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O Homem - Unama

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www.nead.unama.br— Voltemos para terra! Voltemos!— Olha que estás me apertando a garganta...— Aqui já é muito fundo!... É melhor voltar-mos.— Não sejas criança...— A ilha está muito longe ainda?...— Não a vês defronte de ti?— É verdade! Oh! E como é linda!...Calaram-se por instantes.— Ainda tens medo? Perguntou depois o moço.— Não. Ela agora estava até gozando daquela excursão.— Não te dizia?...— E tu, não te sentes cansado?— Qual o que!Parecia mesmo não cansar; nadava como um cisne, quase sem se lheperceberem os movimentos, de tão suaves que eram. E a outra perdera afinalinteiramente o medo, e, toda estendida à flor das águas, com os cabelosderramados pelo rosto e pelos ombros, lá ia flutuando segura no amante, maisbranca e leve que uma pena de gaivota arrastada pela corrente.— Então?... Consultou o rapaz, tomando vau à margem da ilha e passandoo braço em volta de Magda.— Que me dizes do passeio?...— Delicioso.— Aqui podes andar por teu pé, que o chão é todo de areia fina; mas vamosprimeiro assentar-nos debaixo daquelas juçareiras para repousarmos um instante.Tens fome?— Não, respondeu a moça, contemplando a ilha.Era esta encantadora com a sua praia argentina lavada em esmeralda.Daqui e dali surgiam dentre o salivar das espumas pequenos rochedos reverdecidosde musgo aquático, onde garças e guarás mariscavam tranqüilamente. Um palmeiralsem fim nascia quase á beira d’água e, pouco a pouco, à medida que se entranhavapela terra, fazia-se mais compacto, até se fechar de todo com murmurosa cúpula deverdura suspensa por milhões de colunas. Mundos de parasitas serpenteavam emtodas as direções, já suspensas e pendentes, embaladas pelo vento; jádependuradas em arco, formando grinaldas; já grimpando encaracoladas pelostroncos e alastrando em cima, como se quisessem quebrar a interminável noitedaquele céu de folhas com um infinito de estrelas de todas as cores.Magda, ao transpor o assombrado átrio da floresta, deteve-se para fazernotar ao companheiro o perfume ativo que se respirava ali; um cheiro como o damagnólia, agudo e penetrante, que ia direito ao cérebro com sutil impressão de frio.— Vem dessas florzinhas que vês aqui nos espiando de todos os lados; essasque ora são cor de rosa, ora avermelhadas, ora cor de laranja e ora cor de sangue. Éuma trepadeira; não há canto da ilha em que não as encontres. Mas não toques emnenhuma delas, porque, se colhesses alguma, nunca mais poderíamos sair daqui.— Ora essa! Por quê?65

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