www.nead.unama.brzás!— Pois não! Vinha descendo muito bem a escada e assim que me bispou —— Zás — como?— Abriu a chorar que nem uma criança, e agora o verás.— Coitada! Eu sei — é moléstia!E a Justina comoveu-se. Sempre que lhe tocavam na ama, apertava mais assobrancelhas e ficava com uma cara de profunda lástima.— Arrenego de tal moléstia! replicou o trabalhador. — Uma coisa dá paraespantos, nem que a gente fosse alma do outro mundo! Olhe que se o pai não medissesse para esperar aqui, juro-lhe que já cá não estava! Diabo de umaesganiçada, que parece que está parte não parte pelo meio! Ontem, quando atrouxe, tive medo de chegar cá embaixo com um pedaço em cada mão!— Não sejas má língua, Luiz! Não seria a primeira vez que perdesses porfalar de mais! Se não fosse semelhante balda, estarias a esta hora casado já com aRosinha...— Ora, sua mana mesmo foi que teve a culpa! Ela gosta mais de falar doque eu!— Como teve a culpa, se tu és que andavas todo o santo dia a debicar oComendador? Pois não dizias a todo mundo que ele era um sapo-boi e não oarremedavas lá na estalagem para quem queria ver?... A caçoada chegou aosouvidos do homem, e ele de o dito pelo não dito — não quis mais ajudar ocasamento da afilhada... Fez muito bem! Tu, no caso dele, farias o mesmo! Comonão?— Sim, mas se sua irmã não fosse lá contar o que se fazia na estalagem, ohomem não bufava e teria caído com os cobres para o enxoval!— Fez de tola!— Ah! Mas deixe estar que o casório há de ser, mesmo sem a ajuda do sapovelho! O pobre também vive!A outra era do mesmo parecer: — Como não? Que isto de raparigas, agente deve despachá-las logo, antes que o demo as tente!E, vendo que um escravo do Conselheiro descia a escada. — Olha! Aí vemo negro com a tua gorjeta.Com efeito, eram dez mil réis que o pai de Magda mandava ao cavouqueiro.— Que fico muito obrigado, ouviu? E quando precisar, lá estou às ordens.O escravo afastou-se.— Vê lá agora se te metes hoje nalguma bebedeira!... Observou Justina, abater-lhe no ombro. — E até logo, que ainda não me apresentei à patroa!Já a certa distância, parou, para gritar:— Olha! dize à tia Zefa que não me deixe o pequeno socar-se muito deaipim, que foi isto o que derrubou o outro!E galgou de carreira a escadaria do Conselheiro, num ativo remeximento dequadris em evidência.46
www.nead.unama.br— Vou comprara um bilhete inteiro! Deliberou consigo Luiz, guardando acédula na algibeira.Luiz era filho da tia Zefa, e morava com esta, mais a avó e mais a Rosinha,irmã de Justina e noiva dele, na tal casita de duas janelas, com entrada pelaestalagem que ficava em frente da chácara do Sr. Conselheiro. Viera novo para oBrasil, onde se achava perfeitamente aclimado; não sabia ler nem escrever; tinha,porém, força e saúde, "que é o principal para quem deseja ganhar a vida". O seucasamento estava já para se realizar havia um ano, porque Luiz queria fazer coisaaceiada. "Não! Que para um homem atrasar a vida, junto com a da mulher, antesfique solteiro! A pequena que esperasse , que o que tinha de ser dela às mãos lhechegaria! Com outra não se casava — isso é que era dos livros! Ah! se a fortuna selembrasse dele, já tudo estaria feito; mas o diabo da sorte andava arisca; todos osvigésimos da loteria, que ele comprara às ocultas da mãe e da avó, saíram-lhebrancos... Só mesmo podia contar com o triste peculiozinho do trabalho; overdadeiro, por conseguinte, era ir se preparando aos poucos — hoje com umacoisa, amanhã com outra, conforme desse o cobre e conforme as pechinchas queaparecessem. Seu padrinho de batismo, um velhote apatacado que emprestavadinheiro a juros, esse prometera entrar com uma famosa cama de jacarandá, quetinha em casa e da qual não se servia desde a morte da mulher. Ah! esse não era oComendador! Muito seguro, muito apertado, não havia dúvida! mas, também,prometendo, podia a gente contar com o bruto — a cana era certa! Ora, pois, com odinheiro que lá estava na Caixa Econômica, ele teria um fato novo e um arranjo deroupa branca. Vinte e cinco mi réis seriam para um relógio de prata dourada, dosmodernos. — Isso era sagrado! Porque ele não admitia que ninguém se casassesem ter relógio e corrente. Corrente já tinha — cordão de ouro que foi do pai e quevivia fechado na cômoda da tia Zefa ao lado dos ouros da família."E estava a ver defronte dos seus olhos todo aquele tesouro: grandes rosetasredondas e abertas, do tamanho de moedas de vintém; anelões de chapa em cima;um crucifixo de trazer ao pescoço em dias de festa; uma figa que era uma riqueza,no peso; um alfinete de peito representando um anjo a tocar trombeta; três pulseiraslisas e polidas; outras de coral com fecho de ouro; vários objetos de filigrama deprata fabricados no Porto; um paliteiro e dois castiçais também de prata, sem contarcom dois diamantezinhos que a vovó ganhara aos vinte anos, quando se casou, eque fazia questão de levá-los às orelhas para a sepultura. "Era lá mania da velhinha— respeitava-se!""Ora... a Rosinha, além de tudo, tinha também os seus cobritos juntos; porconseguinte, Luiz, com mais algum tempo de economias, bem que podia casar comela". Foi sacudido por este risonho raciocínio que o cavouqueiro, já de volta doserviço, entrou em casa às sete da noite, mais satisfeito que de ordinário, graças àgorjeta do pai de Magda, e talvez por haver tomado depois do trabalho algunsmartelos de vinho com os companheiros.A pequena sentiu-lhe cheiro de bebida logo que ele entrou.— An... an...! Você hoje entortou o cotovelo, hein, seu Luiz? Muito bonito!— Um nada! Foi para beber à saúde da moça dali defronte...— A filha do Conselheiro... Ah! E deram a molhadura?— Já se deixa ver que sim, Mas aviem-me esse jantar, que estou a tinir!47
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