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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brtraziam lenços de ramagem na cabeça, e nos ombros xales encarnados deAlcobaça. As raparigas, com os seus vestidinhos de chita, tinham o ar contrafeito egrosseiramente sério das moças de cortiço; as mangas do casaquinho muito justas,quase insuficientes, dando difícil saída a punhos grossos, vermelhos e lustrosos,terminados em mãos curtas, socadas, de gordura sangüínea.O outro, o da túnica negra, é que Magda não conseguiu reconhecer, adespeito dos esforços que empregava para isso; só pôde distinguir-lhe as feiçõesquando ele lá se achava a uns quarenta passos da choupana. Era seu falecidoirmão, o Fernando; vinha cor de cadáver, muito desfeito; parecia ter saído naqueleinstante da sepultura. Ela estremeceu toda e, com um arranco de anta bravia,pinchou o corpo para fora da toca e abriu num carreirão pelo mato.— Não fujas! Gritou Luiz. — Não tenhas medo, que ninguém aqui te querfazer mal— Magda! Magda!— Espera, minha filha!Era tudo inútil. Magda, completamente una, os cabelos soltos ao vento, lá ia,por trancos e barrancos, internando-se na floresta. Um fugir vertiginoso de cabritaassustada! Morros e valados desapareciam atrás dela; não havia encruzamento decipó que lhe tolhesse a marcha, nem espinheiro, por mais bravio, que lhe quebrasse afúria. E sentia atrás de si uma gritaria infernal e um tropel confuso de passos rápidos.— Magda! Magda! Bradavam-lhe na pista.frente:E ela corria mais de repente — parou. Uma voz grossa exclamava-lhe pela— Cerca! Cerca!Em menos de um minuto fecharam-na por todos os lados gritos decaçadores e passos que se aproximavam com vertigem.— Cerca! Cerca!— Por aqui!— Por ali!E de cada ponto surgiu logo uma cabeça de marujo, rompendo a argamassadas folhas.Magda caiu por terra sem forças, as carnes alanhadas, os pés em sangue,os cabelos arrebentados. Incontinente os homens a rodearam, sem todavia nenhumdeles lhe tocar com um dedo; a prisioneira, estarrecida no chão, arquejava,cruzando as pernas e os braços para esconder as suas partes vergonhosas. Afinalchegaram os outros, entre os quais vinha o Luiz, agora mais composto por umacapa, que o Conselheiro lhe pusera aos ombros; o primeiro a aproximar-se dela foiFernando, que despiu logo a manta e estendeu-a sobre a nudez da irmã.— Minha filha! minha filha! disse o Conselheiro, vergando-se para lhe dar umbeijo. — Em que estado a encontro, meu Deus! E ordenou aos marinheiros queimprovisassem uma padiola de bambus e folhas de bananeira.78

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