10.07.2015 Views

O Homem - Unama

O Homem - Unama

O Homem - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

www.nead.unama.br— Que caldo?— Ora essa O seu caldinho das três horas.— Três horas!— Da tarde, minh'ama. Eu lho trago já.E Justina saiu, resmungando: — Coitada! Inda ontem tão senhora de si e jáhoje dá para não dizer coisa com coisa!... Mas isto há de passar, é fraquezatalvez!... ela, coitadinha, ainda não meteu nada p'ra o estômago!...Daí a um instante voltava à sala.— Prove, minh'ama, para ver como está seu apetite!E esfriava o caldo com a colher, soprando-lhe em Magda sorviaautomaticamente as colheradas que levava à boca.— Você onde estava?... Perguntou a senhora.— Na cozinha. Porque, minha'ama?— E ontem, à noite?— No casamento de minha mana...— Sua mana?...— A Rosinha, como não?— Com quem ela casou?— É boa! Com o Luiz! Pois minh'ama já se não lembra...— Luiz? Quem é o Luiz?...— Olhe agora! E' o filho da tia Zefa, o moço ali da pedreira...— Ah!... Um de corpo nu, com a cara molhada de suor...— Que trouxe vosmecê ao colo, quando minh'ama subiu ao morro...Minh'ama conhece-o, como não?Justina dizia estas coisas com a paciência de quem conversa com umalienado de estimação; e a outra olhava para ela sem pestanejar, interrompendo asua imobilidade apenas para sorver as colheradas de caldo.— Um descalço, prosseguiu Magda; um que tem cabelos no peito; a carnerija como pedra; branca de marfim; a boca cheirando a murta!... Conheço! oh, seconheço!... Pois, se lhe quero tanto bem!... E por onde anda agora esse ingrato...— Está em casa, minh'ama... Ele hoje não foi ao serviço, porque se casou,mas...— Ah! Ele casou-se...? Que homem!— Casou-se ontem, sim senhora, mas amanhã está fino para o trabalho!— Ah! Ele amanhã não fica na cama!...— Não fica, não senhora.— Casou-se! Pois diga-lhe que venha aqui com a noiva; quero dar-lhes umpresente, um bom presente de núpcias. Traga-os, não se esqueça; ouviu?— Sim senhora. E quando?— Quando quiserem vir.— E a que horas, minh’ama?— A qualquer hora, contanto que venham.Nisto entrou o Conselheiro, e a um sinal trocado secretamente com a criada,esta lhe respondeu em voz baixa:99

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!