limpo na boquinha <strong>de</strong>le”. (E1)As entrevistadas não tinham a percepção <strong>de</strong> que a visita ao <strong>de</strong>ntista durante a gravi<strong>de</strong>zpo<strong>de</strong>ria ser um momento oportuno para aprendizagem sobre os cuidados com a saú<strong>de</strong> bucaldo bebê. Segundo Walter et al. (1998), o i<strong>de</strong>al seria que a construção <strong>de</strong>sses conhecimentosocorressem o quanto antes, para que as medidas fossem iniciadas ainda nos seis primeirosmeses <strong>de</strong> vida da criança para aumentar a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prevenção da cárie na <strong>de</strong>ntiçãoprimária. É importante salientar que esses momentos <strong>de</strong> educação não <strong>de</strong>vem sercaracterizados pela transmissão <strong>de</strong> conhecimentos e prescrição <strong>de</strong> medidas e sim conduzidosatravés <strong>de</strong> uma troca, permitindo negociações, sendo necessário ainda que se avalie o contextono qual a população está inserida para que se estabeleçam mecanismos <strong>de</strong> suporte para aconcretização das práticas.Consi<strong>de</strong>rações finaisDurante a gestação se estabelece um momento propício para a mudança <strong>de</strong>comportamento materno, havendo maior a<strong>de</strong>são às prescrições médicas para a saú<strong>de</strong>. Atransformação é motivada pelo <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cumprir o papel social <strong>de</strong> mãe e pela amenização dosentimento <strong>de</strong> culpa em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> algum problema na criança. O mesmo não ocorre paraos cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal, e isto não é uma questão <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> valorização dasaú<strong>de</strong> bucal pelas entrevistadas, visto que é consi<strong>de</strong>rada necessária à obtenção <strong>de</strong> bem-estar erealização das ativida<strong>de</strong>s cotidianas, dois aspecto concebidos como essenciais. O que favoreceessa falta <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são é a percepção <strong>de</strong> que a atenção odontológica durante a gravi<strong>de</strong>z causaprejuízo ao bebê, o que refuta os dois estímulos <strong>de</strong>scritos acima para a mudança <strong>de</strong>comportamento. Além disso, não vêem como sua saú<strong>de</strong> bucal po<strong>de</strong>ria influenciar a saú<strong>de</strong> dobebê em <strong>de</strong>senvolvimento. Como focalizam os cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que possam favorecer obebê, os relativos a saú<strong>de</strong> bucal ficam em segundo plano, ratificando a concepção <strong>de</strong> renúnciae sacrifício - corpo materno <strong>de</strong>stinado a aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s do infante. Esta posição po<strong>de</strong>ser exemplificada ao observarmos que o argumento <strong>de</strong> que a saú<strong>de</strong> bucal materna po<strong>de</strong> causarcárie no bebê motiva até a busca por tratamento odontológico, a conduta mais rejeitada entreas medidas recomendadas pelos <strong>de</strong>ntistas.O discurso científico focalizado nos aspectos que envolvem a criança e caracterizadopela responsabilização e culpabilização maternas é reducionista, castiga e <strong>de</strong>prime a mulher.Focaliza o indivíduo e não suas circunstâncias, mascarando os inúmeros <strong>de</strong>terminantes queenvolvem o ato <strong>de</strong> cuidar. A responsabilização única é mais fácil <strong>de</strong> ser trabalhada do que a40


modificação dos graves problemas estruturais que existem no país, ainda mais quando avonta<strong>de</strong> política para resolver essas questões é incipiente.Já é tempo <strong>de</strong> se estabelecer novas estratégias <strong>de</strong> abordagem à mulher <strong>de</strong> modo quenão seja concebida apenas como mãe nutriz - um corpo para o <strong>de</strong>senvolvimento da criança -responsável pelo êxito da concepção e culpada pelos agravos que possam surgir durante essepercurso. É necessário um olhar mais abrangente, no qual a mulher seja percebida em toda suaintegralida<strong>de</strong> e como um ser que também precisa <strong>de</strong> cuidados e apoio, propiciando umacolhimento as suas ansieda<strong>de</strong>s, queixas e temores.Referências bibliográficas1- ABREU, M.H.N.G.; PORDEUS, I.A.; MODENA, C.M. Representações sociais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>bucal entre mães no meio rural <strong>de</strong> Itaúna (MG), 2002. Ciência & Saú<strong>de</strong> Coletiva, v. 10, n. 1,p. 245-259, 2005.2- ALBUQUERQUE, O.M.R.; ABEGG, C.; RODRIGUES, C.S. Percepção <strong>de</strong> gestantes doprograma saú<strong>de</strong> da família em relação a barreiras no atendimento odontológico emPernambuco, Brasil. Cad Saú<strong>de</strong> Pública, v.20, n.3, p.789-796, 2004.3- ALMEIDA, J.A.G.; NOVAK, F.R. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Jornal <strong>de</strong>Pediatria, v.8, n.5, p.119-124,2004.4- BERND, B et al. Percepção popular sobre saú<strong>de</strong> bucal: o caso das gestantes do Valão.Saú<strong>de</strong> em Debate, v. 34, p. 33-39, 1992.5- . Ministério da Saú<strong>de</strong>. Assistência pré-natal. Brasília, 1998.6- BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Manual técnico. Pré-natal e puerpério. Atençãoqualificada e humanizada. Brasília, 2006.7- BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Divisão Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal. Projeto SB Brasil 2003:Condições <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal da população brasileira. Brasília, 2004.8- CALVASINA, P.G.; NATIONS, M.K.; JORGE, M.S.B.; SAMPAIO, H.A.C. “Fraqueza <strong>de</strong>nascença”: sentidos e significados <strong>de</strong> impressões maternas na saú<strong>de</strong> infantil no Nor<strong>de</strong>stebrasileiro. Cad. Saú<strong>de</strong> Pública, v.3, n.2, p.371-380, 2007.9- CASARETTO, H.C.; DRICAS, D.; MAYOCCHI, K. Circuitod <strong>de</strong> infectividad bucal entremadre-hijo. Estudo sobre información materna Y disposición al cambio. RAOA, v.91, n.4,p.305-310, 2003.10- COSTA, I.C.C.; SALIBA, O.; MOREIRA, A.S.P. Atenção odontológica à gestante naconcepção médico-<strong>de</strong>ntista-paciente: representações sociais <strong>de</strong>ssa interação. RPG, v. 9, n. 3,p. 232-243, 2002.11- DELFINO, M.R.; PATRÍCIO, Z.M.; MARTINS, A.S.; SILVÉRIO, M.R. O processo <strong>de</strong>cuidar participante com um grupo <strong>de</strong> gestantes: repercussões na saú<strong>de</strong> integral individualcoletiva.Cienc Saú<strong>de</strong> Coletiva, v.9, n.4, p.1057-1066, 2004.41


12- FRITSCHER, A.M.G.; ARAÚJO, D.F.; FIGUEIREDO, M.C. Avaliação comparativa dosíndices <strong>de</strong> cárie, placa visível e sangramento gengival <strong>de</strong> 50 pares mãe-filho. JBP-JornalBrasileiro <strong>de</strong> Odontopediatria & Odontologia do Bebê, v.1, n.4, p.34-42, 1998.13- GUIMARÃES, A.O.; COSTA, I.C.C.; OLIVEIRA, A.L.S. As origens, objetivos e razões<strong>de</strong> ser da odontologia para bebês. JBP-Jornal Brasileiro <strong>de</strong> Odontopediatria &Odontologia do Bebê, v. 6, n. 29, p. 83-86, 2003.14- MINAYO, M.C.S. O <strong>de</strong>safio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saú<strong>de</strong>. 6 a ed.São Paulo: Hucitec, 1999, 269p.15- MOURA SMSR, ARAÚJO MF. Produção <strong>de</strong> sentidos sobre a maternida<strong>de</strong>: umaexperiência no programa mãe canguru. Psicologia em Estudo,v10,n1,p37-46,2005.16- NAKANO MAS. As vivências da amamentação para um grupo <strong>de</strong> mulheres: nos limites<strong>de</strong> ser “o corpo para o filho” e <strong>de</strong> ser “o corpo para si”. Cad Saú<strong>de</strong>Pública,v19(sup.2),ps355-s363,2003.17- PBH – PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Disponível em . Acesso em: 02 jul. 2006.18- SPINK, M.J.P. O conceito <strong>de</strong> representação social na abordagem psicossocial. Cad.Saú<strong>de</strong> Pública, v. 9, n. 3, p 300-308, jul/set, 1993.19- WALTER, L.R.F., NAKAMA, R. Prevenção da cárie <strong>de</strong>ntária através da i<strong>de</strong>ntificação,<strong>de</strong>terminação e controle dos fatores <strong>de</strong> risco em bebês – Parte I. JBP-Jornal Brasileiro <strong>de</strong>Odontopediatria & Odontologia do Bebê, v. 1, n. 3, p. 91-100, 1998.4.3. : “Prevenção e Promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: o pensar e agir <strong>de</strong> usuárias da Estratégia <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> da Família”Prevenção e Promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: o pensar e agir <strong>de</strong> usuárias da Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> daFamíliaHealth Promotion and disease prevention: perceptions of health family unit users.Figueira, TR; Ferreira, EF; Schall, VT; Mo<strong>de</strong>na, CMResumoObjetivo: analisar a percepção e a participação <strong>de</strong> usuárias <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>da Família do município <strong>de</strong> Belo Horizonte-MG em relação à prevenção e promoção <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. Métodos: estudo do tipo exploratório e <strong>de</strong>scritivo, com abordagem qualitativa. Foramentrevistadas 20 usuárias <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família <strong>de</strong> Belo Horizonte, Brasil. Osdados coletados foram trabalhados através da técnica <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo. Resultados:foram encontrados conceito <strong>de</strong> prevenção ancorado na teoria <strong>de</strong> Leavell & Clarck; promoção<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como um nível <strong>de</strong> prevenção, associada à responsabilização individual e ao conceito42


positivo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; prática orientada pelo conceito positivo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, prazer, interferências nocotidiano, força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> e valor conferido à vida. Conclusão: necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas estratégias que permitam abordagens mais amplas sobre o processosaú<strong>de</strong>-doença, traduzindo os princípios contemporâneos da promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Descritores: promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, prevenção <strong>de</strong> doenças, pesquisa qualitativaAbstractObjective: analyze the perception of health family unit users related to health promotion anddisease prevention. Methods: it is an exploratory, <strong>de</strong>scriptive and qualitative study. Twentywomen from Belo Horizonte city, Brazil, were interviewed. Data analysis was conducted bycontent analysis technical. Results:the concept of prevention was influenciated by the Leavel& Clarck theory; health promotion was un<strong>de</strong>rstan<strong>de</strong>d as a preventive level and was associatedwith individual responsibility and the concept of positive health; practice was influenciate<strong>de</strong>by the concept of positive health, pleasure, changes in the routine, strenght of will and thevalue given to life. Conclusions: it is necessary the <strong>de</strong>velopment of new strategies for broa<strong>de</strong>rapproaches on the health-disease process, reflecting the mo<strong>de</strong>rn principles of healthpromotion.Descriptors: health promotion, disease prevention, qulitative research.IntroduçãoA prevenção <strong>de</strong> doenças foi <strong>de</strong>finida por Leavell & Clark (1976) como uma “açãoantecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim <strong>de</strong> tornar improvável oprogresso posterior da doença”. As intervenções preventivas teriam, então, o objetivo <strong>de</strong>evitar agravos específicos (prevenção primária), <strong>de</strong> promover a cura, limitando-se os danos(prevenção secundária), e <strong>de</strong> reabilitar o indivíduo (prevenção terciária).O conceito <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> aparece como um dos componentes da prevençãoprimária, significando um conjunto <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong>stinadas a aumentar a saú<strong>de</strong> e o bem-estargeral, com enfoque no indivíduo, seu ambiente físico e estilo <strong>de</strong> vida (Buss, 2000). Osprogramas <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> baseados nessa concepção utilizam a lógica daracionalida<strong>de</strong> individual, a qual consi<strong>de</strong>ra que o indivíduo <strong>de</strong>vidamente informado será capaz<strong>de</strong> escolher, entre muitas opções <strong>de</strong> ações, aquela que não lhe trará danos ou que contribuirápara obtenção <strong>de</strong> um estado ótimo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Deslan<strong>de</strong>s et al., 2002).Embora a promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> tenha sido inicialmente usada para caracterizar um nível<strong>de</strong> atenção da medicina preventiva, seu significado tem mudado ao longo do tempo, tornandosemais amplo e abrangente, sendo i<strong>de</strong>ntificada como um conjunto <strong>de</strong> estratégias queenvolvem um campo <strong>de</strong> conhecimentos e práticas transversais a todas as ações e níveis <strong>de</strong>atenção (Marcon<strong>de</strong>s, 2004), acarretando uma intervenção multi e intersetorial (Buss, 2000).43


