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O Homem - Unama

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www.nead.unama.br— Ora! A luta da matéria que impõe e da vontade que resiste; a luta que setrava sempre que o corpo reclama com direito a satisfação de qualquer necessidade,e a razão opõe-se a isso, porque não quer ir de encontro a certos preceitos sociais.Estupidez humana! Imagine que você tem uma fome de três dias e que, para comer,só dispões de um meio — roubar! Que faria neste caso?— Não sei, mas com certeza não roubava...— Então — morria de fome... Todavia um homem, de moral mais fácil que asua não morreria, porque roubava... Compreende? Pois aí tem!CAPÍTULO VDepois do ataque, Magda sentiu um grande quebramento de corpo epontadas na cabeça. O Conselheiro, quando a viu em estado de conversar, falou-lhecom delicadeza a respeito de casamento, apresentando-lhe as doutrinas do Dr.Lobão, vestidas agora de um modo mais conveniente.— Mas eu estou de acordo! Repontou ela, estou perfeitamente de acordo! Aquestão é haver um noivo! Eu não posso casar sem um noivo!— Tens rejeitado tantos!— Porque não me convinha nenhum dos que me apresentaram; hoje,porém, estou resolvida a ser mais fácil de contentar, e creio que me casarei.— Ainda bem, minha filha, ainda bem!E abriram-se de novo as salas do Sr. Conselheiro, e começaram de novo asfestas, e de novo começou aquela canseira de arranjar um — marido.E espalhem-se convites para todos os lados! E corre a gente à confeitaria eaos armazéns de bebidas! E contrate-se orquestra! E chama-se a costureira! Eature-se o cabeleireiro! — Que maçada! Que insuportável maçada!Entre os novos arrebanhados, apareceu o Sr. Comendador José Furtado daRocha, velhote bem disposto, orçando pelos cinqüenta, mas dando tinta ao cabelo eescanhoando-se com muita perfeição. Era português, e havia-se opulentado nocomércio, onde principiara brunindo pesos e balanças. Magda aceitou-lhe a cortequase por brincadeira, a rir; ou talvez para não contrariar o pai, que se mostravamuito afeiçoado por ele; ou, quem sabe? Talvez ainda na esperança de ver surgir deum momento para outro novo pretendente.O velho parecia adorá-la e falava, com meias palavras e sorrisos demisteriosa intenção, em arranjar títulos, deixar palácio, correr a Europa inteira ecomprar objetos de arte.Um anjo! Mas, quando o Conselheiro, em nome do amigo, perguntou à filhase estava resolvida a casar com ele, Magda sorriu, espreguiçou-se e, afinal, paranão deixar o pai sem resposta, tartamudeou:— Não digo que não, mas... Sabe?... É cedo para decidir... Havemos de ver!Havemos de ver!...Três meses depois, o Comendador, já desenganado, casava-se em SãoPaulo com uma viúva ainda moça, professora de piano.Apresentou-se então, solicitando a mão de Magda, para o Dr. Tolentino. Nãotinha a metade do dinheiro do outro, mas em compensação era muito mais novo.19

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