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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brmarido prático, um homem de boa posição, que lhe trouxesse tanto ou maisprestígio que o pai; mesmo porque este, ultimamente, e só por causa dela, havia-sealargado um pouco mais com aquelas festas e começava a sentir necessidade deapertar os cordéis da bolsa.Não é brincadeira dar um baile por mês!Foi essa a sua época mais fecunda em pretendentes; apareceram-lhe detodos os matizes, desde o pingue senador do império, até o escaveirado amanuensede secretaria; concorreram negociantes, capitalistas e doutores de vária espécie.Ela, porém, como se estivesse brincando a "Cortina de amor" em jogo de prendas,não entregou o lenço a nenhum. Não os repelia com denodo, antes tinha semprepara cada qual um sorriso amável; mas — repelia-os.Todavia, de vez em quando, lhe vinham reações. — Precisava acabar comaquilo de uma vez, decidir-se por alguém. E fazia íntimos protestos de resolução, eempregava todos os esforços para se agradar deste ou daquele que lhe pareciapreferível; mas na ocasião de dar o "Sim" hesitava, torcia todo o corpo, e afinal nãose dispunha por ninguém.Ah! Magda sabia claramente que era preciso tomar uma resolução! Bemparecia que o pai, coitado, já estava fazendo das fraquezas forças e morto por vê-laencaminhada; além disso, o Dr. Lobão, com aquela brutalidade que todos lheperdoavam, como se ele fosse um privilégio, por mais de uma vez lhe dissera: "Épreciso não passar dos vinte anos que depois quem tem de agüentar com asmaçadas sou eu! Compreende?"Sim, ela compreendia, compreendia perfeitamente. — Mas por ventura teriaculpa de estar solteira ainda? Que havia de fazer, se entre toda aquela gente, que opai lhe metia pelos olhos, nenhum só homem lhe inspirava bastante confiança? —Não era uma questão de amor, era uma questão de não fazer asneira! Lá ilusões aesse respeito, isso não tinha; sabia de antemão que não encontraria nenhumamante extremoso e apaixonado; não sonhava nenhum herói de romance. — Aépoca dessas tolices já lá se havia ido para sempre; sabia muito bem que ocasamento naquelas condições, era uma questão de interesse de parte a parte,interesses positivos, nos quais o sentimento não tinha que intervir; sabia que nocírculo hipócrita das suas relações todos os maridos eram mais ou menos ruins; quenão havia um perfeitamente bom. — De acordo! Mas queria dos males o menor!Casava-se, pois não! Estava disposta a isso, e até compreendia e sentiamelhor que ninguém o quanto precisava, por conveniência mesmo da sua própriasaúde, arrancar-se daquele estado de solteira que já se ia prolongando por demais.Estava disposta a casar, que dúvida! Mas também não queria fazer alguma irreparáveldoidice, que tivesse de amargar em todo o resto da sua vida... Nem se julgavanenhuma criança, para não saber o que lhe convinha e o que não lhe convinha! Enfim,a sua intenção era, como se diz em gíria de boa sociedade: "Casar bem".Sim! Uma vez que o casamento era arranjado daquele modo; uma vez quetinha de escolher friamente um homem, a quem se havia de entregar por convenção,queria ao menos escolher um dos menos difíceis de aturar; um homem de gêniosuportável, com um pouco de mocidade e uma fortuna decente.Bastava-lhe isto!Nada, porém, de se decidir, e o tempo a correr! Os vinte anos vieramencontrá-la sem noivo escolhido; o pai principiava a inquietar-se, e o Dr. Lobão adizer-lhe: “Olhe lá, meu amigo, é bom não facilitar”! É bom não facilitar!...“Que injustiça”! O pobre Conselheiro não facilitava; não fazia mesmo outracoisa senão andar por aí arrebanhando para a sua casa todo homem que lhe16

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