Não se constituiu em um nível específico <strong>de</strong> atenção, não se situa em ações anteriores àprevenção, nem responsabiliza exclusivamente o indivíduo por seu estado e comportamentospara a saú<strong>de</strong> (Marcom<strong>de</strong>s, 2004).O Ministério da Saú<strong>de</strong> tem procurado ampliar e qualificar as ações <strong>de</strong> prevenção epromoção da saú<strong>de</strong> nos serviços e na gestão do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> ao estabelecerdiretrizes e estratégias <strong>de</strong> organização através da Política Nacional <strong>de</strong> Atenção Básica (Brasil,2006b) e da Política Nacional <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Brasil, 2006c). A primeira propõe aorganização da atenção básica a partir da Estratégia da Saú<strong>de</strong> da Família, permitindo areorientação do mo<strong>de</strong>lo biomédico, centrado na doença e no profissional para um mo<strong>de</strong>lo comenfoque na proteção e promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, na valorização dos diferentes saberes e criação <strong>de</strong>co-responsabilida<strong>de</strong>s entre usuários, profissionais e gestores (Brasil, 2006b).A Política Nacional <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> estabelece como operacionalizar apromoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, propondo a articulação entre sujeito/coletivo, público/privado,Estado/socieda<strong>de</strong>, clínica/política, setor sanitário/outros setores, para compor re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>compromisso quanto à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população em que todos sejam partícipes naproteção e no cuidado com a vida. Recomenda que as intervenções em saú<strong>de</strong> ampliem seuescopo, tomando como objeto os problemas e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e seus <strong>de</strong>terminantes econdicionantes, envolvendo as ações e serviços que operem sobre os efeitos do adoecer eàqueles que visem o espaço para além das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e do sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, incidindosobre as condições <strong>de</strong> vida e favorecendo a ampliação <strong>de</strong> escolhas saudáveis por parte dossujeitos e coletivida<strong>de</strong>s no território on<strong>de</strong> vivem e trabalham (Brasil, 2006c).Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar a percepção e a prática <strong>de</strong>usuárias <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família do município <strong>de</strong> Belo Horizonte-MG emrelação à prevenção e promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.MétodosO presente estudo é do tipo exploratório e <strong>de</strong>scritivo, com abordagem qualitativa. Foi<strong>de</strong>senvolvido num <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte -MG, responsável pelo atendimento <strong>de</strong>uma população <strong>de</strong> alto índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> social (IVS). O IVS consi<strong>de</strong>ra várioscomponentes como acesso à moradia, à infra-estrutura, à escolarida<strong>de</strong>, ao trabalho, à renda, àassistência aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, à garantia <strong>de</strong> segurança alimentar e à previdência social(PBH, 2006).O instrumento utilizado para a coleta <strong>de</strong> dados foi a entrevista semi-estruturada(Minayo, 1999). O roteiro englobou questões relativas à percepção sobre o processo saú<strong>de</strong>doençae sobre a prevenção e promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. As entrevistas foram realizadas em um44


consultório da unida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com 20 mulheres que aceitaram participar do estudovoluntariamente. As entrevistas foram gravadas, transcritas na íntegra e tiveram uma duraçãomédia <strong>de</strong> 45 minutos. O trabalho <strong>de</strong> campo foi finalizado quando a recorrência dos dadosatingiu um ponto <strong>de</strong> saturação, sendo possível i<strong>de</strong>ntificar padrões simbólicos, práticas ecategorias <strong>de</strong> análise (Minayo, 1999).Para a análise dos dados, foi utilizada a técnica <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Conteúdo (Minayo,1999). Num primeiro momento, realizamos a leitura flutuante das entrevistas, <strong>de</strong>poisorganizamos o material, <strong>de</strong>finindo as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro e <strong>de</strong> contexto. Terminada esta fase,<strong>de</strong>finimos as categorias <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> modo que permitissem agrupar as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro econtexto com características em comum ou que se relacionavam entre si. Então, seguimospara a interpretação dos dados, buscando <strong>de</strong>svendar o conteúdo subjacente ao que foimanifesto (Minayo, 1999).A coleta <strong>de</strong> dados foi iniciada após aprovação do projeto <strong>de</strong> pesquisa pelo Comitê <strong>de</strong>Ética em <strong>Pesquisa</strong> da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> BeloHorizonte.ResultadosAs categorias <strong>de</strong> análise i<strong>de</strong>ntificadas foram: conceitos e medidas <strong>de</strong> prevenção;promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: encontro do antigo com o contemporâneo; fatores motivadores einibidores das práticas <strong>de</strong> promoção e prevenção e centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como referência paraprevenção.Conceitos e medidas <strong>de</strong> prevençãoPrevenção significa para as entrevistadas a realização <strong>de</strong> cuidados que evitem oaparecimento, progressão ou agravamento <strong>de</strong> alguma doença ou a ocorrência <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z.Esta concepção <strong>de</strong> prevenção mostra traços do mo<strong>de</strong>lo da história natural da doença<strong>de</strong>senvolvido por Leavell & Clark (1976), em que a ação preventiva é situada em duas fases:uma, pré-patogênica (promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e proteção específica), na qual hospe<strong>de</strong>iro, agentepatogênico e o meio encontram-se em equilíbrio e, outra, patogênica (diagnóstico etratamento precoce, limitação dos danos e reabilitação), quando a doença já se encontrainstalada. Contudo, neste primeiro momento, os relatos trazem somente o enfoque da proteçãoespecífica, diagnóstico e tratamento precoces e limitação dos danos.“Prevenção é você ter consciência das coisas que você po<strong>de</strong> evitar antes que elasaconteçam, como lidar com isso antes e <strong>de</strong>pois enten<strong>de</strong>u, saber lidar com a situação...lá emcasa a gente faz tudo pra prevenir <strong>de</strong>ngue, por exemplo, mas caso aconteça, a gente já sabeos sintomas, o que é, os remédios que você não po<strong>de</strong> tomar, que po<strong>de</strong> complicar mais oquadro”. (E16)45


fortalecimento da saú<strong>de</strong> e não ao combate <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada doença. A adoção <strong>de</strong> umaalimentação equilibrada, a realização <strong>de</strong> exercícios físicos, evitar tabaco e álcool, ter higiene elazer foram recomendadas pelas entrevistadas, principalmente, como medidas importantespara promover a saú<strong>de</strong> e o bem-estar.A concepção <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> apresentada pelas usuárias possuía característicasdo conceito <strong>de</strong>senvolvido por Leavell &Clarck (1976), mas incluía também característicasdaquele divulgado pela Carta <strong>de</strong> Ottawa (Buss, 2000). Assim, da perspectiva maisconservadora, trouxe a noção <strong>de</strong> que representa um nível da prevenção e <strong>de</strong> que o estado ecomportamento para saú<strong>de</strong> são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> individual. Da abordagem contemporânea,<strong>de</strong>fendida na Carta <strong>de</strong> Ottawa, aparece a visão positiva da saú<strong>de</strong>, que a i<strong>de</strong>ntifica com bemestare qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, e não, simplesmente, com ausência <strong>de</strong> doença. Nesse contexto, ofoco das ações não se concentra em diminuir o risco <strong>de</strong> doenças, mas em alcançar, cada vezmais, melhores níveis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Buss, 2000; Marcon<strong>de</strong>s, 2004).“Então eu vou procurar fazer mais caminhada, não vou vir mais pro posto <strong>de</strong> ônibus,venho a pé, volto a pé, pra ta melhorando a saú<strong>de</strong>....Pra mim a saú<strong>de</strong> começa através daalimentação mesmo e tendo cuidado também, como caminhada, exercício físico, dormirbem.” (E1)A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> operacionalização <strong>de</strong> intervenções que abarquem a perspectiva maisampliada <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, principalmente no que se refere ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ações integradas e intersetoriais, po<strong>de</strong> ter contribuído para a mesclagem <strong>de</strong> conceitos antigos emo<strong>de</strong>rnos encontrados nos relatos das entrevistadas. As experiências existentes são dispersas,<strong>de</strong>sarticuladas e, portanto, pouco visíveis (Sícoli & Nascimento, 2003), sendo escassas asmetodologias avaliativas, as quais po<strong>de</strong>riam facilitar a sua divulgação e incorporação pelosserviços (Souza & Grundy, 2004). Como conseqüência, há o uso ina<strong>de</strong>quado do termopromoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para <strong>de</strong>signar programas com enfoque preventivo e individualista. Esteuso ina<strong>de</strong>quado faz com que prevenção e promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se aproximem e o limite entreuma e outra se torne impreciso.É importante ressaltar que o conceito positivo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a empatia em relação àspráticas <strong>de</strong>stinadas à saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstrados pelas usuárias, nos apontam para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas estratégias <strong>de</strong> ação, cujo foco é a saú<strong>de</strong> e não a doença. Istosignifica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rever, por exemplo, a realização <strong>de</strong> grupos operativos, <strong>de</strong>ntro dapolítica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da família, a partir da doença; significa uma mudança no discurso,enfatizando-se o que po<strong>de</strong> ser feito para melhorar, para aumentar o bem-estar e não para seevitar algo que tem, apenas, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer. Enquanto para a saú<strong>de</strong> há ummovimento <strong>de</strong> busca, para a doença, muitas vezes, há fuga e a ação se caracteriza como um48


movimento <strong>de</strong> reação, quando o agravo já está instalado e é reconhecido como um problema.Essa forma reativa <strong>de</strong> lidar com a doença gera dificulda<strong>de</strong>s para a a<strong>de</strong>são à comportamentosditos preventivos (Lefèvre et al., 2004).Entrevistador: “O que faz com que você siga uma recomendação do médico, umamedida <strong>de</strong>ssas?” Entrevistada:“Ah, eu acho que é a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficar com saú, que, <strong>de</strong>continuar com saú<strong>de</strong>.” (E13)“ Eu não gosto nem <strong>de</strong> pensar em doença, <strong>de</strong>us me livre.” (E10)Fatores motivadores e inibidores das práticas <strong>de</strong> promoção e prevençãoDentre as medidas mencionadas, é possível perceber uma preocupação em tentarincluí-las no seu cotidiano, embora isso nem sempre seja possível, <strong>de</strong>vido à carênciafinanceira, falta <strong>de</strong> tempo, dificulda<strong>de</strong> em se obter atendimento, falta <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong>saneamento básico no aglomerado, falta <strong>de</strong> colaboração dos vizinhos na realização <strong>de</strong>medidas coletivas, <strong>de</strong>sprazer que a adoção <strong>de</strong> algumas medidas acarreta.“É difícil, porque nem sempre a gente tem tudo, o que eles mandam a gente comer tem emcasa, aí eu como, qualquer coisa que ta lá eu como. O que aparece lá eu to comendo.” (E13)Apesar <strong>de</strong> reconhecerem vários obstáculos à adoção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> promoção eprevenção, estes são minimizados pela compreensão <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>terminante para a realizaçãodo cuidado consiste na força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> e no valor que conferem à vida.“Se tiver força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> ué. Então, se colocar na cabeça, não, eu vou evitar gordura, evitarsal, evitar doce, se colocar na cabeça que tem que prevenir pra saú<strong>de</strong> não só do corpo, mastambém pra da mente, da boca, é fácil prevenir sim. “ (E1)“Eu acho que tem gente que é, acha ah, porque se eu não fazer isso eu vou morrer do mesmojeito, então eu acho que é mais ignorância da pessoa né...” (E10)Segundo Oliveira & Valla (2001), os governos <strong>de</strong>legam à população aresponsabilida<strong>de</strong> pela promoção e prevenção ao trabalharem com medidas restritas aocomportamento individual. Como conseqüência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> abordagem há a culpabilizaçãodos indivíduos em relação aos seus estados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, além do mascaramento dos<strong>de</strong>terminantes socio-politico-econômicos e da <strong>de</strong>srenponsabilização dos governos, dosformuladores <strong>de</strong> políticas e dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Cerqueira, apud, Sícoli & Nascimento,1997).Diante <strong>de</strong> ambientes não favoráveis à saú<strong>de</strong>, como é o caso do aglomerado próximo aocentro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a responsabilização individual e a culpa <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> não conseguir adotar oestilo <strong>de</strong> vida prescrito originam um sentimento <strong>de</strong> fraqueza, <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong>, comconseqüente diminuição da auto-estima. Sentindo-se <strong>de</strong>svalorizadas, as pessoas não49


