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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brPrincipiava com efeito a chuviscar. Ele tomou Magda nos braços e correupara a gruta, que em verdade, era muito perto dali. Consistia numa grande rochanegra, toda encipoada de heras e parasitas com uma pequena fenda que mal davapassagem a uma só pessoa de cada vez. O cavouqueiro transpôs a brecha e emseguida fez entrar a companheira.— Agora pôde lá fora chover a cântaros! Declarou — estamos perfeitamenteagasalhados.Magda olhou em torno de si na meia escuridão da caverna, e notou que seachava num lugar muito aprazível, de atmosfera de alcova. Os seus pés eramembebidos em armelina e doce alfombra; suas mãos tocavam nas paredes umapenugem macia que lembrava a pluma do algodão. Era um ninho, um verdadeironinho de musgo cheiroso, aveludado e tépido.O rapaz deixou-se cair em cheio sobre o tapete de relva, arrastando Magdana queda. E, fechando-a nos seus braços, disse-lhe com o rosto unido ao dela:— Não ouves lá fora um arrulhar mavioso e triste?...— Sim, por quê ?— É o urú que anuncia a noite. Vamos dormir.E ela sonhou que adormecia, justamente na ocasião em que acordava navida real. O gemebundo piar das rolas desdobrou-se na monótona e pesarosacantilena dos trabalhadores da pedreira.CAPÍTULO XIII— Terceiro sonho... Era já o terceiro sonho!... Cismava Magda, muitoimpressionada e ainda recolhida na sua cama de erable com esculturas de mogno. —Três sonhos seguidos, de noite inteira, com aquele miserável trabalhador... E nãopoder reagir contra semelhante violência!... Não dispor de um único recurso contraesse misterioso tirano que a constrangia àquela convivência extravagante, àqueleamor ignóbil por um ente, que ela na vida real malqueria e desprezava. Terrívelcativeiro! Não poder dizer à sua imaginação: "Acomoda-te, demônio! Sossega!" Istocom quem não estava habituada a repetir uma ordem; com ela, que não fora nuncadesatendida nos menores caprichos, como nas maiores imposições!... Que desespero— ter de submeter-se ao jugo da sua carne! Que inferno — sentir-se todos os dias aoacordar humilhada por si mesma, indignada contra os seus próprios sentidos.E se aquilo desse para continuar?... Sim, como havia de ser, se nunca maisterminasse aquela nova existência que ela agora vivia com o cavouqueiro durante anoite?.... Oh, antes a morte! antes a morte!Justina abriu o cortinado da cama, para saber se a senhora queria já ochocolate.— Que horas são!— Meio-dia.— Não consigo acordar mais cedo...56

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