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A atualidade das histórias em quadrinhos no Brasil: a busca de um ...

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História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brtrabalhos <strong>de</strong> Keiji Nakazawa (Gen), Osamu Tezuka (Adolf, Buda) e Hayao Miyazaki(Nausicaa) (FIGURA 5).FIGURA 5Diversas graphic <strong>no</strong>vels e mangás disponíveis para o público brasileiro, <strong>um</strong> segmento mais sofisticadodo mercado <strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong> <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> e japonês ao alcance do público brasileiro.I<strong>de</strong>ntifica-se também, <strong>no</strong>s últimos t<strong>em</strong>po, o crescimento regular da publicação <strong>de</strong>álbuns oriundos da indústria européia, <strong>em</strong>bora basicamente ainda restrita ao trabalho <strong>de</strong>autores mais conhecidos, como Hugo Pratt (A balada do mar salgado), Milo Manara (Clic),Moebius (Incal) e Guido Crepax (Valentina). Infelizmente, <strong>no</strong> entanto, a publicação dostrabalhos <strong>de</strong> autores lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>s <strong>de</strong> histórias <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> como Alberto Breccia,Héctor Oesterheld, Carlos Trillo, José Muñoz e Carlos Sampayo, entre outros, ainda é <strong>um</strong>aexceção <strong>no</strong> mercado brasileiro, on<strong>de</strong> são veiculados apenas autores mais consagrados comoQui<strong>no</strong> (Mafalda) e Maitena (Mulheres altera<strong>das</strong>).11


História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brNo que diz respeito à produção brasileira propriamente dita, alvo principal <strong>de</strong>ste texto,po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar a paulatina ampliação do número <strong>de</strong> artistas <strong>no</strong> mercado, com maiorvarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfoques e estilos narrativos. De <strong>um</strong>a maneira geral, o mercado para adultos sedivi<strong>de</strong> <strong>em</strong> obras liga<strong>das</strong> ao estilo un<strong>de</strong>rground e coletâneas com materiais <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos artistas;<strong>no</strong>s últimos t<strong>em</strong>pos, inclusive, <strong>no</strong>ta-se também o incr<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> caráter educacional,com o lançamento <strong>de</strong> quadrinizações <strong>de</strong> obras literárias, que recupera <strong>um</strong>a linha <strong>de</strong>publicações bastante popular nas déca<strong>das</strong> <strong>de</strong> 1950 e 1960.O estilo un<strong>de</strong>rgroundDe <strong>um</strong>a certa forma, além <strong>de</strong> seguidores diretos do trabalho dos artistas do quadrinhoun<strong>de</strong>rground <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>, como Robert Cr<strong>um</strong>b e Gilbert Shelton, <strong>em</strong> que prevalece acrítica <strong>de</strong> cost<strong>um</strong>es, o h<strong>um</strong>or irreverente, a crônica <strong>de</strong> experiências pessoais e a exploração <strong>de</strong>t<strong>em</strong>áticas sexuais, autores como Angeli, Laerte, Glauco, Adão Iturrusgarai, FernandoGonsalez dão continuida<strong>de</strong> à obra do já mencionado artista Henfil, enveredando para a críticasocial e <strong>de</strong> cost<strong>um</strong>es. Autores consagrados,Laerte, Angeli e Glauco já são vetera<strong>no</strong>s na área <strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong>, com constantepresença <strong>em</strong> jornais brasileiros e gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua produção mais representativa tendo sidorealizada nas déca<strong>das</strong> <strong>de</strong> 1980 e 1990; atualmente, seu trabalho é objeto <strong>de</strong> coletâneas erepublicações que mantêm satisfeito <strong>um</strong> público bastante fiel (FIGURA 6).Apesar <strong>de</strong> ter surgido <strong>de</strong>pois dos três artistas acima mencionados, <strong>em</strong> <strong>um</strong> certo sentidotambém Fernando Gonsalez po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado <strong>um</strong> vetera<strong>no</strong> dos <strong>quadrinhos</strong>, com seupersonag<strong>em</strong> Níquel Náusea sendo publicado <strong>no</strong> jornal A Folha <strong>de</strong> S. Paulo há mais <strong>de</strong> 16a<strong>no</strong>s. Seu trabalho <strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong> já ganhou vários prêmios e é regularmente publicado naforma <strong>de</strong> álbuns, s<strong>em</strong>pre com ótima receptivida<strong>de</strong> (FIGURA 6).Oriundo do sul do país, Adão Iturrusgarai ganhou <strong>no</strong>torieda<strong>de</strong> com a publicação darevista Dundun, publicação que teve o apoio por parte <strong>de</strong> órgãos governamentais contestadojudicialmente, <strong>de</strong>vido a suas características <strong>de</strong> irreverência e ao teor erótico <strong>de</strong> seu conteúdo.Posteriormente, mudando-se para o su<strong>de</strong>ste, Adão <strong>de</strong>senvolveu personagens próprios como ajov<strong>em</strong> Aline e a dupla homossexual Rock e Hudson, que caíram <strong>no</strong> gosto do público (FIGURA6).12