conseguem reagir frente aos seus problemas e passam à passivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>terminando um ciclono qual eu sou responsável, mas eu não sou capaz, dificultando o processo <strong>de</strong> transformação.“ Se a gente tiver força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, a gente pára também né <strong>de</strong> fumar, porque tem umaspessoas que, eu sou fraca nesse ponto, qualquer dificulda<strong>de</strong> que eu passo eu fico estressada<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa com os meninos, se eu tenho meu vício <strong>de</strong> cigarro, primeira coisa que eu, merelaxa, eu pego o cigarro, fumo e relaxo.” (E6)Algumas medidas foram consi<strong>de</strong>radas mais fáceis <strong>de</strong> serem seguidas do que outras,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tempo em que a pessoa possui <strong>de</strong>terminado hábito e das perdas que o novocomportamento po<strong>de</strong>ria acarretar em sua vida, como interferências na rotina e perda <strong>de</strong>prazer. O prazer adquiriu posição central durante a avaliação da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são <strong>de</strong><strong>de</strong>terminada conduta. É importante ressaltar que, geralmente, para estas em populações oprazer e o lazer são usualmente representados pelo consumo <strong>de</strong> comidas gordurosas ou doces,<strong>de</strong> cigarro e <strong>de</strong> álcool, comportamentos proibidos pelas instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Este fato nosremete à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trocarmos a imposição pela negociação e apoio aos indivíduos, <strong>de</strong><strong>de</strong>monstrar que a realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas ações também po<strong>de</strong> gerar prazer e bem-estar e,principalmente, <strong>de</strong> ofertar novas formas <strong>de</strong> lazer e prazer como a criação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong>convivência, esporte e cultura.“Ah, pra que tem o hábito <strong>de</strong> fazer sempre, eu acho que é difícil, agora pra quem não tem, euacho que é fácil apren<strong>de</strong>r e fazer as coisas.” (E3)“Ah, o doce você tenta, mas não consegue, porque é muito gostoso.” (E18)Posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como referência para prevençãoO posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é concebido como um ambiente <strong>de</strong>stinado à resolução <strong>de</strong> algumproblema já instalado, as exceções consistem no acompanhamento ginecológico, como umaforma <strong>de</strong> obter diagnóstico precoce, na vacinação e na oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizado, sejaatravés <strong>de</strong> palestras, <strong>de</strong> cartazes ou das recomendações médicas para se ter uma saú<strong>de</strong> melhor.“Minha filha às vezes adoece, às vezes qualquer coisa assim, eu levo ela no posto. Mesmoeu, quando to sentindo alguma dor, com essa gravi<strong>de</strong>z agora, sinto muita dor perto dabarriga assim, enfim essas dores, então eu venho sempre ao posto. Venho trazer minhasfilhas pra vacinar, agora eu não to trazendo porque a vacinação agora é só com 5 anos”(E17)A partir das falas das usuárias é possível perceber que a reorientação do mo<strong>de</strong>loassistencial ocorre <strong>de</strong> maneira lenta, <strong>de</strong> forma que as ações <strong>de</strong> promoção e prevenção ficamrestritas às campanhas educativas, influenciadas pela abordagem tradicional da educação emsaú<strong>de</strong>, e a procedimentos consi<strong>de</strong>rados prioritários pelo ministério da saú<strong>de</strong>, como vacinação50


e exame Papanicolau, os quais têm sua realização vinculada ao repasse do piso <strong>de</strong> atençãobásica para o município.Consi<strong>de</strong>rações finaisO discurso das entrevistadas sobre prevenção <strong>de</strong> doenças e promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>mostrou-se marcado por concepções tradicionais, as quais se mantêm presentes na práticamédica até os dias atuais. Contudo, houve a incorporação do conceito positivo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> quealiado ao fator prazer e à força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> atuaram como principais influenciadores docomportamento. A ação, na maioria das vezes, teve como foco a saú<strong>de</strong> e o bem-estar e não adoença, a qual constitui o alvo do discurso oficial. Esta lógica aponta a necessida<strong>de</strong> do<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas estratégias que permitam abordagens mais amplas sobre o processosaú<strong>de</strong>-doença, traduzindo os princípios mo<strong>de</strong>rnos da promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.A reorientação das práticas tradicionais é premente e para isso são necessáriosinvestimentos em infra-estrutura, recursos humanos e em pesquisas direcionadas à promoção,as quais i<strong>de</strong>ntifiquem intervenções e criem metodologias avaliativas para verificação <strong>de</strong> seuslimites e potencialida<strong>de</strong>s.Referências bibliográficas1- BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Pacto pela saú<strong>de</strong> 2006-Consolidação do SUS. Brasília,2006a.2- BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Política nacional <strong>de</strong> atenção básica. Brasília, 2006b.3- BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Política nacional <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>. Brasília, 2006c.4- BUSS, P.M. Promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Ciência & Saú<strong>de</strong> Coletiva, v.5, n.1,p.163-177, 2000.5- CERQUEIRA M T. Promoción <strong>de</strong> la salud y educación para la salud: retos y perspectivas.In: Organización Mundial <strong>de</strong> la Salud. La promoción <strong>de</strong> la salud y la educación para la salu<strong>de</strong>m América Latina: un análisis sectorial. Genebra: Editorial <strong>de</strong> La Universidad <strong>de</strong> PuertoRico, 1997. p.7-48 apud Sícoli JL, Nascimento PR. Promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: concepções,princípios e operacionalização. Interface-Comunic, Saú<strong>de</strong>, Educ, v.7, n.12, p.91-112,2003.6- CHIARAVALLOTI, V.B. et al. Avaliação sobre a a<strong>de</strong>são às práticas preventivas do<strong>de</strong>ngue: o caso <strong>de</strong> Catanduva, São Paulo, Brasil. Cad Saú<strong>de</strong> Pública, v.18, n.5, p.1321-1329,2002.7- DESLANDES, S.F.; MENDONÇA, E.A.; CAIAFFA, W.T.; DONED, A. D. Asconcepções <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> prevenção segundo a ótica dos usuários <strong>de</strong> drogas injetáveis. CadSaú<strong>de</strong> Pública, v.18, n.1, p.141-151, 2002.8- LEAVELL, S.; CLARCK, E.G. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw-Hill;1976.51


9- LEFÈVRE F, LEFÈVRE AMC, SCANDAR SAS, YASSUMARO S. Representaçõessociais sobre relações entre vasos <strong>de</strong> plantas e o vetor da <strong>de</strong>ngue. Rev. Saú<strong>de</strong> Pública,v38,n3,p 405-414,2004.10- MARCONDES WB. A convergência <strong>de</strong> referências na promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Saú<strong>de</strong> eSocieda<strong>de</strong>, v13,n1, p.5-13,2004.11- MINAYO, M.C.S. O <strong>de</strong>safio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saú<strong>de</strong>. 6 a ed.São Paulo: Hucitec, 1999, 269p.12- OLIVEIRA MM, PINTO IC. Percepção das usuárias sobre as ações <strong>de</strong> prevenção docâncer do colo do útero na Estratégia saú<strong>de</strong> da Família em uma distrital <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> domunicípio <strong>de</strong> Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Rev Bras Saú<strong>de</strong> Matern Infant, v7, n1,p31-38,2007.13- OLIVEIRA RM, VALLA VV. As condições e as experiências <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> grupospopulares no Rio <strong>de</strong> Janeiro: repensando a mobilização popular no controle do <strong>de</strong>ngue. Cad.Saú<strong>de</strong> Pública v17(suplemento),p77-88,2001.14- PBH – PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Disponível em . Acesso em: 02 jul. 2006.15- SÍCOLI JL, NASCIMENTO PR. Promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>: concepções, princípios eoperacionalização. Interface_Comunic, Saú<strong>de</strong>, Educ,v7,n12,p:101-22,2003.16- SOUZA, E.M.; GRUNDY, E. Promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, epi<strong>de</strong>miologia social e capital social:inter-relações e perspectivas para a saú<strong>de</strong> pública. Cad Saú<strong>de</strong> Pública, v.20,n5,p1354-1360,2004.4.4- Protótipo <strong>de</strong> material educativo.Protótipo a ser avaliado junto à população do estudo.52


Taís Rocha FigueiraVirgínia Torres SchallCelina Maria Mo<strong>de</strong>naGestanteQuestões sobre Saú<strong>de</strong>, Maternida<strong>de</strong> e CidadaniaBelo Horizonte2008


Copyright © 2008 by Taís Rocha Figueira e outrasÉ proibida a reprodução total ou parcial <strong>de</strong>sta publicação paraqualquer finalida<strong>de</strong>, sem autorização por escrito dos autores.PROJETO GRÁFICOCarlos JorgeILUSTRAÇÕESCarlos JorgeFOTOGRAFIASÉrika PortugalBreno PataroTaís Rocha FigueiraREVISÃO DAS PROVASTaís Rocha Figueira2008Distribuição e informações:<strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>s René RachouLaboratório <strong>de</strong> Educação em Saú<strong>de</strong>Av. Augusto <strong>de</strong> Lima,1715, Barro PretoCEP: 30190-002, Belo Horizonte - MGTelefone: (0xx31)3349-7741Catalogação-na-fonteRe<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bibliotecas da FIOCRUZBiblioteca do CPqRRSegemar Oliveira Magalhães/CRB6 1975F475g2008Figueira, Taís Rocha.Gestante: questões sobre saú<strong>de</strong>, maternida<strong>de</strong> e cidadania /Taís Rocha Figueira (Autora), Virgínia Torres Schall e Celina MariaMo<strong>de</strong>na (Co-autoras). - Belo Horizonte, 2008.iii, 28 p.: il.; 260 x 200 mm.Bibliografia: p. 26ISBN: 978-85-99016-06-01. Gestantes 2. Saú<strong>de</strong> 3. Saú<strong>de</strong> Bucal 4. Direitos da Mulher I.Título. II. Schall, Virgínia Torres (Co-autora). III. Mo<strong>de</strong>na, CelinaMaria (Co-autora)CDD – 22. ed. – 617.601


VAMOS CONVERSAREste livro foi produzido para vocês, mulheres gestantes,que vivem uma experiência nova a cada diae, por isso, apresentam várias dúvidas e receios.Procuramos falar sobre algumas questões que envolvema saú<strong>de</strong>, a maternida<strong>de</strong> e a cidadania. Assim,fizemos um capítulo que fala tudo sobre comoalgumas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Belo Horizonte estão seorganizando e junto com governo e outras instituiçõesestão conseguindo melhorar o local em quevivem e também a saú<strong>de</strong>. Você vai enten<strong>de</strong>r quehistória é essa <strong>de</strong> placa bacteriana e como ela agepara produzir a cárie, as doenças da gengiva e omau hálito. Duas mulheres relatam o que achamsobre o ditado popular “Ser mãe é pa<strong>de</strong>cer no paraíso”,_ você concorda ou discorda <strong>de</strong>ssaafirmação?Tem ainda as dúvidas que mais inquietamas gestantes, os alimentos que a gente nemimagina que possuem açúcar, os cuidados com aboquinha do bebê, os direitos das gestantes e receitas<strong>de</strong>liciosas feitas com beterraba.FIQUEPORDENTRO04 COISAS DE MULHER06 PERGUNTE AO DOUTOR08 FÓRUM09 TESTE11 QUESTÃO DE DIREITO13 GESTÃO COMPARTILHADA16 PLANEJAMENTO FAMILIAR20 O INIMIGO OCULTO21 O QUE DÁ NA BOCA ?22 CUIDANDO DO BEBÊ25 CULINÁRIA


COISAS DE MULHERLINDÍSSIMAsabe como continuar bonitae atraente durante a gravi<strong>de</strong>z?Cuidando-se! Dê uma olhadanessas dicas e arrase!CabelosSe você tem o costume <strong>de</strong> tingir seuscabelos e está grávida, isto não significaque terá <strong>de</strong> passar os novesmeses com cabelos brancos oumanchados. É bem verda<strong>de</strong> que astinturas contendo benzeno e amônia<strong>de</strong>vem ser evitadas, poisestas substâncias são absorvidaspelo couro cabeludo.Assim, as alternativas existentessão a hena, um tipo<strong>de</strong> tintura natural, ouentão, o uso <strong>de</strong> tinturaatravés <strong>de</strong> umatécnica em que nãohaja contato com ocouro cabeludo taiscomo as luzes, reflexose balaiages.EstriasA distensão da pele, causadapelo crescimento dobebê, po<strong>de</strong> gerar o aparecimento<strong>de</strong> estrias. Paraamenizar seu surgimento algunscuidados po<strong>de</strong>m ser realizados:hidratar a pele comuso <strong>de</strong> cremes ou óleo <strong>de</strong>amêndoas, tomar banhos rápidos emornos com sabonete neutro, tomarbastante água, fazer exercícios físicos,usar sutiã firme e faixas <strong>de</strong> sustentaçãopara a barriga.4 Gestante


PesoA grávida <strong>de</strong>ve comer para dois e nãopor dois. Uma alimentação equilibradaalém <strong>de</strong> evitar o excesso <strong>de</strong> peso,diminui o cansaço, as náuseas e aprisão <strong>de</strong> ventre. Assim, alimentoscomo arroz, feijão, leite, verduras,legumes, frutas, carnes,ovos <strong>de</strong>vem fazer parte docardápio. Procure trocar guloseimascomo biscoitos erefrigerantes por frutas esucos. Os exercícios físicostambém po<strong>de</strong>m ajudar,sendo recomendadas ascaminhadas, dança, alongamento,natação.ManchasA placenta produz um hormônio queestimula o escurecimento dapele quando há contato como sol, produzindo as manchasda gravi<strong>de</strong>z. Assim antes <strong>de</strong>sair <strong>de</strong> casa, lembre-se <strong>de</strong>usar filtro solar com fator<strong>de</strong> proteção 30 ou maior.Mas, se mesmo com estecuidado as manchas aparecerem,é possível clareálas<strong>de</strong>pois do parto com aajuda <strong>de</strong> um médico.VarizesA circulação do sangue é afetada durantea gestação, favorecendo o aparecimnetodas varizes. Por isso, procuretomar alguns cuidados que vãomelhorar a sua circulação, como nãoficar muito tempo em pé; <strong>de</strong>scansarquando sentir as pernas pesadas, levantandoelas um pouco em relaçãoao resto do corpo; usar sapatos <strong>de</strong>salto baixo, caminhar a um passomo<strong>de</strong>rado; e usar meias<strong>de</strong> compressão <strong>de</strong> acordocom a recomendaçãomédica.Gestante 5


