Antonio Donizeti <strong>da</strong> CruzA partir de 1870, intensifica-se a formação dessas colônias em todo oEstado, sendo Curitiba o centro dessa imigração, atraindo populações <strong>da</strong>s maisdiversas origens, <strong>pr</strong>edominando a alemã, a polonesa, a ucraniana, a russa, aitaliana. A <strong>pr</strong>esença de numerosos grupos étnicos e <strong>da</strong>s mais diversas<strong>pr</strong>ocedências levou o Estado do Paraná a características diferentes de outrosEstados. No Paraná, segundo Valdomiro Burko, "o elemento estrangeiro<strong>pr</strong>eponderante foi o eslavo, so<strong>br</strong>etudo o polonês e o ucraniano" (1963, p. 46). OParaná é um território que, do ponto de vista sociológico, acrescentou ao Brasiluma nova dimensão: a de uma civilização original. Wilson Martins, ao referir-seà construção <strong>da</strong> história paranaense afirma:A história paranaense é a de uma construção modesta esóli<strong>da</strong> e tão <strong>pr</strong>ofun<strong>da</strong>mente <strong>br</strong>asileira que pôde, sem alardesimpor o <strong>pr</strong>edomínio de uma ideia nacional a tantas culturasantagônicas. E que pôde, so<strong>br</strong>etudo, numa experiênciamagnífica, harmonizá-las entre si, num exemplo defraterni<strong>da</strong>de humana a que não ascendeu a <strong>pr</strong>ó<strong>pr</strong>ia Europa,de onde elas vieram. (MARTINS, 1989, p. 446).Para Ruy C. Wachowicz (1988), "<strong>pr</strong>ovavelmente, o Paraná é o maior'laboratório étnico' do Brasil". No dizer do autor, esses imigrantes re<strong>pr</strong>esentadospelas novas gerações <strong>pr</strong>aticamente integraram-se à socie<strong>da</strong>de <strong>br</strong>asileira, unsmais, outros menos, todos porém <strong>da</strong>ndo sua contribuição para a transformação<strong>da</strong> cultura original luso-<strong>br</strong>asileira (WACHOWICZ, 1988, p. 151).A imigração ucraniana no Paraná deu-se em três etapas, motiva<strong>da</strong> porcircunstâncias diversas ocorri<strong>da</strong>s na Ucrânia. A <strong>pr</strong>imeira etapa ocorreu no finaldo século XIX, quando lavradores de Galícia e Bucovina, sob o domínio <strong>da</strong>Áustria, com <strong>pr</strong>oblemas de superpopulação, fraca industrialização e máscondições econômicas <strong>pr</strong>ocuram outros países, dentre os quais o Brasil e,<strong>pr</strong>incipalmente, o Estado do Paraná. A segun<strong>da</strong> etapa de imigrantes foi emdecorrência <strong>da</strong> Primeira Grande Guerra quando, em 1923, foi reconheci<strong>da</strong> asoberania <strong>da</strong> Polônia so<strong>br</strong>e o território ucraniano. A terceira etapa aconteceuapós a Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial, quando mais de 200 mil ucranianosdeslocaram-se para vários países e parte deles, vieram ao Paraná.Os <strong>pr</strong>imeiros imigrantes ucranianos no Paraná teriam sido oito famílias,<strong>pr</strong>ovenientes <strong>da</strong> Galícia Oriental e localiza<strong>da</strong>s na colônia Santa Bárbara, entrePalmeiras e Ponta Grossa, no ano de 1891. Mas, as maiores levas de imigrantesucranianos que vieram ao Paraná ocorreram no período de 1895 a 1897, quandochegaram cerca de 20 mil imigrantes. Em 1895, os imigrantes seguiram para os32
<strong>Helena</strong> <strong>Kolody</strong>: a <strong>poesia</strong> <strong>da</strong> <strong>inquietação</strong>arredores de Curitiba; em 1896 e 1897, dirigiram-se para Prudentópolis eMarechal Mallet. No início do século atual, o grupo ucraniano no Paraná perfaziaum total de mil pessoas, segundo <strong>da</strong>dos de Burko.Entre 1908 a 1914, novos imigrantes ucranianos, vindos <strong>da</strong> Galícia,chegam ao Paraná, motivados pela acolhi<strong>da</strong> <strong>br</strong>asileira, para trabalharem naconstrução <strong>da</strong> Estra<strong>da</strong> de Ferro São Paulo - Rio Grande do Sul. Vendo aoportuni<strong>da</strong>de de trabalho, milhares deles deixaram o seu país, transferindo-separa o Paraná (BURKO, 1963, p. 49).Dessa forma, a imigração ucraniana até o início <strong>da</strong> Primeira GuerraMundial eleva-se a 45 mil pessoas. Após a Guerra, ocorre um declínio naimigração. O número de imigrantes após a Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial nãoultrapassa a 9 mil pessoas. A partir de 1947 até 1951, mais de 7 mil imigrantesucranianos foram registrados nos portos <strong>br</strong>asileiros. Na época, percebe-se a<strong>pr</strong>esença de muitos intelectuais. Assim, registra-se, pois, a vin<strong>da</strong> dea<strong>pr</strong>oxima<strong>da</strong>mente 60 mil imigrantes ucranianos que, com seus descendentesnascidos no Brasil perfazem uma etnia de 120 mil pessoas, <strong>da</strong>s quais, 100 milencontram-se no Estado do Paraná (BURKO, 1963, p. 50).A maioria dos <strong>pr</strong>imeiros imigrantes que vieram ao Paraná foramencaminhados às terras não des<strong>br</strong>ava<strong>da</strong>s no segundo planalto paranaense, onderealizaram tarefas em áreas pioneiras. Os ucranianos <strong>da</strong> <strong>pr</strong>imeira imigraçãodestacam-se pela dedicação e amor à terra e ao trabalho agrícola. Elesdes<strong>br</strong>avaram as matas, a<strong>br</strong>iram estra<strong>da</strong>s, beneficiaram as terras e cultivaram comafinco o quinhão que haviam recebido do <strong>gov</strong>erno. Assim, melhoraram a suasorte e, ao mesmo tempo, contribuíram de forma significativa para odesenvolvimento econômico do país.Em relação à imigração ocorri<strong>da</strong> no Paraná, Paulo Leminski afirma que,tanto em Curitiba quanto no Paraná em geral, ocorre "uma descapitalizaçãocultural do imigrante", ou seja, ele deixa de ser alemão, italiano ou polonês,porém ain<strong>da</strong> não é caracterizado como <strong>br</strong>asileiro. Então, forma-se "um vácuo,uma terra de ninguém". E essa terra de ninguém somos nós do Sul (1988, p. 12-13). Ain<strong>da</strong>, para Leminski, o imigrante não é apenas um estrangeiro que deixousua pátria, mas "um tipo de gente especial".O crítico Wilson Martins registra que, no Sul do país, há um Brasildiferente, <strong>pr</strong>incipalmente com referência às zonas rurais, em que são "colhidos"exemplos de influências ideológicas ou espirituais, tais como modificaçõeslinguísticas ou vocabulares e tendências de pensamento. Segundo Martins, "ainfluência estrangeira é um fato que <strong>pr</strong>ecisa ser inter<strong>pr</strong>etado" (1989, p. 6). A33
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASHelena
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ATEM, Reinoldo. Panorama da poesia
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JAKOBSON, Roman; POMORSKA, Kristyna
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