História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brArtistas como Lourenço Mutarelli e Caco Galhardo pod<strong>em</strong> também ser consi<strong>de</strong>radoscomo pertencentes ao estilo un<strong>de</strong>rground, principalmente <strong>de</strong>vido às característicasautobiográficas <strong>de</strong> seu trabalho, <strong>no</strong> caso do primeiro, e ao componente h<strong>um</strong>orístico <strong>de</strong> suaobra, <strong>no</strong> caso do segundo, mas não atuam exclusivamente nesse segmento artístico. Mutarelli,<strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, t<strong>em</strong> se <strong>de</strong>dicado à elaboração <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> conteúdo mais ficcional com seupersonag<strong>em</strong> Diome<strong>de</strong>s, enveredando para o estilo policial <strong>no</strong>ir e se aproximando da produção<strong>de</strong> graphic <strong>no</strong>vels; por sua vez, Caco Galhardo <strong>de</strong>senvolveu recent<strong>em</strong>ente <strong>um</strong> trabalho queenfoca a transposição <strong>de</strong> <strong>um</strong>a obra literária para a linguag<strong>em</strong> dos <strong>quadrinhos</strong>, afastando-se <strong>um</strong>pouco do estilo predominante <strong>em</strong> sua tira Os Pescoçudos.Outros artistas que têm proximida<strong>de</strong> com este estilo mas que não po<strong>de</strong>riam serrigorosamente nele enquadrados são os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Ba, que ganharam<strong>de</strong>staque com os álbuns da série 10 Pãezinhos e também diversificam bastante sua produção.FIGURA 6Angeli, Laerte e Fernando Gonsalez, autores consagrados <strong>no</strong> país, representantes do estiloun<strong>de</strong>rground <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> adaptado ao gosto dos leitores brasileiros.ColetâneasNo <strong>Brasil</strong>, a publicação <strong>de</strong> coletâneas com histórias <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> <strong>de</strong> diversos artistas ediferentes estilos narrativos não obteve o sucesso que atingiu <strong>em</strong> outros países lati<strong>no</strong>america<strong>no</strong>s,como é o caso da Argentina, <strong>em</strong> que revistas <strong>de</strong>sse tipo dominaram o mercadodurante boa parte da segunda meta<strong>de</strong> do século 20. Na década <strong>de</strong> 1990, <strong>no</strong> entanto, o número<strong>de</strong> publicações <strong>de</strong>sse tipo experimentou <strong>um</strong> evi<strong>de</strong>nte incr<strong>em</strong>ento <strong>no</strong> mercado brasileiro <strong>de</strong>13