PERGUNTE AO DOUTOREstou grávida e uma amiga me falouque a cárie passa da mãe para o filho.como acontece isso? é <strong>de</strong>ntro dabarriga?A cárie é uma doença infecciosa, ou seja,ela é causada por bactérias. Essas bactériasestão presentes na boca <strong>de</strong> quase todomundo e pegamos elas logo <strong>de</strong>pois quenossos <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> leite nascem, através docontato com a saliva <strong>de</strong> nossas mães. Essescontatos ocorrem através do uso domesmo talher, do beijo na boca ou nasmãos, quando se prova ou assopra os alimentos.É importante saber que ter a bactériana boca não significa queseu bebê terá cárie, outros fatorestêm que estar presentes paraque a cárie apareça, como a falta<strong>de</strong> higiene e comer várias vezesao dia alimentos que tenhamaçúcar.O açúcar e a falta <strong>de</strong> higiene permitemque as bactérias causadoras da cárie semultipliquem, atingindo uma quantida<strong>de</strong>suficiente para provocar a doença. Masnão <strong>de</strong>sanime só porque é difícil impedirque o seu bebê se contamine com essasbactérias! A boa notícia é que temos comoreduzir a sua quantida<strong>de</strong> a um númerobem pequenininho, <strong>de</strong> modo que elas nãocausem problema. Como fazer isso? Tendouma alimentação equilibrada, evitandoas guloseimas, e realizando a higienedos <strong>de</strong>ntes assim que aparecerem na boca.O flúor também é um gran<strong>de</strong> aliado. Conversecom seu <strong>de</strong>ntista, ele po<strong>de</strong>rá te darótimas dicas. Enfim, po<strong>de</strong>mos dizer queas bactérias são transmitidas <strong>de</strong> mãe parafilho, e não a cárie.Tomei um analgésico (paracetamol)para dor <strong>de</strong> cabeça por conta própria,só que estou grávida. Existe algum riscodo meu bebê nascer com problemapor causa do remédio que eu tomei?A auto-medicação <strong>de</strong>ve ser evitada, principalmentedurante a gestação, quandoalguns medicamentos são proibidos ouusados com cautela pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>causar má formação do feto e complicaçõesà gravi<strong>de</strong>z. Você fez uso <strong>de</strong> Paracetamol,o analgésico recomendado para asgestantes por ser consi<strong>de</strong>rado um medicamentoseguro, não acarretando problemaspara a gestação e para o bebê. Ouso <strong>de</strong> antiinflamatórios, tais como aspirinae diclofenaco <strong>de</strong> sódio ou potássio, nãoé recomendado. Quando sentir qualquermal-estar procure o seu médico ou umserviço <strong>de</strong> urgência, assim terá a segurançado uso correto <strong>de</strong> um medicamento,reduzindo riscos para você e para o bebê.Posso ir ao <strong>de</strong>ntista estando grávida?Uns dizem que sim outros dizem quenão. O que <strong>de</strong>vo fazer?O tratamento odontológico po<strong>de</strong>ser realizado durante a gestação.6 Gestante


Apesar <strong>de</strong> não existir meses proibidos paraconsultar o <strong>de</strong>ntista, o i<strong>de</strong>al seria procurálono segundo trimestre da gravi<strong>de</strong>z (4º, 5ºe 6º meses), por ser um período <strong>de</strong> maiorestabilida<strong>de</strong>. Nesse momento, será avaliadaa sua saú<strong>de</strong> bucal e se necessário seráindicado algum tratamento. Você tambémreceberá informações importantes sobrecomo cuidar da sua saú<strong>de</strong> bucal e do seubebê. Em caso <strong>de</strong> urgência, qualquer épocaé oportuna. Você não <strong>de</strong>verá ficar adiandoa consulta, pois complicações po<strong>de</strong>rãosurgir. Alguns cuidados <strong>de</strong>vem ser observadosdurante o tratamento como: a escolhado anestésico a<strong>de</strong>quado, uso <strong>de</strong> equipamentos<strong>de</strong> proteção para realização doraio x, uso criterioso <strong>de</strong> medicamentos e ocontato entre o <strong>de</strong>ntista e o seu médico.Estou grávida <strong>de</strong> cinco meses. Às vezesdurmo <strong>de</strong> lado, mas me sinto melhorcom a barriga para baixo. Existemposições que po<strong>de</strong>m não fazerbem ao bebê?Com o aumento da barriga e da sensibilida<strong>de</strong>dos seios, dormir com a barriga parabaixo logo te causará incômodos e vocêirá procurar um novo jeito para dormir.A posição i<strong>de</strong>al é dormir <strong>de</strong> lado,para a esquerda, com um travesseiroentre as pernas.Esta posição facilita o fluxo <strong>de</strong> sangue e<strong>de</strong> nutrientes para o bebê e estimula a funçãodos rins. Deitar do lado direito faz comque o útero pressione a veia cava inferior,responsável pelo retorno do sangue daparte inferior do corpo para o coração,prejudicando a circulação. Dormir <strong>de</strong> barrigapara cima po<strong>de</strong>rá ser confortável, contudovocê estará colocando todo o pesodo útero grávido sobre as costas, intestinose a veia cava inferior. Com isso, po<strong>de</strong>ráocorrer o surgimento <strong>de</strong> dores nascostas e hemorróidas, dificulda<strong>de</strong>s na digestão,na respiração e na circulação eaté queda da pressão arterial.É difícil permanecer durante todaa noite dormindo numa mesmaposição, e não se preocupe seacordar <strong>de</strong>itada <strong>de</strong> barriga parabaixo ou <strong>de</strong> costas, apenas voltea <strong>de</strong>itar-se <strong>de</strong> lado.Durante a gravi<strong>de</strong>z, minha irmã tevesangramento na gengiva. A gravi<strong>de</strong>zpo<strong>de</strong> causar problemas na boca, enfraquecimentodos <strong>de</strong>ntes?R.Durante a gravi<strong>de</strong>z, a mulher passa poralterações hormonais que po<strong>de</strong>m facilitaro aparecimento ou agravamento <strong>de</strong> inflamaçõesna gengiva. Assim, po<strong>de</strong>m surgirsangramento, inchaço, vermelhidão, mobilida<strong>de</strong>dos <strong>de</strong>ntes e até perda do ossoque pren<strong>de</strong> o <strong>de</strong>nte. O aparecimento <strong>de</strong>qualquer uma <strong>de</strong>ssas alterações indica quese <strong>de</strong>ve consultar o <strong>de</strong>ntista. Em relaçãoaos <strong>de</strong>ntes, é importante esclarecer que agravi<strong>de</strong>z não causa seu enfraquecimento,não há nenhum mecanismo que faça comque o cálcio dos <strong>de</strong>ntes da mãe seja retiradoe enviado ao feto. O que po<strong>de</strong> aconteceré um aumento do risco à cárie pelofato da mulher grávida modificar seus hábitosalimentares, passa a comer váriasvezes ao dia e a apresentar maior preferênciapor alimentos doces. Alimentos quecontém açúcar não estão proibidos, mas<strong>de</strong>vem ser consumidos com mo<strong>de</strong>ração.Procure trocar as guloseimas por frutas,legumes, verduras. Além <strong>de</strong> ajudar a prevenira cárie, uma alimentação saudávelcontribuirá para seu bem-estar e para o<strong>de</strong>senvolvimento do seu bebê. Uma a<strong>de</strong>quadahigiene bucal também é importantepara prevenir as doenças bucais.Gestante 7


F Ó R U MPra você, “Ser mãe é pa<strong>de</strong>cer no paraíso ?”Wanda, 28 anosSer mãe é uma experiência incrível, muitoboa. Muda tudo né, até a forma <strong>de</strong> pensarda gente muda. Antes eu tinha umaatitu<strong>de</strong> muito moleca, <strong>de</strong>pois passei a pensarcom mais firmeza. Pensei “eu já soumãe”. É uma sensação mais gostosa, <strong>de</strong>mais responsabilida<strong>de</strong> também. Coisasque eu fazia antes, <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> fazer, quenem sair, beber com os amigos, ir pra festas,agora fico mais em casa. O tempo écurto e quando tenho uma folga do trabalhome divido entre os serviços <strong>de</strong> casae estar com os meninos. Mas tem dia queeu largo tudo, largo minhas roupas, largoa faxina. O meu marido endoida, ele fala“não vai cuidar da casa não?”, “vou nada!To brincando com meus meninos agora”.É muita coisa pra fazer, então sempre algumacoisa fica <strong>de</strong> lado e isso me causauma sensação ruim, como se não <strong>de</strong>sseconta do recado. Às vezes tento ser maistolerante comigo mesma, porque a genteenquanto mulher se cobra muito, ta sempreachando que não está fazendo algumacoisa certa, que a gente não alcançoua perfeição como mãe e aí a gente se cobrao tempo todo e permite que os outroscobrem da gente também. Porque querendoou não, quem é responsável pela saú<strong>de</strong>do filho é a mãe, se acontecer algumacoisa, a culpa cairá na mãe. Com isso, euevito muito sair da linha, porque não possoter mais uma vida, assim, <strong>de</strong> preocuparsó mais comigo do que com os outros. Mas,apesar <strong>de</strong> tudo, uma coisa eu tenho quedizer: “ser mãe é a melhor coisa do mundo”.Clara, 32 anosSer mãe foi uma opção que escolhi e fiqueimuito feliz quando finalmente me torneiuma. Mas eu não encaro a maternida<strong>de</strong>como sacrifico e renúncia, prefiro ficar sócom a parte boa, só com o paraíso. Nãoconcordo com essa idéia <strong>de</strong> que diversão,cerveja com amigos, acesso à cultura é temporoubado do filho. São coisas importantespara mim, me fazem feliz e eu acho quequanto mais eu estiver bem comigo mesma,melhor vai ser a minha relação commeu filho. Assim, tento criar estratégias paraconciliar todas as minhas 1001 utilida<strong>de</strong>sPor exemplo, quando estou com uma ressacapós-balada procuro acolher meus filhosna cama e ficar o máximo <strong>de</strong> tempopossível lá. É melhor do que ficar brincando<strong>de</strong> pega-pega com a cabeça rodando.E as crianças também gostam. O meu maridotambém me ajuda, assim eu tenhoumas horas do dia liberadas para mim. Nãome acho irresponsável, porque se assumoque vou fazer uma coisa, eu faço, comolevar os meninos na escola, dar banho, levarno médico, mesmo que isso impliqueem <strong>de</strong>smarcar algum outro compromissomeu. Então, para que não haja prejuízo nasminhas funções <strong>de</strong> mãe e mulher, eu tentoorganizar a minha rotina e assim não mesinto sufocada, nem culpada.8 Gestante


TESTEBebê noalvdacárieFaça o teste e verifique se você estábem informada sobre os cuidadoscom a saú<strong>de</strong> bucal dos pequeninos!1- Como você preten<strong>de</strong> prepararo leite, suco ou chás que dará aoseu bebê?A) Vou dar puro, ao natural.B) Vou adoçar com mel ou açúcarmascavo.C) Vou adoçar com açúcar, achocolatadoou farinhas.2 - Depois dos 6 meses <strong>de</strong> vidao número das mamadas <strong>de</strong>vemser reduzidos e outrosalimentos introduzidos na dietado bebê. Com relação aorisco <strong>de</strong> cárie, é importanteque esta redução seja feitaquando?A) No período do dia (manhã/tar<strong>de</strong>)B) No período da noite (noite/madrugada)3 - Quando a criança <strong>de</strong>ve consultaro <strong>de</strong>ntista pela primeira vez?A) Quando surgir algum problema.B) Só <strong>de</strong>pois dos 3 ou 4 anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>.C) Assim que os <strong>de</strong>ntes nascerem.4 - Quando <strong>de</strong>vemos limpar os<strong>de</strong>ntes do bebê?A) Quando estiverem sujosB) 1 vez ao diaC) Quando mamar ou comerGestante 9


RESULTADOConfiraquantos pontosvocê fezusando a tabela abaixo!Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4A- 0 ponto A- 2 pontos A- 3 ponto A- 4 pontosB- 1 ponto B- 0 ponto B- 3 pontos B- 4 pontosC-1 ponto - C- 0 pontos C- o pontoAgora some os pontos quevocê fez em cada questão.Total <strong>de</strong> pontos:0 Ponto:Parabéns! Você possuium bom conhecimentosobre os cuidadosque <strong>de</strong>verá ter com asaú<strong>de</strong> bucal do seubebê. Aplicando essesconhecimentos, seu filhodificilmente terácárie. Mas não se esqueça!Sempre po<strong>de</strong>mosapren<strong>de</strong>r mais.Não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> conversarcom o <strong>de</strong>ntista oupediatra sobre esseassunto.1- 4 Pontos:Você possui algum conhecimentosobre oscuidados com a saú<strong>de</strong>bucal <strong>de</strong> seu bebê,mas po<strong>de</strong> melhorarainda mais! Procure oposto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> eaprenda tudo sobrecomo proteger o seubebê das cáries. Depoisé só colocar tudoem prática e dar muitasrisadas!5-10 Pontos:Você está precisandoapren<strong>de</strong>r mais! Procureo posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>!Lá você po<strong>de</strong>rá obterinformações e dicasimportantes sobrecomo proteger o seubebê das cáries. Nãoperca tempo!10 Gestante


