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revista observatorio do redd_CS5.indd - Observatório do REDD

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O Fun<strong>do</strong> Amazônia tem de atendercomunidades e pequenas organizaçõesPor: Oswal<strong>do</strong> Braga de Souza, Jornalista <strong>do</strong> Instituto Socioambiental (ISA) e De Olho no Fun<strong>do</strong> AmazôniaFoi unânime o diagnóstico feito na oficina realizada emoutubro, em Brasília-DF, com representantes da sociedadecivil e movimentos sociais sobre o Fun<strong>do</strong> Amazônia: os procedimentos<strong>do</strong> Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES) tornam impossível o acesso de pequenasorganizações e comunidades ao fun<strong>do</strong>, cria<strong>do</strong> em 2008pelo governo e geri<strong>do</strong> pelo banco para captar recursos de<strong>do</strong>ações e investi-los em prevenção, monitoramento e combateao desmatamento, conservação e uso sustentável dabiodiversidade.O evento apresentou análises e relatos de organizaçõesque monitoram as operações <strong>do</strong> BNDES ou negociaramprojetos com o fun<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com essas instituições, oprocesso de avaliação de propostas <strong>do</strong> banco é semelhanteàquele usa<strong>do</strong> para financiar grandes empresas. O resulta<strong>do</strong>é que até agora apenas grandes ONGs e órgãos públicos,com boa assessoria técnica, conseguiram aprovar projetos.O custo administrativo para elaborar e negociar projetos foiaponta<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>s principais obstáculos para acessaros recursos.Ao final <strong>do</strong> evento, foram elaboradasrecomendações que serãoencaminhadas ao Conselho Orienta<strong>do</strong>r(COFA) <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> pela representaçãoda sociedade civil. Paraos participantes, o banco precisaser mais transparente e diminuir asexigências burocráticas para a assinaturade contratos. O grupo forma<strong>do</strong>durante a reunião para discutirformas de facilitar o acesso de pequenas organizaçõespropôs a diminuição <strong>do</strong> número de etapas na avaliação <strong>do</strong>sprojetos. Outra proposta foi criar fun<strong>do</strong>s de pequenas iniciativasque possam descentralizar a distribuição de recursos.Organizações e redes que participaram <strong>do</strong> evento pretendembuscar outros fóruns e interlocutores dentro <strong>do</strong> governopara discutir alterações nos procedimentos <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>.Cerca de 70 pessoas estiveram na reunião, entre representantesde ONGs ambientalistas, <strong>do</strong> Grupo de TrabalhoAmazônico (GTA), Coordenação das Organizações Indígenasda Amazônia Brasileira (COIAB), Conselho Nacional dePopulações Extrativistas (CNS) e Confederação Nacional deTrabalha<strong>do</strong>res na Agricultura (CONTAG). O evento foi organiza<strong>do</strong>pelo ISA, GTA e WWF, com apoio dessas redes e <strong>do</strong>Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).ExclusãoA Oficina foi de fundamental importância, poisagregou conhecimento <strong>do</strong> que é <strong>REDD</strong> e decomo funciona to<strong>do</strong> o sistema <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Amazônia.Considero muito importante atender asbases, como está sen<strong>do</strong> feito pelo Observatório<strong>do</strong> <strong>REDD</strong>, embora essa seja também uma obrigação<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> desenvolver políticas públicas.Adenilde de Almeida, Membro <strong>do</strong> Conselho Fiscal <strong>do</strong> GTA“A discussão foi importante para esclarecer dúvidas eapontar alternativas para aprimorar o tratamento <strong>do</strong> BN-DES ao público que deve ser beneficia<strong>do</strong> pelo fun<strong>do</strong>”, disseAdriana Ramos, secretaria executiva adjunta <strong>do</strong> ISA e representanteda sociedade civil no COFA pelo Fórum Brasileirode ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambientee Desenvolvimento (FBOMS). Ela explicou que as recomendaçõesfeitas durante a reunião estão sen<strong>do</strong> encaminhadasao conselho com o objetivo de se definir uma agenda dedebates sobre esses temas.“A análise de propostas feita pelo fun<strong>do</strong> é muito maiscontábil e financeira <strong>do</strong> que conceitual. Em certo nível, osprojetos não estão sen<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s por seu mérito”, criticouOsval<strong>do</strong> Stela, coordena<strong>do</strong>r de projetos <strong>do</strong> IPAM. A organizaçãonegocia há quase <strong>do</strong>is anos financiamento parauma iniciativa e, segun<strong>do</strong> Stela, já gastou pelo menos R$ 15mil para elaborá-la e discuti-la com a equipe <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>. “Setodas essas exigências feitas na avaliação estivessem conseguin<strong>do</strong>levar o dinheiro até as comunidades, eu concordaria.Mas têm servi<strong>do</strong> para beneficiar quem tem recursosexcedentes e excluir quem não tem financiamento externoe estrutura.”Os participantes destacaram anecessidade desses custos administrativosde elaboração e gestão <strong>do</strong>sprojetos serem cobertos pelo Fun<strong>do</strong>Amazônia. Outra proposta feita nareunião foi instituir uma linha de financiamentopara fortalecimento institucionaldas organizações, para treinarseus funcionários e capacitá-los.“Deveríamos avaliar a compatibilizaçãoda atuação <strong>do</strong> Poder Públicocom os objetivos <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Amazônia. Isso é a referência paraanalisar sua eficácia. A política de desenvolvimento vigentehoje para a Amazônia está devastan<strong>do</strong> a região”, ponderouMateus Otterloo, representante <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Dema. De acor<strong>do</strong>com ele, o número e o tipo de qualificação <strong>do</strong>s funcionários<strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Amazônia são claramente insuficientes.Repetidas falas durante a reunião lembraram que oBNDES é hoje o principal financia<strong>do</strong>r de grandes projetosde infraestrutura, mineração e agropecuária na Amazônia,considera<strong>do</strong>s promotores <strong>do</strong> desmatamento e concentra<strong>do</strong>resde renda. Para a maioria <strong>do</strong>s participantes, o bancoprecisa mudar sua estratégia para a região ou o Fun<strong>do</strong>Amazônia acabará servin<strong>do</strong> para tentar mitigar os impactosque os próprios investimentos <strong>do</strong> BNDES provocam. Umanova estratégia para a região deveria prever a avaliação<strong>do</strong>s impactos conjuntos, negativos e positivos, <strong>do</strong>s projetosfinancia<strong>do</strong>s pelo banco, incluin<strong>do</strong> aqueles custea<strong>do</strong>s peloFun<strong>do</strong> Amazônia, de mo<strong>do</strong> a aferir se ele de fato cumprecom seu objetivo: combater o desmatamento e estimular odesenvolvimento sustentável.13

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