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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brE, uma vez deitados, começaram, com o rosto muito unidos, a chuchurrear amanga, como se mamassem ao mesmo tempo por uma só teta. Magda sentia comisto uma volúpia indefinível; de vez cm quando despregava os lábios da fruta, parapoder olhar o amigo, soltava uma risadinha e continuava a mamar. Quando sesentiram satisfeitos, ele foi buscar água na parra de um tinhorão e deu de beber àcompanheira.— Bem, disse depois. — Agora vamos dar um passeio.— Sim, mas eu não posso ir muito longe. Sinto-me ainda tão fraca...— Eu te carregarei, quando não puderes andar. Encosta-te a mim.Magda ergueu-se e pôs-se a caminhar vagarosamente ao lado do amante,toda reclinada sobre ele; os braços na cintura um do outro. Ouviam-se então cantaras aves e as plantas inclinavam-se com ternura e respeito por onde seguia oamoroso par; a folhagem tinha sorrisos; as boninas beijavam-lhes os pés.Um cheiro delicado de baunilha enriquecia o ar.Chegaram à beira do regato e Magda mirou-se n’água com faceirice denoiva. Ao seu lado refletia-se a robusta figura do moço.— Dá-me algumas flores, pediu ela. — Quero enfeitar-me para te parecermais bonita. Estou tão magra!...Ele afastou-se e voltou logo com um braçado de rosas, magnólias, jasmins emanacás. O ambiente trescalou de aromas. Magda soltou o cabelo e depois, arever-se na própria imagem refletida a seus pés, fez novas tranças em que iaintercalando flores com o mimoso capricho de quem faz uma obra d'arte. O moçoolhava-a sorrindo.— Vaidosa... Murmurou.— Ingrato! E' para te agradar... E ela, quando deu por pronto o seu toucado,foi colocar-se defronte do amigo para receber os afagos da aprovação.— Senta-te aqui, disse este, em seguida a um beijo.A amante obedeceu; ele deitou-se na relva e pousou a cabeça no colo deMagda, que começou a afagar-lhe os cabelos, segredando ternuras, vergando-sesobre o seu rosto, para alcançar-lhe os lábios. Estiveram assim um tempo infinito;alheios e esquecidos de tudo, bebendo pela boca um do outro o vinho da suaanimalidade, embriagando-se de camaradagem, aos poucos, voluptuosamente; atéque, ébrios de todo, se deixaram rolar ao chão e se quedaram abraçados, mudos,inconscientes, quase mortos na deliciosa prostração do coma venéreo.Só deram por si ao declinar do dia. Continuaram o passeio.— Que ruído é este? Perguntou Magda, parando em certa altura da floresta.— Não tenhas medo, meu amor, é o trapejar de uma cascata que fica dooutro lado da montanha. Havemos de lá ir um dia.— Espera! Parece que vai chover... Senti uma gota d’água cair-me na face.— Vai, sim, mas não faz mal; nós nos recolhemos à gruta.— Que gruta?— Verás. Fica muito perto daqui. Vamos.55

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