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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brconcheava a mão sobre os olhos e procurava descobrir ao longe, nos limbos dohorizonte, algum ponto negro que lhe desse uma esperança.— Por aqui não há ilha nenhuma!... Objurgou um dos mareantes. — Éloucura continuarmos a procurá-la!...— Mas como se chama esse tal demônio de ilha? perguntou o outro.— Não sei, não sei como se chama, a "Ilha do Segredo" talvez, ou talveznem tenha nome; porém juro-lhe que ela existe, porque é lá que eu vivo há muitotempo, é lá que moro com minha família! Procuremos! Procuremos! Eu lhes dareitodas as minhas jóias, eu lhes darei, senhores, tudo o que possuo, menos meu filho!Não parem! não hesitem, por amor de Deus!Com estas palavras os remadores pareciam criar novo ânimo.— Espera! Gritou um deles, no fim de algum tempo. — Há terra naquela direção!— E, se me não engano é com efeito uma ilha... Acrescentou o companheiro.— Pois vamos lá! Vamos lá! Suplicava a histérica, esfregando as mãos comimpaciência.— Mas como é longe!.— Eu já nem sei por onde andamos!...— Não desanimem! Não desanimem! Agora pouco falta! Vamos! — Umpequeno esforço!Enormes vagalhões erguiam-se de todos os lados; o horizonte aparecia edesaparecia quase sem intermitência; o barquinho, tão depressa rastejava pelofundo de abismos tenebrosos, como se alcantilava deslizando no claro dorso deespumosas montanhas; entretanto — seguia, seguia sempre, agora sem maisauxílio de remos, como se fosse levado por uma correnteza.A ilha aumentava rapidamente defronte dos olhos de Magda.— É ela mesma! É ela! Exclamava a louca. — Já daqui enxergo a colina,toda emplumada de bambusE alçava os braços para o céu, rindo e chorando de alegria. — É ela! E' aminha querida prisão! É o meu ninho adorado! Vou tornar a vê-la! Vou habitá-la denovo! Que ventura, que ventura suprema!E avançavam, cada vez mais aceleradamente, arrastados pelas águas. Emmenos de um minuto avistavam-se já as palmeiras da campina; via-se rebrilhar aosol o areal da praia; destacavam-se caminhos de verdura, e o teto da habitaçãosurgia por entre massas de arvoredo.Mas já ninguém podia resistir ao ímpeto da carreira que levava o barco; omiserável precipitava-se agora vertiginosamente como se fosse arrebatado por uma,pororoca.— Agüenta! Agüenta! Berravam os catraeiros.— Estamos perdidos!— Agüenta!— Proteja-nos Deus!— Valha-nos a Virgem!107

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