História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.br<strong>quadrinhos</strong>, representando a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação do trabalho <strong>de</strong> autores que antesrestringiam sua produção a fanzines e revistas alternativas, <strong>em</strong> sua maioria auto-edita<strong>das</strong>. Amais importante publicação <strong>de</strong>sse tipo é a “revista” Front (FIGURA 7), que é publicada comperiodicida<strong>de</strong> irregular e dá espaço para <strong>quadrinhos</strong> <strong>de</strong> caráter h<strong>um</strong>orístico, dramático,sarcástico ou irônico; <strong>em</strong>bora publicada por <strong>um</strong>a editora comercial, a publicação é<strong>no</strong>rmalmente organizada na forma <strong>de</strong> <strong>um</strong>a cooperativa <strong>de</strong> autores, cost<strong>um</strong>ando concentrarcada edição <strong>em</strong> <strong>um</strong>a linha t<strong>em</strong>ática específica, possibilitando <strong>um</strong> caleidoscópio <strong>de</strong> históriasque consegue aten<strong>de</strong>r a diferentes gostos. Contrariamente aos <strong>quadrinhos</strong> produzidos <strong>no</strong> estiloun<strong>de</strong>rground acima mencionado, esse tipo <strong>de</strong> publicações não se restringe a <strong>um</strong>a única linha<strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong>, po<strong>de</strong>ndo abranger autores com as mais diferentes tendências e influências,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> aficionados <strong>de</strong> super-heróis a a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a linha mais introspectiva.Figura 7Publicada pela Editora Via Lettera, <strong>de</strong> São Paulo, a pr<strong>em</strong>iada revista Front dá guarida tanto a artistasiniciantes como a vetera<strong>no</strong>s na área, representando <strong>um</strong>a alternativa viva e dinâmica na produção <strong>de</strong><strong>quadrinhos</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>.Na mesma linha da Front estão outras obras publica<strong>das</strong> <strong>em</strong> a<strong>no</strong>s recentes, como Dez na Área,<strong>um</strong> na banheira e ninguém <strong>no</strong> gol, Fábrica <strong>de</strong> Quadrinhos e Domínio Público, entre outras,que encontram cada vez maior receptivida<strong>de</strong> entre os leitores brasileiros.Quadrinização <strong>de</strong> obras literárias14


História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brEm 2005, <strong>de</strong>bruçando-se sobre a obra <strong>de</strong> Cervantes, Caco Galhardo mostrou estar àaltura da tarefa <strong>de</strong> trazer ao público brasileiro mais <strong>um</strong>a quadrinização da obra do autorespanhol. Em traços caricaturais, seu trabalho se <strong>de</strong>stacou por <strong>um</strong>a abordag<strong>em</strong> fi<strong>de</strong>digna, quebuscou manter a atmosfera <strong>um</strong> pouco dantesca que predomina na obra. O autor brasileiro, <strong>em</strong><strong>um</strong>a opção bastante feliz, preferiu inclusive utilizar o próprio texto original na suaquadrinização, transcrevendo praticamente <strong>de</strong> forma literal a tradução para a língua portuguesafeita por Sérgio Molina.As mudanças na educação brasileira <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, principalmente a inclusão <strong>das</strong>histórias <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> <strong>no</strong>s Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como <strong>um</strong>a <strong>das</strong>alternativas <strong>de</strong> compl<strong>em</strong>entação didática <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> formal, também parec<strong>em</strong> ter colaboradopara que a quadrinização <strong>de</strong> obras literárias encontrasse <strong>no</strong>vo fôlego <strong>no</strong> país. Esta é a linhaseguida pela Editora Escala Educacional, <strong>de</strong> São Paulo, com a publicação da série Literaturabrasileira <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong>, iniciada <strong>em</strong> 2005, voltada para a aplicação <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula. Acoleção <strong>busca</strong> transpor para a linguag<strong>em</strong> <strong>das</strong> histórias <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> obras consagra<strong>das</strong> <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s autores brasileiros, colocando-as ao alcance dos estudantes do país, tendo até omomento publicado as edições <strong>de</strong> O hom<strong>em</strong> que sabia javanês, Miss Edith e seu filho, A <strong>no</strong>vaCalifórnia e Um músico extraordinário, <strong>de</strong> Lima Barreto; Uns braços, A casa secreta, Oalienista, A cartomante e O enfermeiro, <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis; Brás, Bexiga e Barra Funda,<strong>de</strong> Antonio Alcântara Machado; O cortiço, <strong>de</strong> Aluísio Azevedo e M<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> <strong>um</strong> sargento d<strong>em</strong>ilícias, <strong>de</strong> Manuel Antonio <strong>de</strong> Almeida. (FIGURA 9)FIGURA 916