QUESTÃO DE DIREITOConheçaos seus direitos!Só assimpo<strong>de</strong>rá fazer comque sejamrespeitados!A gestante tem direito....• A caixas especiais ou atendimento prioritárioem estabelecimentos.• A fazer pelo menos seis consultas <strong>de</strong> prénataldurante toda a gravi<strong>de</strong>z, po<strong>de</strong>ndo solicitarao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a presença <strong>de</strong> umapessoa <strong>de</strong> sua confiança nas consultas.• Ao Cartão da Gestante, o qual <strong>de</strong>veráconter todas as anotações sobre o estado<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sobre o <strong>de</strong>senvolvimento da gestaçãoe os resultados dos exames realizados.• A uma Declaração <strong>de</strong> Comparecimentopara justificar sua falta no trabalho sempreque for às consultas <strong>de</strong> pré-natal ou fizeralgum exame necessário ao acompanhamento<strong>de</strong> sua gravi<strong>de</strong>z.• A mudar <strong>de</strong> função no seu trabalho, casoo mesmo possa provocar problemas para asua saú<strong>de</strong> ou do bebê, <strong>de</strong>vendo apresentarno serviço um atestado médico comprovandoque necessita da mudança <strong>de</strong> função.• A estabilida<strong>de</strong> no emprego durante agestação e até cinco meses após o parto,po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>mitida somente nos casos <strong>de</strong>justa causa.• A licença-maternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 120 dias, comremuneração integral e benefícios legais, apartir do oitavo mês <strong>de</strong> gestação. O pedidodo benefício po<strong>de</strong> ser feito faltando28 diaspara a data previsto do parto, porém, é aconselhávelcomeçar a tomar as providênciasnecessárias, a partir do sétimo mês. Após aentrega dos documentos, o INSS tem 45 diaspara pagar a primeira das quatro parcelasdo salário maternida<strong>de</strong>.• Ao parto. O parto é consi<strong>de</strong>rado umaurgência e o seu atendimento não po<strong>de</strong> serrecusado em nenhum hospital, maternida<strong>de</strong>ou casa <strong>de</strong> parto. Se a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>não pu<strong>de</strong>r atendê-la naquele momento, osprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem examinar vocêGestante 11


QUESTÃO DE DIREITOantes <strong>de</strong> encaminhá-la para outro local. Vocêsó po<strong>de</strong>rá ser transferida se houver temposuficiente para isso e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem sidoconfirmadas a existência <strong>de</strong> vaga e a garantia<strong>de</strong> atendimento no outro estabelecimento<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• A ter um acompanhante, escolhido porvocê, durante todo o período <strong>de</strong> trabalho<strong>de</strong> parto, parto e pós-parto imediato.bebê, até que este complete seis meses <strong>de</strong> vida.• A realizar ligadura <strong>de</strong> trompas caso tenhamais <strong>de</strong> 25 anos ou mais <strong>de</strong> dois filhos.Mas a ligadura não po<strong>de</strong>rá ser feita logoapós o parto ou a cesárea, a não ser quevocê tenha algum problema grave <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>ou tenha feito várias cesarianas. Antes <strong>de</strong><strong>de</strong>cidir pela ligadura <strong>de</strong> trompas, você temo direito <strong>de</strong> ser informada sobre todos os• A ter a criança ao seu lado, em alojamentoconjunto, e amamentar. Vocês só precisamficar separados se algum dos dois tiveralgum problema.• A receber orientações sobre a amamentaçãoe suas vantagens, para você e para acriança e sobre quando e on<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá fazera consulta <strong>de</strong> pós-parto e do controle dobebê.• A ser dispensada do trabalho por dois períodos<strong>de</strong> trinta minutos para amamentar ooutros métodos para evitar uma gravi<strong>de</strong>z.Pense bem antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir, pois a ligaduraé para sempre. Se você <strong>de</strong>cidir ligar as trompas,saiba que a ligadura po<strong>de</strong> ser feita gratuitamentenos hospitais públicos e conveniadosao SUS. Não aceite nenhum tipo <strong>de</strong>cobrança para a realização da ligadura <strong>de</strong>trompas. Assim como o planejamento familiar,o pré-natal e o parto, este é um direitoseu.• Ao aborto, em casos <strong>de</strong> estupro ou <strong>de</strong>risco <strong>de</strong> vida.12 Gestante


Você já ouviufalar em gestãocompartilhada?Fique esperta! Isso po<strong>de</strong> melhorar, e muito, a sua vida!Conheça duas histórias <strong>de</strong> sucesso em que comunida<strong>de</strong>, socieda<strong>de</strong> civil organizadae governo se uniram para construir melhores condições <strong>de</strong> vida<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> aglomerados <strong>de</strong> Belo Horizonte.Aglomerado da Serra -Programa Vila VivaAs idéias do Programa Vila Viva nasceram<strong>de</strong> discussões entre a socieda<strong>de</strong> eespecialistas. Antes <strong>de</strong> se tornar uma realida<strong>de</strong>,as equipes da prefeitura <strong>de</strong> BeloHorizonte promoveram reuniões nas comunida<strong>de</strong>sdo aglomerado para apresentaro projeto e discutir suas ações.Assim, além <strong>de</strong> parques com quadras <strong>de</strong>esporte e <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> esgoto,foi incluída a construção <strong>de</strong> trêsescolas, uma reivindicação local. Este éum exemplo <strong>de</strong> gestão compartilhada,ou seja, as ações são elaboradas juntocom a população, os moradores sãoouvidos e participam na construção <strong>de</strong>uma vida melhor.Gestante 13


Conjunto Mariano <strong>de</strong>Abreu - Espaço BHCidadania João AmazonasA construção do espaço BH Cidadaniafoi a opção escolhida pelos moradoresdo Conjunto Mariano <strong>de</strong> Abreu <strong>de</strong>ntrodas obras sugeridas pelo orçamento participativorealizado pela prefeitura <strong>de</strong>Belo Horizonte. O espaço funciona das7hs às 22hs, com o período noturno organizadoconforme a <strong>de</strong>manda apresentadapela comunida<strong>de</strong> ou pela ComissãoLocal. Nos finais <strong>de</strong> semana e feriadosas ativida<strong>de</strong>s são livres para a prática<strong>de</strong> esporte e lazer da comunida<strong>de</strong>. Asativida<strong>de</strong>s oferecidas envolvem oficinas<strong>de</strong> cultura, grupo <strong>de</strong> convivência do idoso,Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Apoio à Família e Cidadania(NAF), <strong>Centro</strong> Poliesportivo e <strong>de</strong>Lazer, Posto <strong>de</strong> Internet Municipal, SocializaçãoInfanto Juvenil e aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>ginástica.Segundo a médica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da famíliado <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mariano <strong>de</strong> Abreu,Doutora Rita, <strong>de</strong>pois do início das ativida<strong>de</strong>sno espaço, o número <strong>de</strong> pacientesque procuram o posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> reduziu,houve ainda um aumento do número<strong>de</strong> pacientes hipertensos e diabéticosque se mantêm controlados.Dona Joaquina, 56 anos, é um exemplodo impacto que programas <strong>de</strong>ssa naturezapo<strong>de</strong>m trazer:“Antes do NAF, antes <strong>de</strong> ter essaaca<strong>de</strong>mia, eu sentia muitas dores.Dor na coluna, dor na perna, malconseguia caminhar. Agora, eufaço ginástica. Lá não tem aquelesaparelhos das aca<strong>de</strong>mias da cida<strong>de</strong>.É tudo improvisado, com pesos<strong>de</strong> garrafa pet. Você não vai ficarforte fazendo essa ginástica. Mas éuma ginástica que faz bem para asaú<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> que comecei a participar,minhas dores vêm diminuindoe agora caminho quase quenormal. Lá também é bom porquetem muita gente, a gente faz amiza<strong>de</strong>,conversa, distrai. E isso tambémfaz bem pra saú<strong>de</strong>, né?”Estas iniciativas nos mostram como éimportante a cooperação entre comunida<strong>de</strong>e governo para o enfrentamentodos problemas e como resultados positivospo<strong>de</strong>m ser alcançados. Não se esqueça,a construção <strong>de</strong> uma vida melhoré <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos!Gestante 15


PLANEJAMENTOFAMILIARSua família do tamanho que você <strong>de</strong>seja!O planejamento familiar é o ato <strong>de</strong>planejar o nascimento dos filhos, tantoem relação ao número <strong>de</strong>sejado,quanto à época mais a<strong>de</strong>quada paratê-los. É um direito <strong>de</strong> todo cidadão,sendo garantido por lei. A sua realizaçãoou não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>cidida pelocasal, cabendo ao governo ofertar osrecursos necessários para sua prática.Marta, 26 anos, percebeu a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> planejar o tamanho <strong>de</strong> suafamília com a chegada do segundofilho:“Na minha segunda gravi<strong>de</strong>z, comecei ame cobrar e a me sentir culpada. - Por queeu engravidava se eu não tinha condições<strong>de</strong> dar um bem-estar melhor, um confortopros meus filhos? Foi nessa época que vique a família não podia mais crescer. Então,procurei o posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e lá recebitodo o apoio para fazer o planejamentofamiliar e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então está tudo sob controle.”Métodos <strong>de</strong>planejamentofamiliarMétodos naturaisSão aqueles que procuram i<strong>de</strong>ntificar os dias emque a mulher está potencialmente fértil (períodofértil). Durante esses dias, o casal <strong>de</strong>verá evitarrelações sexuais, caso não queiram ter filhos.Dentre estes métodos, o mais utilizado é o databelina.Tabelinha: ajuda a mulher a <strong>de</strong>scobrir a épocado mês em que ela po<strong>de</strong> ficar grávida (períodofértil). Para construir a tabela, a mulher <strong>de</strong>verádurante 8 meses marcar o primeiro dia da menstruaçãoem um calendário e contar quantos diascada menstruação <strong>de</strong>morou para vir. Assim, <strong>de</strong>scobriráquanto tempo durou o ciclo menstrualmais curto e o mais longo. Para calcular o perío-16 Gestante


do fértil basta subtrair do ciclo mais curto 18 e dociclo mais longo 11.Exemplo:Ciclo curto:Ciclo longo:26 dias30 dias26-18 = 830-11 = 19Os dois números obtidos, 8 e 19, indicam, respectivamente,o início e o fim do período fértil,nesse exemplo. Ou seja, para não engravidar,esta mulher não <strong>de</strong>ve ter relações sexuais do8º ao 19º dia do ciclo menstrual (o 1º dia dociclo é o primeiro dia da menstruação). O posto<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá te ajudar a construir a suatabelinha.Não <strong>de</strong>vem utilizar o método da tabela:adolescentes, que ainda não menstruamcom regularida<strong>de</strong>; mulheres que acabaram<strong>de</strong> parir ou abortar; que pararamrecentemente <strong>de</strong> tomar a pílula; que acabaram<strong>de</strong> tirar o DIU; no período do climatério;que estão amamentando; quetêm uma diferença <strong>de</strong> 10 ou mais diasentre o ciclo menor e o maior; que nãomenstruam; e que têm alterações psíquicasque impeçam o uso correto do método.Métodos <strong>de</strong> barreirasSão aqueles que evitam a gravi<strong>de</strong>z impedindoque os espermatozói<strong>de</strong>s cheguem até oútero.Camisinha: a camisinha é um método paraser usado no momento da relação sexual.A camisinha masculina<strong>de</strong>ve ser colocadano pênis imediatamenteantes da penetração(mas <strong>de</strong>pois daereção) e retiradaimediatamente após aejaculação (<strong>de</strong>pois daretirada do pênis <strong>de</strong><strong>de</strong>ntro da vagina).Para a colocação dacamisinha feminina,procure uma posiçãoconfortável, po<strong>de</strong> serem pé, sentada, agachadaou <strong>de</strong>itada.Aperte o anel menor eintroduza na vagina.Com o <strong>de</strong>do indicador,empurre a camisinha o mais fundo possível.O anel maior <strong>de</strong>ve ficar uns 3 cm para forada vagina. Até que você e o seu parceiro tenhamsegurança, guie o pênis <strong>de</strong>le com asua mão para <strong>de</strong>ntro da sua vagina.Uma vez terminada a relação, retire a camisinhaapertando o anel que ficou para fora,torcendo o anel para garantir que o espermafique no interior da camisinha, entãopuxe-a para fora <strong>de</strong>licadamente.Além <strong>de</strong> evitar a gravi<strong>de</strong>z, a camisinha é fundamentalpara prevenir as doenças sexualmentetransmissíveis.Diafragma: o diafragmaé uma capa <strong>de</strong>borracha ou silicone,que a mulher coloca,ela mesma, na vagina,antes da relaçãosexual, tapando assimo cólo do útero. Deveser usado com um espermicida,para garantirmaior segurança.Para começar ausar o diafragma énecessário a ajuda <strong>de</strong>um profissional <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> para medir otamanho do fundo davagina, pois existe umtamanho específico <strong>de</strong>diafragma para cadamulher, e para orientarcomo colocar e retiraro diafragma.Para que o diafragma produza o efeito <strong>de</strong>sejado,<strong>de</strong>ve ser retirado somente seis horasapós a relação sexual.Gestante 17


