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O Homem - Unama

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www.nead.unama.br— Mas, pensava, que mal fizera a Deus para ser castigada daquelaforma?.... Pois não bastavam já os seus padecimentos físicos, os seus desgostos eos seus tédios?... Porque e para que ia então o Criador descobrir com tamanha faltade coração aquele novo modo de tortura?... Atacá-la no que ela mais encarecia —atacá-la no seu pudor...! Não! Antes morrer; antes mil vezes, do que suportar pormais tempo semelhante desvario dos sentidos!Felizmente veio a reação; deliberou-se a abrir luta contra o sonho. E, paradar logo começo à campanha, resolveu passar a seguinte noite acordada.— Minh'ama quer o seu chocolate? Perguntou Justina pela terceira vez.Magda levantou-se afinal.— Você porque se enfrasca deste modo em perfumes, sabendo que isso mefaz mal?— Eu, minha senhora?— Então quem há de ser?— Juro por esta luz que não pus nenhum cheiro no corpo.— Veja então se há algum frasco de perfumaria por aí desarrolhado! Estárecendendo, não sente?— Não, minh'ama, não sinto, respondeu a criada a fungar forte, como umanimal que procura descobrir alguma coisa pelo faro. — Não sinto nada!...— Que olfato tem você, benza-a Deus! Estou sufocada! Abra o diabo dessaporta, deixe entrar o ar!Justina apressou-se a cumprir a ordem da senhora, mas o maldito cheirocontinuava. E o mais estranho é que era aquele mesmo perfume agudo da ilha doSegredo; aquele perfume ativo que lhe penetrava no fundo do cérebro como agulhasde gelo.— Veja se deixaram por aí algumas flores!... Sinto cheiro de magnólia!Justina percorreu a alcova e os aposentos imediatos, fariscando ruidosamente.Nada! Não encontrava nada de flores!— Vá então lá em baixo saber o que é isto! Parece que estou numa fábricade perfumarias!A, criada afastou-se, e Magda ficou a estalar a língua contra o céu da boca.Era ainda o terrível gosto de sangue que não a deixava.— Oh! Quanta coisa desagradável, meu Deus!Lembrou-se então da extravagante passagem da ilha, em que ela sugara osangue do trabalhador. Vieram-lhe engulhos, muita tosse e acabou vomitando ochocolate que tomara nesse instante.— É o mesmo cheiro, não há dúvida, pensou depois, indo à janela; o mesmocheiro que eu sentia no sonho!69

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