www.nead.unama.brcom os dentes a anca da mesma, como se tentasse morder um animal de bronze.Não obstante, Magda parou defronte da escultura e parecia interessada por ela.Aquele homem de músculos atléticos prendia-lhe a atenção. Por quê? — Sabia lá! OConselheiro, intimamente estranhado pela importância que a filha dava asemelhante obra, falou-lhe no museu do Louvre, nos belos mármores que os doismais de uma vez apreciaram juntos. Ela não ouviu e, depois de muito contemplar olutador, disse:— Não há no mundo um homem assim como este, hein, papai?— Assim como, minha filha?— Assim forte, musculoso...— Ah! de certo que não...— Mas já houve...— Ora, noutros tempos, quando os guerreiros carregavam ao corpoarmaduras de dez arrobas.— E as mulheres dessa época? Deviam ser também bastante vigorosas...— Com certeza! Pois se uns descendiam dos outros...Nisto passou perto deles um bêbado. muito esbodegado, a cambalearcantarolando; a camisa esfobada no estômago, o chapéu à ré; os punhos sujos asaírem-lhe da manga do paletó, engolindo-lhe as mão. O Conselheiro desviou-sediscretamente com a filha para o deixar passar; o borracho parou um instante,cumprimentou-os com toda a cerimônia, quase sem poder abrir os olhos, e lá se foiaos bordos, empinando a barriga para a frente. Magda soltou uma risada tãogostosa, que abismou S. Ex.— Definitivamente aquele era o dia dos prodígios... Pensou o extremoso pai— E qual não seria o seu espanto quando ouviu a rapariga soltar a segunda e aterceira, a quarta e, enfim, uma crescente escala de gargalhadas contínuas.— Com efeito!... Disse. Muita graça achaste tu naquele tipo!Ela não podia responder; o riso sufocava-a— Está bom, minha filha, não vá isso te fazer mal...Magda procurava conter a hilaridade, mas não conseguia. Os transeuntesolhavam-na tomados de grosseira curiosidade; o Conselheiro, meio vexado por verque ela chamava a atenção de todos, repetia-lhe baixinho:— Está bom... Está bom...Foi um capadócio quem afinal a fez calar; um que passou de súcia comoutros, medindo-a de alto a baixo e que, depois de mirá-la muito, começou porcaçoada a remedar-lhe o riso. Magda ficou furiosa. Subiu-lhe sangue à cabeça eteve ímpetos de... Nem ela sabia de que!... Fazer um disparate! Tomar a bengala dopai e quebrá-la na cara do tal sujeito.— Atrevido! Resmungava entre dentes cerrados, afastando-se com oConselheiro.60
www.nead.unama.brE, apesar dos esforços que este empregou para distraí-la, o resto do passeiofoi todo feito sob a impressão daquele incidente.— Não penses mais nisso... Insistia o velho, quando Magda, já dentro docarro, se referia ao fato pela milésima vez.Tocaram para casa; ela em toda a viagem não falou noutra coisa. Vinha-lheagora um a inhabitual vontade de brigar, de fazer escândalo. Esteve quase a pedirao pai que voltasse e fosse à procura do malcriado até descobri-lo, para lhepespegar duas bengaladas, mas bem fortes!E jurava que, naquele momento, seria capaz de estrangular o maldito. Nãoparecia a mesma. Ela, que fora sempre tão inimiga de tudo em que transpirasseescândalo e barulho, sentia agora uma estranha sede de provocações, dedesordens; já não era com o capadócio do jardim, mas com qualquer pessoa.Quando entrou em casa, porque a Justina não respondeu logo a' primeira perguntaque lhe fez, bradou trêmula:— Você também é um estafermo!— Estafermo?— Não me replique!— Eu não estou replicando...— Rua!— Vosmecê despede-me?...— Rua! Não a quero aqui nem mais um instante!— Mas, minh'ama...— Rua! Não ouviu?O Conselheiro interveio:— Então, minha filha, não te mortifiques— Pois meu pai não vê como esta mulher me provoca, só pelo gostinho deme pôr nervosa?— Tu parecias gostar tanto dela.— Nunca! Não a posso olhar! Tenho-lhe ódio!Justina, coitada, ia tentar a sua defesa, já banhada cm lágrimas, quando opai de Magda lhe fez sinal de que se afastasse; ao passo que a histérica, falandosozinha e praguejando contra tudo e contra todos, dirigia-se furiosa para o quarto.Uma súcia! Todos uma súcia, resmungava, enterrando as unhas na palmada mão. E fechou-se por dentro com arremesso, atirando-se à cama, desesperada earquejante.Justina enxugava as lágrimas no avental, dando guinadas com todo o corpoa cada suspirado soluço que lhe vinha.— Descanse que você não irá embora, disse-lhe o amo. — Quando a Sra.D. Madalena chamar por alguém, apresente-se e não se mostre ressentida com oque se deu. Aquilo passa! É da moléstia! Vá!— Uma coisa assim!... Lamuriou a criada. — Eu que tanto faço por agradá-la.— 'Stá bem, 'stá bem! Já lhe disse que você não será despedida.61
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