www.nead.unama.brMagda afastou-se, meio enfiada, mas daí a pouco se lhe ouviram os gorjeiosdo riso nos aposentos da tia Camila.Já lá estava o demoninho a bolir com a pobre da velha!CAPÍTULO IIA tristeza de Fernando, em vez de diminuir com o tempo, foi crescendo dedia para dia. A irmã bem o notou, mas já sem vontade de rir, nem dará parte aoConselheiro; estava então justamente no delicado período em que os últimosencantos da menina desabotoam nas primeiras seduções da mulher; transição quecomeça no vestido comprido e termina com o véu de noiva.Quinze anos!E que bem empregados! Muito bem feita de corpo, elegante, olhos negrosbanhados de azul, cabelos castanhos formosíssimos; pele fina e melindrosa comopétalas de camélia, nariz sereno feito de uma só linha, mãos e pés de uma distinçãofascinadora; tudo isso realçando nos seus vestidos simples de moça solteira bemeducada, na sua gesticulação fácil, na sua maneira original de mexer com a cabeçaquando falava, rindo e mostrando as jóias da boca.Aquela insistente frieza do irmão foi a sua primeira mágoa. Em começo nãose preocupava muito com isso; quando viu, porém, que os dias se passavam eFernando continuava mais e mais a seco e retraído, chegando até a evitá-la, ficoudeveras apreensiva. — "Teria o rapaz mudado de resolução a respeito docasamento? — Estaria enamorado de outra?" Estas duas hipóteses não lhe saíamdo espírito.Agora muito poucas vezes achava ocasião de estar a sós com ele e, quandotal sucedia, Fernando, com tamanho empenho procurava escapar-lhe, que de umafeita a pobre menina foi queixar-se ao pai.— É que naturalmente, respondeu o velho, o rapaz não tenciona casarcontigo e procura desiludir-te a esse respeito.Magda ficou muito séria quando ouviu estas palavras.— Ouve, minha filha, tu o que deves fazer é olhar para ele como se fosseseu irmão; vocês cresceram juntos e não se pode amar de outro modo... E queresentão que te diga? Estes casamentos, forjados assim, entre companheiros deinfância, nuca provaram bem. Santo de casa não faz milagre! Eu, em teu caso, iatratando de atirar as vistas para outro lado...— O Fernando então é um homem sem caráter?— Sem caráter porque, minha filha?— Ora, por que! Porque muitas vezes jurou que não se casaria senãocomigo!...— Coisas de criança! Hoje naturalmente pensa de outro modo. Talvez até játenha noiva escolhida...— Não, não creio... Se assim fosse, ele seria o primeiro a contar-me tudocom franqueza! A causa é outra, hei de descobri-la, custe o que custar!Contudo não se animou a inquirir o noivo.6
www.nead.unama.brMas, considerava a moça, como acreditar que Fernando descobrisse umnovo namoro, se agora, mais que nunca, nadava metido com os estudos e não sedespregava dos livros!... Onde, pois, teria ido arranjar essa paixão, se agora não ia àcasa de ninguém?... Além disso, as suas tristezas não pareciam de um namorado;mostravam caráter muito mais feio e sombrio. O fato de pretender casar com outranão seria, de resto, razão para que a tratasse daquele modo! Era como se atemesse, se receasse a sua presença... Dantes segurava-lhe as mãos com toda anaturalidade; afagava-lhe os cabelos; endireitava-lhe o chapéu na cabeça quandoiam sair juntos; acolchetava-lhe a luva; trazia-lhe livros novos; gostava de brincarcom ela, dizer-lhe tolices por pirraça, para fazê-la encavacar; pregava-lhe sustostapava-lhe os olhos quando a pilhava de surpresa pelas costas; pedia-lhe perfumesquando ele não tinha extrato para o lenço. E agora? Agora bastava que ela seaproximasse do Fernando, para este já estar todo que parecia sobre brasas e, aoprimeiro pretexto, fugir e encerrar-se no quarto, fechado por dentro, às vezes até asescuras. Ora, estava entrando pelos olhos que tudo isto não podia ser natural...Magda, pelo menos, nuca tinha visto um namorado de semelhante espécie!— Em todo caso, resolva de si para si, ele deu-me a sua palavra de honraque me pediria a papai tão logo se formasse; por conseguinte não posso aindaqueixar-me. Vamos ver primeiro como se sairá do compromisso.E deliberou esperar até o fim do ano.Entretanto, o Conselheiro, querendo a todo o custo arredar do espírito dafilha a idéia de casar com o irmão, pensava em atrair gente à casa, para ver sedespertava nela o desejo de escolher outro noivo. A dificuldade estava em arranjaras festas; sim, porque, para receber os convidados, só podia contar, além deMagda, com a irmã, D. Camila. Mas D. Camila era uma solteirona velha, muitodevota, muito esquisita de gênio e sem jeito nenhum para fazer sala. — Umaverdadeira "barata de sacristia" como lhe chamava nas bochechas o despachado doDr. Lobão, médico da casa e amigo particular do Conselheiro.— Ora, se Magda tivesse um pouco mais de idade, considerava este, estariatudo arranjado. Como, porém, encarregar uma menina de dezesseis anos de fazeras honras de um baile?Salvou a situação, pedindo a um seu amigo velho, o Militão de Brito, homempobre, casado e pai de três filhas solteiras já de certa idade, que fosse e mais afamília passar algum tempo com ele. — A casa era grande e não haviam de ficar detodo mal acomodados.Para justificar o pedido, observou que a filha estava na flor da juventude,precisava distrair-se, e que lhe doía a ele, como pai, traze-la enclausurada na idadeem que todas as moças gostavam de brincar. O Militão, que também era pai,compreendeu a intenção da proposta, aceitou-a de braços abertos e teve afranqueza de confessar que aquele convite vinha do céu, porque ele igualmente viaas suas raparigas, coitadinhas, muito pouco divertidas.Mudou-se pois a família de Militão para a casa do Conselheiro e Magda,adivinhando os planos do pai, sorriu intimamente. Inauguraram-se os bailes, e ospretendentes não se fizeram esperar. Pudera! Uma menina que não é pobre, comcerta educação, algum espírito, e linda como a filha do Sr. Conselheiro PintoMarques, encontra sempre quem a deseje.7
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