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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brisso lá para a tua mesquinha sociedade, onde se casam enganando-se uns aosoutros; onde se casam sempre por qualquer interesse, que não é o da procriação...— Não! Lá também há casais que se amam...— Muito raros. Além disso, o meio que os cerca é quanto basta paracorrompê-los em pouco tempo e fazê-los tão ruins como os outros. Viverão aprimeira lua de mel em pleno amor, mas na seguinte já o marido procura com quemtrair a esposa, e esta já precisa chamar em seu socorro toda a energia de que écapaz para ver se consegue não enganar o marido! Ah! — Uma gente adorável, nãohá dúvida!— E achas que Deus não se zangará comigo por eu não ter ido à igrejareceber a sua benção antes de acompanhar-te?— Zangar-te contigo! Quem! Deus? Que loucura! Ele, ao contrário, filhinha,longe de amaldiçoar-te porque me amas deste modo, mais ainda te estimarás porisso. Ele quer que as suas criaturas se amem como nós dois nos amamos! O seucoração é um grande manancial de ternura, que se derrama noite e dia, a todo oinstante, sobre as nossas almas, para fecundá-las, como o sol se derrama sobre aterra. Quando, em longas noites de luar, ficavas cismando esquecida à janela do teuquarto e suspiravas sem saber por quem, era ele que me trazia de longe os teusbeijos errantes e solitários com o mesmo sopro benfazejo com que conduz a cadamomento de uma a outra flor o pólen dourado e fecundo!— Deus?— Sim, Magda, tudo o que vem das suas mãos de pai trás o gérmen doamor, que é a vida. A própria terra nada mais é do que um grande ovo, que eleincuba com a calentura do seu amor eterno! O Criador deu ao homem vesículasseminais, o ovário à mulher, para que eles se correspondessem, e se amassem, ese reproduzissem. Só nos amando assim, como agora nos amamos, podemosglorificá-lo, porque o amor é a perpetuidade da sua obra! E ainda me vens falar emcerimônias de igreja!... Mas aqui, minha amada, eu não sou o mocó da pedreira,nem tu és a filha de um Conselheiro; aqui somos apenas um casal que se ligoupelos únicos laços que Deus criou para unir o homem à mulher — a cópula! Aquisomos o macho e a fêmea; aqui somos iguais porque somos e seremos igualmentepuros, castos e eternos! A única substância da nossa vida nestas infinitas edeliciosas regiões do amor, é o próprio amor! nosso Deus — o amor! Nosso ideal —o amor! Só por ele e para ele nos achamos aqui reunidos os dois, assim abraçadose presos nos lábios um do outro!E com estas palavras o moço estreitou Magda contra todo seu corpo. Ecalaram-se ambos.— Sim, disse ela afinal, quando recuperou a fala — sim, que me importa aoutra vida, se tudo o que é de melhor concebem o meu coração e o meu cérebro é oteu amor? Desapareça tudo o mais; arrazem-se todos os mundos; apaguem-setodas as paixões; sufoquem-se todas as crenças; aniquilem-se todos os instintos; eeste amor ilimitado, ardente, sempre novo e sempre vivo, há de sobreviver, como umespírito imortal, como um príncipe incriado, uma força mais arbitrária e maisindomável do que a força impulsiva da matéria!E seus lábios uniram-se de novo aos lábios dele, e seu corpo de novoestrebuchou na relva em convulsões de amor. Em volta a natureza festejava aquelasnúpcias com uma orquestra em surdina de beijos e arrulhos. Um crescendo ansiar52

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