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O Homem - Unama

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www.nead.unama.brO populacho do cortiço e os trabalhadores da pedreira queriam acabá-la, alimesmo, a unhas e dentes; porém o médico, muito esbofado, porque viera da rua lá apasso de lobo, o chapéu de castor no alto da cabeça, o suor a inundar-lhe opescoço, os olhos faiscantes, mostrava os punhos e refilava as prezas, rosnandocontra quem se aproximasse da "sua enferma".Estava formidável; metia medo! Nunca homem nenhum defendeu, nem aprópria amante, com tamanha dedicação.Ninguém ousou tocar em Magda.Entretanto, outro facultativo cuidava de Luiz e Rosinha, mas sem resultado;os infelizes expiraram penosamente meia hora depois da intoxicação.Afinal, chegaram as autoridades policiais. Fez-se o corpo de delito. Oscadáveres foram carregados para a sala do fundo. Expeliu-se o povo, fechou-se acasa e postaram-se soldados à porta.Conduzida Magda à presença de suas vítimas, interrogaram-lhe se elaconhecia aqueles mortos.— Pois não!... Perfeitamente, respondeu a alucinada.E acrescentou, segurando os cabelos do moço da pedreira: — Este é o meuquerido esposo bem amado, pai de meu filho, senhor poderoso na terra e descendentede Deus; matei-o e mais a essa outra que aí está, porque ele me traiu com ela!CAPÍTULO XXIMagda, acompanhada pelo pai e pelo médico, foi nesse mesmo diaconduzida à Casa de Detenção.Delirou por todo o caminho. Afigurava-se-lhe que o carro em que iam era umbarco e a rua um grande rio deslizado entre paredes de verdura.— Mais depressa! Mais depressa! Exclamava a insensata aos dois falsostripulantes que tinha ao lado.— Não deixem dormir os remos!— Há de ser difícil encontrar semelhante ilha... Observou um deles.— E eu duvido muito que a encontremos... Considerou o outro.— Ah! Disse a filha do Conselheiro, notando que o rio se alargava. — Talvezque apareça agora!...— Mas isto já é o mar!... Contrapôs um daqueles.— Pois é justamente no mar que ela está... Confirmou a desvairada.— No mar? Pois a senhora quer viajar em pleno mar com um barquinho tãoà toa?...— Não faz mal! Respondeu a senhora. — Não faz mal! Vamos adiante!— É que é muito arriscado! Podemos levar o diabo!— Procuremos! Procuremos!— Procurar uma ilha como quem procura uma casa!...— Não tenham medo! Vamos para a frente!E o barco, embalançado agora pelas águas do alta mar, proejava errante;ora batido para a direita, ora para a esquerda; ora avançando, ora recuando, àprocura da ilha encantada. Magda, erguida de pé, os cabelos soltos ao vento,106

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