História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brUma linha <strong>de</strong> materiais <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong>, <strong>de</strong> conteúdo paradidático, representando <strong>um</strong>a aposta ousada nautilização pelas escolas brasileiras.Os dois últimos a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> assistiram ao lançamento <strong>de</strong> diversos outros títulosvoltados para a quadrinização <strong>de</strong> obras literárias, que chamaram a atenção <strong>de</strong> público e críticapor seu alto nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> artística. Entre eles, pod<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>stacados Os Lusía<strong>das</strong>, nastransposições realiza<strong>das</strong> tanto por Lailson <strong>de</strong> Holanda Cavalcanti como por Fido Nesti; ARelíquia, <strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queiroz, com quadrinização do artista un<strong>de</strong>rground Marcatti; e OAlienista, <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, com <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> Gabriel Bá e Fábio Moon (Figura 10).FIGURA 10Dois gran<strong>de</strong>s mestres da literatura portuguesa e brasileira <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong>, pelas mãos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sartistas da área.ConclusãoEmbora seja provavelmente pr<strong>em</strong>aturo visualizar <strong>em</strong> curto espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po qualquer tipo <strong>de</strong>reversão significativa do mercado <strong>de</strong> produção e cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> histórias <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>, o pa<strong>no</strong>rama traçado nas páginas anteriores parece sinalizar a existência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a fortetendência <strong>em</strong> direção à diversificação <strong>de</strong> públicos e produtos. Esta é <strong>um</strong>a <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>alvissareira, pois aponta caminhos para a superação da crise trazida pelo impacto daconcorrência <strong>das</strong> <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias e da perda <strong>de</strong> leitores ocorrida <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s. Nessesentido, <strong>um</strong> dado bastante promissor foi a inclusão, <strong>em</strong> 2006, <strong>de</strong> vários títulos <strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong>17


História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.br<strong>no</strong> Programa Nacional Biblioteca na Escola, que permite acreditar na diminuição <strong>das</strong> barreiraspara o ingresso dos materiais quadrinhísticos <strong>em</strong> ambiente escolar <strong>no</strong> país 5 .Se, por si só, essas mudanças e iniciativas serão suficientes para garantir a existência<strong>de</strong> <strong>um</strong>a indústria autóctone forte na produção <strong>de</strong> histórias <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> é ainda <strong>um</strong>aincógnita <strong>de</strong> difícil <strong>de</strong>cifração. Sabe-se, <strong>no</strong> entanto, que essa diversida<strong>de</strong> representa <strong>um</strong> trunfoconsi<strong>de</strong>rável nessa luta e por isso <strong>de</strong>ve ter sua importância <strong>de</strong>vidamente equacionada,tomando-se o cuidado <strong>de</strong> não minimizá-la – o que ocorreria pelo <strong>de</strong>sprezo <strong>em</strong> relação a seupotencial <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> mercado -, ou maximizá-la exageradamente – o que se daria porsua eleição como a única alternativa viável para sobrevivência dos <strong>quadrinhos</strong> <strong>no</strong> país. Tratase,ao fim <strong>das</strong> contas, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>das</strong> muitas estratégias possíveis para avanço da linguag<strong>em</strong>gráfica seqüencial <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e certamente t<strong>em</strong> mostrado resultados satisfatórios até omomento, <strong>de</strong>vendo ser refinada para sua maior eficiência. Isso po<strong>de</strong>rá ser feito pela <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> outros segmentos do público adulto, como o <strong>das</strong> mulheres, <strong>de</strong> profissionais liberais, <strong>de</strong>grupos étnicos, etc. Tudo indica que, <strong>de</strong>vidamente trabalhada, essa estratégia po<strong>de</strong>rá continuara trazer bons resultados <strong>no</strong> futuro.5 Os títulos <strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong> incluídos <strong>no</strong> Programa <strong>em</strong> 2006 foram: Asterix e Cleópatra, <strong>de</strong> R. Goscinny e A.U<strong>de</strong>rzo; Toda Mafalda, <strong>de</strong> Qui<strong>no</strong>; Na prisão, <strong>de</strong> Kazuichi Hanawa; Dom Quixote <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong>, adaptação daobra <strong>de</strong> Miguel Cervantes por Caco Galhardo; Santô e os pais da aviação, <strong>de</strong> Spacca; A metamorfose, adaptaçãoda obra <strong>de</strong> Franz Kafka por Peter Kuper; Níquel Náusea – N<strong>em</strong> tudo que balança cai, <strong>de</strong> Fernando Gonsales; Paupra toda obra, <strong>de</strong> Gilmar; A Turma do Pererê – As gentilezas, <strong>de</strong> Ziraldo.18