Não <strong>de</strong>vem utilizar o diafragma asmulheres que:nunca tiveram relações sexuais; têm queda<strong>de</strong> bexiga ou rutura <strong>de</strong> períneo; têmposição anormal do útero; têm infecçõesurinárias <strong>de</strong> repetição; têm alteraçõespsíquicas graves que impeçam o uso correto;têm infecções vaginais.Espermicida: A mulher <strong>de</strong>ve colocar o espermicidana vagina antesda relação sexual, estando<strong>de</strong>itada e não selevantando mais, paraevitar que ele escorra.A lavagem vaginal sópo<strong>de</strong>rá ser feita 8 horasapós a relação sexual.Cada espermicidavem com suas instruções<strong>de</strong> uso, as quais<strong>de</strong>vem ser lidas. Os espermicidaspo<strong>de</strong>m serusados sozinhos, porém são mais segurosquando usados junto com outros métodos (camisinha,diafragma, tabela).Métodos hormonaisOs anticoncepcionais são substâncias semelhantesaos hormônios encontrados no corpoda mulher. Eles impe<strong>de</strong>m a ovulação, evitando,assim, a gravi<strong>de</strong>z. Po<strong>de</strong>m ser encontradosna forma <strong>de</strong> comprimidos (pílulas), a<strong>de</strong>sivosou injetáveis.Pílulas: a pílula só fazefeito se tomada corretamente:o primeirocomprimido <strong>de</strong>ve ser tomadono 1º dia damenstruação, continuartomando 1 comprimidopor dia, <strong>de</strong> preferênciana mesma hora até terminara cartela. Começarnova cartela 7 diasapós a tomada da últimapílula, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntedo dia da menstruação.Caso haja algum esquecimento, a mulher <strong>de</strong>verátomá-la assim que se lembrar, além <strong>de</strong> tomaro comprimido do dia na hora <strong>de</strong> sempre. E continuara cartela. Se a mulher esquecer <strong>de</strong> tomar2 ou mais comprimidos seguidos, <strong>de</strong>verá parar<strong>de</strong> tomar esta cartela, só iniciando outra cartelano primeiro dia da menstruação, se não menstruar,procurar o serviço médico. Em qualquercaso <strong>de</strong> esquecimento, o casal <strong>de</strong>ve usar outrométodo para garantir maior segurança neste mês(camisinha, diafragma, espermicida). Em caso <strong>de</strong>diarréia ou vômito por mais <strong>de</strong> 2 dias, interrompero uso da pílula, <strong>de</strong>vendo utilizar outro métodoe voltar a tomar outra cartela no primeiro diada menstruação. Se não menstruar, procurar oserviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Não <strong>de</strong>vem utilizar a pílula as mulheresque:estão amamentando até 90 dias <strong>de</strong> pósparto; estão grávidas ou com suspeita<strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z; fumam muito e há muitotempo; têm pressão alta e outras doençascoração; estão com sangramentofora do período menstrual; têm varizes;têm enxaqueca (dor <strong>de</strong> cabeça forte);têm convulsões; têm diabetes; têm glaucoma(doença que aumenta a pressão doolho); vão se operar ou acabaram <strong>de</strong>ser operadas.Pílula do dia seguinte: só <strong>de</strong>ve ser usada em caso<strong>de</strong> emergência e não como método anticoncepcional<strong>de</strong> rotina, pois po<strong>de</strong> causar efeitos colateraisintensos como alteração no ciclo menstruale do tempo <strong>de</strong> ovulação, dor <strong>de</strong> cabeça, sensibilida<strong>de</strong>nos seios, náuseas e vômitos. Depoisda relação sexual <strong>de</strong>sprotegida você tem, no máximo,três dias para checar se estava no períodofértil ou não, buscar orientação médica e adquirira pílula. São dois comprimidos: um a ser tomado<strong>de</strong> preferência nas primeiras 24 horas,quando sua eficácia é maior, seguido <strong>de</strong> outradose após 12 horas.Esta pílula não funciona como abortivo. Se a fecundaçãoainda não aconteceu, o medicamentovai dificultar o encontro do espermatozói<strong>de</strong> como óvulo. Agora, se a fecundação já tiver ocorrido,irá provocar uma <strong>de</strong>scamação do útero, impedindoa implantação do ovo fecundado. Caso18 Gestante


o ovo já esteja implantado, ou seja, já tenha iniciadoa gravi<strong>de</strong>z, a pílula não tem efeito algum.Não <strong>de</strong>vem utilizar a pílula as mulheresque:sofrem <strong>de</strong> alguma doença do sangue, algumadoença vascular, é hipertensa ouobesa mórbida. Isso porque a gran<strong>de</strong>quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hormônio po<strong>de</strong> provocarpequenos coágulos no sangue, obstruindoos vasos.Importante: o contraceptivo <strong>de</strong> emergência nãoa protege das doenças sexualmente transmissíveis.Contra elas, só mesmo a boa e conhecidacamisinha.A<strong>de</strong>sivo anticoncepcional: contém os mesmos hormôniosque a maioria das pílulas, a vantagem éque você não precisará tomar a pílula todo dia enem esquecerá. Além disso, os hormônios serãoabsorvidos diretamente pela circulação evitandoalguns efeitos adversos causados pela pílula oral.O a<strong>de</strong>sivo <strong>de</strong>verá ser colado na pele no primeirodia da menstruação e <strong>de</strong>verá ser trocado semanalmente.A cada três semanas <strong>de</strong>ve-se fazer umapausa <strong>de</strong> uma semana na sua utilização.Método mecânico:Dispositivo Intra Uterino (DIU): é um aparelhinhofeito <strong>de</strong> um plástico especial, que vem enroladopor um fio <strong>de</strong> cobre bem fino.Este aparelho é colocado através da vagina <strong>de</strong>ntrodo útero da mulher. Apenas o médico po<strong>de</strong> colocaro DIU. A época i<strong>de</strong>al para a sua colocação édurante ou logo após a menstruação, <strong>de</strong>vendo-seAnticoncepcional injetável: são indicados para asmulheres que esquecem a pílula, que não po<strong>de</strong>mtomar a pílula via oral, e para aquelas que tem <strong>de</strong>escon<strong>de</strong>r o início da vida sexual. Existe anticon-cepcional mensal e o trimestral.Estes anticoncepcionaispo<strong>de</strong>m causar retenção<strong>de</strong> líquido e o trimestralpo<strong>de</strong>rá causarausência <strong>de</strong> menstruaçãoe <strong>de</strong>mora maior ao retornoda fertilida<strong>de</strong> quandoda suspensão <strong>de</strong> seu uso.evitar relações sexuaisdurante a primeira semanaapós a colocação. ODIU tem um tempo <strong>de</strong>valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 6 a 10 anos,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo. Depois<strong>de</strong>sse tempo, ele<strong>de</strong>ve ser retirado ou trocado.Não <strong>de</strong>vem utilizar o DIU as mulheresque:estão grávidas ou com suspeita <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z;com corrimento ou DST; que têm sangramentofora do período menstrual; queapresentam sangramento abundante edores fortes durante a menstruação; quenunca tiveram filho; que já tiveram gravi<strong>de</strong>znas trompas; que tenham anemia;que tenham outras doenças.Métodos cirúrgicosPromovem a esterilização do homem ou da mulher,evitando-se <strong>de</strong>finitivamente a gravi<strong>de</strong>z.Laqueadura: é uma operação feita nas mulheres,nas trompas, para impedir o encontro doóvulo com o espermatozói<strong>de</strong>, evitando assim, agravi<strong>de</strong>z.Vasectomia: é uma operação feita no órgão genitaldo homem (canal <strong>de</strong>ferente), que impe<strong>de</strong> apassagem <strong>de</strong> espermatozói<strong>de</strong>s (células reprodutorasdo homem). O homem continua expelindoum líquido, o sêmem, que não contém os espermatozói<strong>de</strong>se, portanto, não fecunda a mulher.Após a vasectomia, o homem continua normalmente,a ter <strong>de</strong>sejo sexual, ereção e ejaculação.Agora que você jáconhece os métodos<strong>de</strong> planejamentofamiliar, basta escolhero que combina maiscom você.Procure o Posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>e exija seus direitos!Gestante 19


AçúcarINIMIGOOCULTO!Se você acha que apenaso açúcar refinado, as balas,os pirulitos e chocolates sãoos gran<strong>de</strong>s vilões da saú<strong>de</strong>,está na hora <strong>de</strong> conhecero açúcar invisível!O excesso <strong>de</strong> açúcar po<strong>de</strong> causar obesida<strong>de</strong>,aumento da pressão arterial, diabetes, ataquecardíaco e <strong>de</strong>rrame, além das cáries. Ele po<strong>de</strong>ser facilmente reconhecido em alguns alimentosque possuem o sabor doce, como nos refrigerantes,no briga<strong>de</strong>iro, no biscoito recheado. Masa indústria vem usando o açúcar em vários produtospara dar sabor, liga, consistência e conservaros alimentos. Hoje em dia, quase tudoque compramos no supermercado tem açúcar.Se você passar a observar os rótulos dos alimentos,encontrará lá o açúcar, mas fique atenta,ele po<strong>de</strong> vir com diferentes nomes: sacarose,glicose, glucose, açúcar invertido, lactose, frutose.Assim, muitas vezes não percebemos a quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> açúcar que comemos todos os dias. Aocomprar um vidro <strong>de</strong> Ketchup, um pacote <strong>de</strong> sopa,ou um biscoito salgadinho tipo chips não imaginamosque entre os ingredientes existe açúcar,mas há sim. Confira a lista dos alimentos quecontêm açúcar em sua fórmula e fique alerta!Alimentos que contêm açúcarBolachas salgadas, Massa <strong>de</strong> Pizza, Pão emgeral, Molho, massa e extrato <strong>de</strong> tomate,Caldo <strong>de</strong> galinha, <strong>de</strong> carne ou <strong>de</strong> legumes,Maionese, Molho para churrascos, molho inglêse <strong>de</strong> soja, Ketchup, Mostarda, Cereaismatinais, Ervilha e milho em conserva, Picles,Torradas salgadas, Patês, Feijão enlatado, Comidasindustrializadas, Cerveja, vinho, uísque.Dicas para consumoracional <strong>de</strong> açúcar• Aprenda a <strong>de</strong>scobrir o “açúcar invisível” presenteem alimentos industrializados• Procure aliar a ingestão <strong>de</strong> alimentos que possuemaçúcar com alimentos que contenham fibras,proteínas e gorduras, isso dificultará umarápida elevação da glicemia.• Tenha uma alimentação variada e procure fazer<strong>de</strong> 5 a 6 refeições por dia, preferindo as frutas daépoca no intervalo entre as gran<strong>de</strong>s refeições.• Diminua a adição <strong>de</strong> açúcar nos sucos, leites,sobremesas• Limite a ingestão <strong>de</strong> balas, chocolates, sorvetes,doces, biscoitos. Procure comer guloseimasem pequenas quantida<strong>de</strong>s, como sobremesa dasgran<strong>de</strong>s refeições (almoço ou jantar), mas nãotodos os dias.• Troque os refrigerantes por sucos <strong>de</strong> fruta ouágua.Obesida<strong>de</strong> - Diabetes - DoençascardiovascularesO açúcar é digerido quase que instantaneamentepelo nosso organismo, o que provoca uma rápidaelevação nos níveis <strong>de</strong> açúcar no sangue (glicemia).Esse súbito e excessivo aumento da glicose(açúcar) sanguínea <strong>de</strong>termina o aumentoda secreção <strong>de</strong> insulina, fazendo com que as taxas<strong>de</strong> glicemia baixem rápido <strong>de</strong>mais, o queabre o apetite e faz com que a pessoa coma novamente– e engor<strong>de</strong>. Se esse processo semprese repetir ao longo dos anos, haverá o risco do<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma condição chamada resistênciaà insulina, que po<strong>de</strong>rá levar ao diabetes.Por sua vez, a obesida<strong>de</strong> e o diabetesaumentam as chances <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dasdoenças cardiovasculares.20 GestanteDoenças que o açúcar po<strong>de</strong> causarCárie <strong>de</strong>ntáriaAs bactérias causadoras da cárie quando consomemaçúcar produzem ácidos e esses ácidosatacam os <strong>de</strong>ntes, fazendo com que percam minerais.Para as pessoas que comem açúcar embaixa freqüência, o próprio organismo, atravésda saliva, é capaz <strong>de</strong> repor os minerais perdidos.Mas para aqueles indivíduos que comemtoda hora açúcar, principalmente os que têmconsistência pegajosa e que grudam nos <strong>de</strong>ntes,o organismo não será capaz <strong>de</strong> dar conta!Como conseqüência haverá a formação <strong>de</strong> umamancha branca (primeiro sinal da cárie), e senada for feito e esse processo continuar, teremosa formação <strong>de</strong> uma cavida<strong>de</strong>, a cavida<strong>de</strong>da cárie.


