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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brseria um ornamento alegre, uma nota cômica — faria rir; mas ali servia apenas paraconstranger aos que queriam folgar em liberdade. Felizmente, porém, o estupor, malacabou de jantar, ergueu-se e retirou-se logo, confessando-se indisposta. Sem dúvidafoi para casa vomitar as tripas, que estômagos daqueles já não resistem à fortecomida dos que se levantam antes do sol e trabalham doze horas por dia.Pela volta das nove da noite surgiram como por encanto as violas e asguitarras, e o pagode tomou novo caráter. Pegou-se então de cantar o Fado Corrido,o Malhão, a Caninha Verde e a Espadelada. Começava a verdadeira festa.Justina, que era louca pelo Fado, tratou de esgueirar-se, fugindo à tentação.— Então já te raspas ? Perguntou-lhe a irmã.— Minh'ama está só... Respondeu num tom misterioso e apressado.— Mas ainda é cedo... Dança ao menos uma roda e vai-te ao depois.— Não, não! A pobrezinha está muito ruim! Não imaginas, está como nunca;até parece que já não regula bem!...A outra fez um espanto e quis informações.Não sei, filha, moléstias de família. O doutor disse outro dia que a mãetambém acabara mal.— E ela ainda pergunta por nós ?— Sempre. Inda hoje me perguntou pelo Luiz...— Coitada!— Mas adeus, adeus, que já lá estão gritando por teu nome! Vai, filha, vai!Se me bispa o Manoel das Iscas não me desgarra tão cedo!Ao sair, na carreira que a Justina levava para atravessar a rua, umcapadócio, tresandando a cachaça e cambaleando, deu-lhe uma atracação. Arapariga desviou o corpo e soltou-lhe tal punhada pelas ventas, que o borrachorodou sobre os calcanhares e zás — por terra! Ela seguiu adiante.— Diabo dos vagabundos! resmungou; mas, ao transpor o portão dachácara do Conselheiro, ria-se com a idéia do trambolhão que pregara ao tipo. —Bem feito! é para não se fazer de tolo cá p'ra meu lado!Encontrou a senhora ainda acordada, a cismar, estendida no divã da alcova.— Então, que tal correu a festa! Perguntou Magda com um bocejo.A criada deu conta de tudo; descreveu o lindo que estava a casa; o rico quefoi o banquete; o muito que se dançou durante o dia; a gente que lá se achava,nomeando um por um todos os convidados.— Ah, minh'ama, vosmecê não faz idéia! Não me fica bem a mim falar, masesteve que se podia ver! Nada faltou! Até sorvetes, creia!E passou aos pormenores: citou os pratos que se exibiram, as garrafas quese enxugaram. "Uma coisa era ver e outra dizer!"— E o quarto?... Acrescentou com interrogação de assombro, o quarto dosnoivos?! Ah, que lindo! Todo forradinho de novo, com um papel azul de ramagens93

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