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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brúnico dever. Desde que o não fizéssemos, seríamos logo expulsos deste paraíso porindignos e maus, e teríamos de ir chorar a nossa miséria lá na outra existência, ondeos homens se detestam e atraiçoam a todo momento. Vês estas árvores, estespássaros, todo este mundo alegre e feliz que canta em torno dos nossos beijos! poistodo ele vive só para se amar! Vê! repara como todos crescem aos pares; comoconcebem e como produzem! Olha para cima da tua cabeça; olha para debaixo dosteus pés; olha para os lados e observa! — Está tudo amando? Em cada beijo quedamos, um infinito de vidas se forma entre nossos lábios!— E há quanto tempo vives aqui neste reino encantado do amor?— Não sei; não me lembra como vim ao mundo, nem conheci o autor dosmeus dias; porém, à força de pesquisas, cheguei a crer que sou o mais recenteproduto de uma geração privilegiada, que chegou mais depressa do que as suascongêneres ao meu estado de aperfeiçoamento. O fundador da minha dinastia erade sílex, nasceu com o mundo, e, no entanto, meu pai era já nada menos que umquadrúmano; de mim não sei ainda o que sairá...— Mas tu estão não é o moço da pedreira?...— Tolinha! Aquilo foi um disfarce que tomei para te poder alcançar.-— Como assim?— Desejei-te e jurei que havia de possuir-te. Mas como me aproximar deti?... Lembrei-me da pedreira que fica defronte da tua janela, tomei a forma de umcavouqueiro e comecei a namorar-te, a empregar todos os meios para atrair-te. Tu aprincípio te negaste; eu, porém, não desanimei e todos os dias te chamavacantando. Afinal, uma bela tarde, não pudeste mais resistir, e lá foste. Estava ganhaa vitória! Fiz logo com que perdesses os sentidos; ofereci-me a teu pai paratransportar-te nos meus braços e, assim que te pilhei no colo, penetrei-te com o meudesejo e com o meu amor; enleei-te toda no meu querer, e então, quando já te nãopossuía, fui buscar-te num sonho, e hoje és minha para sempre!— Sim, sou tua. toda tua, não há mais dúvida; és o meu dono, pertenço-te;mas uma coisa não compreendo...— Que é?— A razão porque, para me seduzires, tomaste a forma de um grosseirotrabalhador de pedreira e não de elegante e gentil cavalheiro, que houvessepenetrado nas salas de meu pai e de mim se apossado licitamente, por meio docasamento...— Tão tolo sou eu que caísse na asneira de namorar-te sob a forma de umhomem de sociedade; porque, se assim o fizesse, lograria apenas impressionar-te oespírito, já tão viciado pela própria sociedade; e não conseguiria por em jogo os teussentidos, como obtive disfarçado em simples trabalhador, de corpo nu, forte, inteiro,e de homem para toda a mulher! Se eu tomasse a forma de um janota, não estariasa estas horas aqui comigo, porque tu não me seguiste seduzida pela minhainteligência, que te não mostrei; nem pela minha riqueza de caráter, que escondi;vieste pura e simplesmente arrastada pela minha beleza varonil e pelamasculinidade do meu corpo! Se eu me tivesse apresentado a ti sob a forma de umelegante rapaz, desconfiarias de mim, como desconfiaste de tantos que tepretenderam; havias de supor-me tão corrompido e tão inutilizado como os outros;não acreditarias na integridade do meu sangue, na sinceridade de minha saúde, eainda menos na do meu amor. E, quanto ao fato de justificar a nossa união pelocasamento, para que e porque semelhante formalidade pueril e ridícula... Ocasamento é a prova pública do amor, e nós por enquanto não temos público! Deixa51

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