PLACA BACTERIANAO QUE DÁ NA BOCA ?O que é isso?Dentro da nossa boca existem milhões <strong>de</strong> bactérias.Algumas <strong>de</strong>las gostam <strong>de</strong> ficar grudadasnos <strong>de</strong>ntes, formando uma massa mole. Esseaglomerado <strong>de</strong> bactérias nós chamamos <strong>de</strong>Placa Bacteriana. Quando ficamos sem escovaros <strong>de</strong>ntes por algumas horas, po<strong>de</strong>mos sentircom a própria língua uma camada diferentesobre os <strong>de</strong>ntes e se rasparmos a superfície <strong>de</strong>ntalcom um palito, por exemplo, veremos umamassa esbranquiçada. Isso é a placa bacteriana!Doenças que a placabacteriana po<strong>de</strong> causarCárieAs bactérias que causama cárie (placa bacterianacariogênica) produzemsubstâncias ácidas a partir doaçúcar que comemos.Esses ácidos atacam os <strong>de</strong>ntes,formando as cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cárie, e também eliminamoutras bactérias que nãofazem mal aos <strong>de</strong>ntes.DoençaperiodontalAs bactérias que causam adoença periodontal ficam localizadasnum espaço que existe entre o <strong>de</strong>ntee a gengiva, este espaço recebe o nome<strong>de</strong> sulco gengival. Além <strong>de</strong> provocarema inflamação da gengiva, essasbactérias fazem com que o osso quesegura o <strong>de</strong>nte na boca se perca esem sustentação o <strong>de</strong>nte fica bambo.Neste caso, além da higienizaçãorealizada em casa, é necessárioum tratamento mais complexo,que po<strong>de</strong>rá envolver raspagensradiculares atécirurgiasGengiviteAs bactérias que causama gengivite ficam localizadasbem no encontro do <strong>de</strong>nte com agengiva. Elas produzem substânciasque irritam a gengiva, gerandoinflamação. Quando isso acontece,as gengivas ficam vermelhas, inchame sangram. A gengivite po<strong>de</strong> ser tratadaatravés da realização <strong>de</strong> cuidadoscaseiros, como escovação e uso dofio <strong>de</strong>ntal, aliado à limpeza profissional.Se nenhum tratamento for realizado,a gengivite piora e entãoaparece a doençaperiodontal.O que posso fazer paraprevenir?Todos nós temos placa bacterianaporque as bactérias estãosempre presentes em nossa boca.Mas, para que possa causar doenças,ela precisa ter um certonúmero <strong>de</strong> bactérias. É aí queentra a higiene bucal! Com a escovae o fio <strong>de</strong>ntal, você conseguirábagunçar por algumas horasa placa bacteriana, ou seja,você vai <strong>de</strong>ixá-la fraca, pois ficarácom poucas bactérias para atacarseus <strong>de</strong>ntes ou gengiva.Gestante 21


O QUE DÁ NA BOCA ?HALITOSE OU MAU HÁLITOA halitose não é uma doença e sim, um sinal<strong>de</strong> que alguma coisa no nosso corpo nãovai bem, <strong>de</strong>vendo ser i<strong>de</strong>ntificada e tratada.Existem mais <strong>de</strong> 50 causas, mas na maioriadas vezes o problema está na boca, principalmentena língua. Na superfície da língua,ocorre a <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> bactérias, restos<strong>de</strong> alimentos, células, muco da saliva, quejuntas formam a saburra lingual, aquelamassa esbranquiçada ou amarelada quecobre a língua. Essas bactérias produzemsubstâncias com cheiro <strong>de</strong>sagradável, comodor <strong>de</strong> enxofre. A falta <strong>de</strong> higienização dalíngua, ficar muito tempo sem comer, terpouca saliva, tudo isso favorece a formação<strong>de</strong>ssa saburra lingual e, portanto, do mauhálito.Como saber se tenho mau hálito• Faça um auto-exame na língua, diante <strong>de</strong>um espelho, para verificar se há saburra lingual.• Pergunte a uma criança (ou alguém <strong>de</strong> suaconfiança, ex: pai, mãe) se ela sente em vocêalgum mau odor bucal (as crianças e os paisgeralmente são muito sinceros e não têmvergonha <strong>de</strong> dizer o que pensam)• Se você conhece uma pessoa que tem halitose,mas não tem coragem <strong>de</strong> lhe dizer,entre em contato com a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>responsável pela região on<strong>de</strong> mora. Ela po<strong>de</strong>rádar a notícia sem constrangimentos,além <strong>de</strong> orientação quanto à causa e ao tratamento.Causas mais comuns do mau hálitoSaburra lingual, Gengivite, DoençaPeriodontal, Cáries extensas, Xerostomia(ter pouca saliva), Amigdalite, Sinusite, Diabetes,Deficiência renal, Deficiência hepática,Obstrução intestinalDicas para acabar com a halitose• Consulte um <strong>de</strong>ntista para <strong>de</strong>scobrira causa <strong>de</strong> sua halitose. Se o problemanão estivar na boca, ele te encaminharápara a especialida<strong>de</strong> médicaa<strong>de</strong>quada.• Realize uma boa higiene bucal. Utilizeescova, fio <strong>de</strong>ntal e limpador <strong>de</strong>língua. Não se esqueça! limpar a línguaé fundamental!• Inclua alimentos fibrosos na sua dieta, elesajudam a limpar a língua e aumentam aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saliva na boca.• Tome bastante líquido• Balas e chicletes não resolvem o problema,apenas disfarçam o cheiro por poucotempo. Além disso, po<strong>de</strong>m contribuir para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cárie.22 Gestante


CUIDANDO DO BEBÊSaú<strong>de</strong> bucalSAIBA TUDO PARA DEIXARSEU BEBÊ RINDO À TOA!Cuidados básicos antes do surgimento dos <strong>de</strong>ntesConsulta odontológicaO exame clínico da boca do bebê po<strong>de</strong> serrealizado antes mesmo do nascimento dos<strong>de</strong>ntes para verificar a presença <strong>de</strong> algumaanomalia e o <strong>de</strong>senvolvimento facial. Nestaocasião, você também receberá orientaçõesimportantes sobre como cuidar da saú<strong>de</strong>bucal do seu bebê.Limpeza da bocaDeve ser realizada pelo menos uma vez aodia, com uma gaze ou <strong>de</strong><strong>de</strong>ira. Procure removeros restos <strong>de</strong> leite que ficam a<strong>de</strong>ridossobre a língua, próximo às bochechas e nocanto da boca. A estimulação da cavida<strong>de</strong>bucal vai facilitar que seu filho se acostumecom o futuro hábito <strong>de</strong> escovação.AlimentaçãoAté os primeiros seis meses <strong>de</strong> vida o leitematerno é o alimento indispensável e suficientepara o bebê, contendo todos os nutrientesnecessários ao seu crescimento. Aamamentação natural também é importantepara a saú<strong>de</strong> bucal, a sucção do seio éfundamental para estimular o <strong>de</strong>senvolvimentoa<strong>de</strong>quado da cavida<strong>de</strong> bucal e parao estabelecimento do hábito <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutir.Caso haja necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituir a amamentaçãonatural, é importante que vocênão aumente o tamanho do bico da mama<strong>de</strong>ira,pois o bebê precisa fazer força paraestimular o crescimento da maxila e mandíbula.E lembre-se: leite <strong>de</strong> vaca já contémaçúcar, não sendo necessário acrescentaraçúcar refinado.O açúcar também não <strong>de</strong>ve ser acrescentadoà água, chás e sucos <strong>de</strong> frutas.ChupetaSe a chupeta for usada freqüentemente e/ou por um período prolongado po<strong>de</strong>rá causaruma série <strong>de</strong> problemas ao seu bebêcomo o mau posicionamento <strong>de</strong>ntário, <strong>de</strong>formaçãodos maxilares e alterações na <strong>de</strong>glutição,fala e respiração. Assim, ela não<strong>de</strong>ve ser oferecida a qualquer sinal <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto,para acalmar o choro provocadopor outros fatores, e também não <strong>de</strong>ve serabandonada com a criança, pren<strong>de</strong>ndo-aem sua roupa. A chupeta po<strong>de</strong> ser usadaquando a amamentação não for suficientepara acabar com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sugar dobebê, ou seja, quando se retira o peito, elecontinua fazendo o movimento <strong>de</strong> sucção.Nestes casos, a mãe <strong>de</strong>verá estimular a sucçãocolocando a chupeta lentamente emcontato com o contorno dos lábios do bebêe com toques leves, para que o bico sejaume<strong>de</strong>cido e haja estímulo para o reflexo.O bebê, então, começará a sugar e a mãe<strong>de</strong>verá segurar a chupeta e puxá-la com movimentosleves para trás, como se fosse pararetirá-la da boca, estimulando a sucção. Aorealizar esses exercícios várias vezes, o <strong>de</strong>sejodo bebê <strong>de</strong> sugar irá sumir e ele largaráa chupeta.Importante: a chupeta nunca <strong>de</strong>ve sermergulhada em substâncias doces, para evitara instalação da doença cárie.Gestante 23


CUIDANDO DO BEBÊCuidados básicos após o surgimento dos <strong>de</strong>ntesConsulta odontológicaAssim que surgir o primeiro <strong>de</strong>ntinho, <strong>de</strong>veseretornar ao <strong>de</strong>ntista para que se faça umanova avaliação e para aplicação <strong>de</strong> flúor. Seo seu bebê ainda não tiver consultado como <strong>de</strong>ntista, não espere mais tempo, procureum serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal. Quanto antes aprevenção se iniciar, maiores serão as chances<strong>de</strong> se evitar a cárie.Limpeza da bocaDeve ser realizada após as refeições e antesda criança dormir, com uma escova <strong>de</strong> cabeçapequena e cerdas macias. Pasta <strong>de</strong><strong>de</strong>ntes com flúor só <strong>de</strong>ve ser usada <strong>de</strong>poisque a criança apren<strong>de</strong>r a cuspir, para quenão haja o risco <strong>de</strong> ingerir o produto. O fio<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>verá ser usado quando não houverespaço entre um <strong>de</strong>nte e outro, ou seja,quando estiverem juntinhos.reduzidas e a amamentação noturna eliminada.O leite materno e o leite <strong>de</strong> vaca contêmaçúcar, po<strong>de</strong>ndo causar cárie se ficarem contato prolongado com os <strong>de</strong>ntes, comono caso da amamentação noturna sem limpezada cavida<strong>de</strong> bucal. Po<strong>de</strong>rá ocorrer entãoa cárie <strong>de</strong> mama<strong>de</strong>ira, uma doença <strong>de</strong>evolução rápida, dolorosa e que po<strong>de</strong> levarà perda precoce dos <strong>de</strong>ntes. Caso use mama<strong>de</strong>ira,esta <strong>de</strong>verá ser substituída por copos.AlimentaçãoÉpoca <strong>de</strong> introduzir novos alimentos na dietado seu filho como legumes, verduras, carne,ovos. As mamadas <strong>de</strong>vem começar a ser24 Gestante


CulináriaBeterrabaA beterraba é uma raiz que aparece emduas colorações: branca, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se extraio açúcar; e vermelha, que é utilizadana alimentação. É rica em vitaminase minerais, contendo folato (importantepara o a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>senvolvimento fetal),potássio, manganês, fibras, anti-oxidantese vitamina C. As folhas <strong>de</strong> beterrabatambém são muito nutritivas e não <strong>de</strong>vemser postas <strong>de</strong> lado quando se preparaa raiz. Elas contêm cálcio, betacaroteno,ferro e vitamina A.É Bom Para:Esta hortaliça é recomendada para anêmicospor sua riqueza em Ferro; paragestantes por conter ácido fólico, potássioe ferro e para quem tem constipaçãointestinal <strong>de</strong>vido ao seu efeito laxante.Como escolher e preparar:Ao comprar, escolha beterrabas <strong>de</strong> corbem concentrada, tamanho médio e comas folhas ainda presas. A casca <strong>de</strong>ve serlisa, sem rachaduras e as folhas brilhantes,sinal <strong>de</strong> que o legume está fresco. Araiz po<strong>de</strong> ser servida crua e ralada oupo<strong>de</strong> ser cozida. Ao cozinhar <strong>de</strong>ve-se teralguns cuidados como <strong>de</strong>ixar 3cm <strong>de</strong> taloe não cortar sua parte terminal para quenão haja perda <strong>de</strong> líquido e não removera casca para que a maior parte dosnutrientes e a cor permaneçam. As folhaspo<strong>de</strong>m ser cozidas e servidas comoespinafre.Almôn<strong>de</strong>ga <strong>de</strong> beterrabaIngredientes300 g <strong>de</strong> carne moída1 beterraba média ralada (100g)1 clara (40g)4 colheres (sopa) <strong>de</strong> aveia (60g)Modo <strong>de</strong> fazer:Misture a carne moída com a beterraba,a clara e a aveia. Faça asbolas e vá colocando numa panelacom molho <strong>de</strong> tomate. Tampe e<strong>de</strong>ixe cozinhar, adicionando águase necessário.Suco <strong>de</strong>beterraba,cenoura, laranjaIngredientes04 laranjas01 beterraba01 cenouraAçúcar e gelo a gostoModo <strong>de</strong> fazerDescasque a cenoura e a beterrabae pique em cubinhos. Espremaas laranjas. Junte o suco, a cenourae a beterraba e o açúcar e batatudo no liquidificador. Coe e sirvageladoGestante 25


Referências BibliográficasBEZERRA, A.C.B.; TOLEDO, O.A. Nutrição, dieta e cárie. In: KRIGER, L. Promoção<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal- ABOPREV. 2ª. ed. São Paulo: ARTES MÉDICAS, 1999.cap. 3, p. 45-63.BRASIL, Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Área Técnica <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> da Mulher.Assistência em Planejamento Familiar: Manual Técnico/Secretaria<strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Área Técnica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Mulher – 4aedição – Brasília: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2002BUISCH, Y.P.; AXELSSON, P. Controle Macânico da Placa Dental Realizado peloPaciente. In: KRIGER, L. Promoção <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Bucal- ABOPREV. 2ª. ed. SãoPaulo: ARTES MÉDICAS, 1999. cap. 6, p. 115-126.http://www.uai.com.br/bebe2000/http://portal1.pbh.gov.br/pbh/in<strong>de</strong>x.htmlhttp://www.sau<strong>de</strong>lar.comLIMA, K.C.; NEVES, A.A.; SANCHEZ, A.L.S.F.; VALENTE, A.G.L.; MARSIAJ, G.;CASTRO, R.A.L. et al. Relevância clínica do conceito <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> dacárie <strong>de</strong>ntal. JBP-Jornal Brasileiro <strong>de</strong> Odontopediatria & Odontologiado Bebê, v.5, n.24, p.113-118, 2002.MEDEIROS, U.V. Atenção odontológica para bebês. Revista Paulista <strong>de</strong> Odontologia,n. 6, p. 18-27, nov/<strong>de</strong>z, 1993.MODESTO,A. Determinação do risco à doença cárie e da periodicida<strong>de</strong> dasconsultas <strong>de</strong> manutenção em crianças <strong>de</strong> 0 a 36 meses. JBP-Jornal Brasileiro<strong>de</strong> Odontopediatria & Odontologia do Bebê, v.1, n.3, p.41-42, 1998.SALVADOR, E.; cicco A. Clasificación <strong>de</strong> la halitosis. Acta OdontológicaVenezolana,v. 40, N.2, p.181-184,2002.SCAVUZZI, A.I.F.; ROCHA, M.C.B.S. Atenção odontológica na gravi<strong>de</strong>z. Revistada faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> odontologia da UFBA, v. 18, p. 46-52, jan/jun, 1999.


