História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brNo que diz respeito à produção brasileira propriamente dita, alvo principal <strong>de</strong>ste texto,po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar a paulatina ampliação do número <strong>de</strong> artistas <strong>no</strong> mercado, com maiorvarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfoques e estilos narrativos. De <strong>um</strong>a maneira geral, o mercado para adultos sedivi<strong>de</strong> <strong>em</strong> obras liga<strong>das</strong> ao estilo un<strong>de</strong>rground e coletâneas com materiais <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos artistas;<strong>no</strong>s últimos t<strong>em</strong>pos, inclusive, <strong>no</strong>ta-se também o incr<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> caráter educacional,com o lançamento <strong>de</strong> quadrinizações <strong>de</strong> obras literárias, que recupera <strong>um</strong>a linha <strong>de</strong>publicações bastante popular nas déca<strong>das</strong> <strong>de</strong> 1950 e 1960.O estilo un<strong>de</strong>rgroundDe <strong>um</strong>a certa forma, além <strong>de</strong> seguidores diretos do trabalho dos artistas do quadrinhoun<strong>de</strong>rground <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>, como Robert Cr<strong>um</strong>b e Gilbert Shelton, <strong>em</strong> que prevalece acrítica <strong>de</strong> cost<strong>um</strong>es, o h<strong>um</strong>or irreverente, a crônica <strong>de</strong> experiências pessoais e a exploração <strong>de</strong>t<strong>em</strong>áticas sexuais, autores como Angeli, Laerte, Glauco, Adão Iturrusgarai, FernandoGonsalez dão continuida<strong>de</strong> à obra do já mencionado artista Henfil, enveredando para a críticasocial e <strong>de</strong> cost<strong>um</strong>es. Autores consagrados,Laerte, Angeli e Glauco já são vetera<strong>no</strong>s na área <strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong>, com constantepresença <strong>em</strong> jornais brasileiros e gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua produção mais representativa tendo sidorealizada nas déca<strong>das</strong> <strong>de</strong> 1980 e 1990; atualmente, seu trabalho é objeto <strong>de</strong> coletâneas erepublicações que mantêm satisfeito <strong>um</strong> público bastante fiel (FIGURA 6).Apesar <strong>de</strong> ter surgido <strong>de</strong>pois dos três artistas acima mencionados, <strong>em</strong> <strong>um</strong> certo sentidotambém Fernando Gonsalez po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado <strong>um</strong> vetera<strong>no</strong> dos <strong>quadrinhos</strong>, com seupersonag<strong>em</strong> Níquel Náusea sendo publicado <strong>no</strong> jornal A Folha <strong>de</strong> S. Paulo há mais <strong>de</strong> 16a<strong>no</strong>s. Seu trabalho <strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong> já ganhou vários prêmios e é regularmente publicado naforma <strong>de</strong> álbuns, s<strong>em</strong>pre com ótima receptivida<strong>de</strong> (FIGURA 6).Oriundo do sul do país, Adão Iturrusgarai ganhou <strong>no</strong>torieda<strong>de</strong> com a publicação darevista Dundun, publicação que teve o apoio por parte <strong>de</strong> órgãos governamentais contestadojudicialmente, <strong>de</strong>vido a suas características <strong>de</strong> irreverência e ao teor erótico <strong>de</strong> seu conteúdo.Posteriormente, mudando-se para o su<strong>de</strong>ste, Adão <strong>de</strong>senvolveu personagens próprios como ajov<strong>em</strong> Aline e a dupla homossexual Rock e Hudson, que caíram <strong>no</strong> gosto do público (FIGURA6).12
História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brArtistas como Lourenço Mutarelli e Caco Galhardo pod<strong>em</strong> também ser consi<strong>de</strong>radoscomo pertencentes ao estilo un<strong>de</strong>rground, principalmente <strong>de</strong>vido às característicasautobiográficas <strong>de</strong> seu trabalho, <strong>no</strong> caso do primeiro, e ao componente h<strong>um</strong>orístico <strong>de</strong> suaobra, <strong>no</strong> caso do segundo, mas não atuam exclusivamente nesse segmento artístico. Mutarelli,<strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, t<strong>em</strong> se <strong>de</strong>dicado à elaboração <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> conteúdo mais ficcional com seupersonag<strong>em</strong> Diome<strong>de</strong>s, enveredando para o estilo policial <strong>no</strong>ir e se aproximando da produção<strong>de</strong> graphic <strong>no</strong>vels; por sua vez, Caco Galhardo <strong>de</strong>senvolveu recent<strong>em</strong>ente <strong>um</strong> trabalho queenfoca a transposição <strong>de</strong> <strong>um</strong>a obra literária para a linguag<strong>em</strong> dos <strong>quadrinhos</strong>, afastando-se <strong>um</strong>pouco do estilo predominante <strong>em</strong> sua tira Os Pescoçudos.Outros artistas que têm proximida<strong>de</strong> com este estilo mas que não po<strong>de</strong>riam serrigorosamente nele enquadrados são os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Ba, que ganharam<strong>de</strong>staque com os álbuns da série 10 Pãezinhos e também diversificam bastante sua produção.FIGURA 6Angeli, Laerte e Fernando Gonsalez, autores consagrados <strong>no</strong> país, representantes do estiloun<strong>de</strong>rground <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> adaptado ao gosto dos leitores brasileiros.ColetâneasNo <strong>Brasil</strong>, a publicação <strong>de</strong> coletâneas com histórias <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> <strong>de</strong> diversos artistas ediferentes estilos narrativos não obteve o sucesso que atingiu <strong>em</strong> outros países lati<strong>no</strong>america<strong>no</strong>s,como é o caso da Argentina, <strong>em</strong> que revistas <strong>de</strong>sse tipo dominaram o mercadodurante boa parte da segunda meta<strong>de</strong> do século 20. Na década <strong>de</strong> 1990, <strong>no</strong> entanto, o número<strong>de</strong> publicações <strong>de</strong>sse tipo experimentou <strong>um</strong> evi<strong>de</strong>nte incr<strong>em</strong>ento <strong>no</strong> mercado brasileiro <strong>de</strong>13