Antonio Donizeti <strong>da</strong> Cruzrespeito <strong>da</strong>s transformações que ocorrem com os imigrantes, o crítico afirma:O imigrante, num espaço de tempo extraordinariamentecurto, deixou de se sentir imigrante para se amol<strong>da</strong>r porcompleto à nova terra, <strong>da</strong> mesma forma por que a amol<strong>da</strong>vaaos seus <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ios hábitos, experiências, tradições. Nesseparticular, os homens norte-europeus e por 'simpatia', os deoutras etnias, demonstraram no clima temperado do Paranáa mesma plastici<strong>da</strong>de admirável que o sr. Gilberto Freyreverificou nos portugueses 'lançados' em zonas tropicais(MARTINS, 1989, p. 6. Grifos do autor).Os imigrantes ucranianos a<strong>da</strong>ptaram-se à nova terra, integrando-se navi<strong>da</strong> do país. Os ucranianos e seus descendentes se destacam pelas suas diversasmanifestações <strong>da</strong> cultura, <strong>da</strong> religiosi<strong>da</strong>de, do folclore, como as <strong>da</strong>nças, ascanções e outras, solidificando a cultura paranaense. Conforme OksanaBoruszenko,Constituindo uma parcela do pluralismo cultural quecaracteriza os países americanos, os ucranianos im<strong>pr</strong>imemsão ao Paraná e, so<strong>br</strong>etudo a Curitiba, um certo coloridopeculiar, através <strong>da</strong>s suas igrejas de cúpulas bizantinas, dosseus ritmos e melodias, através do estilo e cores nosbor<strong>da</strong>dos artesanais, nos trajes de festas, nos ovos de Páscoae nas demais manifestações de ordem folclórica, queenriquecem a cultura local (BORUSZENKO, 1981, p. 26).No Paraná, uma <strong>da</strong>s tradições que persiste entre os imigrantesucranianos é a dos festejos de Páscoa. Uma <strong>da</strong>s singulari<strong>da</strong>des especiais <strong>da</strong>Páscoa ucraniana são as pessankas, os ovos coloridos, pintados à mão, umtrabalho artesanal, que passou a ter um caráter peculiar e bem destacado no ramo<strong>da</strong> arte popular. Oksana Boruszenko, ao referir-se a essa arte e tradição populardos imigrantes ucranianos, declara:34A pessanka é to<strong>da</strong> desenha<strong>da</strong> à mão, donde vem o seu nome.Elas são ofereci<strong>da</strong>s na manhã de Páscoa, como <strong>pr</strong>esente aosamigos, com o tradicional cum<strong>pr</strong>imento “Krestós Voskrés”(Cristo Ressuscitou), cuja resposta é “Voístenu Voskrés”(em ver<strong>da</strong>de Ressuscitou). Ca<strong>da</strong> <strong>pr</strong>ovíncia, ca<strong>da</strong> vila, emesmo ca<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de na Ucrânia, tem os seus <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>iossímbolos, significados e fórmulas, para a confecção destaspessankas, que são cui<strong>da</strong>dosamente guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s e passam demães para filhas, através <strong>da</strong>s gerações (BORUSZENKO,1981, p. 23. Grifos <strong>da</strong> autora).
<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>A contribuição que os imigrantes ucranianos deram ao setor econômicono Paraná foi relevante. Cerca de 80% deles, estabelecidos no Paraná,dedicaram-se à lavoura, destacando-se como plantadores tradicionais do trigo.Foram os <strong>pr</strong>imeiros a implantar a pequena indústria de moagem, iniciando ocooperativismo e tomando parte no transporte dos <strong>pr</strong>odutos agrícolas e outrasmercadorias, na <strong>pr</strong>imeira metade deste século. Uma pequena parte dosimigrantes destacaram-se a setores de ativi<strong>da</strong>des nas indústrias, comoem<strong>pr</strong>esários ou operários, so<strong>br</strong>etudo na fa<strong>br</strong>icação de móveis. Alguns delestornaram-se técnicos especializados: mecânicos ou <strong>pr</strong>ofissionais liberais.Nessas perspectivas, Oksana Boruszenko salienta:Os ucranianos ocuparam largo setor de ativi<strong>da</strong>desagrícolas, na vi<strong>da</strong> paranaense, não só nas áreas de suacolonização inicial, como também em novas frentespioneiras. As comuni<strong>da</strong>des agrárias, mesmo, os ucranianosque vivem nas ci<strong>da</strong>des, conservam muito do estilo <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>iode vi<strong>da</strong>, seus costumes e tradições, nota<strong>da</strong>mente a língua. Eisso se reflete tanto na vi<strong>da</strong> religiosa, como na social, dosimigrantes ucranianos no Paraná, onde eles constituem umauni<strong>da</strong>de cultural, que integra o mosaico étnico do Estado(BORUSZENKO, 1981, p. 5)No Estado, há muitos expoentes nas artes e nas ciências. Nas artes,destacam-se: <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>, na literatura, e Miguel Bakun, na pintura; nasciências, Serafim Voloschen, na engenharia, Igor Chmvytz, na arqueologia eAfonso Antoniuk, na neurocirurgia. A contribuição de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> ésignificativa à cultura paranaense, como <strong>pr</strong>ofessora e inspetora de ensino e comopoeta, através de sua voz lírica.1.3 Imigração dos avós e pais de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>Os pais de <strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong> chamavam-se Miguel e Victória <strong>Kolody</strong>,imigrantes ucranianos que se conheceram no Paraná. Miguel <strong>Kolody</strong> nasceu noano de 1881, na Galícia Oriental, Ucrânia. Veio para o Brasil em 1894, ain<strong>da</strong>criança, com sua mãe e irmãos, fugindo <strong>da</strong> grande epidemia de cólera queassolou seu país em 1893, vitimando seu pai e uma tia. Victória também nasceuna Galícia Oriental, em 1892, e veio para o Brasil em 1911, com seus pais.José Szandrowsky, pai de Victória, era um homem informado so<strong>br</strong>e asituação européia e, <strong>pr</strong>essentindo a Guerra, decidiu sair de sua terra natal, YuriJan-Paul, em busca de melhores condições de vi<strong>da</strong>. Ele e sua família radicaram-35
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHelena
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ATEM, Reinoldo. Panorama da poesia
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