www.nead.unama.br— E daí?— Daí é que havíamos combinado que me pedirias hoje em casamento...Fernando perturbou-se mais.— Ainda pensavas nisso?... Gaguejou por fim, em ânimo de encará-la. Eacrescentou depois, percebendo que ela não se mexia: — Parto daqui a dias para aEuropa e não sei quando voltarei...Magda sentiu um calafrio percorrer-lhe o corpo, um punho de ferro tomar-lhea boca do estômago e subir-lhe até a garganta, sufocando-a .— Bem!E não pode dizer mais nada, virou-lhe as costas e afastou-se de carreira,como se levasse consigo uma bomba acesa e não quisesse vê-la rebentar alimesmo.— Ouve, Magda! Espera.Ela havia alcançado já o quarto; atirou-se à cama. E a bomba estourou,sacudindo-a toda, convulsivamente, numa descarga de soluços que se tornavamprogressivamente mais rápidos e mais fortes, à semelhança do ansioso arfar de umalocomotiva ao partir.CAPÍTULO IIITerminada a crise dos soluços, Magda sentiu uma estranha energiaapoderar-se dela; uma necessidade de reação; andar, correr, fazer muito exercício;mas ao mesmo tempo não se achava com ânimo de largar a cama. Era umavontade que se lhe não comunicava aos membros do corpo. Ergueu-se, afinal,mandou chamar o pai, e este não se fez esperar. Ia pálido e acabrunhado; é queestivera conversando antes com o filho a respeito do ocorrido. A notícia doprocedimento de Magda fulminara-o; supunha-a já de todo esquecida dos seusprojetos de casamento com o irmão e agora se arrependia de não haver dado asprovidências para que este se apartasse dela; sentia-se muito culpado em ter sido opróprio a detê-lo em casa, e doía-lhe a consciência fazer sofrer daquele modo apobre menina. No entanto, quando o rapaz lhe pediu licença para confessar averdade à irmã, negou-a a pé firme, aterrado com a idéia de ter de corar diante dafilha. — Não! Tudo, menos isso!Fernando protestou as suas razões contra tal egoísmo: não era justo que seexpatriasse amaldiçoado por uma pessoa a quem tanto estremecia, sem tercometido o menor delito para merecer tamanho castigo. Ah! Se o pai tivesse vistocom que profunda indignação, com que ódio, com que nojo, ela o havia encarado!...— Não! Nunca! Que se poderia esperar de uma filha, que recebesse dopróprio pai semelhante exemplo de imoralidade?...10
www.nead.unama.brFoi nessa ocasião que o criado o interrompeu com o chamado de Magda. OConselheiro, quando chegou junto dela, sentiu-se ainda mais comovido: "Não seriatudo aquilo um crime maior do que os seus passados amores com a mãe deFernando?... Sim; estes ao menos não se baseavam em preconceitos e vaidades,baseavam-se nos instintos e na ternura". E o mísero, atordoado com estas idéias,tomou as mãos da filha, falhou-lhe com humildade perguntou-lhe com muito carinhoo que ela sentia.— Quase nada! Um simples abalo... Já não tinha coisa alguma...E tremia toda.— Queres que mande buscar o Dr. Lobão? Estou te achando o corpoesquentado.— Não, não vale a pena; isto não é nada. Eu chamei-o papai, para lhe pedirum obséquio...— Um obséquio? Fala, minha filha.— Pedir um obséquio e fazer-lhe uma declaração...E, brincando com os botões da sobrecasaca do Conselheiro: — Sabe?Estou resolvida a casar com o Martinho de Azevedo; desejava que meu pai lhemandasse comunicar imediatamente esta minha deliberação...— Temos tolice!...— E queria que o casamento se realizasse antes da partida do Fernando...— Estás louca?— Se estiver, tanto pior para mim. Afianço-lhe que hei de fazer o que estoudizendo!— Não sejas vingativa, minha filha; Fernando contou-me o que se passouentre vocês dois, disse0me tudo, e eu juro pela memória de tua mãe que oprocedimento dele não podia ser outro... Foi correto, fez o seu dever!— O seu dever? Tem graça!— Mais tarde verás que digo a verdade; o que desde já posso afirmar é queo pobre rapaz não tem absolutamente a menor culpa em tudo isto. Não o deves vercom maus lhos, nem lhe deves retirar a tua confiança e a tua estima...— Mas fale por uma vez! Não vê que as suas meias palavras me põemdoida?...— Não posso; é bastante que acredites em mim; eu juro-te que Fernando,negando-se a casar contigo, cumpre o seu dever. Vou chamá-lo e quero que...— Não, não! Atalhou a filha, segurando-lhe os braços. — Ele que não meapareça! Que não me fale! Detesto-o!— Não acreditas em teu pai!...— Não sei; acredito é que entre o senhor e ele há uma conspiração contramim! Querem engodar-me com mistérios que não existem, como se eu fosse algumacriança! Ah! Mas eu mostrarei que não sou o que pensam!— Então, minha filha, então!— Creio que já disse bem claro qual é a minha resolução a respeito decasamento, e agora só me convém saber se meu pai está ou não disposto a tratardisso!— Não digo que não, mas para que fazer as coisas tão precipitadamente?...11
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