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5. CONSIDERAÇÕES FINAISA educação em saú<strong>de</strong> há muito tem sido usada como uma forma <strong>de</strong> informar pararesponsabilizar e, assim, obter o comportamento para a saú<strong>de</strong> preconizado pelo discursobiomédico. Utilizada <strong>de</strong>ssa forma, promove o mascaramento dos <strong>de</strong>terminantes sóciopolitico-econômicosque influenciam a conduta humana e o mascaramento daresponsabilização múltipla pelas condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população. Ao ignorarem os<strong>de</strong>terminantes estruturais e que não existe, necessariamente, uma relação <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> entrea informação e a ação, estes programas educativos tem falhado em sua proposição e mesmonos casos em que conseguem promover alguma alteração comportamental, esta não apresentaum efeito duradouro, havendo o retorno ao comportamento inicial, anterior à intervenção. Oque se consegue é criar no imaginário popular a concepção <strong>de</strong> responsabilização individual ea culpa <strong>de</strong>corrente do insucesso em adotar o estilo <strong>de</strong> vida prescrito. Através da análise daspercepções das entrevistadas sobre promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e prevenção <strong>de</strong> doenças, foi possívelobservar que até existe uma percepção sobre as barreiras existentes para a a<strong>de</strong>são às medidasrecomendadas, mas a concepção <strong>de</strong> responsabilização individual está tão impregnada nestapopulação que estas são minimizadas pela noção <strong>de</strong> que o fator <strong>de</strong>terminante para a realizaçãodo cuidado é a força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>.Com relação às práticas em saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stinadas às gestantes, a questão da culpabilizaçãose torna mais forte, pois a responsabilida<strong>de</strong> agora aumenta, não é mais com a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>laprópria, mas com a <strong>de</strong> um outro ser que vem ao mundo <strong>de</strong>vido ao seu <strong>de</strong>sejo ou <strong>de</strong>scuido. Amulher é fortemente cobrada pela socieda<strong>de</strong> no cumprimento <strong>de</strong> seu papel <strong>de</strong> mãe, sendocolocado para ela o sacrifício, a renúncia em favor da criança. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> materna assim<strong>de</strong>lineada favorece a a<strong>de</strong>são das mulheres grávidas aos cuidados recomendados pelosprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, produzindo uma ilusão <strong>de</strong> que as ativida<strong>de</strong>s educativas durante operíodo gravídico são mais efetivas. Ilusão porque geralmente o que ocorre é oestabelecimento <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> contrato provisório <strong>de</strong> nove meses, após o parto a mulherse liberta e po<strong>de</strong> voltar aos seus hábitos anteriores. Uma mudança <strong>de</strong> comportamentoduradoura é mais difícil <strong>de</strong> ser observada, a não ser nos casos em que se vivencia o ápice daculpa pela concretização da associação entre comportamento materno e problemas à saú<strong>de</strong> dobebê.Contudo, em relação aos cuidados com a saú<strong>de</strong> bucal a lógica é diferente, não sepercebe favorecimento à saú<strong>de</strong> do bebê, só a possibilida<strong>de</strong> da culpa que o temido tratamentoodontológico po<strong>de</strong> trazer. O medo da anestesia causar má-formação fetal, a exodontia quepo<strong>de</strong> causar muita perda <strong>de</strong> sangue, o tratamento <strong>de</strong> canal que mexe muito nos nervos. Aatenção odontológica durante a gravi<strong>de</strong>z é representada como uma situação aterrorizante, o81


que, muitas vezes, é reforçado pelo próprio cirurgião-<strong>de</strong>ntista. Mas não é só a crença <strong>de</strong> que otratamento odontológico po<strong>de</strong> causar prejuízo ao bebê que afasta as gestantes da visita ao<strong>de</strong>ntista. Antes <strong>de</strong> serem gestantes, as entrevistadas são mulheres e já possuem uma vivência<strong>de</strong> afastamento dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> bucal, a gravi<strong>de</strong>z funciona apenas como umcomplicador e, porque não, um pretexto socialmente aceito. Vários fatores, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> osestruturais, até os cognitivos, favorecem o comportamento <strong>de</strong> procura por atendimentoodontológico apenas para a resolução <strong>de</strong> algum problema. Há falta <strong>de</strong> percepção <strong>de</strong>suscetibilida<strong>de</strong> às doenças bucais, dos benefícios das medidas preventivas, <strong>de</strong> recursosfinanceiros, medo, falta <strong>de</strong> confiança no serviço público, dificulda<strong>de</strong> em conseguiratendimento no serviço público, a sobrecarga proveniente da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprir os váriospapéis sociais que lhes são exigidos.Dessa forma, o que verificamos foi a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reformulação das estratégias <strong>de</strong>ação empregadas, <strong>de</strong>senvolvendo-se abordagens mais amplas e integrais, em que haja aarticulação entre sujeito/coletivo, público/privado, Estado/socieda<strong>de</strong>, clínica/política, setorsanitário/outros setores para a criação <strong>de</strong> ambientes saudáveis. O comportamento para a saú<strong>de</strong>não é obtido apenas através <strong>de</strong> ganhos cognitivos e a educação em saú<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> mais servista como a solução para a melhoria das condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população através daresponsabilização individual. É preciso mudar as circunstâncias para que as opçõesconsi<strong>de</strong>radas saudáveis sejam as mais fáceis <strong>de</strong> serem escolhidas.No caso específico das políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stinadas às gestantes é preciso que seestabeleçam novas abordagens <strong>de</strong> modo que a mulher não seja concebida apenas como mãenutriz - um corpo para o <strong>de</strong>senvolvimento da criança - responsável pelo êxito da concepção eculpada pelos agravos que possam surgir durante esse percurso. É necessário um olhar maisabrangente, no qual a mulher seja percebida em toda sua integralida<strong>de</strong> e como um ser quetambém precisa <strong>de</strong> cuidados e apoio, propiciando um acolhimento as suas ansieda<strong>de</strong>s, queixase temores, minimizando os sentimentos <strong>de</strong> culpa socialmente construídos.82


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7. ANEXOSAnexo IRoteiro para entrevista semi-estruturada – Gestantes Ida<strong>de</strong> Escolarida<strong>de</strong> Ocupação Número <strong>de</strong> filhos Tempo <strong>de</strong> gestação Significado da gestação. Transformações <strong>de</strong>correntes da gravi<strong>de</strong>z Percepção sobre o processo saú<strong>de</strong>-doença-cuidado Percepção sobre o processo saú<strong>de</strong>-doença-cuidado bucal Percepção sobre atenção odontológica durante a gravi<strong>de</strong>z Percepção sobre promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e prevenção <strong>de</strong> doenças92


Anexo IITermo <strong>de</strong> consentimento Livre e esclarecidoVocê está sendo convidada a participar <strong>de</strong> um estudo que será realizada pelo <strong>Centro</strong> <strong>de</strong><strong>Pesquisa</strong> René Rachou (CPqRR)/ FIOCRUZ. Essa pesquisa tem como objetivo olevantamento <strong>de</strong> suas opiniões, crenças e saberes em relação à saú<strong>de</strong> e doença, gravi<strong>de</strong>z eatendimento odontológico.Salientamos que sua participação é voluntária e será importante para conhecermosmelhor as gestantes <strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong> e assim po<strong>de</strong>rmos elaborar ações educativas em saú<strong>de</strong>bucal que melhor atendam às suas necessida<strong>de</strong>s. Não há qualquer tipo <strong>de</strong> risco relacionado àsua saú<strong>de</strong>, visto que a pesquisa se dará por meio <strong>de</strong> entrevista, a qual você po<strong>de</strong>rá respon<strong>de</strong>rlivremente. A entrevista será gravada. Os dados obtidos através <strong>de</strong> suas respostas serãotrabalhados apenas pelo pesquisador, e po<strong>de</strong>rão se tornar públicos em revistas científicas, semque haja i<strong>de</strong>ntificação individual; o seu nome não aparecerá em nenhuma ocasião da pesquisa.Você po<strong>de</strong>rá pedir esclarecimentos ou se retirar do estudo em qualquer fase, sem que issoimplique em qualquer dano, custo ou penalização a sua pessoa.Antes <strong>de</strong> assinar este termo, você <strong>de</strong>ve informar-se plenamente sobre o mesmo,esclarecendo todas as suas dúvidas. Se você for menor <strong>de</strong> 18 anos, pedimos que este termoseja lido e assinado por seu responsável, para que autorize sua participação.DECLARAÇÃODeclaro estar ciente do inteiro teor do Termo <strong>de</strong> Consentimento para participação doestudo intitulado Educação em Saú<strong>de</strong> Bucal para Gestantes: Construção e Multiplicação <strong>de</strong>Saberes, <strong>de</strong>cidindo-me a participar da investigação proposta <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter formuladoperguntas e <strong>de</strong> receber respostas satisfatórias a todas elas, e ciente <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>rei voltar afaze-las a qualquer tempo ou me retirar do estudo se assim for o meu <strong>de</strong>sejo.Belo Horizonte, <strong>de</strong> <strong>de</strong> 2007.Assinatura do voluntário:________________________________________________Assinatura do responsável:_______________________________________________Celina Maria Mo<strong>de</strong>na (pesquisadora/psicóloga ):_____________________________Virgínia Torres Schall (pesquisadora):______________________________________Taís Rocha Figueira (pesquisadora):________________________________________Contato: Laboratório <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong>, Av. Augusto <strong>de</strong> Lima, 1715, Barro Preto, BeloHorizonte – MG, telefone (31) 3349-7741, horário: 9 às 12hs e 14 às 17hs, e-mail:taisfigueira@cpqrr.fiocruz.brComitê <strong>de</strong> ética em pesquisa/SMSA: Av. Afonso Pena 2336, 9º andar, telefone 3277-8222.93


Anexo IIIAutorização <strong>de</strong> Uso <strong>de</strong> ImagemAntes <strong>de</strong> assinar este termo, você <strong>de</strong>ve informar-se plenamente sobre o mesmo, não hesitandoem formular perguntas sobre qualquer aspecto que julgar conveniente esclarecer.Eu, _____________________________________, venho pela presente, autorizar, a utilização<strong>de</strong> minha imagem no projeto Educação em saú<strong>de</strong> bucal para gestantes: construção emultiplicação <strong>de</strong> saberes, que é uma pesquisa do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> René Rachou –FIOCRUZ. Esta utilização estará restrita à publicação ou edições <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o relacionadas àpesquisa, sendo <strong>de</strong> caráter acadêmico e/ou educativo.Concordo que o <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> René Rachou – FIOCRUZ está habilitado a usar aminha imagem no projeto, bem como nos materiais promocionais do mesmo, incluindo odireito <strong>de</strong> cópia sem limitação do número <strong>de</strong> edições.Por se tratar <strong>de</strong> um trabalho sem fins comerciais, estou <strong>de</strong> acoprdo que todo materialresultante do projeto Educação em saú<strong>de</strong> bucal para gestantes: construção e multiplicação <strong>de</strong>saberes, <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> René Rachou – FIOCRUZ, incluindo suascópias, não produzirá qualquer forma <strong>de</strong> pagamento ou reembolso em meu benefício.Também estou <strong>de</strong> acordo que o <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> René Rachou – FIOCRUZ não seobriga a usar a imagem ora cedida na pesquisa caso não seja necessário, ficando esta questãoà escolha do autorizado.Belo Horizonte, <strong>de</strong> <strong>de</strong> 200__.Assinatura do voluntário94

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