História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brReferênciasCARDOSO, Athos Eichler. Nhô-Quim e Zé Caipora. In: AGOSTINI, Angelo. As aventurasNhô-Quim e Zé Caipora: os primeiros <strong>quadrinhos</strong> brasileiros 1869-1883. Brasília: SenadoFe<strong>de</strong>ral, Conselho Editorial, 2005. p. 19-32.CAVALCANTI, Lailson <strong>de</strong> Holanda. Historia <strong>de</strong>l h<strong>um</strong>or gráfico en el <strong>Brasil</strong>. Lleida:Editorial Milenio, 2005.DEVIR LIVRARIA. [site] Disponível <strong>em</strong>: http://www.<strong>de</strong>vir.com.br/qu<strong>em</strong>.php. Acessado <strong>em</strong>24 jul. 2007.GONÇALO JÚNIOR. A guerra dos gibis: a formação do mercado editorial brasileiro e acensura aos <strong>quadrinhos</strong>, 1933-64. São Paulo: Companhia <strong>das</strong> Letras, 2004.MAGALHÃES, Henrique. O rebuliço apaixonante dos fanzines. João Pessoa: Marca <strong>de</strong>Fantasia, 2003.MOYA, Álvaro <strong>de</strong>. A<strong>no</strong>s 50/50 a<strong>no</strong>s: São Paulo 1951/2001: Edição com<strong>em</strong>orativa daPrimeira Exposição Internacional <strong>de</strong> Histórias <strong>em</strong> Quadrinhos. São Paulo: Ed. ÓperaGraphica, 2001.MOYA, Álvaro <strong>de</strong>; D´ASSUNÇÃO, Octacílio. Edições Maravilhosas: as adaptações literárias<strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong>. In: CIRNE, Moacy; MOYA, Álvaro <strong>de</strong>; D´ASSUNÇÃO, Octacílio; AIZEN,Na<strong>um</strong>in. Literatura <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>: acervo da Biblioteca Nacional, 2002. p. 38-79.SEIXAS, Rozeny Silva. Morte e vida Zeferi<strong>no</strong>: Henfil & h<strong>um</strong>or na revista Fradim. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Oficina do Autor, 1996.19


História, imag<strong>em</strong> e narrativasN o 5, a<strong>no</strong> 3, set<strong>em</strong>bro/2007 – ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimag<strong>em</strong>.com.brSILVA, Diamanti<strong>no</strong> da. Quadrinhos dourados: a história dos supl<strong>em</strong>entos <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. SãoPaulo: Opera Graphica, 2003.SILVA, Nadilson Ma<strong>no</strong>el da. Fantasias e cotidia<strong>no</strong> nas histórias <strong>em</strong> <strong>quadrinhos</strong>. SãoPaulo: Annabl<strong>um</strong>e, Fortaleza: Secult, 2002.VERGUEIRO, Waldomiro; SANTOS, Roberto Elísio dos. O Tico-Tico: centenário daprimeira revista <strong>de</strong> <strong>quadrinhos</strong> do <strong>Brasil</strong>. São Paulo: Opera Graphica, 2005.20

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