www.nead.unama.brE tomou as mãos do Conselheiro, fazendo-o chegar-se para bem junto dela.E, depois de contemplá-lo em silêncio com um meio sorriso, abraçou-o,demoradamente, como se procurasse ficar convencida por uma vez de que aquelastolices do sonho não tinham o menor fundamento, e que seu pai, o seu extremosopai, a quem tanto queria do fundo do coração, ainda ali estava a seu lado, para amálacomo sempre e protegê-la contra o maldito intruso que habitava dentro dela e quea consumia para alimentar-se.— O senhor é muito meu amigo, não é verdade, papai?...— Ora, que pergunta, minha filha!— Diga!...— Pois ainda não tens certeza disso?— E o senhor seria capaz de abandonar-me, capaz de desprezar-me, fosselá pelo que fosse?— Mas que lembrança é esta, Magda? Desprezar-te, eu? Enlouqueceste!— Ama-me muito, não é verdade? Por coisa alguma desta vida seria capazde enxotar-me da sua companhia, não é assim? Responda.— Deixa de criancices, minha flor, e olha! — toma o teu chocolate que aliestá esfriando há meia hora. Mas que é isto?... Choras?... Então! Então! Que tusentes, Magda? Fala, meu amor.Ela começou a soluçar.— Nada! Nada! Nervoso! Acordei hoje muito nervosa!— Mas não te aflijas deste modo. Vamos — toma o teu chocolate e descecomigo ao jardim. Anda! Vê se consegues não pensar em coisas que te façam mal...Não sejas crianças...O Conselheiro, à força de carinhos, conseguiu que ela tomasse, além demeia chavena de chocolate, uma colherada do xarope de Esston, que o Dr. Lobãohavia receitado.A arrastou-a para a chácara.Mas, pobre senhora! mal acabava de descer a escada do jardim, deu logo,cara a cara com o moço da pedreira, que ia buscar a espórtula prometida peloConselheiro.— Ah! Exclamou toda trêmula, corando e abaixando as pálpebras. Etratou de abraçar-se ao pai e esconder a cabeça no colo deste, como na véspera,depois da síncope.O bom velho não pode compreender o que era aquilo.— Tens alguma coisa? Perguntou. — Sentes alguma novidade? Fala.— Voltemos para cima! Voltemos para cima! Dizia a moça, aflita, semmostrar o rosto.O trabalhador, muito rendido, continuava defronte deles, com os olhos emterra, a torcer vexadíssimo entre as mãos e o seu seboso casquete de pele de lebre.— Ó patrão, se quer, eu apareço noutra ocasião...— Sim, sim, é melhor, volveu o Conselheiro, muito ocupado com Magda.— Não! Acudiu esta, sempre com o rosto escondido. — Despache-o de umavez! Para que fazer este homem voltar ainda aqui?44
www.nead.unama.brAo perceber uma pequena parte destas palavras, o cavouqueiro fez umacareta que tanto podia ser de surpresa como de lástima, e resmungou meio sentido:— Voscência queira desculpar, mas eu, se aqui vim, foi porque me disseramp’ra vir... Tinha que com isso não ofendia pessoa alguma... Mas, a vista de que andomal, peço desculpa e o mais que posso fazer — é não tornar cá!— Não! opôs S. Ex. — Espere um instante. E, passando o braço pela cinturada filha, segredou ao ouvido desta: — Vamos, vamos lá para cima. Creio que hojenão estás boa...CAPÍTULO XO cavouqueiro ficou a esperar no jardim, encostado p’r’ali numa árvore, e afazer de lá suas considerações.— Que macacos o lambesse se entendia aquela gente! A tal dos "medeixes" ficara a modos que assanhada quando ele lhe pôs as vistas em riba! Poisestava que não havia razão de zangar, antes pelo contrário — havia p’r’agradecer:Sim! Prestara-lhe um serviço; que não era lá nenhum grande serviço; mas enfim,que diabo, na ocasião, ela não tinha quem a pusesse cá em baixo!Tecia este raciocínio quando sentiu no ombro uma palmada de mão polpuda.— Estás a cismar, ó Luiz!— Olá, S’óra Justina! Bons olhos a vejam! Como chegou vosmecê?Ela chegara bem, graças a Deus.— E o pequeno? Como ficou?— Ora! Pronto p’ra outra!— Vosmecê está chegando agora!— Não. Já estive lá na estalagem com a tua gente. Estão muito apertadasde serviço com a roupa de uma família que embarca depois d’amanhã. E tu! Nãofoste hoje ao trabalho?— Já se vê que sim, Pus o casaco para vir aqui, mas volto.— Isto é novidade...— Não é nada, é que ontem a senhora aí de cima...— Minh’ama...— Deve ser — foi passear lá na pedreira e...— Ah! Ela subiu à pedreira...?— Subiu, mas caiu, logo com um faniquito: eu carreguei-a cá p’ra baixo... Vaientão o pai — disse-me que lhe aparecesse para me dar ma gorjeta, e eu vim. Oraaí tem vosmecê!— ‘Sta direito. Já falaste?— Já, mas não entendo esta gente. Se a S’ora Justina chega um bocadinhoantes, havia de presenciar o mais bonito!— Qu’houve?— Pois a moça não fez aqui umas partes?...— Que foi, Luiz?45
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