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O Homem - Unama

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www.nead.unama.bracompanhou-lhe logo e instalou-se ao lado dele como costumava fazer; ao passoque as duas velhas, tomando cada qual a sua cadeira, ficaram defronte uma daoutra, a falar; entre bocejos e cochilos, no que tinham trabalhado esse dia e no queiam trabalhar no dia seguinte. Daí a pouco já não diziam palavra, e a própriaRosinha dava marradas no noivo, cabeceando de sono. Só a viola do cavouqueirocontinuava bem acordada, quebrando o denso recolhimento das nove e meia com oseu "tir-lim-tim-tim" monótono e embebido de saudade.Luiz cantava:"O sol prometeu à luaUma faixa de mil cores;Quando o sol promete à lua,Que dirá quem tem amores!..."Tir-lim-tim-tim! Tir-lim-tim-tim!"Tia a amar-me, e eu a amar-te,Não sei qual será mais firme!Eu como sol a buscar-te,Tu como sombra a fugir-me!"Essa cantilena chegava até a casa do Conselheiro reduzida a uma toadaerrante e tão lânguida que entristecia. Magda escutava-o da sua alcova, deitada nocolo de Justina, à espera do sono.E quando, lá pela meia-noite, conseguiu adormecer, continuou logo a sonharcom o moço da pedreira.CAPÍTULO XIO sonho ligava-se ao da véspera. Tornou a ver-se no colo do rapaz,abandonando a casa paterna e dirigindo-se vagarosamente para a montanha; esta,porém, surgia-lhe adora defronte dos olhos, não como pedreira esbrugada, mas emplena efervescência de verdura e toda coberta de flores.Começaram a subir. Uma floresta virgem abria-se diante deles, para lhes darpassagem, e logo se fechava sobre os seus passos, como cortinas de um leito defolhas. O moço parecia não cansar com o peso que levava, e Magda por sua vezsentia-se leve, muito vaporosa; e, à proporção que se afastava de casa e ia-seentranhando na mata, fazia-se melhor, mais satisfeita e feliz.Afinal, deram com uma planície. Haviam chegado ao cimo da montanha; aí ocírculo de verdura que os guardava abriu em clareira, destoldando o azul, onde o solresplandecia, transbordante de ouro por entre espumas de prata. Reinava na luz ummeio tom suave e comunicativo; tudo era doce, temperado e calmo; as vozes danatureza chegavam aos seus ouvidos apenas balbuciadas; as folhas e asascochichavam, como se temessem acordar alguém; perto corria um regatosussurrando.O moço pousou Magda sobre a relva e assentou-lhe ao lado dela, tomandolheas mãos entre as suas.— Como te sentes agora, minha flor! Segredou-lhe, aproximando o rosto.— Muito, muito melhor... Respondeu a filha do Conselheiro com um suspiro.— Sinto-me ainda um pouco fraca, mas conto que estes ares me restituam asforças...49

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